POV Arya

Londres, não há lugar como Londres... Há um lugar no mundo em que todos os ratos se escondem. Apavoram-se com a humanidade, em que as piores pessoas do mundo habitam e esse lugar se chama Londres... Há os canalhas, egoístas que se preocupam apenas com o dinheiro e a qualidade da garrafa de vodka na qual carregam... E são essas pessoas que transformam todas as belezas que os olhos podem ver em sujeira e ganância. Doentes... São todos doentes...

Caminhava pela noite pelos becos doentios daquela cidade horrível, em que todos os anos da minha vida eu sofri, chorei e vi as maiores brutalidades que um ser humano pode cometer. Dinheiro. É só o que sempre importou nesse maldito mundo. Entrei em um bar vazio sem olhar para os lados. Os meus olhos pintados de preto já haviam escorrido pela chuva que caia torrencialmente do lado de fora do estabelecimento.

- Whisky - Falei para o barman me sentando e segurei a mão do cara antes que ele saísse - Duplo

- Não é jovem demais para já sair tomando um duplo? - O barman perguntou curioso

- Tenho 18, a lei permite. Traga, por favor.

- Pra já, garota. - O barman foi buscar a minha bebida

Sentada esperando a bebida chegar olhei ao redor e não vi ninguém a não ser um cara em uma mesa distante com uma garrafa de vodka na metade e um copo. Não vi seu rosto. Um capuz cobria sua cabeça com muita eficácia.

- Aqui está - O barman colocou a bebida sobre o balcão e eu bebi todo em poucos segundos

- Vai com calma, garota. É um White Horse

- Foda-se

O barman me serviu outra dose, e depois mais uma e mais uma... Já sentia meu olhar perder foco e eu entreguei 50 libras ao barman e me levantei

- Mas... Garota? O troco?

- Fica de gorjeta

Sai do bar e voltei a caminhar pela cidade bem bêbada e tateando as paredes. Tive a impressão que estava sendo seguida, mas estava tão bêbada que aquela porra não me importava. Joguei-me na grama molhada do parque e fechei meus olhos. A sensação de ser observada aumentou e eu reabri os olhos me levantando e andando para casa.

Fui andando até ser interrompida por alguém apertando meu braço e vi Bryan, meu ex-namorado.

- Já disse que não quero mais nada com você.

- Mas eu quero. Então ainda temos

Soltei-me dele e fui andando indiferente aos protestos dele saindo do parque e ja estava na rua vazia, quando ele agarrou meu braço novamente me jogando contra a parede chapiscada, fazendo aquelas varias pontas perfurarem o tecido da minha roupa e cortar a minha pele e minha cabeça

- Você é doido? - Gritei

- Só por você, querida - Ele respondeu com escárnio.

- Vai se tratar seu babaca, filho da puta, imundo.

- Não fala assim, senão eu me apaixono.

Bryan era daquele tipo playboyzinho, perfeitinho aparentemente, porém sem um pingo de caráter. Daquele tipo que acha que pode ter o que quiser, quando quiser só porque tem grana. Bem, comigo, não é assim que a banda toca.

- Vai para o inferno, Bryan.

- Só se eu te levar junto, gata.

Tentei mais uma vez o empurrar, mas ele exercia força sobre mim. Como eu disse, não existe pior lugar do que Londres, com pessoas piores e Bryan é um exemplo comum disso.

Dei um chute no meio de suas pernas e fui embora andando rápido. Infelizmente, Bryan corria mais rápido do que eu e logo me alcançou. Já não vi mais jeito de fugir daquele babaca.

De repente, minhas esperanças resurgem ao ver um cara encapuzado, o mesmo do bar, correr na minha direção.

- Solta ela, ou eu chamo a policia.

Bryan saiu de cima de mim

- Isso não vai ficar assim - Bryan ameaçou e eu me levantei indo ao encontro do cara que me ajudou.

- Oi, obrigada - falei sem sorrir.

- De nada. Vemos-nos por ai

O cara foi embora sem nem dizer o nome dele nem nada e eu voltei ao meu caminho para casa rapidamente por medo de Bryan fazer algo comigo. Lá tomei um banho e fui deitar curiosa para saber quem era aquele cara.