O dia seguinte foi o mais sem graça do acampamento.

Nico não estava ali, eu não tinha com quem conversar na solidão do chalé 13. Fiquei encarando o teto do chalé, depois do café-da-manhã. Pensando onde Nico poderia estar e se iria voltar logo.

Meus pensamentos foram interrompidos quando alguém bateu na porta.

–Lia! -ouvi a voz abafada de Jhon -Você tá aí? Lia?!

–Já vai, criatura -me levantei, sem a mínima disposição, e me arrastei até a porta. Destranquei e abri, de mal-humor por causa da luz do sol na minha cara -Que foi?

–Quíron tá te chamando. Na Casa Grande. - a apreensão na voz dele não me dava boa esperanças.

–Porque sempre eu...? -resmunguei, fechando a porta e calçando um par de tênis. Saí do chalé e segui Jhon até a Casa Grande.

–Oque é dessa vez?

–Como se eu soubesse...

Jhon me deixou na porta da Casa Grande e segui para dentro. Quíron me chamou e fechou a porta.

–Olá, Lia.

–Oi, Quíron... Oque foi que eu fiz?

–Ora, nada. Só queria conversar com você.

–É o Nico? Aconteceu alguma coisa com ele?

–Não, não. Presumo que ele está bem. É sobre seu pai, Hades.

–Meu pai? -engoli em seco. Só de pensar nele eu me sentia impotente, imaginava o tempo todo como ele seria, se se importava comigo, com minha mãe -Oque... Oque tem e-ele?

–Receio que saiba que o símbolo de poder de Hades é o Elmo das Trevas, certo?

–Sim... Faz ele desaparecer e tal...

–Também deve saber que os Olimpianos não gostam de Hades... Não é?

–É... Nico me falou alguma coisa sobre isso...

–Enfim. Seu pai me mandou uma mensagem, parece que o elmo dele foi roubado. -ele disse, com cautela -E me pediu que você fosse procurá-lo.

Meu coração disparou. Hades queria que eu fosse em busca de sua arma mais preciosa. Era a minha chance de orgulha-lo.

–Porque eu? -perguntei.

–Porquê você é filha dele. -Quíron disse, simplesmente.

–Quando... Quando posso ir?

Ele sorriu com minha impaciência.

–Hoje mesmo. Mas, primeiro. Vamos até a Oráculo.

Segui Quíron até uma caverna, onde uma garota de cabelos ruivos encaracolados desenhava alguma coisa em uma mesa de madeira.

–Aquela é Rachel -disse Quíron -Ela é a Oráculo.

–Ah, claro.

–Hm? -ela parou de desenhar e ergueu a cabeça para nós -Ah, já chegaram -ela se levantou e veio em nossa direção -Lia Hunter, não?

–É... -ela era assustadoramente normal -Hã, oque viemos fazer aqui? -falei olhando para Quíron.

–Sua profecia. Toda missão tem uma -Rachel falou, como se fosse óbvio.

–Ah. Então tá né...

Rachel fechou os olhos, como se estivesse meditando. Quando os abriu novamente eles brilhavam e uma fumaça verde saía de sua boca enquanto falava. Sua voz não era a mesma, era antiga e rouca, como uma cobra:

–A filha do Submundo, deve seu símbolo resgatar. Com coragem e sozinha, irá o gigante derrotar. Seu pai, no mundo dos mortos, à sua espera estará. Para seu orgulho, honra e respeito restaurar.

Após a ultima palavra, Rachel piscou e seus olhos voltaram ao normal. Ela tinha o olhar indiferente, como se isso acontecesse todos os dias.

–Ótimo -murmurei -, posso ir agora?