Laços

Capítulo 2 x 1


Lucas

Era manhã de verão do dia 13 de janeiro de 2015, Lucas estava na casa de sua mãe em Santos, no estado de São Paulo. Ele estava lá já fazia duas semanas, mas não via a hora de voltar para Nova Friburgo e ver Noah. Os dois estavam se dando bem, havia se tornado grandes amigos. Apesar de ambos quererem ser bem mais que amigos. No entanto os dois não sabiam se estavam dispostos a estragar o que estavam tendo. Por uma coisa que eles não sabiam o que era direito.

Lucas estava em seu quarto. Quando sua gata Lince pulou em sua cama, ela se aconchegou entre seus braços e enquanto Lucas ia fazendo carinho em seus pelos e ela ia ronronando, de modo que fazia um barulho engraçado. Logo em seguida quem entrou no quarto foi sua mãe, Dona Luiza.

– Bom dia filho! – disse sua mãe

– Bom dia! – replicou ele abrindo espaço para que sua mãe pudesse sentar na beira de sua cama.

A gata saltou da cama, deu uma boa espreguiçada e saiu porta a fora.

– Quando você volta para Friburgo? – perguntou Luzia.

– Mãe, eu devo ir sexta feira, pois na segunda quero começar a resolver a questão do estúdio. – respondeu ele.

Lucas não via a hora de abrir seu estúdio, que graças a Noah e Camila, estava no caminho certo. Lucas não conseguia acreditar na tamanha empolgação dos dois em ver logo aquele estúdio aberto. O seu sonho de ter um estúdio fotográfico estava a meio caminho de se tornar realidade.

– Pois bem, eu não vim aqui pra lhe perguntar quando você iria. – disse sua mãe. – Na verdade tem alguém lá em baixo no portão querendo te vê.

– Quem? – perguntou Lucas intrigado.

– Leandro. – respondeu ela.

Lucas não sabia se queria falar com Leandro, os dois haviam tido um namorico de um mês. Mas Leandro não conseguia lhe passar uma segurança, algo em que ele pudesse se agarrar com vontade. E isso o frustrava.

– Diga a ele que já estou descendo. – disse Lucas.

Enquanto sua mãe saia do quarto. Lucas ficou deitado mais alguns minutos na cama pensando no que dizer, no que demonstrar... No que sentir. Ele se levantou foi ao banheiro lavou o rosto, escovou os dentes e vestiu uma roupa de ficar em casa mesmo. Desceu as escadas correndo, quando chegou ao portão viu Leandro de costas, ele usava uma bermuda estampada com as cores do verão, uma camisa branca e sandálias.

– Bom dia Leandro! – cumprimentou Lucas.

Leandro parecia estar distraído, pois Lucas conseguiu notar uma breve surpresa nele assim que o cumprimentou.

– Bom dia Lucas! – disse Leandro. – Será que posso falar com você?

– Já está falando, não?

Lucas ficou encostado no muro de sua casa, alguns segundos de silêncio se estenderam entre os dois, quando Leandro tomou a iniciativa de quebra-lo.

– Você já está aqui há quase um mês e nem sequer me ligou. – comentou, olhando para o lado, por medo de conseguir olhar para Lucas.

– Eu não tenho que lhe procurar, não tenho que lhe dizer mais nada. Nem mesmo tenho que dar satisfação da minha vida para você. – disse Lucas.

– Não estou lhe pedindo nada. – falou Leandro.

– Mas está exigindo algo que não tenho mais que fazer. – rebateu Lucas. – Entenda, não fui eu quem terminou tudo, foi você. Você escolheu viver do passado, sacrificando o presente.

Lucas já estava ficando cansado daquela conversa. Ele queria entender o porquê daquela criatura querer insistir em algo que não havia dado certo no passado. Mas cada um faz a escolha que lhe aprouver melhor.

– Você vai mesmo morar em Nova Friburgo? – perguntou Leandro, mas agora fazendo questão de encarar Lucas.

– Vou, estou abrindo meu estúdio de fotografia, com a ajuda da minha prima e do cunhado dela. – respondeu ele.

– Não, você não está indo para Friburgo só por causa do estúdio. Você arrumou outra pessoa. – disse Leandro. – Noah sabe que você o ama?

Aquela pergunta foi como um tiro no peito. Amar, ele não sabia se amava o Noah, ele não sabia o que se passava de verdade no íntimo do seu coração.

– Ele não sabe que o amo, mas eu sei. E isso pra mim é o que importa. – respondeu Lucas. – Acho que nossa conversa termina aqui. Eu não te amo mais Leandro.

Lucas entrou e fechou o portão assim que deu as costas, ouviu Leandro suspirar e ali ele soube que ele iria dizer algo.

– Eu te amo Lucas.

– Eu não posso lhe pedir para não me amar. Mas eu não vou me privar de te esquecer. – disse Lucas e logo em seguida subindo as escadas correndo numa certeza de se afastar cada vez mais do passado.

Assim que chegou à porta da cozinha, viu sua mãe sentada a mesa. Ela estava revirando uma velha revista de receitas. Com certeza estava procurando algo para fazer no almoço. Ele ficou ali vendo sua mãe, uma enfermeira aposentada. Ela fazia de tudo por ele e sua irmã Ana.

– Vai fazer o que para o almoço? – perguntou ele indo até a fruteira e pegando uma pera.

Dona Luiz fechou a revista olhou para o filho com a expressão de não faço a mínima ideia.

– Vamos dar uma volta na praia eu, a senhora e Ana. Aproveitamos e almoçamos em algum restaurante. – sugeriu Lucas.

– Vou acordar sua irmã para irmos então. – disse sua mãe.

– OK!

– O que Leandro queria?

– Ele queria dizer Adeus.

Sua mãe o deixou sozinho na cozinha. Ele foi até a pia para lavar a fruta, enquanto lavava a pera, raios de sol que passavam pela janela tocavam suas mãos e foi quando ele se lembrou das palavras de Noah, sobre a teoria de que cada dia que nasce. Nasce uma nova chance de recomeçar. E era exatamente isso que ele queria.