Capítulo 11: Sobre Hogwarts e bruxos

Os dias que antecederam o Ano Novo na casa dos Riddles não foram nada bons. Thomas só dirigia a palavra para a esposa e ignorava totalmente o filho e o neto. Tom Sr. desistira de tentar conversar com o pai, pelo menos até ele ter certeza de que o homem estaria mais calmo, o que parecia demorar para acontecer, e o mais novo dos Riddles passava a maior parte dos dias em seu quarto, dando a desculpa de que precisava estudar.

Na manhã do dia trinta e um de Dezembro, Tom Riddle Jr. acordou com alguma coisa batendo em sua janela insistentemente. O garoto tentou ignorar o barulho irritante, mas acabou se levantando para ver o que o havia tirado de seu sono.

Uma coruja... O animal estava batendo no vidro com o bico, tentando chamar-lhe a atenção a todo custo.

- O que você quer? – o menino resmungou, deixando a ave entrar no quarto e a observou voar pelo quarto – Ah, pare com isso e venha aqui.

A coruja pousou perto dele, mas o encarou de um jeito como se estivesse irritada com ele. Tom tirou a carta e o embrulho que estavam presos na pata dela e abriu o envelope.

“Tom,

Feliz aniversário! Achou que eu iria esquecer? Não! A Morgana não ficou muito feliz de acordar cedo para levar a carta...”

Riddle olhou para a ave que ainda o encarava com aqueles grandes olhos amarelos... Ela devia ser a tal Morgana.

“De qualquer maneira, parabéns e tudo de bom para você! Não vejo a hora de voltar para o castelo, estou com saudades.

Abraços,

Emmy.

P.S: Espero que você goste do presente!”

O menino sorriu e deixou o pergaminho de lado para poder abrir o pacote. O sorriso em seu rosto se alargou ainda mais quando viu o que a amiga lhe enviara... Era um livro com capa verde escura e com o título escrito em dourado.

- Guia prático dos jovens bruxos? Obrigado, Emily.

Depois de escrever uma resposta para a amiga e deixar a coruja rabugenta sair pela janela, Tom sentou-se em sua cama e começou a folhear o livro... Era praticamente um guia sobre o mundo bruxo feito para nascidos trouxas. Ele já sabia de quase tudo o que estava escrito naquelas páginas, mas gostou do presente mesmo assim.

- Tom? Achei que você ainda estaria dormindo – o jovem bruxo se virou para ver o pai parado na porta do quarto, esticando o pescoço para tentar enxergar o que o filho tinha nas mãos – O que é isso?

- Emily me mandou – ele ergueu o livro para que o homem lesse o título.

Tom Sr. sorriu e se aproximou do garoto, sentando-se ao seu lado na cama.

- Feliz aniversário – ele passou um braço em volta dos ombros do outro – Doze anos... Parece que foi ontem que você veio morar aqui.

O menino deu um sorrisinho sem graça e se encostou no pai. Ele não queria ter que sair do quarto naquele dia... Não queria ter que olhar para os seus avós, principalmente para Thomas.

- O que foi?

- Ele ainda está com raiva de mim?

- Ele não está com raiva de você... – o mais velho falou, mas ficou quieto ao ver a expressão séria com a qual o garoto o encarava – Tom, seu avô logo voltará a falar com você... Ele só está estressado.

Tom Jr. ficou um tempo observando o rosto do pai, antes de dar um sorriso triste e voltar a olhar o livro que tinha nas mãos.

****

Naquele ano, Mary Riddle havia deixado de lado a idéia de dar uma festa de Ano Novo... Não seria a primeira vez, afinal, já fazia algum tempo que os Riddle haviam trocado as elegantes festas por calmos jantares em família.

O mais novo da família, Tom, preferia as coisas desse jeito. O menino não gostava de ficar sendo analisado por todos os amigos de seu pai e avós naquelas festas que eles davam... Não importava quantos anos se passassem, ele sempre seria, aos olhos dos conhecidos da família, o filho que Tom Riddle tivera com a mulher estranha que morava do outro lado do rio.

Mas, por mais incrível que pareça, o garoto preferia estar sendo analisado pelos olhares curiosos dos convidados de seus avós do que pelos olhos frios de Thomas Riddle, que o encarara daquele jeito durante todo o jantar.

- Tom?

O menino não desviou o olhar da mesa, achando que o avô estivesse falando com o seu pai.

- Não você! Estou querendo falar com o meu neto – ao ouvir isso, o garoto ergueu a cabeça.

Ele podia ver que seu pai estava preocupado com o rumo que a conversa tomaria, assim como sua avó, mas nenhum dos dois fez alguma coisa para impedir que Thomas continuasse a falar.

- Feliz aniversário.

- Obrigado – se ele tivesse sorte, a conversa se resumiria a isso.

Silêncio...

- Então – Tom Jr. amaldiçoou a sua sorte mentalmente – Conte-me sobre esse seu colégio... Dessa vez conte a verdade.

- Pai...

- Acho que eu estava falando com o meu neto, não com o meu filho.

Isso fez com que Tom Sr. ficasse quieto, o que deixou o mais novo ainda mais desconfortável. O menino odiava ver como o pai parecia morrer de medo de Thomas.

- Então?

- É uma escola normal, bom... Menos pelo fato de que nós aprendemos magia – ele viu o homem mais velho estreitar os olhos – Mas tirando isso, é tudo bem normal... Temos tarefas, trabalhos e provas como qualquer colégio.

- Que tipo de matérias vocês têm?

- Feitiços, Transfiguração, Poções, Defesas Contra as Artes das Trevas, Herbologia, História da Magia...

- Como são os professores?

- Muito bons.

- Como funcionam os exames?

- No fim de cada ano nós fazemos as provas, no quinto ano nós realizamos os N.O.Ms, Níveis Ordinários de Magia, e no sétimo os N.I.E.Ms, Níveis Incrivelmente Exaustivos de Magia...

- Que nome mais simpático para um teste – Mary murmurou sarcasticamente.

- Não é um teste simpático – Tom Jr. deu um sorriso sem graça.

Os quatro ficaram em silêncio novamente.

- Como é que essas pessoas conseguem se esconder tão bem? – Thomas perguntou, balançando a cabeça levemente – Existe até uma escola para ensinar magia e ninguém nunca ouviu falar? Como?

- Senhor, posso pegar uma coisa no meu quarto? – o menino perguntou, recebendo do avô um aceno positivo.

Tom Jr. deu um sorrisinho e se levantou da mesa. Assim que o garoto saiu da sala, o olhar de Thomas caiu sobre o filho.

- Desde quando você sabia?

- Desde que ele completou sete anos – o homem explicou – Eu já desconfiava que ele fosse assim.

- Ela era?

- Sim.

Antes que qualquer um deles pudesse falar mais alguma coisa, Tom Jr. voltou a entrar na sala. O menino não falou nada, apenas andou até o avô e estendeu-lhe um livro que trazia nas mãos.

- Uma amiga me deu de presente – o jovem bruxo falou – É bom para entender como funciona o mundo bruxo.

O mais velho pegou o livro e começou a folheá-lo. Tom Riddle Jr. não pôde deixar de sorrir ao ver como o avô parecia estar interessado no conteúdo das páginas.