Let It Rock!

Capítulo 22 - Sleeping Beauty - Len feat Miku


- Pode entrar. - desvio o olhar, nem forço um sorriso, pois sei que simplesmente não conseguirei.

Ele me obedece e eu fecho a porta, me virando para o loiro e encostando as costas na porta, de braços cruzados e olhando para o chão.

- Pode falar. - digo secamente, sem olhá-lo.

- Miku...

- Sem enrolação. - interrompo.

- Miku, eu... - suspirou - Eu não fui falar com você antes, porque...

- Porque não queria ver a idiota aqui sofrendo, enquanto agarrava a loirinha? - tento adivinhar.

- Não. - olho-o. Sua expressão séria carrega angústia e abatimento. - Miku.. Eu.. Eu estava tão sozinho... A única que conversava comigo era ela! - rio, sarcásticamente. - Miku... Eu te amo! Eu não beijei a Neru!

- Ah, sério?? - ele me pega pelos ombros e eu levanto olhar, com uma expressão gozada (nota da autora: e-e n pensem merda!) - Eu acho que estou ficando cega, não é? - rio, quando o loiro se aproxima, mas eu coloco a mão em sua boca, impedindo-o de continuar o ato. - Por favor, Len-kun. Não me beije... Pelo menos, ainda não. Senão, vou ficar bastante brava.

Len se afastou, conformado.

- Miku... Você sabe que eu e a Neru já ficamos uma vez, certo?

- ...Certo.

- Então, como pôde ver, ela ainda gosta de mim.. - sua expressão se torna firme - Então.. O que acha que aconteceu?

Lembro-me dos meus últimos momentos com a loira e uma pontada forte de culpa, me acerta. Olho para as minhas mãos, tremendo, depois, coloco-as na cabeça.

- Desculpe, Len... - sinto, com ardor, as lágrimas escorrerem. Virei um bebê chorão, hein? - Eu... Não sei o que fazer... Digo, eu estava decidida a lhe responder, naquela hora, mas... - estreitei os olhos, lembrando a cena - Eu vi aquilo e.. Fiquei confusa novamente. Não sei se posso assumir algo com você, Len-kun. E eu acabei de terminar com o Kaito e..

- Terminou com o Kaito? - quase vejo um sorriso em seu rosto, quando ele me interrompe.

- T... Terminei. - confirmo, abaixando a cabeça. Sinto suas mãos me pegarem pelos braço e o olho. Len não se aproxima para me beijar, mas olha para os meus lábios, depois para mim.

- Miku.. - fixamos nossos olhares, um no outro - Eu prometo te fazer ter certeza, se ficar comigo. Então... - volta a olhar meus lábios. - Posso?

- .... Pode. - as lágrimas cessam.

--------------------------------LEN POV e-e HAUHAUHA------------------------------------------

Eu estava arrumando minhas malas, pois sairíamos em uma hora e era a única coisa que eu podia fazer para tirar meus pensamentos dela. De repente, Gumi entra no quarto, a passos largos.

- LEN, VOCÊ É MESMO UM IDIOTA, NÃO É??! - achei que meus ouvidos fossem sangrar.

- Ai, ai! - reclamo, com as mãos nos ouvidos - O que eu fiz?

- O QUE VOCÊ FEZ??! - deu indícios de que ia me estrangular, mas suspirou e se deteve. - Len, a Miku estava chorando na praia, ontem, sabia?

- Ela te contou o que aconteceu, foi? - suspirei, frustrado.

- Não.. - fito-a - Eu.. Vi tudo. E... E EU TENTEI TE AJUDAR, SEU IMBECIL! EU TENTEI CONVERSAR COM ELA!! MAS AÍ VOCÊ, O ESTRUPÍCIO DA HISTÓRIA, TINHA QUE ESTRAGAR TUDO!!

- POR QUE ESTÁ TENTANDO ME AJUDAR? - grito de volta. - POR QUE NÃO ME DEIXA FAZER TUDO SOZINHO, ENTÃO? JÁ QUE EU SOU UM IDIOTA, NÃO É?

- POR QUE...! - a mais velha se detém e põe a mão na testa. Cora e volta a gritar - POR QUE EU GOSTO DE VOCÊ, KAGAMINE LEN!!!

Fico calado, vendo-a se jogar em sua cama.

- Gumi...

- Me deixe em paz.

Atendendo ao pedido dela, saio do quarto.

------------------------------------------------MIKU POV-------------------------------------------

Acordo, mais cansada do que quando fui dormir. Acho estranho, mas levanto da cama, mesmo assim. Tomo banho, coloco uma camisa de uma banda britânica famosa, que é uma das minhas favoritas, jeans, tênis e saio de casa. Pego um táxi, que me leva para a casa de Rin e Len e o pago com um pouco do meu dinheiro.

Suspiro ao chegar na frente da porta e ver que o automóvel já se fora. Toco a campainha e sou recebida por Rin. Esta sorri e me manda entrar. Logo depois, Len aparece, sorri e cora um pouco ao me ver. Acabo fazendo o mesmo. Ele me chama e eu o sigo até seu quarto, lá, o loiro pega seu baixo e aponta para um papel ao seu lado. Rin entra no quarto com a guitarra e deixa Len começar a melodia sozinho.

Deixando o teclado ao seu lado, o loiro começa a tocar algumas teclas, sendo acompanhado pela voz fina de Rin.

Neste lugar não há nada,

Seu toque é tudo que necessito.

Antes que você percebesse, eu nasci.

E deixei a tristeza para trás.

Eu sou incapaz de compreender,

A cor do vento e o som do verde.

E ainda assim eu entendo

Que você está ali

Neste momento, Len larga o teclado e, rapidamente, o troca pelo baixo, sendo apoiado pela guitarra de Rin, chega a tons absurdos, num refrão intenso.

Com sua voz suave

Chama-me

Do outro lado do vidro

Sorria!

Cubro a mão com a boca, ao lembrar dos momentos na empresa, ao som desta música. Fecho os olhos e ouço Rin cantar novamente.

Você deu dois passos à frente

E viu meu rosto cochilando em um sonho

Len. Eu lembro de ter visto ele enjaulado e desacordado...

Você não pode dar três passos

Eu odeio a minha impaciência

Eu sou incapaz de aproveitar até mesmo a luz

Que atravessa o vidro

Em uma forma de rasgar o silêncio

Eu canto

De novo, Len entra no refrão.

Com sua voz suave

Chama-me

Quieta no passado

O tempo mal passa

O som dos dois fica mais pesado e Rin solta um grito. Depois de um tempo só intrumental, a loirinha entra sozinha e ao som do teclado, de novo.

Jogue tudo fora

E olhe para mim

Em algum lugar colorido

Deixe-me cantar.

O som começa pesadamente e vai amansando, à medida que cantam o refrão juntos.

Com sua voz suave

Chama-me

Do outro lado do vidro

Sorria!!

Sorria!!

Sorria...

Abro os olhos e vejo que os dois estão ofegantes, o que me faz rir um pouco.

- O que achou? - o rosto do mais velho se iluminou.

- Foi lindo. - sorri. - Como se chama?

- Sleeping Beauty. Bela Adormecida. - sorriu para mim.

- Ele ficou escrevendo e cifrando isso por quase dois dias! - Rin se jogou na cama ao lado da dele, deixando a gruitarra na última.

- Bom.. - riu-se o loiro. - Foi quase isso mesmo.

- Eu acho que deveríamos apresentar isso aos outros. - bato palminhas animadas.

- Realmente. - concordaram em uníssono.

- Acho que o som ficaria mais intenso... - Len pensou alto.

Me enlacei ao pescoço do loiro, que acariciou minhas madeixas verdes.

- E vão começar a se agarrar..! - bufou Rin.

Eu e o loiro coramos juntos, mas tentamos ignorar.

- Bem que poderíamos ir no karaokê, qualquer dia, não é? - o rosto dela se iluminou.

- Rin, já é quase natal... - ri com Len. - Aquele lugar deve estar entupido de gente.

- Ah é... - fez bico - Já estamos quase virando o ano...

- O que me faz lembrar... - alerto-os - Aonde vão passar o ano novo e o natal?

- Acho que nossos pais vão nos levar à casa de nossos avós, não é Nii-chan?

- Acho que sim... Só passaremos o natal aqui.

- Hm... - lembro-me dos meus natais na empresa e o natal do ano passado, que passei sozinha, em minha casa... Acho que acabei transmitindo certo abatimento, pois Len me olhou e falou.

- Pode passar o natal aqui, se quiser.

- Ah.. - corei um pouco. - T.. Tá bom. - sorri, me sentindo verdadeiramente feliz.

- Ei. - Rin nos chamou - Fiquei sabendo que haviam umas meninas do primeiro ano, que estavam organizando uma festa de virada... Que tal sermos voluntários para a banda da festança?

- Como sabe disso, Rin? - indaguei.

- Eu tenho falado com a SeeU-chan e, como ela se tornou popular, ficou sabendo dessas coisas.

- Por falar em SeeU-chan.. - lembro-me de algo. - Vocês têm visto a Sonika-san, Cul-san ou Yone-san?

- Quem é essa Yone-san? - o loiro franziu a testa.

- Yowane Haku. - explico.

- Não. - fora a resposta dos dois.

- O que será que aconteceu com elas...? - penso alto.

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Os dias foram se arrastando e o natal finalmente chegou. Rin falou com as amigas de SeeU e nossa banda já estava confirmada para a festa da virada. Fora difícil, mas convencemos os pais deles, de Teto e de Yuki a deixarem os filhos tocarem. Portanto, todos os quatro dormiriam em minha casa, afinal, eles não queriam deixar suas crianças sozinhas. Mesmo que sua companhia seja eu. Eu e Len assumimos um compromisso e, hoje, iríamos dar a notícia a sua família.

Eu estava nervosa. Estava vestindo um vestido vermelho, com folhados nas costas, e um par de tamancos brancos. Meu cabelo estava solto e eu havia feito uns cachinhos neles, para que ficassem mais... Apresentáveis. Fiz uma maquiagem mais caprichada e saí de casa. Peguei um táxi e pedi que me levasse até o endereço da casa de Len e Rin. Ao chegar, aperto a campainha, sentindo um nervosismo enorme tomar conta de meu corpo. Achei que fosse desmaiar, quando um Len, de terno preto, abriu para mim. Seu cabelos estavam soltos e um pouco arrepiados nas pontas. Ele sorriu ao me ver.

- Boa noite, Miku. - me abraçou.

- Boa noite, Len-kun. - retribui os atos.

- Já disse para me chamar só de Len. - o loiro se afastou, dando passagem para eu entrar na casa. - Você está linda...

- Obrigada. - dei uma risadinha.

Um tempo depois, Rin se aproximou. Vestia um vestido curto, branco, com detalhes dourados e tamancos um pouco transparentes. Seus cabelos estavam mais lisos, com aquele laço branco na cabeça, e uma maquiagem levinha decorava seu rosto.

- Oi, Miku! - animada, me abraçou.

- Olá, Rin! - retribui o ato.

A casa estava bem cheia. Umas dez ou doze pessoas, a maioria loira, enchiam a sala e a cozinha, mas não era problema, pois a casa dos irmãos era bem grande. Quase uma mansão. Eles haviam tido sorte, quando adotados, assim como Kaito.Kaito...Meus pensamentos são tomados pelas lembranças do garoto de cabelos azuis. Depois de um tempo, Len me traz de volta a realidade.

- Miku, agente dá a notícia na hora do jantar, ok? - Segurava uma taça de champanhe.

- Tá.- confirmo. - Anh.. - aponto para o objeto. - Você bebe?

- Ah, sim.. - colocou a mão atrás da nuca. - Já faz algum tempo que comecei... Quer uma taça?

- Não... Acho que não.

- Ei. - me chama. - Quer que eu te mostre algo?

- .. Depende... - rio.

- Ué, não confia em mim?

- ... Não sei.. - brinco, me fazendo de difícil.

- Não quer mesmo vir comigo? - ele começa a rir. - Iria ser interessante...

- Hu hu.. - rio. - É claro que quero, bobo!

Rimos e o loiro pegou em minha mão, me puxando para um canto mais afastado dos outros. Lá, havia uma porta, que Len abriu, revelando uma sala menor. Era decorada por alguns quadros e maquetes de planetas, estrelas e outros astros, sem falar que era mal iluminada. No centro do lugar, havia um objeto estranho, que Len pegou e carregou, em baixo do braço, com auxílio da outra mão. Segui-o até outra porta, no final da sala. Esta, levava a uma extensa área verde. Mais parecia um vale. Len parou de andar e arrumou o objeto, que vi que era um telescópio, de modo que este apontasse aos céus noturnos.

A brisa estava morna, mas, mesmo assim, cruzei os braços. Len se virou para mim e sorriu.

- Nosso pai sempre quis ser astrônomo... - começou a dizer, apontando para o objeto. - Mas não pôde seguir seu sonho, então, comprou isso, para que não se esquecesse...

- E o que ele é hoje?

- Engenheiro. - deu de ombros. - Mas, venha ver.

Me aproximei do telescópio e encostei um dos meus olhos ali, fechando o outro. Com isso, pude ver estrelas bem de perto.

- Uau..!! - solto.

- E então?

- É.. incrível..! - viro o telescópio para um lado, em direção à lua. Deste modo, pude ver suas crateras. - Olhe isso. - me afasto.

Len se aproxima e encosta o olho ali, tendo a visão que tive. Assim como eu, deixou escapar um "Uau!", me fazendo rir.

- É incrível mesmo... - concordou e se afastou.

- Anh.. Len..

- Sim? - ele me abraçou.

- O que é esse espaço? - apontei para o vale à nossa frente.

- Nossa mãe gosta de áreas naturais.. - deu de ombros.

- ...Às vezes não te dá vontade de correr como se fosse uma criança, por aqui? - ri.

- Às vezes... - riu, também. - Quer tentar?

- Quero.

Então, tirei meus tamancos e comecei a correr pelo vale. Não conseguia parar de rir, dessa atitude infantil, mas serena. Eu não havia tido o prazer de fazer isso, quando pequena. Eu só era forçada a cantar ou permanecer em meu quarto, pois não haviam jaulas, naquela época. Len tirou os sapatos e veio atrás de mim. Quando chegou perto, ficamos brincando em uma espécie de pega-pega. Ele corria atrás de mim, enquanto eu me esquivava e fugia. Como eu, o loiro só ria. Até que, em um momento, ele me pegou, me envolvendo em seus braços.

- Te peguei. - falou, enquanto eu ria. Mas, ao tentar andar, ele tropeçou e caiu, me levando junto.

Rimos muito, depois paramos, quase sem fôlego.

- Desastrado! - brinquei.

Eu havia caído em cima dele, com as mãos apoiadas em seu peito. Isso fez com que um certo clima se formasse. Ele pegou em meu rosto e o aproximou do seu.

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A hora do jantar chegou. Eu e Len havíamos calçado nossos sapatos e tentando desamarrotar as roupas, para que não pensassem que estávamos fazendo algo errado. Meu cabelo estava um pouco asanhado, então penteei-o com os dedos, na falta de uma escova.

Voltamos à cozinha e nos sentamos à mesa. Todos os outros sentaram, também. Sendo assim, Len olhou para mim e levantou uma sobrancelha. Entendendo sua mensagem, fiz um sinal afirmativo com a cabeça. Então, ele se levantou e pediu a atenção de todos.

- Queria apresentar a vocês, que são minha família, - o loiro pegou minha mão e fez com que eu me levantasse. - Miku Hatsune, que tenho orgulho de dizer, que é minha namorada.

Sorri e fiz uma pequena reverência, enquanto os outros aplaudiam. Vi Rin sorrir para nós, do outro lado da mesa. Todos pareciam animados, menos... A mãe dos gêmeos. Ela nos olhava com uma expressão, um tanto quanto, irritada. Porém, aplaudia como todos. Achei estranho e desconfortável, mas decidi não me importar com isso.

A ceia seguiu normalmente. Havia peru assado, castanhas, arroz e macarronada. Nada japonês, pelo visto. Ao final, vimos que já era 00:00 horas. Desse modo, todos começaram a se abraçar e a desejar "feliz natal". O primeiro que abracei, foi Len, depois Rin, depois alguns tios, tias e primos dos gêmeos. Só então, seus pais. Primeiro o pai e depois a mãe. Esta sussurrou para mim:

- Você só ficará com meu filho, por cima de meu cadáver.