Let's Dance

Capítulo único.


Eles sempre se encontravam em festas como aquela; era o único lugar onde Bruce e Diana se encontravam, porque, na Torre, eram Batman e Mulher-Maravilha. A festa era o aniversário de 78 anos do curador de um museu de Gotham, o que significava a nata da cidade e também pessoas importantes no círculo artístico e histórico, incluindo até historiadores e escritores que tinham ligações com as peças expostas por museus de todo o mundo.

Bruce era a nata de Gotham e Diana, uma muito conhecida historiadora e restauradora que, atualmente, trabalhava no Louvre. Então, ali estavam eles, encarando-se vidrados. Ambos com sorrisos que eram suas marcas registradas e com um leve tom de humor no olhar. Diana caminhou em direção a Bruce Wayne que, estrategicamente, estava no bar.

—Sempre perto das bebidas, Sr. Wayne. Às vezes me parece que é isso que te atrai nessas festas —brincou colocando a taça de champanhe no balcão.

—Ah, Srta. Prince, não se engane. As belas mulheres são outro motivo para que eu venha —Diana soltou uma risada. —Mas você é uma entusiasta da arte.

—E uma amiga do aniversariante —os olhos cinzas de Bruce faiscaram quando encontraram os azuis de Diana. Bruce já havia olhado cada pedaço da mulher quando ela chegou, mas assim, de perto, ele concluiu que ela era ainda mais deslumbrante. Num vestido cinza claro que deixavam seus cabelos mais negros e seus olhos mais azuis, e o corte que lembrava uma toga grega deixava-a ainda mais sensual, mostrando as costas e mostrando muito pouco de seus seios. Ela também havia reparado nele que, como sempre, trajava negro. —Acredito que você tenha uma dívida comigo de nosso último encontro, não?

—Dívida? —Ele ergueu uma sobrancelha, instigado e sugestivo.

—Disse que dançaria comigo naquela noite, mas dados alguns imprevistos, não dançou. Deve-me uma dança, Sr. Wayne.

—Sim, devo-lhe uma dança —pediu mais uísque com o barman e voltou a olhar para ela. —Porém, temo que não haja uma música para dançarmos.

—Haverá. Os aniversários de Harry sempre têm música. Aguarde, Sr. Wayne.

—Já lhe disse que é a mulher mais teimosa que conheço? —A voz dele ficou um pouco mais rouca. Em situações como a que estavam, era onde se permitiam flertar com mais liberdade.

—Não. Entretanto, lembro-me de você já ter me dito que sou a mulher mais linda que você conheceu. —Diana bebericou o champanhe e se surpreendeu ao ver um leve rubor subir as bochechas de Bruce e desaparecer tão rápido quanto. O dia que ele havia lhe dito isso foi após uma missão da Liga, quando ele estava anestesiado na enfermaria e Diana foi visitar e se certificar que Bruce estava bem.

—Linda, teimosa e um tanto presunçosa.

—Estamos, decididamente, falando de uma versão feminina sua. Presunção não é uma característica minha, Bruce. Só aceito os elogios que me são dados.

—Não sem corar, porque me lembro de um rubor subir e ficar em suas bochechas quando lhe disse isso —ele estava certo, Diana sempre corava quando Bruce dizia algo assim. Provando isso, suas bochechas arderam.

—Especialmente quando os elogios vêm de você, Bruce —depois, encaram-se em silêncio. A música começou, Diana sorriu vitoriosa. —Não disse que era questão de tempo? —O sorriso mais sedutor de Bruce Wayne surgiu nos lábios finos naquele momento. Pegando-o pela mão, Diana o levou até os casais que já haviam começado a dançar.

—Não deveria ser eu a te tirar para dançar?

—As coisas comigo são diferentes, Bruce.

—Eu sei, Diana, não há muitas mulheres como você nesse mundo —ela gargalhou. —As pessoas estão olhando. Provavelmente admirando você —sussurrou no ouvido dela, fazendo a amazona se arrepiar e sentindo o inebriante perfume levemente apimentado dela. Diana o apertou mais, trazendo colando-se a Bruce.

—Vamos dançar, Bruce. Só dançar e ignorar os olhares.

—Impossível. É inerente ao homem vangloriar-se de suas conquistas. E, no momento, sou o homem mais sortudo por estar dançando com você —os lábios dele estavam perigosamente perto dos dela.

—Tolo —murmurou. —Sabe bem que eu sempre vou dançar com você. Nenhum deles é como você, Bruce.

—É uma declaração?

—Sim. Adiantaria esconder algo do maior detetive do mundo? —Houve silêncio entre os dois. Nada além da música penetrava o mundinho em que estavam. Diana não sabia bem como ele iria reagir ao que ela disse.

—Não. Assim como não adianta esconder nada da dona do Laço da Verdade —as mãos de Bruce saíram das costas dela para acariciarem as bochechas dela e puxá-la para um beijo. Separaram-se depois e compartilharam um sorriso.

—Parece-me que vocês dois finalmente se acertaram! —Era Harry Hole, o aniversariante. Um homem baixo e que aparentava menos do que seus 78 anos. Tinha espertos olhos verdes por baixo de óculos de armação grossas e redondas. —Está mais bonita a cada ano que passa, Diana —ela se separou de Bruce e abraçou o homem.

—Feliz aniversário, Harry! —Ela parecia uma filha que há muito não via o pai.

—Minha Sarah me disse que você veio de Paris pra cá duas noites atrás. Infelizmente, não pude te ver antes. Alguns idiotas do meu trabalho. Homens mais jovens que nada entendem de arte ou história.

—Os tempos mudam, Harry —ela murmurou e o homem de espertos olhos entendeu que Bruce sabia do segredo da mulher.

—Oh, entendo. Sim. Mudam.

—Senhor Hole —Bruce cumprimentou estendendo a mão. Ao invés de pegar a mão dele, Harry abraçou Bruce e lhe sussurrou:

—Wayne, essa mulher é minha mais antiga amiga. Conheço-a desde que tinha 22 anos e comecei a trabalhar no mesmo museu que ela pra pagar minha vida acadêmica. Isso a 56 anos. Não a magoe, ela não merece.

—Pode deixar, senhor —Bruce entendia perfeitamente bem. Quando os dois voltaram a olhar Diana, o sorriso dela indicava que havia ouvido a conversa entre eles. Harry beijou a face da mulher e foi puxado por um de seus filhos. —Não é educado ouvir a conversa dos outros.

—Curiosidade é uma característica minha, uma das mais fortes. —Bruce riu e tomou-a para perto novamente, retornando a dançar.

—A curiosidade nem sempre é uma característica boa.

—Não disse que era —sorriu mais. Ele adorava aquele sorriso. —Você tem razão —ela sussurrou perto do ouvido dele —, há muitas pessoas nos olhando. Muitos homens, admito, mas boa parte, mulheres.

—Ciúmes? —Brincou. —Não há necessidade, princesa, ambos sabemos que nem todas as mulheres que estão nos olhando o fazem por minha causa; esse vestido é que te transforma numa incógnita. Elas olham e pensam: quem é aquela linda mulher e que estilista desenhou o vestido dela?

—Acho que elas se perguntam mais sobre: quem é aquela mulher e por que ela está dançando com Bruce Wayne?

—Formamos um par excepcional. Logo você não terá paz, Diana. Aposto que alguns desses homens, assim que a música terminar, irão até você perguntar se quer dançar com eles. —Em momento algum deixaram de se olhar. —E eles podem ser bem mimados, uns nunca ouviram um não de ninguém.

—Então eu teria que ferir o ego deles ou aceitar o convite de um? —Inclinou a cabeça, encarando todos os homens do salão decorado ricamente em marfim e dourado. —Hum, é bem tentador aceitar.

—Isso não vai acontecer. —Declarou ele. As sobrancelhas da princesa se arquearam de forma divertida.

—Oh, então não posso dançar com os outros? Por quê? É um homem ciumento, senhor Wayne?

—Não há motivo para ser. —Sorriu. —É que, como você disse, é comigo que você quer dançar.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.