Não importa o quanto eu queira, o quanto eu sonhe... No final, o resultado será sempre o mesmo. Um coração se despedaçando ao chão, e as lágrimas marcando as memorias mais dolorosas. Se um dia deixar meu coração desprotegido de novo, o que irá mudar será o número de lágrimas e as palavras ditas no final. Não que eu dissesse alguma coisa. Na verdade, eu nunca falo nada. Por que deveria compartilhar meus sentimentos, se eles serão arrancados a força de mim? O que devo fazer, supostamente, seria sentar e não ceder a esses sentimentos, ou ceder ao meu lado que acha que tudo vai ficar bem no final e deixar essas mesmas lágrimas caírem quando tudo acabar. Mas o lado positivo, o lado que anseia pelo "Felizes Para Sempre". Esse lado nunca ganha, mesmo que no fundo... Esse é o único lado que eu quero ver ganhar.

Por mais que as pessoas achem ou pensem, não tenho depressão, ou sou "infeliz", quero me matar, odeio minha vida... Nada disso. E vou esclarecer isso logo no inicio. Existem as pessoas que sempre conseguem ver o lado bom nas coisas, e as pessoas que conseguem transformar tudo o que acontece em um mal presságio. Não sou nenhuma dessas pessoas. Eu enxergo os dois lados.

Mas eu acredito em apenas um deles. Eu vejo todas as possíveis possibilidades que podem acontecer naquela situação, mas acredito em apenas uma. E infelizmente, não será a possibilidade boa. Se um professor falar na sala de aula que apenas sete alunos tiraram notas boas, certamente não estarei entre os "sete alunos". Eu poderia estar? Claro, poderia haver uma possibilidade remota disso acontecer, mas eu não acredito nisso. Eu vejo, mas não acredito no lado "bom" das coisas. Pelo menos, não das coisas que acontecem comigo, ou que estão ao meu redor. Se for para ajudar um amigo, ou algo do tipo, claro, verei todas as possibilidades e farei o possível para animar essa pessoa e dizer "Vai dar tudo certo", mesmo que no final não dê nada certo. Afinal, pelo menos uma pessoa precisa ter esperanças. Mas essa pessoa não será eu. Nunca.

O som do despertador adentrou pelos meus ouvidos. Mesmo estando alto, era uma musica um tanto que calma o que me fazia um pouco melhor pelo fato de que eu tinha que sair da cama. Depois de passar o mês inteiro esperando pelo primeiro dia de aula, em uma nova escola, finalmente poderia começar de novo. Um lugar onde ninguém sabia quem eu era, como eu era, os meus erros e derrotas, a historia de minhas lagrimas e o motivo de meus sorrisos. Ninguém sabia nada sobre mim. E era isso o que eu desejava.

Me levantei da cama lentamente, ainda sonolenta, enquanto tateava algo em que eu pudesse me apoiar. Busquei minhas roupas em cima da cadeira e fui direto para o banheiro. Deixei a água quente acariciar minha pele, me livrando dos medos e preocupações que há tempos me atormentava. Tentei ao máximo livrar minha mente de pensamentos tolos e sem sentido que eu já sabia onde iria dar. Mesmo que na realidade, apenas um pensamento continuava martelando minha mente, mais e mais forte, sem querer ir embora. Eu nunca cedia a tal pensamento, pois já sabia a resposta... "É claro que não". Apressadamente, peguei minhas coisas e as joguei na mochila, peguei uma torrada com manteiga e logo a porta da frente se fechava atrás de mim, enquanto minha mente falava com ela mesma.

Talvez esse ano seja diferente.

Claro que não. Durante muitos anos nada nunca mudou e não seria agora que iria mudar... Eu não conseguia mudar.

Mas você realmente nunca tentou muito... Se continuar negativa desse jeito, o seu maior sonho nunca vai deixar de ser um insignificante grão. Mas... Se fosse lutar por ele, quem saiba um dia-

Não! Não... Não podia pensar assim... Nunca daria certo...

Mas você quer que de certo.

Não! Prometi a mim mesma, várias vezes, que eu ai deixar de pensar nisso! Parar de acreditar e ficar almejando nisso... Apenas, pare de acreditar. Você é muito boa nisso.

Em meio a tantas listas, em uma delas havia meu nome escrito. Um nome que ninguém conhecia, sabia o significado ou sabia suas origens. Não sabia de nada. E estava perfeito assim, desse jeito. O som estridente do sinal perfurou meus ouvidos, me libertando de pensamentos que iam e vinham como ondas. Peguei minha mochila, joguei-a em um dos ombros e entrei em meio a multidão. Subia as escadas ouvindo I Want Out, do Helloween, desejando desesperadamente que aqui fosse diferente. Que eu não passaria pelas mesmas coisas de novo, chorasse pelas mesmas causas, me iludisse de novo...

Desejando desesperadamente desaparecer daquele lugar. Curiosamente minha sala era a sete, um dos números que eu acreditava que poderia me trazer sorte, e no momento que entrei só restava três lugares vazios. Eu não me encaixava em nenhum deles...O primeiro era na ultima carteira do canto, perto de um grupo de garotos que riam por alguma causa idiota (esse seria a primeira escolha a ser eliminada). O segundo lugar vago era bem no meio da classe, o que ia totalmente contra a minha ideia de não ser notada. Então optei pela melhor opção que tinha, que era a primeira cadeira da ultima fileira, ao lado de um garoto de cabeça baixa:

– Você pode entrar logo?! - antes de dar o primeiro passo para dentro da classe, senti um forte empurrão em minhas costas e o que pude ouvir antes de cair no chão foram os risos vindos por trás das minhas costas.

– Que idiota..

– Essa garota é meia estranha, não acham? Fica parada na porta e depois cai no chão do nada...

– Ela deve ter escorregado. Coitada dela gente!

– Que nada! Ela tropeçou nos próprios pés! Eu tenho certeza cara! - nesse momento, em uma historia, um garoto bonito (talvez até o mais popular da classe ou da escola) iria ajudar a garota a se levantar e iria se apaixonar por ela. Isso seria o começo de uma historia de amor entre os dois. Mas a vida não é assim. Se você ficar esperando alguém te ajudar, você vai afundando mais rápido. Me ergui e peguei minha mochila, ignorando todas as vozes. Vozes que sussurravam palavras que não deveriam ser ditas, que poderiam machucar, deixar marcas. Vozes que estavam sendo direcionadas a mim. Mas eu já estava acostumada. Já sabia como fazer as vozes pararem, deixar de ouvir as pessoas ao meu redor. E era muito boa nisso.

– Todos sentados por favor - a realidade pareceu se reafirmar a minha volta. Antes de me dar conta, o sinal já havia batido e o professor já estava na sala de aula. Alto, cabelo preto, camisa preta lisa e uma calça meia folgada. Ele até que não era um homem feio.... Mas se fosse uns nove anos mais novo seria bem melhor - Muito bem sala. Vocês são do primeiro ano certo? - a classe afirmou - Ok.... Muito bem.... Então parece que cabe a mim explicar as regras da escola... Eu sei que o primeiro dia de aula é uma maravilha para vocês! Ainda mais no primeiro ano! Primeira semana, na verdade... É mais para conhecer os vinte professores que vocês vão ter e falar sobre a escola, e as regras.... Sendo assim, já vou começar a mais importante que também é a que todo mundo AMA quebrar..... O telefone celular de vocês, que vocês tanto veneram e amam.......... É estritamente proibido usar em sala de aula. Muito bem? Então, já guardem na bolsa, desliguem, quem está usando ai no fundo... - alguns dos alunos já reviraram os olhos e colocaram o celular de volta na mochila, e outros simplesmente nem ligaram ou colocaram dentro do estojo. Hump....

– Hey professor~~~~! Qual é a sua matéria?

– Ah!! Ele tem cara de ser professor de geografia!

– Acho que é mais historia...

– Não sendo física ou matemática está ótimo!!!

– Silêncio! Meu Deus, realmente me esqueci como os primeiros dias de aula são problemáticos.... - ele apoiou os dois braços na mesa, e olhou para a classe - Para o saber de todos, dou aula de Redação e Critica Literária.

Sussurros preencheram a sala, vozes vindas de todas as direções. A maioria se queixando e reclamando, algumas apenas argumentando sobre o fato do professor parecer legal e poucos dizendo como seria legal ter redação e crítica literária na primeira aula. Eu realmente adorava ideia.

– Nossa professor... Você não parece ter cara de professor de português!!

– E não é? Eu fiquei chocada!

– Achei que ele desse aula de matemática ou biologia...

– Engraçado, certo?! - após alguns minutos, o professor se apresentou mais adequadamente. Observei ele pegar o giz, e passa-lo pelo quadro negro, escrevendo letra por letra enquanto o pó do giz caia. "Prof. Thomas" "Redação". Redação... Uma matéria onde poderia escrever o que quisesse e sem me preocupar com as opiniões alheias. Apenas deixar as palavras dançarem na folha e formarem um texto, sem que tenha necessariamente um sentido ou uma razão para que fossem escritas. Apenas deixar os sentimentos que sempre ficavam aprisionados saírem e caírem sobre as linhas, apenas para aliviar esse peso... Esse sentimento que não queria me deixar.

Já era a hora do lanche. Por alguma razão, os segundos pareciam se arrastar de tal forma que me fizesse duvidar de que realmente existiam. O tempo ia passando como se não quisesse ser notado, e caso fosse passaria mais lentamente.... Até que fosse totalmente esquecido. E ás vezes queria muito poder ser esquecida junto com ele. Me levantei, perguntando se eu tinha algum lanche em minha mochila, ou se teria que enfrentar a fila para comprar alguma coisa. Felizmente lembrei que havia pegado um iogurte natural um pouco antes de sair.

SIM! Finalmente consegui me lembrar de alguma coisa!! Não sou totalmente inútil!! ..... Eu acho....

Como não conhecia ninguém, tampouco iria conseguir me socializar, sentei novamente e abri meu iogurte. Coloquei novamente os fones de ouvido, e coloquei para tocar Salvation, dos Scanners. Lembro que no primeiro momento não havia gostado muito da musica, mas depois fiquei o dia inteiro a ouvindo e cantando junto, mesmo minha voz sendo lastimável.

– Hey, garota! - levantei os olhos apenas o suficiente para ver um grupo de garotas na minha frente. Não prestei atenção em detalhes.

– Está falando comigo? - mantive minha voz baixa. Realmente não acreditava que era necessário desperdiçar minha voz com elas.

– Hum... Quem mais está aqui?!

– Que idiota.... - ouvi uma delas sussurrar.

– Quem faz esse tipo de pergunta?

– E não é?

– Ok, estou esperando - disse, dando mais um gole no meu iogurte. Hum... Sim, sim. O gosto estava esplêndido.

– Esperando o que? - uma delas perguntou como se eu tivesse mandado ela bater a cabeça na parede. Realmente era uma expressão engraçada.

– Bem, vocês vieram até aqui na minha mesa e me chamaram. Creio que seja algo muito importante para que tenham que desperdiçar o seu tempo - 'principalmente o meu' era o que eu queria acrescentar.

– A gente só queria te chamar para comer com a gente, vendo que estava comendo ai sozinha... - uma delas falou como se eu tivesse a magoado.

– Ou melhor dizendo, queríamos ajudar mais uma esquisita para se desolar um pouco do mundo! - dessa vez, uma delas disse com um pouco de desprezo, e eu realmente não queria prestar atenção nos detalhes, mas fiz questão de memorizar o rosto daquela garota. Olhos bem verdes e cabelos avermelhados e encaracolados. Não sabia se ela planejava ir para uma boate depois, ou se ela normalmente usava aquele tipo de roupa, ou usava aquele tanto de maquiagem... Se pintasse a cara de branco, poderia até se passar por uma palhaço de festinhas infantis.

– Bem, se eu realmente quisesse sair da sala para passar meu intervalo com garotas do seu tipo, teria feito isso antes certo? Não acha que seu eu estou aqui sentada, seja por que eu prefiro ficar na sala? Assim não tenho que ficar desperdiçando meu tempo arrumando desculpas para vocês, certo? - ela fechou a cara e me fuzilou. Por alguma razão, apreciei cada segundo disso - Não se sintam mal, mas vou recusar o "convite" de vocês. Além do mais, vocês não vão querer passar seu tempo com uma esquisita como eu, certo? - abri um meio sorriso, e fingi estar lendo uma apostila aberta em cima da mesa. Quando olhei para cima de novo, elas não estavam mais lá. Maravilha.

– Acha uma boa ideia começar a brigar no primeiro dia de aula? - olhei para o lado. O garoto que estava de cabeça baixa, agora com apenas seus olhos visíveis, me encarava. Senti um arrepio na espinha.

– B-bem, o que eu acho ou não não é da sua conta... - parei para pensar antes de falar - E além do mais, aquelas meninas estavam me irritando. Não preciso da "pena" delas, ou de uma amizade falsa. Provavelmente elas iriam me fazer de capacho depois que eu ficasse "amiga" delas... - o garoto continuou a olhar para mim. Ficou parado, apenas olhando por alguns segundos. Senti minhas bochechas corarem e comecei a ficar cada vez mais sem graça. Quando eu ia falar mais alguma coisa, ele piscou, me analisou um pouco mais e abaixou a cabeça mais uma vez. Mas antes, pude ouvir suas palavras, mesmo que um pouco abafadas, quando ele disse "Sim, você está certa". Fique quase cinco segundos inteiros apenas olhando, meio tonta, me sentindo meio boba. Eu era muito idiota por não entender o que tinha acontecido, ou aquilo foi estranho mesmo?

O resto do dia passou bem rápido. Quando me dei conta já estava no caminho de casa, tão cansada que provavelmente iria desmaiar assim que entrasse em casa. Procurei as chaves em minha mochila e abri a porta. Por dois segundos meu coração parou.

– Mãe! - joguei a mala e as chaves no chão e me ajoelhei ao lado de minha mãe, com os braços e pernas espalhados pelo chão. Seu casaco estava em cima da cadeira e sua bolsa estava caída no chão, a apenas meio metro de distancia dela - Ah mãe..... De novo não, por favor...... - resmunguei baixinho enquanto tentava pega-la pelos ombros e a arrastar para o sofá. Depois de finalmente deita-la, peguei um cobertor e coloquei em cima dela. Lembrei que a porta ainda estava aberta e corri para fecha-la. Guardei a mochila, as chaves a a bolsa de minha mãe e desabei na poltrona.

Acordei com o cheiro de ovos e suco de laranja. Meus olhos levaram um tempo para abrir completamente, enquanto e me espreguiçava. Agarrei o cobertor, que antes estava com minha mãe, e olhei o relógio ao lado da geladeira. Eu havia dormido por quase três horas... Minha mãe pareceu saber que eu havia acordado, e quebrou mais dois ovos na frigideira.

– Boa tarde querida! Eu ia deixar para fritar os ovos quando você acordasse, para você não ter que come-los frio, mas... Achei que você ficaria brava se eu não-

– Mãe... Por que você já levantou? - ela estava usando um avental, enquanto fritava os ovos na frente do fogão. Qualquer um podia ver, de longe, que ela estava exausta.

– Do que está falando, já descansei bastante! A e não se preocupe em arrumar os quartos. Fiz isso enquanto você dormia. A e me desculpe por ter te preocupado tanto... Prometo que da próxima vez vou cair na minha cama! - ela riu um pouco. Um riso tão falso que me deu um aperto no peito.

– Mãe.... Você não es-

– A sim! Não tinha suco de pêssego, então eu fiz de laranja. Você gosta de suco de laranja, certo?

– Você... Não está fazendo aquilo de novo, está?

– Fazendo o que? - ela cantarolou baixinho enquanto fritava os ovos.

– Trabalhando dia e noite sem parar, e descansar menos de uma hora por dia...? Está?

– Não seja boba! Estou em perfeitas condições! Estou melhor agora que descansei um pouco. Não está vendo? - estava vendo perfeitamente bem... E era aquilo que me preocupava.

– Mãe, eu já disse, não precisa se esforçar tanto! Se quiser, eu posso arranjar um trabalho de meio período e-

– Não! - ela largou a frigideira na pia e parou por um instante - Já disse, eu lhe proíbo de arrumar um emprego antes de fazer 18 anos. Nessa casa, não aceito o fato de minha filha menor de idade trabalhando feito uma condenada! - ela colocou a comida no prato e agarrou o jarro de suco - Sustentar a casa e a família é o dever dos pais. O seu dever é tirar boas notas e se formar! Ok? - ela colocou as coisas na mesa e se sentou. Me levantei e sentei a sua frente. Tomei um grande gole de suco antes de cortar o ovo. A gema foi se espalhando pelo prato.

– Mãe, por favor. Só não... Exagere, ok?

– Relaxe querida! Eu já disse, estou ótima! Você não tem que ficar se preocupando comigo! Já disse, só tenho que descansar um pouquinho e... - ela piscou algumas vezes, e pude ver sua mão tremer um pouco - E estarei bem! Viu? Não há com o que se preocupar!

– Eu tenho todo o direito de me preocupar!!! Você é a minha mãe, a unica família que eu tenho! Se você está cansada e com dificuldades, tudo bem se apoiar em mim! Não tenho mais cinco anos, consigo me virar! Eu só não quero que você fique sorrindo e dizendo que você está bem, quando na realidade não está...! - soltei um suspiro longo. Já havia acontecido duas vezes.

A ultima tinha sido a quase um ano e meio. Minha mãe estava prestes a ser despedida, e para tentar evitar isso, começou a trabalhar quase 24h por dia. Ela apenas parava para tomar um copo de suco na hora de seu intervalo, e de madrugada em ainda podia ouvir o tec-tec do teclado. Até um dia que me ligaram do hospital, dizendo que ela tinha entrado em colapso por excesso de trabalho. Ela ficou mais de três dias internada, e depois daquilo foi despedida uma semana após o acidente. Levou quase dois meses para arranjar outro emprego.

– Tudo bem... Eu não vou mais fazer isso, ok? - ela acariciou minha mão, de um jeito gentil e carinhoso. Seu toque foi quente e reconfortante, me tranquilizando aos poucos. Abri um meio sorriso, e voltei a atenção para o meu ovo, agora já esfriando um pouco - Então... Me conte! Como foi o seu primeiro dia de aula?? Havia muitos garotos bonitos na classe? - ela me lançou aquele sorriso malicioso, e meu peito ficou mais leve ao ver um pouco de minha 'antiga' mãe conversando comigo sobre coisas triviais.

– Sim, claro! Já consegui pegar o telefone de uns dez, e até alguns endereços! - ela riu, e dessa vez, sua risada iluminou cada centímetro de seu rosto. Em algum momento da conversa, me perguntei por quanto tempo ela iria continuar sorrindo daquele jeito.

Quando fui dormir, sonhei com algo estranho. Em meu senho, eu estava presa em uma jaula, e eu tinha a chave para abrir o cadeado, mas ficava olhando uma pessoa de fora, um garoto, e por alguma razão só conseguia enxergar seus olhos. Esse garoto ficava atirando pedras pontiagudas em mim, e não desviei nenhuma vez. E cada vez que uma pedra me acertava, a gaiola ficava menor, até a chave cair e o garoto a roubar de mim. Por alguma razão, senti que conhecia os olhos do garoto. E por alguma razão, meu coração doeu quando ele roubou a chave. Enquanto ele desaparecia, fiquei olhando a chave em seu bolso, perguntando se um dia conseguiria pega-la de novo. Se veria aqueles olhos de novo, e se não sairia machucada... De novo.