Acordei na minha sala no dia seguinte, minha mãe estava sentada na minha frente com uma cara de puta.

– Querida, nós sabemos que você não aprovou a mudança repentina, mas sinceramente, ir se embebedar? Você acha que tem quantos anos? É com essa maturidade que você quer ficar aqui sozinha? Faça-me o favor né.. Aprenda a lidar com as coisas da vida e nós a trataremos como uma adulta, até lá não nos peça mais coisas desse tipo. - e me deixou sozinha na sala.

Eu fiquei mais uns 10 minutos olhando pra parede, sem reação, até conseguir me levantar do sofá. Bom, dessa vez não havia nenhuma ressaca mas minhas costas estavam me matando. Subi as escadas para dar uma olhada no que restou de ontem a noite. Estava horripilante! MESMO! Entrei então para um banho. O calor da água quente em meu corpo era ótima. Me fazia sentir melhor e esquecer, por um instante, tudo o que estava acontecendo. Sai do banho, escolhi uma roupa leve, me maquiei e fui pra aula. Ao chegar mais burburinhos. Dessa vez eu não entendia o motivo ao certo. Entrei na aula de inglês e sentei ao lado de Jenna.

– Psiu! PSIU! - Jenna estava me chamando.

– O que foi? - respondi.

– O que aconteceu ontem a noite?

– Eu não me lembro ao certo.. por que? - ela me olhou com cara de assustada.

– PRECISAMOS conversar!

Conversar? Conversar? Pera, como assim conversar? Será que ela sabia de algo que eu não sabia? Conversar sobre o que? Estava com medo, muito medo. O sinal finalmente bateu e eu esperei Jenna do lado de fora.

– Jenna, Jenna, me conte tudo o que você sabe! - eu gritava enquanto a colocava contra a parede.

– Megan..

– O que?

– Megan disse pra todo mundo que o Jack te deu um pé na bunda em 2 dias de namoro pra voltar pra ela.

– COMO ASSIM? Ela não pode!

– Ela não só pode como ela fez isso..

– E o Jack? Ele negou tudo não? Me diga que sim.. - implorei

– Jack? Ele nem veio pra aula hoje. - Foram as palavras que fizeram o meu dia piorar e ter que engolir aquela história. Só queria que minha vida acabasse naquele momento e que eu não tivesse que sofrer mais ainda.


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Não conseguia acreditar.. já era quinta-feira e eu sentia como se pedaços de mim fossem deixados pelas ruas de Nova Iorque. A última vez que ia naquelas lojas maravilhosas de roupas, a última vez que ia naquele café maravilhoso da esquina, a última vez que ia ter uma vida de verdade! Estava vivendo uma realidade que não queria para mim nem nos meus piores sonhos. Voltar para Sayreville estava fora de cogitação! Não era só porque eu cresci naquela cidade que gostaria de voltar, não mesmo! Eu só cresci fora de lá.

Meu pai tinha sido promovido a vice-presente de uma grande empresa, o que fez com que nós nos mudassemos para a capital do mundo. Estava lá desde os meus 7 anos. Para mim não havia vida fora dali. E agora estava prestes a voltar ao fim do mundo no fim do penúltimo ano de ensino médio. Era pra matar, não?

Arrumei uma parte das minhas coisas e coloquei nas caixas. Ver o meu quarto se esvaziar daquele jeito partia meu coração. Acabei ficando em casa em vez de ir para a aula. Me perdi nas lembranças, nas boas memórias que aquelas coisas me traziam. Meu Deus! Como ia sentir falta desse lugar! Minha mãe entrou no quarto no exato momento em que eu estava olhando fixamente para um porta-retrato no qual estava eu no colo de meu pai, minha mãe ao seu lado e meu irmão no meio. Uma foto na nossa antiga casa.

– Sabe, eu sinto falta disso.. - minha mãe disse.

– É.. mas eu não.. - afastei o porta-retrato de mim e deixei-o em uma caixa.

– Filha, agir assim não vai mudar as coisas pra melhor.

– Ah! Então você quer que eu simplesmente ignore o fato de vocês estarem estragando a minha vida? Tipo TODA a minha vida? ARGH! Eu nunca vou perdoar vocês por isso! - entrei no banheiro e me tranquei lá. Precisa ficar sozinha e minha mãe e os momentos nostálgicos dela não iam me ajudar! Precisava pensar. Uma solução..