Like a Vampire 2: Bloody Marriage

Capítulo 16- As vidas pagas


Narração Sarah

Acordei com uma dor nas costas me incomodando, e eu não precisei abrir os olhos pra entender o motivo.

Lá estava eu, no chão do quarto, ainda enrolada nas cobertas. Eu devia ter caído da cama enquanto dormia. Suspirando, me levantei da forma mais quieta possível e olhei pro lado. Suspirei de novo ao perceber que Anna já devia ter acordado,já que não estava lá.

Calcei minhas pantufas que estavam logo ao lado da cama e fui para a frente do espelho, amarrando meu cabelo em maria-chiquinhas. Só minha rotina normal da manhã. Até, claro, eu ouvir um berro do andar de baixo.

É o quê?

Completamente confusa pelo o que poderia estar acontecendo lá, eu desci as escadas rapidamente (quase caindo no caminho) é praticamente me joguei no corredor.

Chegando lá, me deparei com todos os Sakamaki, as Hudison e quase todas as minhas irmãs reunidas na frente da TV. Os Sakamaki se entreolharam de forma confusa e até raivosa, enquanto as garotas observavam atentamente a tela sem nem piscar os olhos.

—AH, MAS ESSE JUIZ É CEGO!- Marie berrou enquanto se levantava, praticamente jogando a comida das meninas pelos ares- ROLOU O MAIOR ABRAÇO LÁ E ELE NEM ANULA O GOL? FAÇA-ME O FAVOR!

—Se eles machucarem o Menino Ney eles verão a ira de uma Herbert!- Lua exclamou, mordendo um biscoito enquanto fazia um highfive com Nikki, que só concordava com a cabeça.

—Bom... Dia?- Eu interrompi eles, finalmente fazendo-os notar minha presença- Perdi alguma coisa?

—É o jogo de estreia do Brasil na Copa- Daayene deu de ombros, parecendo assustada com o entusiasmo das minhas irmãs- Mas o país de vocês tá apanhando feio... Literalmente.

—O que ela quer dizer é: Faça essas loucas pararem de gritar- Kanato reclamou, os olhos lilases se cerrando. -Teddy e eu já estamos ficando com dor de cabeça.

—Desculpa, Kanato, mas futebol é um assunto sérissimo- Sofie respondeu rapidamente, e as garotas concordaram- Principalmente quando se trata do Menino Ney e do hexa.

—Quem diabos é "Menino Ney"?- Ayato perguntou, estalando a língua- Aposto que eu jogo futebol melhor que ele.

—Parece que alguém está com ciúmes!- Priya cantarolou, sorrindo de orelha a orelha enquanto eu olhava Ayato e Sofie atentamente. O garoto bufou enquanto minha irmã revirava os olhos, e ambos desviaram o olhar.

De repente, fui preenchida pela vontade de mudar de assunto e pela saudade de uma pessoa ali:

—Onde que a Victoria tá?

—Descansando no quarto dela.-Reijii respondeu sem nem pensar duas vezes, e atraiu os olhares pra si- Ela estava muito cansada ontem.

—Tenho certeza que ela estava- Nikki afirmou, mas sua única resposta foi um pisão de pé vindo de Marie- Aiê! Por que você me bateu?

—De qualquer forma, alguém deveria ir lá e acordar a Victoria- Reijii interrompeu as reclamações de Nikki, ajeitando as mangas- Quanto ao resto, desliguem a TV e vão para cozinha. Temos que tomar o café.

—Mas...mas...- Priya começou a reclamar, apontando pra tela- Estamos no meio do jogo!

—Ele bem que tá certo, mana-Daayene se levantou e começou a desamassar a saia rosa- O jogo tá empatado, faltam três minutos pra acabar e eu estou morta de fome. Acho que temos coisas mais importantes pra cuidar aqui.

—Então desliguem a TV- Shu murmurou, se sentando ainda de olhos fechados- Vocês gritam demais...

—Se a gente estava assistindo uma partida de futebol e berrando, por que você veio pra cá?- Lua perguntou, ajeitando os óculos no meio de um bocejo.

Ela foi completamente ignorada pelo garoto quando Marie desligou a televisão e se levantou enquanto se espreguiçava.

—Droga de jogo- Ela suspirou e então olhou pra mim- Ei, Sah, você pode ir comigo acordar a Victoria?

—Eu não acho que duas pessoas são necessárias pra acordar a Victoria...- Brunna comentou, arqueando uma sobrancelha.

—Acordar minha irmã é uma tarefa muito complicada, Brunna- Sofie respondeu, passando um dos braços pelas costas da Hudison, que só acenou com a cabeça- Enfim, já estamos indo pra cozinha. Se todos puderem não demorar vai ser ótimo.

Brunna e Sofie, abraçadas, foram na frente para o caminho até a cozinha. Mesmo que os Sakamaki e as outras garotas estivessem na frente, era dolorosamente óbvio o quanto Ayato estava se rasgando por dentro. Eu juro que em algum momento vai sair fumaça pelos ouvidos dele.

Marie me despertou dos meus devaneios quando me puxou pela manga do pijama, e nós duas subimos calmamente as escadarias em silêncio.

Após degraus e mais degraus, finalmente tinhamos chegado ao terceiro andar e (mais importante ainda) á frente da porta que nos levava pro quarto de Victoria.

Marie respirou fundo, bateu na porta duas vezes e abriu logo em seguida.

Assim que nós duas entramos no cômodo, fechei a porta atrás de mim e deixei meus olhos vagarem pelo quarto da minha irmã mais velha. Todo o quarto era em tons de lilás, e a cama parecia tão macia que eu tive que me segurar pra não pular lá. Em cima dos lençóis, havia um caderno cheio de papéis e anotações aberto e um notebook vermelho aberto em algum site que eu desconhecia.

—Podem admitir que meu quarto é o mais bonito, eu deixo- Ouvimos uma voz vindo do banheiro, e eu nem precisei olhar para ver que era a voz de Victoria.

—Deixa de ser exagerada- Marie revirou os olhos, e abriu mais a porta do banheiro. Lá nós podíamos ver uma Victoria em toda sua glória, vestindo uma blusa branca de botões um pouco grande demais pra ela e passando alguma coisa no rosto- Eu não sabia que você gostava de blusas de botões. Nem que você tinha uma.

—Não é minha- Victoria riu, porém eu senti o nervosismo em sua voz, e eu não pude deixar de sorrir:

—Ai deuses, e como foi?

Victoria se virou de frente para nós, e apontou para seu pescoço e colo. Não pude deixar de rir e corar um pouco quando percebi a quantidade de marcas de mordidas e chupões presentes naquele lugar.

—Por favor, só me diz que você usou proteção- Marie se aproximou da pia, e derramou um pouco de base num pincel de maquiagem- Sou muito jovem pra ser tia!

Victoria revirou os olhos e sorriu enquanto Marie começou a deslizar o pincel pela pele da garota, numa tentativa de cobrir um pouco as marcas:

—Não, imagina, eu fiz sem camisinha e agora estou grávida de trigêmeos.

Quando Marie a fuzilou com o olhar, Victoria riu e completou sua frase:

—Eu tô brincando!

—Não brinque assim com o coração da Marie, ela pode desmaiar- Eu brinquei, e o olhar assassino de Marie passou pra mim. Victoria apenas riu enquanto colocava um short e trocava a blusa por um top cropped azul escuro.

—Haha, muito engraçado- Marie respondeu com ironia na risada, e logo abriu a porta do quarto-Vamos logo, não quero ouvir seu marido gritando no meu ouvido.

Troquei um olhar com Victoria, que sorriu suavemente e foi atrás da irmã. Rindo pra mim mesma, desci as escadas com elas.

Quando chegamos na cozinha, percebemos que estava a mesma baderna de sempre. Daayene e Lua riam de algo enquanto Subaru fazia uma cara de "queria estar morto". Priya e Nikki explicavam animadamente algo para Anna, que parecia encantada com as palavras das garotas. Brunna e Sofie conversavam entre si uma coisa que era aparentemente segredo. Os trigêmeos pareciam estar numa conversa engraçadas, mas Ayato não parecia estar prestando atenção pois estava olhando diretamente pra sua noiva. Shu, ignorando completamente toda a bagunça, dormia em seu prato enquanto Reijii estava no balcão preparando algo.

Eu me sentei entre Kanato e Ayato, cumprimentando ambos. Assim que Marie se sentou entre Priya e Anna, Victoria finalmente entrou na cozinha e cruzou o cômodo inteiro para cumprimentar Reijii.

Percebi que Lua ia gritar um "Bom dia pra você também, Vic", mas a boca dela se fechou quando ela percebeu que todos os garotos estavam acompanhando a segunda mais velha com o olhar. E digo isso sem exagero, até mesmo Shu tinha acordado e estava mirando Vic com um sorriso de canto.

Laito e Ayato estavam com sorrisos de orelha a orelha, Kanato escondeu a expressão de nojo em Teddy e as bochechas de Subaru ficaram levemente rosadas. Tudo isso porque Victoria passou por nós e deu "bom dia" pra Reijii.

—Gente, por que vocês tão tudo olhando pra Vic?- Daayene perguntou, colocando um pedaço de bolo na boca- É alguma referência que eu não entendi?

Só aí que Reijii e Victoria perceberam que todos estavam olhando pros dois, já que eles só viraram agora.

Reijii pareceu entender o motivo dos olhares, já que apenas pigarreou com um olhar envergonhado.

—A noite foi boa ontem, Victoria?- Ayato perguntou com um grande sorriso babaca, e eu troquei um olhar assustado com Marie.

Como eles sabiam?

Percebi que Sofie havia engasgado com o chocolate quente, enquanto Nikki e Lua olhavam pra Victoria assustadas.

—É... O... Quê?- Victoria perguntou, parecendo querer se fazer de desentendida. Porém, a vermelhidão de suas bochechas a denunciou completamente.

—Alguém pode me fazer o favor de explicar o que está acontecendo?-Brunna, que estava abraçada com Sofie até essa hora, agora usava os braços pra gesticular e mexer nos cabelos loiros.

—O cheiro do sangue da Victoria mudou- Subaru explicou, tentando parecer desinteressado na história e falhando miseravelmente.- Isso acontece quando a menina vira mulher.

—Ah, parabéns, agora eu sei exatamente o que você quer dizer- Priya revirou os olhos com ironia jorrando do seu tom de voz, e Daayene se levantou pra sussurrar algo em seu ouvido- É isso que vocês consideram "virar mulher"? Desde quando ser comida uma vez é sinal de ser mulher?

—Se não é isso, me explica o que é "virar mulher"?- Shu perguntou, olhando com certo desprezo pra Priya.

Assim que Victoria e Reijii se sentaram lado a lado numa ponta e começaram a comer, Priya se levantou com raiva:

—Se tornar mulher não é definido por um homem levando pra cama. Se tornar mulher é algo que a própria mulher sabe e faz, e é só saber se entender e aceitar como mulher e toda a questão social que vem por trás disso.

Priya então se sentou, e nós aplaudimos brevemente o discurso da garota.

—Isso me lembra- Reijii comentou, ajeitando os óculos- Lilith veio e mandou eu anotar um endereço. Ela disse pra Marie levar todas vocês pra lá, porque tem algo a mostrar pra vocês.

—Alguma ideia do que é?- Sofie perguntou, limpando a boca com um guardanapo- Estamos sendo mandadas pra vários lugares esses dias, não sei se estou gostando disso.

—Que isso, o que de mal pode acontecer com a gente?- Nikki perguntou, revirando os olhos- Tirando morrer, é claro.

—Não sei onde é, mas Lilith diz que é fácil chegar lá- Reijii respondeu, e brincou com algumas madeixas do cabelo de Victoria- Se já terminaram de tomar café, acho melhor irem.

Ele então depositou um beijo na mão de Victoria assim que ela se levantou, enquanto alguns dos garotos fingiam barulhos de vômito.

—Podemos ir, garotas?- Marie perguntou, mordendo sua maçã e ficando do lado de sua irmã- Onde está o endereço?

Reijii estendeu um pedaço de papel para Anna, que pegou com facilidade. Todas nós nos levantamos e fizemos nosso caminho até a entrada.

—Quero saber dos detalhes depois, senhorita Herbert- Ouvi Daayene sussurrar para Victoria quando já estávamos fechando a porta, e depois ela se virou pra gente- Ei, nesse carro cabem sete pessoas, como diabos vai caber dez?

—Vocês são pequenas, dá pra gente apertar ou vocês irem no nosso colo- Eu respondi sinceramente, e recebi um olhar assassino de todas as Hudison.- O que? É verdade.

Quando passamos pela frente do conversível, percebi que Sofie parou e ficou olhando para a câmera que tinha sido instalada no carro.

—Victoria, me empresta seu salto?- Sofie perguntou, e Victoria fez uma expressão de estranhamento porém concordou com a cabeça.

Victoria se apoiou no carro e tirou um dos saltos que usava, entregando nas mãos de Sofie.

Minha irmã gêmea, sem pensar duas vezes, mirou o salto na câmera e bateu com tanta força que fez um barulho escandaloso. A câmera agora estava em pedaços.

—Uau, ok, isso foi BEM badass- Brunna riu enquanto Sofie entregava o salto de novo pra Victoria, que já colocou-o no pé

—Eu só não acho que ninguém aqui é propriedade pra ficarmos sendo vigiadas por uma câmera de segurança- Sofie respondeu, e todas nós concordamos enquanto nos acomodamos no carro.

A viagem até o lugar que Lilith foi relativamente quieta, se não considerarmos algumas conversas ocasionais e risadas de vez em quando. Não sei se eu tinha cochilado, mas em pouco tempo estávamos no lugar pedido. E lá estava Lilith, que sorriu ao perceber o conversível.

—Finalmente vocês chegaram!- Ela guinchou e nos preencheu no abraço assim que saímos do carro- Senhoritas Hudison, é um prazer conhecer vocês. Sou Lilith, a prima dos Sakamaki.

—Como alguém tão legal consegue ser parente de pessoas tão chatas?- Brunna perguntou, fazendo Lilith rir enquanto suas irmãs concordavam.

—Lilith, você disse que tem algo pra nos mostrar?- Eu perguntei suavemente, e os olhos avermelhados da mulher se encontraram com os meus.

—Ah, sim!- Ela concordou, e ajeitou o vestido negro rendado que usava- Me sigam, garotas, vocês vão gostar!

Ela se virou de costas pra nós e entrou numa construção baixa de parede escura, e nós não demoramos para segui-la.

Senti Anna segurar minha manga num ato de nervosismo, e segurei a mão dela numa tentativa de acalma-la. Ela sussurrou um agradecimento, e eu só sorri pra ela.

Nós onze, de alguma forma, conseguimos atravessar o corredor estreito que fazia minha claustrofobia atacar de tão apertado para nós todas. Tentei não pensar na falta de janelas daquele lugar e me preocupar mais com o caminho que estávamos fazendo.

Poucos segundos depois, meus olhos se arregalaram com o lugar onde fomos parar.

De repente estavamos num lugar iluminado, de teto alto. Em todo o lugar haviam espadas, escudos, facas, arcos e flechas e qualquer outro tipo de arma que pudesse existir num mundo medieval.

Mesmo não sendo a maior fã de instrumentos de guerra, eu tinha que admitir que aquela era uma visão bonita demais.

—Alguém me avisa se eu estou no paraíso?- Priya murmurou, olhando para as armas penduradas no teto.

—Se for, eu não quero voltar a viver- Nikki concordou com a cabeça, os olhos vermelhos brilhando de admiração.

—Gostam do que vêem?- Ouvimos uma voz atrás de nós, e nos assustamos a nos depararmos com um homem mais velho, com os cabelos já brancos- Lilith me avisou que vocês viriam. Vejo que a Herbert Sakamaki é tão linda quanto todos do reino dizem. E as outras são igualmente lindas, claro.

Todas nós agradecemos de forma tímida pelo elogio, e Victoria sorriu de orelha a orelha.

—Você é ferreiro de armas?- Sofie perguntou, deslizando os dedos por uma lâmina que estava lá perto.

—Exatamente!- O homem explicou, animado- Sou Alfred, e faço as armas pro exército vampiro e pra qualquer um que queira ter sua própria espada desde... Que eu me lembre.

Nós rimos com o comentário de Alfred, e ele nos guiou animado pra outra parte do cômodo.

—Parece que Lilith disse que vocês deveriam saber auto-defesa- Alfred respondeu, ligando uma coisa que parecia ser uma espécie de chapa- E pra uma boa auto-defesa, é preciso de armas. Principalmente quando se é uma garota humana no meio do mundo vampiro.

—N-na verdade- Anna o interrompeu- Não é só a auto-defesa. E-explica pra eles d-do exército.

Marie deu um passo a frente, assumindo a palavra:

—Nós estávamos...Meio que pensando em formar um exército pra lutar pelas minorias. Pode parecer idiota, mas acho que ninguém deveria passar perto do que passamos nos últimos tempos.

Alfred passou alguns segundos em silêncio, me deixando mais nervosa ainda.

—Ok!- Ele respondeu de repente, surpreendente animado- Um exército só de mulheres humanas? Vai ser difícil, mas eu apoio o projeto de vocês.

—Por que não me contaram antes?- Lilith segurou Marie pelos ombros, parecendo feliz- É uma ideia absurdamente perigosa, mas é corajosa e honrada!

—Já que vocês querem começar um exército, deveriam ter uma espada de treino- Alfred respondeu, olhando pra nós atentamente- Já tem um professor?

—Tenho uma amiga que vai nos ajudar- Nikki respondeu rapidamente, parecendo ainda animada com tudo- Sol Dellanoce.

—Uma mulher ensinando outras mulheres, me parece justo- Alfred sorriu, e olhou carinhosamente para nós- Façam fila, preciso analisar vocês para lhes dar a espada perfeita. Lembrem-se: A espada escolhe o guerreiro.

—Maravilha,agora entramos em Harry Potter- Lua revirou os olhos, fazendo toda nós rimos porém obedecemos o homem.

Ao ver que a primeira da fila era Sofie, ele pensou por um tempo antes de estender uma espada quase toda preta com pouquíssimos detalhes pratas.

—Essa é a espada Alma de Vidro- Alfred explicou, estendendo a espada pra ela- É uma espada não-flexível, com precisão perfeita nos golpes e fácil de se esconder.

A próxima da fila era Brunna, pra qual ele entregou uma espada de tamanho médio e toda prateada:

—Hm... A sua espada inicial será a Bestial. É um modelo mundial de espada base, e é fácil de manusear. Tem uma lâmina tão forte que pode causar faíscas de fogo, bem especial esta daqui.

Brunna e Sofie conversaram baixo sobre suas espadas, e eu percebi que as próximas eram Daayene e Lua.

—E então, tio, o que você tem pra gente?- Daayene brincou, e Alfred sorriu.

—Esta daqui é a Meridiana Mágica. É uma espada que parece frágil, mas é forte demais. É leve e pode ser carregada em todos os lugares- Ele explicou, entregando uma espada pequena e toda branca com um detalhe vermelho no punhal para Lua- E essa é a Lunial. Além de ser uma das mais bonitas que criei, é extremamente discreta e boa para se atacar de soslaio. A lâmina é tão brilhante que praticamente brilha no escuro, minha cara.

Explicando isso, ele entregou uma pequena espada meio dourada e meio prata(que mais parecia glitter) para Daayene. Ela pareceu animada com sua escolha.

Engoli em seco e puxei Anna comigo quando chegou minha vez, e ele sorriu delicadamente ao perceber nosso desconforto.

—Essa espada, Sabroke, é bem ríspida e difícil de manusear de primeira, pode ser que não consiga ir pra batalha direito assim de cara. Mas quando você aprender os truques, vai conseguir se tornar uma mestra com isso. Ela não corta muito, mas é o suficiente pra ameaçar- E então ele entregou uma espada branca com detalhes azuis claros para Anna.

Ele então pegou uma toda de bronze, com apenas o punhal sendo em forma de pétalas e numa cor prateada. E me estendeu ela.

—É uma espada facilmente quebrável, por isso precisa ter cuidado com ela. Apesar disso, é uma faca absurdamente afiada e sempre pronta pro ataque. Tem uma precisão íncrivel no ataque também, e se chama Eternidade Sóbria.

Eternidade Sóbria... Que nome.

Victoria e Nikki deram um passo a frente, parecendo determinadas.

Ele entregou uma longa e afiada espada vermelha para Nikki, e depois uma toda prateada com detalhes pretos e vermelhos espalhados pela espada para Victoria.

—A espada vermelha é a Amargo Nilo. A mais violenta e bruta de todas, com certeza. Corta mais, absorve mais sangue, é mais pesada do que todas.- Alfred Explicou- Já a prateada é mágica: Aparentemente ela só pode ser fiel a uma pessoa, já que não funciona com mais ninguém. É uma espada barulhenta, porém é extremamente bela e chamativa.

Quando chegou a vez de Marie e Priya, ele analisou bem ambas e as espadas em sua frente antes de pegar duas espadas. Uma era a menor de todas, totalmente dourada e com um punhal lindamente detalhado, a outra era branca com o punhal em forma de gancho vermelho.

—Essa, Pequena Sorte, é a menor, porém é uma das mais cortantes. Quando se sabe usar ela, é quase impossível vencer sua dona com a agilidade e conforto que ela mantém- Ele disse enquanto entregava a menor espada para Priya. Ela nem parecia ofendida. Logo depois, ele entregou a outra nas mãos de Marie- E essa é a Espada-Mãe. Ela é a maior de todas as espadas e é formada de uma mistura de vários metais diferentes. O punhal dela é mais firme, e ela seria capaz de quebrar qualquer uma das outras espadas.

Todas nós então nos afastamos, olhando admiradas pro que havíamos acabado de ganhar.

—Droga, eu já tenho que levar vocês pra casa- Lilith reclamou, mordendo o lábio inferior- Ou melhor, levar vocês até o carro pra vocês irem pra casa. E eu ir pra minha... Vocês entenderam!

—Claro que entendemos, Lilith- Victoria riu, passando os dedos pela sua espada.

—Usem suas armas iniciais com sabedoria, garotas- Alfred aconselhou, sorrindo docemente para nós.

—Nós usaremos. Isso é uma promessa- Brunna se curvou rapidamente para Alfred, e todas nós nos despedimos dele.

Quando foi a última vez que nós todas fomos tratadas tão bem por um vampiro?

Em poucos segundos, todas estávamos no carro despedindo de Lilith que desapareceu de nossa vista. Quando o carro deu partida, me senti adormecendo e pensando nas espadas que havíamos ganhado.

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Já fazia um bom tempo que estávamos na mansão, e eu tinha acabado de tomar banho para tentar tirar o cheiro de metal que parecia estar impregnado em mim. Isso que dá ficar enrolando com o ferreiro.

Já de pijamas e pantufas, fui até a sala desenhar no meu bloco de notas. Chegando lá, me deparei com Kanato conversando com Teddy. Sem pensar muito, me sentei ao lado do rapaz e comecei a fazer rabiscos no papel.

—Como você consegue?- Kanato me perguntou após cerca de cinco minutos que eu estava do seu lado.

—Como eu consigo o que?- Perguntei, paralisando o lápis no bloco de notas.

—Ficar tão calma mesmo depois de ter me traído- O olhar de Kanato se arregalou e brilhou em minha direção- Mesmo fugindo com eles...

—Já falei mais de trezentas vezes que não fugi com ninguém!- Resmunguei, fazendo biquinho- Sério, por que eu escreveria uma carta pra você falando que eles estavam atrás da gente se eu tivesse fugido com eles?

—Porque você é idiota!- Kanato gritou, e depois olhou para Teddy- Ne, Teddy. Você não acha Sah-chan uma garota burra também?

Olhei pra Teddy, e depois deixei meus olhos passarem pelo quarto e demorarem na lareira acesa da sala. Vendo o fogo crepitando, pensei rapidamente nos ovos de drakon. Porém, fiz questão de me distrair:

—Kanato... Eu só estou tentando te explicar que eu não fugi com ninguém. E também, colocar uma câmera no carro da Mah foi golpe baixo.

—Nós não colocamos.- Kanato parecia confuso- Por que nós colocaríamos uma câmera no carro da Marie.

Dei de ombros, mas não pude deixar de pensar. Será que foram os Mukami que colocaram a câmera no carro? Faria até mais sentido, visto que foi deles que fugimos.

Em um piscar de olhos, Kanato estava quase sob mim, com os joelhos entre minhas pernas.

—Por que você mente, Sah-chan?- Kanato perguntou, posicionando Teddy na mesa num ângulo que os olhos do brinquedo estavam me fitando- Será que você... Não me ama mais?

Ele então bateu a mão numa xícara, fazendo a mesma colidir com o chão e quebrar completamente. Ele pegou meu cabelo suavemente e deu um puxão delicado.

—Eu não estou mentindo!-Gani de susto e dor. Eu não sabia como reagir, só sabia que aquilo tudo estava doendo e eu estava quase chorando.

Kanato deu risada perto do meu ouvido:

—Sua expressão de dor é bem bonita, apesar de tudo.

E ele então enfiou as presas numa parte perto do nóbulo da orelha. Eu chorei silenciosamente por conta da área sensível sendo mordida, e apertei as almofadas enquanto eu sentia o sangue sendo sugado de mim com rapidez e violência.

O meu cabelo continuava sendo puxado, e eu continuava gemendo de pura dor.

E de repente, quando eu de repente perdi a voz e os sentidos, tudo ficou preto.