Central da SHIELD – 15 de agosto de 2015 – 14:00

Nick Fury andava em círculos no carpete de sua sala. Estava em um conflito interno; seus neurônios quase fritavam enquanto avaliava se deveria confiar naquelas crianças e fazer o que lhe foi pedido, como uma condição que garantiria cooperação por parte deles. Algo dentro de si insistia para fazê-lo, insistia para que confiasse neles. Mas outra parte gigantesca dele estava sujeita à desconfiança, afinal, não podia dizer que vinte crianças terem sido encontradas inconscientes por uma equipe da SHIELD que investigava a captação de um pulso veloz e intenso de emissão de energia alienígena próximo à uma base da HYDRA era algo normal.

Mas ele vira homens virarem bestas verdes, alienígenas que trajam cortinas e um soldado da Segunda Guerra Mundial andando em pleno século XXI com aparência de apenas trinta anos. “Normal” não era parte de seu vocabulário desde que se tornara diretor da SHIELD anos atrás. E a situação parecia ter piorado depois que um playboy bilionário resolveu criar uma armadura e brincar de super-herói.

Ainda assim, ele se pegava questionando a sensatez em aceitar a condição das crianças; ele convocava aqueles que haviam pedido e então, as crianças lhe contariam o que faziam em circunstâncias como as que foram achados, antes de terem sido trazidos para a Central. E por mais que a maioria não estivesse mais exatamente na infância, para ele todos eram somente aquilo: crianças. E ele era Nick Fury, o diretor da SHIELD; não obedecia à ninguém. Muito menos à crianças. Mas aquela intuição dizia à ele que devia...

Fury apoiou sua cabeça nas mãos, frustrado. Chamaria os heróis. Ficaria louco se continuasse a pensar no assunto por muito mais tempo. Além do mais, o que algumas crianças poderiam fazer contra os Maiores Heróis da Terra, além de alguns de seus melhores agentes?

Base dos Novos Vingadores – 15 de agosto de 2015 – 14:15

— Senhor Stark – a nova AI de Tony Stark, SEXTA-FEIRA, chamou — Tem uma ligação para você. Devo redirecioná-la para seu celular?

— Quem é, Sexta? – o bilionário perguntou.

— O Diretor Nick Fury. Ele diz que é urgente. Devo redirecioná-lo, senhor?

— Claro. Vamos descobrir o que o pirata quer comigo. – Tony pegou seu celular e logo a voz de Fury foi ouvida.

— Stark. – saudou Nick — Preciso que pegue os outros Vingadores e a Srta. Hill e venham para a Nova Central.

— E por quê exatamente eu devo fazer isso?

— Apenas venha! Se eu te adiantasse o motivo da reunião, você entraria em negação e fugiria para, sei lá, Las Vegas.

— Vegas? É uma proposta tentadora... – Tony zombou. Nick tinha certeza que qualquer um há quilômetros de distância poderia sentir a ironia do Stark.

— Levante esse traseiro metálico daí e venha logo para cá! Tenho mais o que fazer...

— Sem problemas. – ele encerrou a ligação — Estressadinho... – suspirou desanimado, mas logo se levantou — Sexta, mande os outros Vingadores me encontrarem no hangar em dois minutos. Assim chegaremos lá mais rápido.

— Já o fiz, senhor.

— Obrigado, Sexta.

Central da SHIELD – 15 de agosto de 2015 – 14:20

Fury se levantou, chamando um agente que passava pelo corredor de sua sala. Temeroso, o agente foi em direção ao Diretor, que lhe deu ordens de convocar imediatamente a equipe do agente Coulson, além de pedir para que chamasse o Doutor Banner, que havia sido encontrado por um satélite da SHIELD no meio do Oceano Atlântico após o ocorrido em Sokovia e que agora repousava isolado em algum lugar qualquer.

Desde que começara a loucura de caça aos inumanos e Coulson resolvera abdicar o cargo de diretor, devolvendo-o a ele, seus dias haviam voltado à loucura e à correria que eram antes e depois de Nova York. A diferença? Ele agora tinha muito menos recursos e não tinha acesso à recursos e informações do governo, o que dificultava muito as coisas. Por sorte, ele ainda tinha vários de seus fiéis agentes ao seu lado, além, é claro, dos Vingadores. Ele até pensara em restituir o cargo de vice-diretora à Maria Hill, mas pensou que, depois de tudo, Coulson merecia tal cargo – e ele precisava que alguém continuasse de olho no Stark para impedi-lo de criar besteiras, como um novo e atualizado Ultron.

Antes de voltar para a sala em que as crianças estavam e esperar pelos heróis, Nick suspirou pesadamente. Ele esperava que tivesse pelo menos um ano de paz antes que outra catástrofe envolvendo os Vingadores acontecesse. Mas, aparentemente, estava errado.