Neste instante, Assunção que acabara de chegar em casa, se aproxima por trás da esposa e segura seu braço, impedindo que ela bata em Laura:

Assunção: - Não ouse encostar na Laura, Constância.

Constância assustada se vira e olha para o marido dizendo:

- Assunção? Você está defendendo a Laura? Você não tem idéia do que ela acabou de me dizer.

Assunção: - É aí que você se engana Constância. Eu ouvi sim o que a Laura disse.

Constância: - Ouviu? (Incrédula). E mesmo assim tem a coragem de defendê-la? Ficou louco Assunção? A sua filha me desrespeita dessa maneira e você me impede de dar o corretivo que essa menina merece?

Assunção olhando pra Laura, Albertinho e Constância, diz calmo e impondo ar respeitoso:

- Nossa filha errou é verdade. (Agora ele fixa o olhar diretamente em Laura e continua):

- Laura você não pode desrespeitar, provocar e nem desafiar a sua mãe desta maneira. Constância é sua mãe e o mínimo que você precisa ter para com ela é respeito, portanto meça as palavras diante da sua mãe, ouviu mocinha?!

Laura abaixa a cabeça ouvindo as palavras do pai. Assunção continua agora se direcionando a Constância:

- Agora querida, por mais grave absurdo que nossos filhos cometam, reprimí-los com violência é inadmissível, não nos faria chegar a lugar nenhum no que diz respeito a uma boa educação para eles. Uma boa conversa, a instrução é o melhor caminho para educarmos os dois, Constância.

Assunção se virando para Albertinho e Laura mais uma vez:

- Agora vocês dois prometam não mais perturbarem a mãe de vocês. Viram o estrago que a brincadeira de vocês causou? Além do mais o estado de vocês dois é lastimável. Assunção tenta não rir, mas não consegue ao tirar grama dos cabelos de Laura e de trás das orelhas de Albertinho:

- Vocês quiseram arrancar o gramado à cabeçadas meu filhos?!

Assunção com sua calmaria e carinho paternal consegue desfazer o clima de embate e tensão que existira ali antes de sua chegada e arranca sorrisos dos filhos.

- Agora entrem, pois vocês precisam de um belo banho cada um, vocês estão praticamente irreconhecíveis.

Constância: - Mas você vai deixar por isso mesmo, Assunção? Eles precisam de um castigo ou nunca vão aprender a me respeitar, a nos respeitar.

Assunção: - Creio não ser necessário, afinal vocês dois já entenderam que nos devem respeito não entenderam?

Laura e Albertinho acenam com a cabeça em sinal afirmativo.

Constância: Alberto! (reclamando)

Assunção: - Está certo, para que vocês não repitam tamanho despautério novamente... Albertinho você está proibido de jogar football por uma semana...

Constância: - E Laura você está proibida de freqüentar a livraria e comprar livros novos por dois meses...

Laura se desespera: - Hãm? Por dois meses? Mas todos os livros que tenho eu já li e A Moreninha o romance que estou lendo agora eu já estou quase terminando, como viverei sem livros novos por dois meses? E aliás por que o castigo do Albertinho só durará uma semana e o meu terá o prazo de dois meses?

Constância: - E você ainda me pergunta por quê? Foi você quem provocou o seu irmão Laura, com essa sua idéia absurda de aprender a jogar football, foi você quem atirou aquela maldita bola que estilhaçou a vidraça inteira e como se ainda não bastasse ainda me desafiou atrevidamente. Aliás, só pela sua audácia de estar correndo com uma bola brincando de football pelo jardim já seria motivo suficiente pra eu lhe castigar, onde já se viu uma menina brincando de football, Laura?!

Laura indignada respira fundo e esboça uma reação forte com palavras mas é interrompida por Constância:

- Nem ouse mocinha a me dizer nenhuma palavra senão mando atearem fogo em todos os seus livros e não duvide de mim. Agora já pra dentro tomar um banho e se recompor, só apareça na minha frente quando estiver lindamente apresentável como toda moça da sua idade deve ser.

Laura segue furiosa para dentro da mansão, ela sobe as escadas prendendo o choro de raiva que lhe tirava do eixo.