Laços

Capítulo 1 x 18


Gustavo

Gustavo ficou surpreso, por não encontrar Sophie na sua casa assim que chegou do trabalho. Ele perguntou a sua mãe se ela sabia de Sopjie e sua mãe lhe disse que ela estava em casa. Então ele iria tomar um banho e partir pra lá. Ele foi até o quarto de sua mãe pegar uma toalha limpa, quando viu seu pai sentado no sofá.

– Pai? – chamou ele.

– Sim Gustavo. – respondeu seu pai o olhando.

Os olhos de seu pai estavam vermelhos, Gustavo viu que seu pai estava chorando.

– O que houve pai? – perguntou Gustavo preocupado.

– Eu fui um mau pai. – respondeu Anselmo.

Gustavo estava vendo seu pai, se recriminar por uma escolha que ele mesmo havia feito. Estava vendo seu pai tentar se redimir.

– Você ficou no meio termo pai. – disse Gustavo tentando parecer engraçado, mas ele sabia que o papo era sério.

– Eu me foquei tanto em exigir excelência de você como filho. Que acabei me esquecendo de me exigir excelência como seu pai. – falou Anselmo. – E agora está tarde para tentar mudar as coisas.

– Pai, eu amo o senhor acima de tudo. O fato de você ter sempre exigido o melhor de mim. Fez-me perceber que eu posso sempre dar o meu melhor. Não no intuito de te agradar, mas com a intenção de me fazer surpreender comigo mesmo, de me fazer ser o homem que sou hoje. – disse ele

– Então você me perdoa filho? – indagou seu pai.

– Eu não te perdoo pai! – disse Gustavo. – No entanto eu te prometo que vou fazer de tudo para não cometer com meu filho. Os mesmos erros que o senhor cometeu comigo na matéria de pai.

– Você será um bom pai – disse seu pai.

– E você, vai ter a chance de reparar seus erros sendo um bom avô. – Falou Gustavo, abrindo os braços.

Seu pai se levantou do sofá e o abraçou. Gustavo sentiu-se diferente ao ser abraçado por seu pai. Porque já fazia anos que ele não se aproximava de seu pai daquela forma. Fazia anos que sua relação de pai e filho estava desgastada, porém com aquele abraço ele pensou que talvez pudesse restabelecer os laços entre pai e filho. Talvez seu pai pudesse fazer algo de extraordinário, algo que o levasse a reconhecer o seu pai como o grande homem que ele se julgava ser. Algo que o fizesse ter a plena convicção em dizer: Pai você é o meu herói.

***

Já ia fazer oito da noite quando Gustavo saiu de sua casa, para ir até a casa de Sophie. Menos de dez minutos se passaram e ele já estava na porta da garagem da casa dela. Ele se deu uma olha no espelho retrovisor do carro, viu se estava tudo no bolso. Ele estava usando uma bermuda xadrez e uma camiseta preta.

– SOPHIE? – chamou ele gritando.

Meio minuto se passou e ela apareceu do muro e jogou a chave pra ele. Quando ele entrou em casa viu que ela estava sentada no sofá com os dois joelhos enfaixados.

– O que houve com seus joelhos amor? – perguntou ele indo até ela para lhe dar um beijo.

– Cai. – respondeu ela desviando o rosto, quando ele se aproximou para beija-la.

Ele sabia que alguma coisa estava acontecendo, para ela estar agindo daquela maneira.

– O que aconteceu Sophie? E porque você está com essa cara? – perguntou ele já um pouco estressado.

Ela se levantou do sofá e foi com até o quarto com um pouco de dificuldade.

Gustavo sabia que eles estavam fazendo sete anos de namoro naquele dia, e ele estava com uma surpresa toda preparada pra ela. Só que não estava entendendo o porquê dela estar com aquela cara e de tá agindo tão friamente. Ela voltou do quarto e trazia um envelope nas mãos.

– Abra. – pediu ela lhe entregando o envelope.

Ele fez o que ela pediu e seu semblante mudou totalmente de confuso para conformado com o que iria acontecer nos próximos minutos que viriam.

– Você agora deu pra me vigiar Sophie? – perguntou ele ironicamente e jogando as fotos no sofá.

– Como você pode fazer isso comigo? – perguntou ela já chorando. – Qual é o nome dela?

– Eu não fiz nada do que você está pensando e eu não vou te dizer o nome dela. – disse Gustavo.

– Como assim não fez? – questionou Sophie. – Eu fui até o condomínio hoje. Bloco oito, apartamento 303. Você pretende morar com ela, já até comprou e mobilhou o apartamento para viver com a vagabunda.

– CHEGA! – gritou ele. – Chega, chega, chega... Eu estou cansado, sabe?

– Cansado? Eu estou cansada de ser feita de trouxa por você.

Gustavo ficou surpreso em ouvir aquilo, pois durante sete anos. Ele vinha fazendo de tudo para que ela se sentir confortável e amada. E agora ele a estava ouvindo dizer que ele a fazia de trouxa

– QUAL É O NOME DELA? – gritou Sophie.

– Lívia Andrade. – falou Gustavo totalmente exausto.

Sophie sabia o nome dela. Só queria ver se ele teria a coragem de dizer. E ele teve a coragem de dizer o nome dela.

– Ela é uma corretora de imóveis e uma grande amiga da época da faculdade. Desde março do ano passado, ela vem me ajudando a escolher um apartamento. Até que em novembro, ela finalmente achou um. Eu achei o apartamento perfeito, ficava em um ótimo bairro. Então eu o comprei. No dia em que essa foto foi tirada eu estava indo acertar os últimos detalhes da compra com o proprietário...

– Não adianta tentar inventar uma história tosca. Você perdeu toda confiança que eu tinha em você. – o interrompeu Sophie.

– Ai que você se engana Sophie. – rebateu Gustavo. – Pois você não perde aquilo que nunca teve.

Era difícil pra ele dizer aquelas palavras, mas era a verdade. Ela nunca havia confiado realmente nele. Podia se dizer que seu relacionamento tinha como base a desconfiança por parte dela.

– E o que você estava fazendo com ela lá hoje? – perguntou ela

– Eu fui ver como o apartamento havia ficado depois da reforma que eu mandei fazer. Fui ver como ele estava já mobilhado com toda mobilha nova que eu mandei comprar. Fui ver se o nosso lar estava pronto para nós dois. Mas vejo que foi tudo uma grande perda de tempo. – concluiu ele.

– Está dizendo que o nosso relacionamento foi uma perda de tempo? – indagou Sophie.

– Não. Estou dizendo que passar sete anos da minha vida tentando ser o namorado ideal pra você. Foi minha perda de tempo. – disse Gustavo pegando um chaveiro do seu bolso que continha três chaves.

O chaveiro era uma casa feita de madeira e nele estava escrito No nosso lar, reina a felicidade. Sophie Agora estava sentada no sofá chorando feito uma criança. Gustavo se agachou na frente dela e a ficou olhando por minutos. Ela apenas fazia o mesmo, ele queria poder dizer a ela que tudo iria passa, porém havia chegado um momento em que ele já não sabia se queria que passasse. Não sabia se queria passar por cima de varias crises de ciúmes desnecessárias da parte dela, como estava fazendo há sete anos. Ele não sabia se queria se provar pra ela. Ele não sabia se queria passar com ela o mesmo que havia passado com seu pai. Gustavo concluiu que a relação deles não dependia mais dele.

– Eu estou disposto a viver uma vida inteira ao seu lado Sophie, mas não dessa maneira, não dessa forma em que venho vivendo todos esses anos. Por isso estou te dando isso. – disse ele estendendo a palma das mãos dela e pousando o chaveiro. – Use essa chave e abra porta do nosso lar no dia em que você realmente estiver disposta a dar uma chance a nós dois.

Ele se levantou deu um beijo na testa dela e saiu da casa dela. Sophie ficou ali sentada no sofá olhando para aquela chave. E ela se viu verdadeiramente pela primeira vez com a chave de seu relacionamento nas mãos.

No carro Gustavo pegou seu celular e mandou uma mensagem para uma pessoa. Uma pessoa que precisava espairecer tanto quanto ele. E na mensagem ele escreveu

Tá a fim de ir pra Natal comigo? Tudo por minha conta. Aguardo sua resposta. Beijos!

Gustavo deu a partida no carro e foi para o lugar que ele ainda podia chamar de lar. Esse lugar era a casa dos seus pais.