Les temps de Noël

Vive le temps d’hiver


Era Dezembro novamente. As ruas lotadas de turistas e uma fina camada de neve cobrindo as calçadas.

Em toda loja que você entrasse, podia escutar músicas dessa época do ano tocando ao fundo. Senhores vestidos de Papai Noel alegravam as pessoas que passavam por perto, embora a maioria delas não prestasse atenção.

Hoje em dia ninguém mais ligava para o espírito do Natal. Antigamente, se cumprimentavam na rua, mesmo que não se conhecessem, somente para demonstrar alegria. Mas hoje em dia, só se preocupam em falar no telefone, comprar presentes e mais presentes e ignorar tudo a sua volta. E Jehan não se conformava com isso.

Jehan era amante das artes e da poesia, e isso inclui o amor e a alegria. Ele não compreendia como em um momento tão bonito, que era o Natal, as pessoas pudessem não se preocupar com isso. Na verdade, isso o deixava com raiva. Ele já havia tentado de tudo para fazer as pessoas se alegrarem, se vestiu de Papai Noel na Champs Élysées, tocou músicas natalinas na flauta em Champ de Mars (quase morrendo de frio, pois havia esquecido seu casaco) e até roubou o megafone de Enjolras para fazer um discurso sobre a paz e a amizade em meio ao aeroporto Charles de Gaulle, mas foi expulso de lá.

Dessa vez, ele pretendia fazer diferente. Iria novamente à Champs Élysées, mas em um local onde não o reconheceriam como "O papai Noel de trança". E dessa vez, não estaria sozinho. Chamou Courfeyrac para ajudá-lo. Ele era afim de Courf desde o momento que o conheceu, mas não estava muito preocupado com isso, pois o outro estava muito ocupado saindo com outras pessoas.

Eles iriam segurar cartazes, que haviam sido uma sugestão de Grantaire, que estava brincando, mas ao que parece, Jehan levou bem a sério.

Courfeyrac havia passado a noite em seu apartamento terminando os preparativos para aquele dia. A parte mais difícil foi acordá-lo naquela manhã, deus, como ele tinha um sono pesado! E a mania de Jehan de adimirá-lo enquanto dormia também não ajudou. Quando Courf acordou e estava devidamente vestido, terminaram os cartazes, os enrolaram e pegaram o metrô em direção ao seu destino.

(...)

Courfeyrac abriu seu cartaz, grande, que se lia Tiro fotos de graça. E colocou sua câmera polaroid pendurada no pescoço. Depois foi a vez de Jehan abrir seu cartaz. Escuto histórias e faço poesias.

No começo todos os ignoravam, mas começaram a chegar perto.

Começou com crianças pequenas, que chegavam perto de Courfeyrac e ele logo se punha a tirar fotos delas, entregando as mesmas para suas mães, que ficavam encantadas. Veio um grupo de adolescentes, que faziam caras e bocas, poses exageradas e davam em cima do fotógrafo que ria, fazendo Jehan revirar os olhos e abaixar a cabeça.

Ninguém se aproximava dele, talvez por usar roupas muito extravagantes ou calças apertadas demais. Logo quando havia perdido as esperanças, umas senhoras começaram a se aproximar.

Elas contavam sobre sua juventude, sobre maridos que morreram em guerras, filhos, netos e bisnetos. Contavam sobre um tempo tão recente, mas ao mesmo tempo tão distante. Depois começaram a vir meninas, não muito mais novas que ele, que contavam sobre corações partidos, planos que fizeram e não aconteceram, sobre suas famílias que as vezes moravam em países distantes e não se viam a meses, talvez anos, e chorando, o abraçavam. E ele chorava junto.

Jehan sorria a cada história que lhe era contada, e fazia anotações sobre elas em seu caderno, onde ao final de cada conto, fazia uma poesia, e as dava para as verdadeiras autoras, as pessoas que as haviam vivido. Ele começou a notar, que todos que iam embora após falar com ele, estavam sorrindo. Seu plano estava dando certo.

Ao final daquele dia, as folhas do caderno de Jehan já haviam acabado, ele e Courfeyrac estavam congelando, e resolveram ir a um café para tomar algo quente.

Ao terminarem de beber capuccino, Jehan pode notar papéis de foto saindo do bolso do casaco de Courfeyrac, ele achou estranho pois Courf havia dito que seus papéis tinham acabado. Curioso, as puxou e se surpreendeu com o que viu.

Eram fotos, sim, mas eram fotos dele. Tinham mais de 40 fotos ali, disso ele tinha certeza. Tinha dele abraçando as pessoas, rindo, chorando, escrevendo. Como ele pode não notar as fotos sendo tiradas? Ele corou e as devolveu, murmurando um pequeno "Desculpe".

"Não tem que se desculpar,é que você é tão fotogênico...achei uma boa ideia tirar fotos suas." Falou, com um sorriso brincalhão no rosto. Maldito Courfeyrac e seu lindo sorriso que fazia Jehan se derreter!

"Hum...tudo bem. O-obrigada." Respondeu se levantando rapidamente, arrumando suas coisas e indo embora.

Courfeyrac pediu para Jehan deixá-lo levar ele para casa. E obviamente o pequeno poeta aceitou. Ficaram a viagem de metrô inteira em silêncio, pois Jehan ainda estava envergonhado pelo lance das fotos.

Ao chegarem ao prédio de Jehan, subiram até o seu andar, porém Courfeyrac parou no meio do corredor, com o sorriso brincalhão no rosto novamente, isso podia deixar Jehan tanto feliz quanto assustado.

"Courf? Está tudo bem? O que foi?" Perguntou se aproximando do outro. Este enlaçou a cintura de Jehan com os braços e o beijou.

Há anos Jehan vinha sonhando com esse momento, e quando aconteceu, foi da forma mais inesperada. Ele soltou um pequeno gemido quando o moreno aprofundou o beijo, invadindo-lhe a boca com a língua, suas mãos subindo para o meio das costas do outro, e o segurando junto a ele, como se ele fosse desaparecer, se o soltasse. Jehan puxou o moreno pelos cachos para mais perto dele, e assim ficaram, até que precisassem de um momento para respirar.

"O que...foi isso?" Perguntou o menor arfando em busca de ar, assim que se separam. Courfeyrac olhou para cima e Jehan seguiu seu movimento com os olhos. Um visco.

"Ah...então...b-boa noite." Falou meio decepcionado, achando que o beijo havia sido uma demonstração de amor, e não uma brincadeira. Se direcionou para sua porta e assim que girou a chave, sentiu uma mão em seu ombro.

"Sabe, acho que deveríamos repetir tudo o que fizemos hoje, amanhã. O lance dos cartazes e tal" Falou sorrindo, mostrando aquele lindo espaço entre os dentes da frente que Jehan amava.

"T-tudo?" Perguntou. Courfeyrac se enclinou para frente e deu um pequeno selinho dos lábios de Jehan. "Tudo e mais, se você quiser." Respondeu dando uma piscadela. Jehan corou e assentiu rapidamente.

"Então teremos um encontro, até amanhã Jehan" Riu e se virou na outra direção indo embora. Jehan rapidamente se trancou dentro do apartamento.

Mesmo enquanto descia as escadas, ele pode ouvir Jehan rindo e pulando de alegria enquanto gritava, possivelmente com Grantaire "Eu beijei o Courf! Eu tenho um encontro com ele!". Abriu um pequeno sorriso.

É, Courfeyrac podia se acostumar com essa ideia de ajudar Jehan a trazer felicidade para o povo, contanto que isso contasse com sua felicidade também.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.