P.O.V. Hope.

Se eu soubesse que eu brincar com o grimório da mamãe traria a gente pra esse lugar horrível, eu não teria.

Mas, a Kat sempre me protege. Ela disse que vai dar um jeito de nós irmos pra casa.

—Eu vou mandar uma mensagem pra mamãe. E até ela receber e responder... temos que ficar na encolha.

Ela usou as velas e um pedaço de papel para escrever e mandar uma mensagem.

"Fomos acidentalmente transportadas para a idade média. Estamos em Londres, mil quinhentos e noventa e um. S.O.S.-Katerina Mikaelson."

Então ela mandou a mensagem.

—Eu tenho que descer pra trabalhar. Fica ai, tranque a porta, a janela e não abra pra ninguém que não seja eu.

—Tudo bem.

—Você jura?

—Eu juro.

P.O.V. Kat.

Depois que ouvi ela trancando a porta e a janela, eu desci.

—Está atrasada.

—Não estou não. Ainda nem abriu.

Ela tentou me bater, mas eu peguei a mão dela no ar.

—Não faça isso.

—Ai.

Larguei a mão dela. A taberna abriu e começamos a trabalhar, mas não tinha música. O que era estranho.

—Você! Uma das garotas disse que você sabe cantar.

—Mais ou menos, mas o meu repertório seria considerado... sodomia ou sei lá.

—Isso é uma taberna querida.

—Tudo bem.

Subi no palco e falei.

—Dá licença. Com licença. Calem a boca caralho!

Eles ficaram quietos.

—Obrigado. Infelizmente a cantora teve um imprevisto e vocês vão ter que se contentar comigo. Meu repertório é... diferente.

Sean Paul Get Busy e Like Glue. É uma música que não se ouve todo dia por aqui. Mas, eu fiz o melhor que eu pude com o que eu tinha.

Toquei até umas músicas de taberna celta. Foi difícil dançar com aquele vestido, entretanto... deu no que deu.

Aquela gente nunca tinha visto alguém dançando Hip Hop. É claro, ainda não havia sido inventado. Mas, acho que já viram pessoas sapateando.

P.O.V. Madame Carola.

Nunca ouvi nenhuma música como aquela, entretanto o público parece gostar.

A menininha desceu correndo as escadas. E subiu no palco ao lado da irmã, as duas sapateavam de um jeito que eu nunca vi.

—Impressionante.

P.O.V. Príncipe Romeu.

Eu gosto de me vestir de camponês e vir com o meu caro amigo Lorde Carlton á taberna. E estou feliz que vim hoje.

A cantora cantou um pouco, músicas as quais eu jamais havia ouvido, entretanto foi seu uso do violino e dos outros instrumentos que mais impressionou.

A maneira como ela sapateava era algo inédito. Os cabelos dela eram vermelhos e os da garotinha também. Os dela eram mais vermelhos que os da menina. E ela tinha uma enorme marca no pescoço. Era visível mesmo quando os cabelos estavam soltos.

Logo, o show parou. E elas foram aplaudidas de pé.

—Vou pegar alguma coisa pra gente comer. Tá com sede?

—Sim!

—Legal.

Ela lavou o copo com sabão e serviu um pouco de vinho, pegou também um prato com um pedaço de pão.

Ela e a irmã sentaram no palco e comeram. Notei que toda vez, pouco antes dela passar o copo para a irmã e visse versa, as duas batiam o dedo indicador duas vezes acima do copo.

—Que tal algo um pouco mais sombrio?

Ela voltou a tocar, mas era diferente desta vez. A atmosfera gerada pela música era... fantasmagórica, sombria e ao invés de sapatear, elas dançaram ballet clássico. Era como se a própria morte estivesse na taberna.

P.O.V. Kat.

Charles-Camille Saint Saens era um gênio. Danse Macabre é uma sinfonia linda. Bom, era para mim mas, Saint Saens ainda nem nasceu.

—Meus agradecimentos ao público e a Charles Camille Saint Saens que escreveu esta última música.

Hope e eu prestamos reverência e saímos do palco.

—Com licença, o vosso espetáculo foi incrível.

—Obrigado.

Eu me lembrava dele. Eu o vi na floresta quando atravessamos á noite.

—Como te chamas?

—Katerina Merchant.

—Sois casada?

—Não.

—Então, és uma mulher da noite.

—Não sou prostituta. Hope Merchant é minha irmã.

—Nunca ouvi falar de nenhum compositor chamado Camille Saint Saens.

—E nem nunca vai.

—Porque não?

—Você faz muitas perguntas. Vamos, já é hora de dormir.

As duas subiram as escadas e foram em direção á um dos quartos.

Nos dias que se seguiram a apresentação da Senhorita Merchant foi o assunto da cidade e até mesmo da Corte. Só se falava daquilo.

Perguntei ao meu tutor quem era Camille Saint Saens, mas ele desconhecia aquele compositor. Não importava para quem eu perguntasse o senhor Saint Saens simplesmente não existia.

Como pode uma coisa destas? Será este um pseudônimo?

De onde ela veio? Porque é como se esta mulher e esta menina houvessem surgido do ar.

Comecei a perguntar pela cidade e era sempre a mesma história. Viajantes que perderam a família em um ataque quando um bando de saqueadores atacou seu vilarejo, incendiando-o. Como elas estavam escondidas dentro duma parede oca, conseguiram sobreviver e vieram para a Inglaterra.

Conversei com a costureira e ela me informou que ensinou Katerina a costurar e que esta lhe fazia alguns serviços em troca de algumas moedas.

P.O.V. Renesmee.

Recebi uma mensagem das minhas filhas. Elas estão presas numa época que não é a delas.

Elijah e Klaus não podem vir comigo nessa, já que eles não podem encontrar-se com suas versões do passado ou isso vai causar uma ruptura no fluxo do contínuo espaço tempo. E Dhalia ainda esta viva no passado, ela vai sentir o poder de Hope e vai atrás dela.

—Eu vou resgatar as nossas filhas. Me desejem sorte.

—Boa sorte.

—Boa sorte.

Arrumei o meu cabelo, coloquei um vestido antigo e fui para mil quinhentos e noventa e um. Na Inglaterra.

—Deus me ajude.

Sem polícia, sem tecnologia, sem GPS de celular. Como vou encontrar minhas filhas?

E eu tenho que encontrá-las, antes da Dhalia. As meninas não sabem da Dhalia, elas ainda eram bebês.

Foi da Hope que a irmã maluca da Esther veio atrás. Porque a Hope é a primogênita pela parte da Esther.