Narração Marie

Suspirei mais uma vez assim que o carro parou, e olhei pra Victoria assim que ouvi um bocejo vindo da mesma.
Não que ela tivesse lá muita culpa. No ano passado nós estudávamos durante a madrugada, então começar a estudar de manhã novamente não era lá muito fácil de se acostumar.
—Tem certeza que não posso voltar pro ensino médio?-Victoria resmungou, esfregando os olhos com cuidado pra não borrar a maquiagem.
— Pensa pelo lado positivo: Menos horas pra nós aguentarmos os Sakamaki!- Eu sorri enquanto pegava minha bolsa.
— E menos horas pra vermos nossas irmãs-Ela resmungou novamente, me fazendo revirar meus olhos-Ok, esquece. Vamos logo, eu sou mulher comprometida agora mas ainda posso conhecer gente diferente e legal!
Nós duas saímos do carro, e senti ela segurar meu braço assim que passamos pelo portão. Dezenas de pessoas estavam espalhadas pelo pátio, conversando em grupos em tom alto.
De alguma forma, faculdade não é tão diferente do colégio: Ainda existem os grupinhos, porém as pessoas parecem ser mais estilosas(talvez pelo simples motivo que na escola somos obrigados a usar uniforme) e nós éramos cobertos por um estranho sentimento de liberdade.
Liberdade. Essa palavra ainda me soava tão forte
—Calouros de Jornalismo, por aqui!- Uma menina de cabelo pintado de roxo gritou na distância, e Victoria me encarou com medo.
— Então... É agora que a gente se separa?- Ela perguntou, mexendo ansiosamente no anel em seu dedo.
O anel era prateado, com detalhes em forma de rosa, com uma pedra vermelha no centro dele. Presente de noivado vindo de KarlHeinz, de acordo com ele.
Revirei os olhos mentalmente. Maldito noivado idiota.
—Relaxa, você vai ficar bem lá- Sorri de forma reconfortante, a abraçando-Agora eu quero que você vá pra sua primeira aula, e arrase no que quer que você vá fazer lá.
Victoria riu e retornou meu abraço de forma ainda mais firme. Logo depois, ela se afastou pra se juntar com sua nova turma.
—Calouros de Ciências da Computação, desse lado!- Ouvi a voz de um menino vindo da minha esquerda, e não tardei em me juntar a todos.
—____________

Assim que cheguei na sala, me choquei ao perceber que eu era apenas uma das três mulheres que haviam na minha aula inteira.
Com medo dos olhares acabarem se voltando até mim, me sentei ao lado de uma menina de cabelos pretos da forma mais rápida que pude.
—Nossa- A menina de cabelos pretos do meu lado se virou pra mim, e só então percebi que ela tinha lindos olhos negros- Seu cabelo é incrível!
Percebi que ela estava apontando pras minhas mechas rosas, com um sorriso lindo no rosto.
Wow, ela tem uma boca bem bonita...
Espera, quê?! Por que eu tô pensando nisso na situação que eu me encontro?
Foco, Marie! Você tá no primeiro dia da sua faculdade e sua irmã está noiva de um cara psicopata.
—Ah... Obrigada!-Eu respondi, ficando levemente vermelha quando percebi que não tinha respondido por uns 2 minutos- O seu também é legal!
Ela riu ao mesmo tempo que revirava os olhos:
—Eu não acredito nisso, mas obrigada do mesmo jeito. Prazer, sou Priya Hudison.
Ela estendeu a mão pra mim, e eu sorri quando apertei sua mão firmemente:
—Sou Marie Herbert. O prazer é todo meu!
Priya abriu a boca pra falar algo, mas um baque na porta fez com que nós duas nos virassemos assustadas pra trás.
O professor havia chegado na sala.
—Alunos, sem nenhuma enrolação agora- Ele chegou até a mesa e jogou a bolsa em cima da mesma- Eu sou Alfred, seu novo professor de Programação Básica. Hoje nossa aula será basicamente de apresentações, alguém se voluntaria a vir aqui na frente e contar mais sobre si mesmo?
A sala ficou num silêncio constrangedor, e eu hesitei algumas vezes antes de levantar a mão.
—Ah, uma menininha loira quer se apresentar.- O professor bufou- Tem certeza que está na aula certa?
— Com licença?- Eu perguntei, arqueando uma sobrancelha.
—Eu ia perguntar se você não confundiu o prédio de Ciências da Computação com o de moda, mas parece que não, então se apresse!
Revirando os olhos mentalmente, me levantei e me virei pra sala inteira assim que cheguei ao lado de Alfred.
Fechei meus olhos por alguns segundos. Eu tinha que arrasar aqui, não só por mim, mas também por minhas irmãs.
—Bom... Oi, gente- Eu abri meus olhos e comecei, tentando ao máximo não aparentar nervosa- Meu nome é Marie Herbert, eu tenho 20 anos... Eu tive que repetir um ano na escola porque fiz intercâmbio com uma amiga antiga minha...
Um garoto dos fundos levantou a mão:
—Pra onde você fez intercâmbio?
—Canadá-Respondi, sorrindo suavemente-Uma das melhores épocas da minha vida. Talvez só perde pro dia que eu reencontrei minhas irmãs....
Percebi que Priya e alguns outros alunos me olharam confusa, então tratei de explicar rapidamente:
—Eu tenho cinco irmãs e um irmão. Longa história de como a gente se separou e se juntou de novo, e provavelmente nenhum de vocês acreditaria se eu falasse, então deixa pra outro dia.
— E por que você está nesse curso, Marie?- Alfred perguntou, com um sorrisinho cheio de desdém no rosto.
Tentando me fixar em algo melhor do que a vontade de socar aquele sorrisinho, eu apenas respondi:
—Eu sempre gostei de mexer em computador. Sei lá, eu amo tecnologia em geral, e eu sempre arrumei os computadores da minha irmã e do meu pai.
Percebi Priya levantando a mão, parecendo confusa:
—Mas, e a sua mãe? Você nem citou ela....
— Ui, a dona Hudison já está interessada na menina que mal conhece?- Um outro menino zombou , recebendo um dedo do meio vindo de Priya.
—Respondendo a sua pergunta, a minha mãe faleceu quando eu tinha catorze anos- Eu respondi, tentando ignorar meu coração se contorcendo em dor por conta da lembrança- Os médicos disseram que foi ataque cardíaco, antes que alguém pergunte. Nada demais.
—Tá, tá, agora chega de drama-Alfred resmungou- Agora se sente, Senhorita Herbert, mais alguém pra se apresentar?
Eu me sentei o mais rapidamente possível, com um desejo súbito de voltar pra minha cama de lençóis verdes e quentinhos e dormir o resto da tarde.
—Ei, você foi bem corajosa lá na frente- Priya sussurrou, se inclinando mais em minha direção- Se eu soubesse, nem teria te perguntado.
— Relaxa- Respondi- Já estou acostumada com as pessoas me perguntando onde a minha mãe estava quando eu saía com meu pai.
Ela suspirou:
—Nem imagino como deve ter sido. Por falar nisso, você poderia apresentar alguma das suas irmãs pra mim? Ou seu irmão, eu não ligo.
Após alguns segundos, eu finalmente consegui entender aonde ela queria chegar.
—Bem...É meio complicado...- Eu hesitei.
"Meio complicado"? Isso que era ser carinhosa com um termo. Uma das minhas irmãs estava noiva de um cara, enquanto eu e as outras estávamos com caras que acham que pertencemos á eles ou que tentam nos seduzir das piores formas possíveis. Também tinha meu irmão, que além de estar meio enrolado com Yui era um lobisomem.
Família complicada?Nem um pouco.
—Não precisa tentar dar uma de cupido. Só quero ver se posso arranjar mais amigos, e quem sabe até apresentar minhas irmãs pra elas.
Espera aí, o quê?
—Você também tem irmãs?- Eu disse, com um brilho no olhar.
— Três, pra ser mais exata- Priya riu- Uma delas é mais enérgica que tudo, já duas são bem mais reservadas. Eu sou a mais barraqueira mesmo.
Não pude deixar de sorrir. Parece que as irmãs dela não eram assim tão diferentes das minhas.
—Na verdade- Eu disse, sorrindo de orelha a orelha- Acho que minhas irmãs podem gostar bastante de você
— -------
Quando chegou a hora do almoço, eu não achei que estaria com tanta fome que nem eu estava.
Caramba, aquela mudança de rotina realmente mexia comigo. Maldito horário da escola vampira que me deixou acostumada a dormir durante o dia e ficar acordada durante a noite
—Marie, você vai almoçar no restaurante da universidade?-Ouvi Priya me chamar enquanto eu pegava minha bolsa- As nossas aulas de hoje acabaram, graças a Deus.
Eu estava planejando almoçar com todas as minhas irmãs (E com os Sakamaki, mas eles não são tão importante quanto as meninas) e tentar motiva-las para amanhã: O primeiro dia de aula delas.
—Eh... Eu acho que posso almoçar aqui sim- Respondi, sem pensar duas vezes, eu já quase podia ouvir Sofie brigando comigo- Eu só preciso avisar minha irmã que a gente vai almoçar aqui...
— Você tem uma irmã na faculdade?- Priya perguntou, enquanto andávamos até o restaurante- Ela é de que curso?
Senti dois braços envolverem meus ombros e uma risada vindo de trás de mim:
—Se vocês estiverem falando de mim, eu curso Jornalismo
Olhei pra trás, apenas pra ver Victoria sorrindo de orelha a orelha. Os cabelos já estavam bagunçados, mas ela ainda estava impecável em cima dos saltos.
—Ah, então você é uma das irmãs da Marie?- Priya sorriu e estendeu sua mão para Vic- Prazer, sou Priya. Uma praticamente amiga dessa loirinha aqui.
Victoria riu ainda mais:
—Você me chama de inútil mas vive falando de mim pros outros, maninha
— Eu sou mais velha que você.-Revirei os olhos
Ela fez um sinal de silêncio em seus lábios:
—Shiiiu... Ninguém precisa saber.
Após algumas risadas vindo das duas, Priya perguntou:
—Então, melhor a gente se servir e arrumar uma mesa...né?
— Espera, a gente vai almoçar aqui? Mas... As meninas tão esperando...
Não dei tempo dela terminar a frase, pois saí a puxando para a fila de comida.
Após uma grande e pesada refeição, recheada de nossas risadas e conversas, nos levantamos, já nos preparando pra voltarmos pra casa.
—Priya, você quer uma carona pra casa?-Victoria perguntou, assim que cruzamos o portão principal
—Ah, não precisa não, a minha casa é bem longe daqui-Priya parecia chocada, e logo sua expressão se tornou abatida.
— Isso não é desculpa, nós também moramos BEM longe daqui- Respondi, respirando fundo assim que lembrei da Mansão Sakamaki- Se bem que já estou cansada de passar tanto tempo com aqueles meninos...
Victoria pisou no meu pé, e eu tive que segurar um urro de dor.
—Ah, eu não sabia que vocês tinham colegas de quarto- Priya falou, a boca num sorriso discreto- Sei lá se isso te ajuda, mas ali no painel da faculdade tem umas coisas de trabalho. Eu tava dando uma olhada, mas são só coisas de trabalhar num café... Não muito meu estilo. Prefiro uma coisa mais brusca, o que acham que eu fazer aula de boxe?
Olhei pra ela da cabeça aos pés, juntamente com Victoria.
Priya podia ter um rosto Maduro, destacado por seus olhos negros e longos cabelos da mesma cor. Mas mesmo assim, nada tirava o fato que Priya deveria ter no máximo 1,50 de altura.
—Você tem certeza que aguenta?-Victoria perguntou, parecendo não querer soar ofensiva.
— Olha, não é porque você é altona e usa saltos que você pode ficar comentando minha altura- Priya resmungou- Eu sou baixa, mas eu ainda posso dar um murro em algum valentão!
Caramba, ela me lembrava muito de Nikki. Eu só não sei se isso era uma coisa boa ou ruim.
Aproveitando que Priya estava resmungando com Vic, fui até o painel da faculdade.
Priya estava enganada, não eram só trabalhos em cafés... Seria uma boa ideia começar a ganhar um dinheiro pra mim e pra minhas irmãs, assim não precisamos depender tanto dos meninos.
Sem pensar muito, peguei um dos folhetos e o enfiei na bolsa.
Assim que voltei pro portão, percebi que Victoria estava sozinha.
—Antes que você pergunte, uma irmã dela mandou mensagem e ela teve que ir embora rápido-Victoria respondeu assim que eu abri minha boca- Agora é melhor a gente se apressar, não quero levar mais sermão da Sofie do que já vamos.
— Não tão cedo, meninas~~-Ouvi a voz de Laito, e levei um susto quando o vi atrás de mim- Quem era aquela garota bonita que vocês estavam conversando?
— Uma colega minha...-Respondi, e então a realização me atingiu- Espera aí, a quanto tempo você está aqui?
Laito riu, e se aproximou mais de mim:
—Tempo suficiente pra saber o quanto Bitch-chan é independente... Tem certeza que sobreviveria tão facilmente assim sem mim?
A resposta era sim, mas eu resolvi apenas ignorar aquele comentário.
—Eh...Laito... As meninas estão muito bravas que nós não almoçamos com elas?- Victoria perguntou, e Laito sorriu ainda mais.
— Não que eu saiba. Mas vocês perderam uma ótima briga de casal- Laito comentou.- Sofie foi perguntar pro Ayato por que ele anda dormindo com ela. Mas, como meu irmão é orgulhoso demais pra assumir que sente saudades dela, ele disse que é pra "marcar território dela e impedir que ela fique maluca de novo.
Espera aí, Ayato anda dormindo com Sofie?
Eu vou matar aquele vampiro assim que eu ver ele, juro!
—E aí? Como é que ela tá?- Eu perguntei, preocupada.
—Ah~~Tão nervosa quanto Sofie pode ficar- Ele cantarolou- Mas acho que as meninas conseguiram acalmar ela.
Pelo menos isso.
Peguei minhas chaves, olhando pros dois seres na minha frente:
—Vamos, não quero chegar ainda mais atrasada.
—___________
Assim que nós três chegamos em casa, me surpreendi ao ver todas as outras garotas rodeando Sofie, que estava sentada no sofá.
—Olha só quem resolveu aparecer!- Nikki resmungou cinicamente- A faculdade era tão interessante que vocês desistiram de almoçar com a gente?!
—Nikki, para, não é nada disso- Victoria respondeu, porém derrubou sua bolsa no chão e se aproximou mais de Sofie-Ei, o que aconteceu com ela?
Sofie estava levemente tremendo, os olhos estavam avermelhados e inchados, assim como sua boca. Me aproximei imediatamente ao perceber a expressão amedrontada em seu rosto.
—Crise de pânico- Eu sussurrei pra mim mesma, sentindo uma raiva me dominar- Se vocês me falarem que foi o desgraçado daquele Ayato...
— Gente, eu não gosto tanto assim do meu irmão- Laito disse, parecendo sério- Mas chamar ele de desgraçado ainda me ofende.
—Sofie, tem alguma coisa que podemos fazer pra te ajudar?- Lua perguntou, suas orbes verdes brilhando com preocupação- Sarah, o que você costuma fazer pra ela?
— Eu não sei...- Sarah parecia tão preocupada quanto nós- Normalmente as suas crises de pânico são desencadeadas por coisas ligadas á fogo, mas dessa vez foi o Ayato que ficou brigando com ela...
Ok, eu vou definitivamente matar aquele menino.
—Eu ouvi meu nome?- Ayato chegou, com um sorriso babaca no rosto. Não pude deixar de revirar os olhos e chegar mais perto dele.
— Eu juro por tudo que é mais sagrado, se você fizer a minha irmã chorar de novo...- Eu grunhi, apontando pra Sofie- Eu vou te dar um soco ainda mais forte do que o que a Nikki te deu no dia que a gente chegou aqui.
— Que comoção é essa que está acontecendo logo na sala?- Reijii chegou, parecendo intrigado- Ah, Victoria, você está de volta, eu preciso da sua ajuda em uma coisa...
—Espera aí, do que você me chamou?- Victoria congelou onde estava.- Você me chamou de Victoria. Você sempre me chama de "Senhorita Victoria", "Delinquente" ou alguma coisa desse estilo.
— Eh... Gente- Lua se levantou- Eu não queria ser corta clima nem nada, mas nós temos um problema ainda maior acontecendo aqui.
—Ah, as idiotas voltaram- Subaru resmungou, se escorando na parede- Ótimo.
E o TPMista está se volta...
—Eu concordo com Subaru, você não concorda também, Teddy?- Kanato chegou perto de Victoria, com o Teddy em seus braços.
De repente eu vi uma imagem passar rapidamente pela minha cabeça: Fogo.
Não foi proposital, só algo que aconteceu.
— E eu que achava que ia ter algum descanso...- Shu resmungou e se virou de costas para nós. Só então eu percebi que sua cabeça estava apoiada numa almofada em cima do colo de Nikki.
Percebendo meu olhar, a de cabelos azuis resmungou:
— Era o único jeito dele calar a boca. Para de me julgar.
—Vocês podem parar de ficar em cima de mim agora, meninas...- Todos ouvimos a voz de Sofie-Eu já estou melhor. Acho que vou me deitar... Amanhã tem escola.
Ela se levantou, recebendo acenos de todos nós. Ao passar por Ayato, ambos trocaram um olhar, mas ela passou direto por ele.
—Ela vai ficar bem?- Subaru perguntou- Não que eu esteja preocupado nem nada, é só que... Ela parece bem mal.
— Considerando a doença dela, ela deve estar recuperada amanhã- Reijii comentou, e eu acenei a cabeça.
Ayato pareceu chocado por um segundo:
—Espera aí, a Sofie tem uma doença?
—Eh... Sim?- Sarah respondeu- Ela desencadeou síndrome do pânico quando ela tinha tipo... Doze anos. Num incêndio da escola.
Ayato ainda parecia chocado.
—Espera aí, você não sabia?- Tinha sido minha vez de perguntar, e eu fiquei mais chocada quando ele negou com a cabeça- Você é o único nessa casa que não sabia da condição da Sofie?
— Eu não sabia dessa história de incêndio...- Shu resmungou.
—Ah, que lindo~~- Laito parecia o único feliz nessa história- Shu arrumou uma amiga nova!
Reijii e e Shu fuzilaram Laito com o olhar, fazendo com que ele e as meninas nos entreolhassemos confusas.
—Ayato-Kanato chegou perto dele- Eu ainda não gosto de você, mas é agora ou nunca.
Ayato, que ainda parecia chocado, disse em voz alta:
—Eu... Eu preciso consertar uma coisa que fiz!
E ele então subiu as escadas
Se ele fosse corrigir tudo que tinha feito de errado desde quando chegamos aqui, ele ia ficar até dois mil anos depois.
—Argh, eu vou pro meu quarto- Me espreguicei- Longo, longo dia. Meninas, que tal um jantar pra conversamos sobre nosso primeiro dia na faculdade e um papo motivacional pra volta às aulas?!
Todas as meninas concordaram animadamente com a cabeça, então eu fui até meu quarto.
Assim que me joguei na cama, recebi uma mensagem de um número desconhecido no meu celular:
"Bitch—chan foi muito corajosa hoje... Nfufu~Você realmente é capaz de tudo pelas suas irmãs. Admirável"
Não pude deixar de revirar os olhos. Como aquela criatura tinha meu numero?
Mas, após ler a mensagem fiquei pensando por um tempo no que ele havia falado.
Peguei o panfleto, todo amassado na minha bolsa e uma caneta azul que eu tinha jogado por lá.
—É hora de fazer algo novo- Reli mais uma vez o panfleto. Estágio remunerado em empresa de tecnologia...
Sem pensar muito, assinei meu nome no final da folha.
Se eu sou capaz de fazer tudo pelas minhas irmãs e até morreria por elas... Um trabalho não seria um grande desafio.