Laços Por Contrato!

Apenas iríamos até o cartório e selaríamos esse laço por contrato!


Uma semana depois...

Uma semana passou voando, nesse tempo não vi muito Carlos Daniel. Ele me ligou algumas vezes, mas, dessa vez era eu quem queria manter o meu espaço. Sendo sincera, encontro-me com certo medo; medo de sua família, medo de me casar com alguém que eu conhecia há tão pouco tempo, mas principalmente, medo de perder minha mãe.

Carlos Daniel tinha dado algum dinheiro mesmo sem estarmos casados ainda, o que foi uma atitude incrível a meu ver. Se eu não soubesse que ele fez isso apenas por que sabe que se minha mãe morrer não haverá casamento, eu poderia jurar que ele se importa um pouco comigo e com meus sentimentos, mas com certeza, esse não é o caso, contudo, os remédios não pareciam estar tendo os efeitos necessários, cada vez minha pobre mãe estava pior. Eu não posso perdê-la, isso tudo é por ela!

Mas agora eu não poderei fugir, hoje é o meu casamento e de uma vez, o pior dia da minha vida.

— Bom dia, mãe! – cumprimentei, depositando um beijo em seu rosto.

— Bom dia! – Ela respondeu, sua voz estava fraca.

— Mamãe, precisamos conversar. – avisei, sentando-me em seu lado no sofá.

— Fale.

— Eu não disse antes para não preocupa-la, mas, irei me casar hoje! – Fui direta, já estava escondendo isso por tempo demais.

— O que? – Ela começou a tossir, saia sangue de seus lábios, meus olhos se encheram de água, era horrível vê-la assim, entretanto, sei que estou fazendo tudo que posso até mais inclusive.

— Mantenha a calma, mãe! É com um bom homem – Menti e ela me encarou como se buscasse entender o motivo daquilo – Ele tem muito dinheiro, é a nossa salvação... A sua salvação!

— Vai se casar por dinheiro? – Ela voltou a encarar-me, mas, dessa vez seu olhar possuía decepção, como se ela não conseguisse me reconhecer, isso me machucou muito, mas, eu já sabia que ela iria agir assim.

— Eu não escolhi isso, mas não é como se eu tivesse opções – Deixei uma lágrima cair, mas a limpei rapidamente. – Eu tenho que ir! – Me levantei, andando em direção á porta.

— Não faça isso, filha! – Foi tudo que a ouvi dizer, antes de sair de vez dali.

...

Agora eu estava no apartamento de Carlos Daniel, iria me arrumar ali mesmo, afinal, nem um de nós dois queria aquela surpresa de: “como ele(a) deve estar vestido” alias, aquilo não era um evento especial, apenas iriamos até o cartório e selaríamos esse laço por contrato.

Observava uma empregada arrumar meu cabelo, enquanto a outra fazia os retoques em minha maquiagem. Respirei fundo, era para eu estar feliz, mas estava sentindo o contrario disso.

— Olá – Carlos Daniel havia entrado no quarto – Coloque esse vestido, Paulina! – Ele ordenou, entregando-me um vestido. Observei antes de pegá-lo e gostei do que vi, não era um vestido simples nem exagerado. Era branco e ia até a metade de minhas coxas e tinha alguns detalhes simples que o tornava belo.

— Tudo bem – concordei ele sorriu.

— Seus pais irão? – perguntei, antes que ele saísse.

— Não, eles preferem esperar o casamento religioso. Mas, ficaram felizes ao saber que já iremos nos casar. – Ele explicou.

— Não terá o casamento religioso, você sabe, não é? – perguntei e ele arqueou a sobrancelha. – Mentir para todos já é ruim, mas, menti para Deus é algo que não estou disposta a fazer. – expliquei e ele soltou um sorriso sarcástico, fazendo-me bufar, na verdade eu não queria que ele entendesse, apenas tinha que aceitar.

— Pode ser, na verdade, não faz diferença. – Ele explicou, dando de ombros e em seguida, saiu.

Vesti o vestido como tinha que ser, após isso me olhei no espelho, eu estava bonita.

— Você está incrível! – A empregada que havia me ajudado a me arrumar, comentou e eu sorri, tentando ser educada - Também já está pronta, já pode ir! – Ela completou, era agora... Minha respiração estava acelerada, meu coração pulsava tão forte que eu o sentia sob a pele.

Respirei fundo e sai do quarto, eu iria enfrentar isso. Carlos Daniel estava na sala.

— Já podemos ir! – Avisei quando o vi.

— O vestido ficou melhor do que o esperado! – Ele comentou, quando me viu.

— Sim... Ficou bom... – falei.

— Na verdade, você está maravilhosa! – ele disse, eu não consegui evitar engolir seco.

— Só espero que a maquiagem esteja bem forte e não de para perceber minha insatisfação! – Respondi ríspida.

— Não aja como se eu estivesse te obrigando a fazer isso! – Ele pediu, parecia estar tentando manter a calma.

— Não estou fazendo isso, apenas não consigo fingir que estou feliz. – Expliquei.

— Vamos logo! – ele sugeriu, então saímos da casa.

Não demorou muito e logo já estávamos no cartório, ele saiu do carro e abriu a porta para mim como de costume, segurei em sua mãe e sai do carro, então, Carlos Daniel se aproximou mais de mim, segurando-me pela cintura, provavelmente queria passar a imagem de “o casal feliz”, mas, eu me afastei fazendo o mesmo me fitar confuso.

— Vai... Vai amassar meu vestido. – Expliquei, sem olhá-lo.

— Tudo bem. – concordou e depois disso, não voltou a se aproximar de mim.

POV. Carlos Daniel

— Eu os declaro casados! – Assim que disseram tais palavras, eu me senti feliz, todos os meus problemas haviam sumido. Fitei Paulina, mesmo sem querer eu nutria uma pequena preocupação por ela, seus olhos estavam cheios de água, eu compreendia, provavelmente aquilo não tinha nada haver com os contos de fada que ela costumava gostar.

3, 2,1... Contei mentalmente, em seguida, a vi sair correndo dali, eu já previa aquela reação. Pensei em segui-la, mas, logo mudei de ideia, ela precisava de um tempo, preciso respeitar isso.

Sai dali, abandonando todas as pessoas que me fitavam confusos por tal reação, e segui até o bar da esquina. Quando cheguei bebi mais que o necessário, me sentia mal por ela, provavelmente eu havia estragado há vida da garota, mas, o que eu podia fazer? Será que se eu comprar um pirulito para ela a farei ficar feliz? Não, as mulheres são bem mais complexas que isso, então só poderei encher a cara e talvez arrumar um lencinho para que ela possa chorar.

Passei algumas horas naquele bar, só sai dali quando vi Paulina encostada em meu carro do outro lado, cambaleei até lá com uma garrafa de conhaque nas mãos.

— Vamos logo! – Ordenei entrando no carro.

— Você está babado - Ela disse quando também entrou no carro – Você não pode dirigir assim! – Completou, porém eu apenas a ignorei e liguei o carro.

— Não pode ser tão ruim assim se casar comigo! – Falei, vendo que seus olhos estavam inchados pelas lágrimas.

— Acabamos de nos casar e você já está bêbado... Não tem como ser pior que isso! – ela afirmou, e eu apenas me mantive em silêncio.

— É, mas tenho qualidades, eu sou bom de cama.. ok, você não quer saber disso, mas, eu sei cozinhar, poucos homens sabem cozinhar – Falei e ela sorriu, como se achasse engraçado minha tentativa de achar algum ponto positivo em nossa união – Nós faremos dar certo! – Completei e ela balançou a cabeça em concordância.