CAPÍTULO II – LAURA E EDGAR OUTRA HISTÓRIA

- Você já vai Salvador? Agora?

- Eu sei o que você quer fazer! Está fazendo agora, nesse momento... Vai fugir né?

- Às vezes eu tenho tanta raiva de você! Eu gostaria que você me desse uma carona... Ou tá difícil?

- Sou eu que me pergunto o que fiz a Deus para merecer uma irmã postiça e chata! Que dona Constância não me ouça se não é capaz de me decapitar se é que você me entende! (Risos)

- Só você para me fazer rir! Vai me levar ou não?

- Sim dona Laura Assunção! Vamos sair à francesa!

Salvador insiste para ir com ele para a casa da sua mãe, digo que não. Se antes já não queria ir imagina agora? Chego em casa por volta de umas dezoito horas e começou a chover com trovões e relâmpagos e a temperatura baixou mais ainda, um frio de matar. Entro no apartamento está bem agradável com o aquecedor ligado, tomo um banho e coloco um pijama e estou vendo tevê e tomando sopa quente quando toca o interfone, me pergunto quem deve ser essa hora com esse tempo. Será que o Salvador desistiu de viajar? Ele iria de trem e não é tão longe já deve estar chegando.

- Sim! O que? O senhor quer que eu desça ai na portaria? Por qual motivo Seu João?

- Dona Laura tem um senhor aqui querendo ir para o terceiro andar, o apartamento que era da dona Vilma a senhora lembra? Ela vendeu e esse senhor está dizendo que comprou, mas ninguém me avisou nada...

- Seu João me desculpa mais o que eu tenho haver com isso?

- Ele disse que conhece a senhora!

- Está certo estou descendo!

Que chato! O que será isso? Quem estava interessado nesse apartamento era o Salvador, será que ele desistiu? Bem é melhor eu ver quem é essa criatura!

- Seu João estou aqui! Quem é a pessoa...

Nesse momento minhas pernas bambearam, o homem no qual o porteiro se referia era o Edgar, no primeiro momento meu coração disparou, meu rosto ficou quente e me dei conta que eu devia estar horrível naquele robe de pelúcia comprido e cabelo amarrado. Se tivesse um buraco eu teria me metido dentro. Se minha mãe me visse assim ela se mataria de desgosto!

- Edgar! O que está fazendo aqui? Você quer falar comigo? Estou muito confusa...

- Esse senhor, João né? Pois é, ele não está querendo me deixar subir para o meu apartamento. Ele alega que não me conhece e que ninguém o avisou de nada e ai pensei, a Laura mora aqui, se ela esclarecer a ele...

- Você vai morar aqui? Como assim? O Salvador estava negociando com a imobiliária para ele comprar o apartamento...

- Foi ele que me indicou esse apartamento, quando falei pra ele que estava procurando um lugar para comprar, ele disse “tem um apartamento ótimo perto de tudo e o preço está ótimo”...

Eu pensei dessa fez eu vou deixar de ser amiga desse rapaz. Como ele pode fazer isso comigo? Salvador eu vou matar você de verdade!

- Seu João eu conheço esse rapaz ele é o advogado da empresa que eu trabalho... Eu tive uma ideia! Edgar você tem a chave do apartamento?

- Sim! Está aqui!

- Seu João vamos todos subir e tentar entrar no apartamento, se a chave abrir, legal, se não o Edgar volta depois do feriado com a pessoa da imobiliária, o que acham dá ideia?

Os dois responderam que sim. O prédio não tem elevador, então fomos de escada e a tempestade aumentou com muitos raios e trovões e eu morro de medo. A palavra não é medo é um susto, fico um pouco apreensiva com tempestade e nessa época do ano costuma ter tempestade de tudo que é jeito. Chegando ao apartamento a chave abriu a porta e o Edgar nos convidou a entrar o Seu João agradeceu e pediu desculpas e disse que não poderia deixar a portaria sozinha e que alguém já estava chamando por ele no celular, com certeza alguém querendo entrar. O Edgar insiste que eu entre.

- Nossa Edgar seu apartamento está lindo! Quem decorou isso?

- Eu pedi para a imobiliária fazer isso! Você gostou?

- Sim! A pessoa que fez tem muito bom gosto... Bem agora que você já está instalado já vou subir...

- Você não quer tomar uma sopa comigo? Ou uma taça de vinho ou conhaque já que está muito frio?

- Agradeço o convite...

- Laura é só um jantar... Não estou te perseguindo...

- Imagina quando você estiver hein?

Dirijo-me para a porta e me seguro nele quando um relâmpago ilumina todo o apartamento e me sinto péssima por fazer isso. O trovão vem em seguida e fecho os olhos e espero passar, a luz do corredor pisca. Se a luz acabar? Melhor subir logo! Agradeço formalmente e percebo que ele não está contente.

- Boa noite Edgar!

- Laura gostaria de conversar com você! Já que você não quer conversar agora, podemos marcar para amanhã? O que você vai fazer nesse feriado longo? O Salvador falou que você não vai viajar...

- Estou vendo que você e o Salvador se tornaram bastante íntimo e que o assunto da conversa de vocês era eu... Vou ver, eu entro em contato com você, agora me de licença. Boa noite de novo!

- Laura! É impressão minha ou você está me evitando?

- Eu não quero brigar com você! Sempre que a gente se encontra...

- Laura! Eu prefiro brigar com você a te evitar...

- Boa noite Edgar!

- Boa noite Laura!

Começo a subir as escadas e começo a chorar lembrando, como eu ainda amo esse homem que me deixou para estudar fora. Ninguém sabe, o Salvador suspeita mais não tem certeza. Quando o Edgar decidiu viajar para estudar, foi no mesmo período que fiquei gravida e para não empatar a vida dele eu não contei nada, depois disso eu perdi o bebê acredito que se o Edgar o soubesse não iria mais eu queria que ele ficasse por mim e não pelo bebê e nem abrisse mão dos sonhos dele por minha causa, um dia essa conta poderia ser cobrada e isso eu não iria aguentar. Ser cobrada de ter arruinado sua carreira, ter segurado ele com um filho? Não isso não! Então eu resolvi terminar tudo antes dele viajar eu estava estudando, terminando duas graduações, pedagogia e jornalismo, eu e o Edgar fizemos algumas matérias juntos de jornalismo mais ele já estava saindo quando eu entrei. Conhecemo-nos na casa do estudante, o Edgar fazia direito e jornalismo e fomos a uma festa e pronto... Foi amor à primeira olhada... Vou subindo e pensando em tudo isso, quando chego à frente da minha porta, a luz se apaga.