Let It Burn

Capítulo 20; Emocionar


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O quarto de hospedes da família Sullivan estava nada mais nada menos que... Colorido. James tirou o protetor de rosto, e vi ele rir quando atirei pela última vez na sua testa. Verde. Uma bolha de tinta verde escorreu pela sua testa, e pelo nariz.

- PaintBall! – Gritei, James gargalhou e nós dois caímos no chão, derrotados. Hoje era meu último dia na casa da família Sullivan, e isso resumiu a três dias muito divertidos aqui com James. Odeio admitir, mas foi muito legal mesmo passar os últimos dias com ele. Isso incluía derrubar a comida do almoço e do jantar fora da mesa, gargalhar de boca aberta na frente da Sra. Sullivan. Fumar cigarro pela casa, e derrubar cerveja nas cortinas. Dormir no sofá da sala. Tirar os tênis e colocá-los em qualquer lugar que encontrasse. Fazer rimas e brincar de Rappers. Usar as roupas um do outro. Colocar fogo em algumas páginas dos livros do pai dele. PaintBall no quarto de hospedes. E por fim, o que mais me divertiu, tocar guitarra.

- Puta merda, eu vou ter que tomar banho agora... – Gemi ao dizer. – e olhe, me fazer tomar banho fora dos fins de semana é difícil.

James riu e sentou-se ao meu lado.

- Você sabe muito bem que com o tanto de garotas que você arruma, é impossível não ter de tomar banho. – Revelou ele.

- Verdade. – Dei de ombros. – você só não tem o tanto de garotas que eu, por que não quer...

- Por que tenho uma garota.

- Por que ta namorando ela e não quer admitir que agora é um passarinho engaiolado! – Gritei empurrando ele. Ele deu de ombros, e sua expressão se suavizou. Imagino que ele estava pensando em Leana.

Eu havia conhecido Leana... E havia conhecido também o anão de jardim mais feio do mundo: Johnnyzinho. Ele não era tão feio, alias me deu algumas dicas para arranjar mulher também. Ele era legal, devo admitir.

- Tem certeza que não gosta de tocar? – James perguntou de repente, seu rosto encarando a cama de lençóis brancos suja de tinta.

- Eu gosto, nunca falei que não gostava. – Disse eu.

- Digo, gostar... Gostar mesmo. Gostar, por querer fazer isso da vida. – Disse ele me olhando, seus olhos azuis persuasivos.

- Já disse que quero ser humorista. Pegar a Oprah talvez. – Ele riu, me fazendo rir também.

- Você quer pegar a Oprah?

- A Tyra Banks também... – Respondi com um tom de zombaria.

- Ah cara, você quer a Beyonce também? – Sorriu ele. – gosta de morenas então...

- As morenas são boas. – Falei. – a Beyonce eu já peguei também...

Rimos juntos, e naquele instante eu soube que não queria ir embora hoje.

- James! – Alguém gritou no andar debaixo. – avise Brian que o Sr. Gates veio buscá-lo!

- Ah não... – James fez careta, se levantou e me deu a mão para levantar-me também. – ta na hora.

- Foi muito legal cara... Digo, vir aqui. – Peguei-me dizendo o que eu preferia ter guardado só pra mim.

- Seja suspenso de aulas outra vez... – Disse ele abrindo um sorriso. – te dou uma dica... Estoure os pneus do carro do diretor.

- Eu seria expulso! – Exclamei.

- Tanto faz. – James deu de ombros. – sabe, eu nunca virei amigo de alguém em tão pouco tempo.

- Nem eu. – Percebi então que era verdade.

Saímos do quarto, passando as mãos sujas de tinta pelo corrimão da escada, e limpando o rosto sujo na cortina. Eu sabia que a mãe de James mataria ele quando descobrisse o que fizemos no quarto, ou talvez James se matasse para limpar tudo antes que ela voltasse. Mas eu havia realmente gostado dele, e se pudesse voltar aqui, não faria tanta merda... Ou faria.

- Oi pai.

- Brian? – Ele perguntou assustado ao me ver. – o que aconteceu com você?

- Acredito que você achou que me deixando três dias na casa de ricos e esnobes, me faria melhorar. – Falei com um sorriso sinistro. – mas acredita... Eu conheci um cara que me fez ficar pior.

Olhei pra trás e vi James descendo as escadas com o rosto sujo de verde.

- Olá Sr. Gates, como vai o senhor? – Perguntou vindo em direção do meu pai, e pegando-lhe a mão. – bem?

- Sim... – Meu pai disse boquiaberto. – temos que ir.

- Até mais James. – Falei quando chegamos na porta, James acenou. – pai preciso te ensinar uns truques que aprendi na guitarra...

- Sério? – meu pai estava prestes a fechar a porta, quando olhei pra James antes de responder.

- Sim. Acho que guitarra... É o que eu quero fazer da vida.

James me encarou sem entender. A porta se fechou.

- O quê? – Meu pai perguntou sobressaltado. – você sempre disse que...

- Eu sei. – Respondi caminhando em direção ao carro. – só que eu nunca tinha pensado que... Com a guitarra, eu posso fazer pessoas sentirem orgasmos...

- Você é um imbecil. – Meu pai riu. Eu sorri.

- Pai, é sério. Eu quero tocar as pessoas.

- Brian entre no carro e pare de falar porcaria. – Ele falou.

- Pai... – Falei tão sério desta vez, que chamou-olhe atenção. – eu quero tocar um solo, e fazer pessoas chorarem. Emocionar. Eu quero. E eu vou.

Eu não tinha tanta certeza daquilo.

Mas fazer as pessoas terem orgasmos com música me era uma idéia tentadoramente engraçada...

Tudo bem! Eu parei! Eu realmente só queria...

Emocionar.