Like A Suicide

Uma voz,e as primeiras gotas de sangue.


(M. Shadows Pov’s)
Acordei assustado por causa de um pesadelo,olhei em volta,não estava no meu quarto,isso era obvio. Do meu lado,Tracy dormia calmamente,me levantei com cuidado e vesti minhas roupas que estavam espalhadas pelo quarto,abri a porta devagar mas não adiantou nada. A porta fez um barulho irritante e Tracy acordou,ela mexeu um pouco nos cabelos e olhou para mim.

– Bom dia meu amor.
Ela sorriu,merda!

– B-bom dia.

– Estava indo a algum lugar?
Ela perguntou se enrolando no lençol e se levantando da cama.

– Ahn... Eu estava indo comprar café pra gente,sabe.
Falei a primeira coisa que me veio a cabeça.

– Awn,que fofo. Mas eu não gosto de café meu amor.
Ela veio até mim e me deu um selinho.

– Que tal você tomar um banho comigo?
Tracy mordeu o lábio.

– Ahn... Eu adoraria,mas eu tenho ensaio da banda hoje e tal e faz tempo que a gente não ensaia então eu vou indo... Tchau.

– Mas...
Sai do quarto batendo a porta.

(Ariel Pov’s)
Minha mãe deu carona até a escola para Denis e eu,então chegamos um pouco cedo na escola,mas ainda assim quando entramos os corredores já estavam cheios de gente. Estranhei bastante o fato de todos estarem olhando para nós e soltando algumas risadinhas. Quando estava perto da sala,um garoto passou pela gente,apontou para mim e disse:

– Hey Ariel,sua mãe é a maior gostosa!
Parei de andar na mesma hora e encarei o garoto.

– Olha o respeito garoto,você ta falando da minha mãe!
Gritei e chutei a bunda do garoto que saiu correndo resmungando alguma coisa.

– O que foi isso?
Denis perguntou confuso.

– Eu sei lá,acho que o garoto perdeu a noção do perigo.
Dei de ombros. Íamos voltar a andar quando Rose,uma colega nossa se enfiou na nossa frente.

– Ariel! Ahn... Que tal se a gente,ér... Gazeássemos aula hoje?
Olhei confusa para Rose,ela estudava muito,e desde que eu a conheço,ela nunca faltou aula sem ter atestado ou justificativa dos pais.

– Como assim? Rose,você ta bem? Você nunca gazeou aula na vida,e sempre nos deu bronca quando nós fazíamos,ai de repente você quer gazear?
Perguntei. Ela fez uma careta.

– Depois eu me resolvo com o diretor pela falta,mas por favor,vamos sair daqui antes que a...

– Hey,miss freak!

– Tarde demais.
Rose sussurrou e suspirou andando para o lado do Denis.

– Amber,por que você não assume logo que é apaixonada por mim e que é por isso que me persegue tanto?!
Falei revirando os olhos.

– Você fala firme pra quem acabou de descobrir que a mãe é uma atriz pornô.
Ela disse mexendo no cabelo.

– Hãn? Pirou garota?! Acho que seu papaizinho ladrão... ops,quero dizer,seu papaizinho político esqueceu de te dar o seu remedinho hoje de manhã,não é mesmo?
Amber odiava quando eu falava sobre o pai dela,isso por que ele era um político importante que já havia se envolvido em tudo quanto é roubalheira possível mas nunca era preso por ter poder. E a cidade toda sabia disso.

– Pelo menos meu pai não é um suicida e minha mãe uma atriz pornô!
Ela disse irritada fincando as unhas postiças na palma das mãos.

– Não acredito que ela disse isso.

– Agora a porra ficou seria.

– Vish.
Algumas pessoas que estavam envolta observando a discussão,comentaram. Joguei minha mochila no chão e parti pra cima de Amber. Dei um soco na boca do estomago dela e quando ela se curvou acertei seu nariz com uma joelhada,ela caiu no chão e eu fiquei por cima dela e dei alguns socos nela. Enquanto isso as amigas de Amber tentavam me tirar de cima dela. Levantei-me e olhei para os lados,foi ai que eu vi um cartaz bem grande escrito em letras coloridas:
“ A mãe de Ariel Sullivan,é uma atriz pornô barata e suja! Duvidam? Acessem o site...” E o link de um site no qual eu não prestei a atenção. Levantei Amber do chão pelos cabelos e abri caminho no meio da multidão até chegar no cartaz.

– QUEM FEZ ISSO?! FOI VOCÊ,SUA VADIA? VOCÊ É SUJA IGUAL O SEU PAI,GAROTA!
Gritei quase esfregando o rosto da ruiva no cartaz.

– Não fui eu! Eu não sei quem foi. MAS NÃO FUI EU,ME SOLTA POR FAVOR!
Amber implorava,olhei pra ela com nojo e a soltei. Logo as amigas dela a ajudaram a levantar e a levaram pra enfermaria ou sei lá pra onde.

– Denis!
Chamei.

– To aqui!
Ele respondeu saindo do meio da galera e trazendo Rose com ele.

– Tem como entrar nesse site pra mim?
Perguntei,ele logo pegou o celular e começou a digitar algumas coisas. Depois de um tempo olhando a tela do celular,Denis arregalou os olhos.

– O que foi?
Perguntei.

– Ahn,acho melhor você não ver isso. A Rose tem razão,é melhor a gente gazear aula e vazar desse lugar.
Denis começou a me puxar pelo braço.

– NÃO! Eu quero saber o que ta acontecendo,me da esse celular aqui!
Peguei o celular e vi a cena mais nojenta de toda a minha vida. Era minha mãe ali! E tudo que o cartaz dizia,era a mais pura verdade!
Deixei o celular cair no chão e corri para o banheiro mais próximo,algumas garota estavam conversando lá dentro.

– SAIAM AGORA DAQUI!
Gritei,elas me olharam assustadas e saíram do banheiro. A mulher bonita,inteligente,e gentil,que eu considerei minha mãe,era na verdade uma vadia! E um monte de garotos já tinham se masturbado vendo a minha mãe tranzar com um cara qualquer!
Essas eram as únicas coisas que se passavam na minha cabeça.

É,ela é uma vadia!

Uma voz dizia na minha cabeça,a voz estava distante e metálica. Olhei em volta,não tinha ninguém no banheiro.

Aposto que todos por aqui acham que você é igual sua mãe!

Passei uma água no meu rosto e na minha nuca,eu estava muito nervosa. Aquela voz não existia,era só algum tipo de estresse. Sequei meu rosto e sai do banheiro,fui direto pra sala tentando ignorar as pessoas me olhando,apontando e rindo ou cochichando. Entrei na sala e me sentei em um lugar no fundo longe de todo mundo,Denis me entregou minha mochila e disse alguma coisa que eu não escutei pois a voz estava gritando na minha cabeça:

ELE NÃO É SEU AMIGO DE VERDADE,NINGUÉM QUER SER AMIGO DE UMA GAROTA CUJO A MÃE É UMA ATRIZ PORNO,ELE SÓ ESTÁ COM PENA DE VOCÊ!

O professor começou a passar matéria e explicar. Eu não escutava nada a minha volta,só o relógio fazendo “tic tac” sem parar. E é claro,a maldita voz.

Ninguém vai querer ficar perto de você,lalala. Ninguém vai querer ficar perto de você,lalala. Ninguém vai querer ficar perto de você,lalala. Ninguém vai querer ficar perto de você,lalala. Ninguém vai querer ficar perto de você,lalala. Ninguém vai querer ficar perto de você,lalala.

– CALA A BOCAAAAAAAAAAAA!
Gritei me levantando da carteira e colocando as mãos no ouvido tentando não ouvir mais nada.

– Senhorita Sullivan,algum problema?
O professor perguntou me fitando com raiva,ele com certeza pensou que eu estava mandando ele calar a boca.

– Vai ver ela ficou louca de vez.
Uma garota disse.

– Também,com a família que ela tem.
Um garoto tirou sarro.

– Eu não me sinto muito bem,senhor Calixto. Se me da licença.

– Claro,claro. Fique a vontade.
O professor me deu autorização para que eu saísse da sala.

Até o professor aparenta ter pena de você. Mas na verdade,todos eles querem te ver morta,eles tem nojo de você!

– Vai embora.
Rosnei,uma tia da limpeza me olhou feio,mas eu não me importei.

Você não entendeu ainda querida? Só você pode me ouvir,e eu não vou embora,ainda tenho muito o que fazer por aqui.

– Eu to ficando louca!
Exclamei colocando as mãos na cabeça.

É,você surtou de vez. Você está louca! Completamente louca!

A voz riu de um jeito medonho. Cori totalmente afobada pra casa. Quando cheguei minha mãe estava sentada no sofá assistindo TV.

– Oi filha,aconteceu alguma coisa? Por que veio tão cedo pra casa?
Ela perguntou.

Ela é uma vadia!
A olhei com nojo e sem lhe dirigir a palavra,subi as escadas. Assim que cheguei no meu quarto,bati a porta com força e tranquei.

– Ariel,ta tudo bem?
Minha perguntou do outro lado da porta.

– VAI EMBORA DAQUI!
Gritei.

Diga a ela que ela é uma vadia,uma puta que faz sexo por dinheiro. DIGA!

– O que aconteceu? Filha,você sabe que pode contar qualquer coisa para mim.

Conte a ela que você sabe que ela é uma puta! Conte!

– VAI EMBORAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! VAI! ME DEIXA EM PAAAAAAAAZ!
Gritei com toda a minha voz e joguei um porta-retratos na porta. Minha mãe não disse mais nada. Joguei-me na cama e afundei o rosto no travesseiro deixando as lagrimas caírem. Tinha um bolo na minha garganta,eu me sentia horrível,e sentia meu peito doer. Mas não era dor física.

Como você é fraca! Está chorando feito uma criança mimada! Por que não deixa de ser tão patética e se mata de uma vez?!

Levantei-me da cama e fui direto para o banheiro. Comecei a procurar pelos armários,qualquer coisa que cortasse. Até que achei uma lamina,que eu usava pra repicar minha franja quando precisava.

Isso,é perfeito! Corte bem fundo,e faça logo!
Girei a lamina pelos meus dedos e mordi o lábio,quem sabe aquilo fizesse toda a dor ir embora.

Vai ajuda,pode ter certeza. Você não vai ter mais nenhuma dor,nenhuma decepção! Faça!

Apertei a lamina na minha pele e deslizei pelo pulso. Senti o corte arder,e o sangue sair. Fiquei observando enquanto o sangue escorria pelo meu pulso e logo depois pingava na pia de cerâmica. A voz sumiu. Enquanto eu sangrava e sentia dor,a voz sumiu totalmente. Abri a torneira e enfiei meu pulso em baixo d’água. A água descia vermelha pelo ralo,um tempo depois,meu pulso parou de sangrar. Sequei e coloquei uma blusa de manga comprida para esconder o corte,aquilo ia ficar cicatriz, e isso eu tinha certeza. Outra coisa que eu tinha certeza,era que a voz estava certa. Toda dor foi embora,pelo menos naquele momento.