Nesses últimos três dias, eu e o Gabriel estávamos muito próximos, e, sobre aquele beijo... Nada. Acho que ele se arrependeu. E por isso não falou sobre o assunto. Mas, tudo bem. Talvez assim fosse até melhor.

Eu e os irmãos do Cody fomos a um passeio, e o Gabriel também. Foi bem legal, e à noite, sentamos novamente no jardim da casa, e ele começou - não lembro por que exatamente - a correr atrás de mim. Então me derrubou no chão e tentou me beijar, porém, eu recuei e tentei me levantar. Aquela cena, deitados no chão, se beijando, já tinha acontecido. Com o Cody. Como disse, tentei me levantar, mas ele me puxou novamente e eu caí sentada. Daí já era. Ele me beijou. Bom. Aquele beijo foi bem emocionante. Como eu disse, ele beijava muito bem, chegava até a tirar o fôlego. Mas, chega desse papo.

O fato é que, acho que eu estava começando a me envolver com o Gabriel. Claro, não o amava como ainda amava o Cody, mas, acho que estava no caminho certo pra esquecê-lo. Depois do beijo, ficou um clima de romance, e eu - de novo - resolvi entrar e ir pra cama, mas Gabriel foi me ver dormir. Ele pensou que eu já tinha pegado no sono, mas ainda não. Então, ele abriu a porta, chegou perto de mim, e deu um beijo na minha boca! Claro, foi só um selinho, mas já significava alguma coisa. Quando saiu, Cody estava o esperando na porta do meu quarto, e, com a porta entreaberta, pude ouvir a conversa.

- O que você quer com ela? - disse ele.

- E o que você tem a ver com isso? Pelo que eu saiba, é você quem não a quer mais. Agora vai querer se intrometer na vida dela por quê?

- Perguntei antes. Vamos, responde! Você acha que eu não te vi olhando pras meninas na rua, antes de chegar aqui?

- Nem vem, Cody. Eu a amo. Só ela. E acho que, bem, agora ela também está gostando de mim.

- Não, ela não está!

- Será mesmo? Pois ela gostava muito de você, mas agora, não tenha mais tanta certeza. Você a esqueceu, e ela não tinha com quem contar como tinha antes. A família dela não é rica, e o dinheiro que eles têm, os pais dela deram muito duro pra conseguir. A infância dela, inteira, ela passou em casa, sozinha, ou na casa da vizinha, pois os pais estavam ocupados trabalhando. Depois que nasceu o irmão dela, os poucos privilégios eram agora pra ele. Por isso ela resolveu vir pra cá. Para esquecer um pouco da vida que ela realmente tem.

- Mas...

- Ela não te contou tudo isso, não é? - disse Gabriel.

- Na... Não... E... Como você ficou sabendo? Ela te contou?

- É claro que não. Eu a conheço há muito tempo, e pude tirar as minhas conclusões.

Nesse momento, acho que foi possível ouvir o meu choro de fora do meu quarto. Era difícil ouvir uma coisa que a vida inteira você fez questão de esconder de si mesma. Então fui até a porta e a tranquei. Foi difícil pegar no sono, estava em prantos, por achar que estava sozinha.

(...)

No outro dia, à tarde - aulas de manhã - Gabriel bateu à porta. Nesse momento, Cody estava assistindo à TV - na sala de TV, e ao lado era a sala de visitas - Quando abri, Gabriel quase me beijou, mas eu desviei. Cody olhava pra gente, e eu estava confusa, insegura. Por isso achei melhor não beijá-lo ali. Ele entrou, e nos sentamos na sala de visitas. Cody continuava nos olhando e estava um clima meio chato, e pra descontrair, comecei a falar:

- Então, Gabriel, até quando você fica nos Estados Unidos?

- Até uma semana antes do seu aniversário, Lúcia. Queria ficar mais, só que os meus pais não deixaram, pois daqui uns três meses, eu vou pra Dubai, e não posso gastar todo o meu dinheiro.

- Ah, tudo bem, só de você estar aqui, agora, eu fico feliz. - eu disse, com um sorriso meio amarelo no rosto.

Gabriel, que estava fitando Cody com os olhos, talvez só pra provocar, resolveu se declarar pra mim, na frente dele:

- Lúcia, eu queria te falar uma coisa, que eu já queria dizer antes de você vir pros EUA. Bem antes... Eu... Te amo. E quero muito ficar com você. Prometo nunca te magoar. Nunca! - e soltou um olhar pro Cody como se eu fosse um prêmio a ser disputado.

Ele foi se aproximando de mim, e eu fui me deitando no sofá, e bem atrás de mim estava uma almofada e eu não tinha para onde recuar. Gabriel foi meio que subindo em cima de mim, e eu não pude resistir. Ele me beijou. De novo. E na frente do Cody. Ao mesmo tempo em que eu estava gostando do beijo, me incomodava o Cody nos olhar, beijando um cara na frente dele, e o pior, sem poder me dizer nada. Quando o beijo acabou, não tive coragem de olhar pro Cody. Só olhei para baixo, com um ar de envergonhada. Por fim, Cody saiu da sala e foi pra cozinha, passando na minha frente com uma expressão decepcionada.

- Não liga pra ele, Lúcia. Deixa pra lá.

Disse o Gabriel, já me dando uns beijos na bochecha. A situação estava ficando meio tensa, e então pedi pra ele ir embora, e voltar mais à noite.

Cody, quando o viu indo embora, voltou da cozinha, com lágrimas nos olhos. Não me sentia bem. Ainda parecia que eu estava ligada ao Cody, mas, ele parecia não ligar mais pra mim, então, todo aquele esforço era somente pra esquecê-lo. E, acho que estava dando certo.

[POV - Cody]

Aconteceu o que eu imaginava: a Lucy e o Gabriel estão cada vez mais próximos. Ontem, resolvi ter uma conversa com ele, pra saber as suas verdadeiras intenções. Eu o via olhando pra todas as meninas que passavam pela rua, antes de chegar aqui em casa. Mas enfim, fui falar com ele e, acabei descobrindo o passado da Lucy, e o porquê dela precisar tanto de mim. E o pior: ela ouviu tudo. Acabei não me dando conta do que estava falando e que estávamos na frente do quarto dela. Pude ouvir seu choro. E logo depois, ela trancou a porta. Depois do estrago feito, resolvi ir embora dali e esquecer a conversa com o Gabriel.

E hoje mesmo, ele a beijou. Na minha frente. E eu pude sentir um pouco de falsidade da parte dele, mas não sei bem... Ele é um conquistador, provavelmente fez isso com inúmeras garotas, e com a Lucy não parecia ser diferente. E ela, tentou não beijá-lo, mas aconteceu. Agora a situação estava crítica, e eu tinha que tomar partido, ou seria o fim. No dia seguinte, falaria com ela.