Mais um verão terminava, e eu, mais uma vez, sem dinheiro algum. A vida da minha família estava difícil, pois meus pais tinham de pagar a minha escola e a do meu irmão Gabriel, de seis anos. Não sobrava dinheiro para eu sair com as minhas amigas, comprar bobagem, que qualquer adolescente da minha idade gosta de comprar, porque além do mais, eu sabia que eles tinham que pagar todas as contas, o mercado... O pouco dinheiro que eu consegui juntar, eu fiz questão de comprar um CD do Cody Simpson (o meu maior ídolo). Já havia feito de tudo para ir a um show dele, mas ainda não tinha conseguido nada.

Foi quando minha tia Maria veio em casa, pra passar o feriado. Nós sempre tivemos uma ótima relação, era como se ela fosse uma irmã mais velha pra mim, então, no meio de uma conversa, ela acabou comentando:

- Sabe aquela moça que trabalha comigo, a Kátia, então, a filha dela foi para os Estados Unidos, passar um ano lá.

- Sim, sei... Eu também queria muito ir. Eu sei inglês muito bem, mas é muito caro e não temos dinheiro pra pagar. - disse eu, que nem sonhava com uma viagem dessas.

- Eu sei - disse ela - a Kátia também não tinha condições de mandar a filha para lá, mas se trata de um emprego. A filha dela vai trabalhar como babá por um ano lá, vai estudar e ainda vai ganhar com o serviço, sem contar que fica morando na casa da família.

Apesar de nunca termos dinheiro suficiente, minha mãe nunca me deixou trabalhar, pois ela dizia que eu era muito nova pra isso e que eu deveria estudar, mas sempre quis me mandar pra um intercâmbio, pois assim eu aprenderia uma língua diferente e teria mais experiência.

- Vou falar com ela, parece uma boa ideia. Depois você pode me passar o telefone da agência? Peça para a Kátia, ela deve ter. - aí eu já estava ficando mais animada com a ideia.

- Isso! Veja com a sua mãe, que eu vejo com a Kátia. Espero que dê certo pra você!

*****

Terminado o feriado, tia Maria voltou pra casa dela (ela morava longe de mim), e logo me retornou os dados da agência. Em seguida, fui pedir à minha mãe e pro meu pai, que iriam pagar a passagem pra mim. Custou um pouco para convencê-los, mas na agência, eles viram que era tudo muito seguro, e, além do mais, eu sempre me dei bem com o meu irmão mais novo, mostrando que seria mais fácil por eu já lidar com crianças. Então resolveram me deixar ir, porque, eu ainda iria mandar metade do meu salário como babá para eles.

Combinada a família com quem eu iria passar o próximo ano, as passagens, fomos logo marcando a data que eu iria. Logo, seria uma nova vida!