POR INÊS HUERTA...

Eu sinto tanto frio, mas não consigo me mexer muito menos abrir meus olhos apenas ouço um "bip" que me indica que eu estou num hospital. Sinto todos ao meu redor falando me contando coisas e sei que minha filha está bem, meu amor está sempre aqui comigo e eu rezo todos os dias para poder acordar e viver ao lado dos meus filhos e de meu amor.

Parece loucura sentir tudo, ouvir tudo, mas não conseguir responder e muito menos dar um sinal de que estou aqui para eles, a dias estou assim e o desespero começa a tomar conta da mim quando sinto que minhas forças estão se acabando a cada minuto em que eu não consigo me mexer.

Alejandro esse é o nome que ecoa em minha cabeça e o único que me faz companhia nessa escuridão, meu filho, ele é meu filho, Loreto é um desgraçado e sempre me fez mal. Somente com esses pensamentos ouço os aparelhos apitarem mais alto e tento me acalmar, mas eu não posso não posso mais eu quero sair dessa escuridão eu quero poder gritar, correr e poder dar ainda mais valor a minha vida.

— Em fim a sós morenita! - pude ouvir aquela voz que tanto mal me causa e meu corpo tremeu todinho mais como me mexer se eu não posso? e o desespero tomou conta de mim naquele mesmo momento. - Que saudades eu estava de você...

O silencio de não saber o que ele está fazendo me deixa ainda mais desesperada e posso ouvir o som das maquinas apitarem alto indicando problemas.

— Será que você pode me ouvir? - senti sua voz bem próxima a meu ouvido. - Sempre o mesmo cheiro de mulher que eu gosto, a Inês como você me leva a loucura! - senti que ele apertava o meu seio e eu quis gritar, mas não tinha voz. - Acho que podemos brincar um pouquinho.

Não desgraçado, não, você não pode fazer isso comigo novamente, Deus me ajude não permita, não permita... meu inconsciente gritava por ajuda mais de nada valia eu era apenas uma invalida incapaz de me defender no momento e eu sentia, sim sentia as mãos dele em meu corpo e gritava em vão. Meu Deus, me ajude...

— Está chorando porque meu amor? - Loreto beijou minha boca e eu somente gritava no escuro de uma solidão que era somente minha e eu senti o peso dele sobre meu corpo. - Aaaaahhh Inês como eu esperei por esse momento, mas não queria você com você assim parecendo uma morta. - pude ouvir a risada dele. - Mas meu pau precisa de você como um mendigo precisa de abrigo! Me desculpe se vai ser assim, mas quando acordar te darei como merece e como gosta de gritar desesperada me deixando ainda mais excitado.

Sim, ele podia ver as minhas lágrimas descer pelo canto de meu olho, mas isso o deixaria ainda mais feliz e eu o senti levantar a roupa que eu estava e as maquinas apitaram ainda mais alto, pude ver minha vida acabar ali preferia a morte do que ser novamente violada por Loreto e um voz me chamou lá longe e uma luz branca inundou aquela escuridão em que eu vivia a dias ou horas eu não sei bem as minhas memorias começaram a ficar confusas.

— Loreto! - essa foi a última coisa que ouvi antes do ar faltar em meus pulmões.

POR NARRADOR...

Loreto foi arrancado de cima de Inês e três médicos adentraram a sala examinando Inês, Alejandro não pensou em nada e apenas socou a cara de Loreto enquanto os médicos gritavam para que os retirassem da sala de imediato e alguns seguranças vieram e os arrancaram dali.

— Tragam o carrinho de parada! - o médico gritou arrancos o travesseiro debaixo da cabeça de Inês e começando os procedimentos de reanimação.

Do outro lado do hospital Victoriano tirava José do carro e corria com ele para dentro do hospital, ele já não chorava e estava molinho em seus braços e desacordado, Débora vinha logo atrás dele com o coração na boca não queria fazer mal ao menino mais ele escorregou da manta em que ela o tinha enrolado e caiu no chão sem ele nem ter a chance de agarra-lo em seus braços.

Ela parecia em transe e apenas acompanhava os passos de Victoriano que estava desesperado por não poder entrar junto a seu menino e sentia vontade de quebrar a cara de Débora, mas apenas a olhou avisando ali com aquele olhar que ela pagaria caro por aquilo.

— Victoriano...

— Cala a boca! Cala essa maldita boca! - ele gritou com ela não deixando que falsasse e foi naquele momento que ele viu Alejandro ser arrastado junto a Loreto que tinha a calça aperta. ele sentiu seu coração disparar e correu sem parar até o quarto de Inês. - Inês... - ele gritou mais foi impedido de entrar e tirado dali.

Victoriano perdeu o centro de sua paz ver aquele monte de gente ao redor de sua mulher e ele impotente sem poder fazer nada o fez perder sua paz interior e se soltou dos seguranças e correu até o lado em busca de Loreto e Alejandro, mas ao chegar do lado de fora apenas encontrou Alejandro e ele gritou.

— O que ele fez? O que? - Alejandro ainda estava cercado por seguranças para não ir atrás de Loreto.

— Eu cheguei e ele estava... - não conseguiu terminar de falar.

— Ele a tocou? - rosnou e Alejandro assentiu.

— Eu a salvei antes que ele conseguisse fazer, mas não sei até onde ele chegou! - Victoriano passou as mãos no cabelo revoltado e foi para sair quando ouviu a voz de Débora.

— Victoriano... - ele a olhou. - O médico! - Victoriano correu para dentro e parou frente ao médico.

— Como está meu filho? - o médico suspirou.

— Como pode deixar um bebê de apenas dois dias cair? - falou indignado e Victoriano encarou Débora. - Eu poderia chamar a polícia porque isso é crime de maus-tratos.

— Eu não queria, ele estava chorando e eu levantei para balançar ele e foi quando ele escapou pela manta. - ela falou desesperada.

— Cala a boca! - Victoriano nem conseguia ouvir a voz dela. - Como meu filho está? Eu posso vê-lo?

— Ele vai precisar de observação, mas afortunadamente não deu alteração nenhuma nos exames! Me acompanhe, por favor. - o médico caminhou na frente dele e Victoriano fez sinal para que ela ficasse mais ela não ficou e seguiu os dois.

Victória caminhava atras do médico quando foi parado pelo médico de Inês, tinha tantas preocupações por seu menino que por um momento se esqueceu da imagem de Inês, mas ao vê-lo parou com o coração acelerado e ele sentiu um medo terrível.

— Como minha mulher está? - Alejandro que estava ali pendente dela a todo momento apenas ouviu o que o médico dizia.

— Conseguimos reanima-la e ela despertou! - um sorriso lindo brotou em seu rosto e ele abraçou o médico. - Ela está um pouco confusa e chama por você!

Victoriano o soltou e olhou o outro médico que o esperava e naquele momento por mais que quisesse ver seu amor precisava certificar-se de que seu filho estava bem e sabia que Inês entenderia depois quando explicasse.

— Eu preciso ver meu filho mais em alguns minutos estarei com ela! - o médico assentiu e Victoriano saiu com Débora junto ao médico.

O médico virou e deu de cara com Alejandro ali.

— Posso ajudar? - viu que ele estava aflito.

— Eu posso vê-la? - o coração estava acelerado.

— Você é o que dela?

— Eu sou filho dela! - os olhos se encheram de lagrimas e o médico tocou o ombro dele.

— Se acalma, ela está bem. - sorriu de leve. - Vamos, eu vou com você até o quarto.

Alejandro assentiu e caminhou com o médico até o quarto, quando entrou ele se tremeu todinho com o olhar que ela direcionou a ele e ele caminhou até ela sentindo que a distância era ainda mais longe do que imaginava. Inês sorriu lindamente para ele quando o viu perto e disse:

— Victoriano onde está o nosso bebê?