Rachel

A minha cabeça latejava. Tentei me mexer e percebi que meus braços estavam amarrados. Abri os olhos e respirei fundo ao vê-la parada na minha frente, de costas para mim, e voltei a fechar os olhos.

Isso era um pesadelo, só podia ser.

Daqui a pouco o celular ia despertar e eu ia acordar, provavelmente tremendo de medo, mas ia sair atrás de um taxi para me levar ate a casa onde a Sue realmente estaria

- A bela adormecida acordou. – riu.

Tudo bem. Não era um sonho. A dor do tapa que acabei de levar prova isso.

Hora de pensar Rachel. Você esta sozinha nessa. Pensa...

Abri os olhos e a encarei, enquanto tentava desamarrar as cordas sem fazer muito movimento.

- Eu to adorando isso. – a Sue riu – Finalmente, vou poder me vingar de pelo menos um dos Berry.

- Como se fazer alguma coisa contra mim fosse te ajudar.

- Temos que começar aos poucos não é mesmo? Eu acabo com você agora. Com a sua irmã no show. O seu pai e seu tio podem me dar um pouco mais de trabalho, mas vão estar muito preocupados em chorar por vocês para ser um problema.

- Ou vão estar irritados ao ponto de te achar em alguns segundos. E a segunda opção é a mais provável.

- Pena que você não vai mais estar aqui pra descobrir. – ela disse – Mas, veja por esse lado: eu estou te fazendo um favor.

- Um favor? – eu ri.

- Sim. Um favor. – ela disse e virou de costas, e eu aproveitei para soltar as cordas no chão, o mais próximo possível da cadeira – Você vai morrer primeiro então, não vai sofrer pela sua irmã. E vai parar de sofrer pela filha que perdeu.

Eu respirei fundo, tentando me controlar para não pular em cima dela e fazer o mesmo que fiz com o Brody, já que ela tinha se virado para mim novamente.

- Não fala da minha filha. – resmunguei.

- Olha só, eu to de tão bom humor, que vou te matar rápido e... – ela foi interrompida pelo choro de uma criança e respirou fundo – Cansei. O pai dela não serve mais pra nada, ela menos. Vou me livrar da criança e já volto pra cuidar de você.

Ela virou e caminhou até a cama, e só então reparei que estava no mesmo quarto de antes.

Ela pegou a arma, e, antes que ela pudesse atirar, eu me joguei em cima dela, ignorando completamente o plano que eu tinha feito.

Eu não podia deixar ela matar uma criança.

A arma que ela segurava caiu ao pé da cama, e nós, a uma certa distancia dela.

Acertei um soco na cara da Sue e me joguei na direção da arma.

- Droga! – ouvi ela resmungar quando consegui pegar a arma e levantar, antes mesmo que ela conseguisse somente ficar em pé.

- É a filha do Johnson? – perguntei.

- É.

- E a esposa dele?

- Morreu no parto. – Sue deu de ombros.

Eu a encarei e balancei a cabeça negativamente. Como uma pessoa podia ser tão fria?

Peguei a menina no colo, sempre apontando a arma para a Sue, e ela se acalmou um pouco.

- Eu sei que deveria te prender e deixar pra fazer isso depois, mas não tenho certeza se vou te deixar sair daqui. – respirei fundo – Então, colabore. Porque matou minha mãe?

- Você sabe.

- Você não pode ter feito tudo o que fez simplesmente por raiva do meu pai.

- Então você já perdoou o papai?

- Cala a boca! – eu gritei e a criança se mexeu no meu colo inquieta.

- Vai acordar o bebe. – ela debochou.

- Dá pra você me responder logo e parar de torrar minha paciência?

- Seu pai ferrou minha vida. Eu devolvi o favor. – sorriu – Agora, abaixa isso, ou me mata logo.

- Eu não vou te matar. O que eu ganharia com isso?

- É, você não tem coragem o bastante pra usar uma arma. – ela riu.

Eu disparei quatro tiros, e ela gritou de dor.

- Não vou te matar, mas você também não vai sair daqui. – sorri falsamente depois que os quatro tiros acertaram as pernas dela e sai de lá com a menina no colo.

Eu só precisava fazer a mágica de ligar pro Kurt.

Porque é que eu não trouxe meu celular mesmo?