Lances da vida

Acerto de contas


SOLUÇO

Prometi a Asty que Dagur ia pagar e não sabia como fazer... legalmente. Mas ontem, conversando no almoço com o pessoal descobri que ele vai competir na luta livre pela equipe da escola dele. Então vou competir também. Só preciso passar por três caras e posso estar cara a cara com ele no tatame. Mano a mano e posso quebra a cara do desgraçado sem ter problemas com isso.

Me preparo no vestiário para entrar.

– Parece que você está se preparando para matar alguém. Logan fala comigo enquanto pulo corda para aquecer.

O treinador se aproxima de mim. – Você não estava praticando. Tem certeza que está preparado?

– Estou preparado.

Nas duas primeiras lutas imobilizo em menos de um minuto. A terceira demoro um pouco mais. Levo uns noventa segundos.

Me concentro enquanto eles chamam Dagur e eu para o tatame. Ansioso para tirar esse risinho da cara dele.

– Como vai a namoradinha? Pergunta ele

– Melhor do que a sua em qualquer dia.

– Ela é uma aleijada

– Você vai ver quem vai ser aleijado quando acabar com você

Eu avanço e o empurro com toda a força e ele rola para fora do tatame. O arbitro apita. Ponto para ele.

Ele avança baixo e vou para fora do tatame. O arbitro apita.

A luta recomeça e ganho uma advertência por domínio ilegal que terminou com meu cotovelo na cara do dagur.

Mais uma advertência e serei desclassificado.

Ele está sangrando e o arbitro deu dois minutos de intervalo.

– O que pensa que está fazendo? Meu time não joga sujo, Strondus. Agora ou você vai lá e ganha ou perco para você. Escolhe.

ASTRID

A senhora Reymond decidiu me fazer dirigir seu Cadilac preto.

– Eu não estou preparada. Façamos assim, a senhora dirigi e eu vou no carona.

– Querida, meu olhos não enxergam nem meio metro. Vamos que estamos perdendo tempo.

Que situação, eu não quero dirigir. Minhas mãos suam. Como eu queria sair dessa situação.

– Vamos Astrid. Coloque a chave na ignição. Eu faço. – Agora gire a chave e ligue o carro. Viro a chave. – Do que tem medo?

– De atropelar alguém. Me envolver em um acidente.

– Você tem que superar. A vida precisa seguir em frente

Eu não sei que poder é esse que ela tem de me convencer a fazer as coisas que não quero.

Estou dirigindo horrivelmente mal. Freio por qualquer coisa e acelero de repente.

Chegamos em um lugar e a senhora Reymond pede para pararmos ali.

Entramos em uma loja de vestidos. Observamos os vários modelos, cores e tecidos.Uma vendedora se aproxima. – Posso ajuda-las?

– Precisamos de um vestido para essa mocinha.

– Para mim?

– Você precisa incrementar seu guarda roupa. E além do mais nós temos um jantar especial essa noite e você tem que colocar algo adequado. Será um presente de natal adiantado.

A vendedora mostra diversos vestidos. – Temos esses belíssimos vestidos de festa curtos.

– Eu não uso vestido curto

Depois de rejeitar todos os vestidos mostrados, a vendedora vai lá dentro e volta com um vestido amarelo. Coloco na minha frente, o tecido é delicado e confortável .

– O vestido é lindo, mas essa cor não dá. Diz a senhora Reymond

– Temos o mesmo na cor ameixa

A vendedora volta com um vestido do mesmo modelo ameixa. Vou ao provador e experimento. Ele é lindo.

– Acho que temos um vencedor. Diz a vendedora

– Vamos leva-lo.

Quando estava indo ao provador tirar o vestido sou parada pela senhora Reymond.

– Fica com o vestido, daqui vamos direto para o jantar e não terá tempo de se trocar.

– Por que a senhora não escolheu um vestido também

– Oh, querida. Velhas como eu não precisam de vestidos novos.

– Não, não. Não sairemos daqui até a senhora escolher um também.

Meia hora depois saímos dali devidamente vestidas com vestidos novos. Entramos no cadilac.

– Desconte o vestido do meu salário, ok.

– É um presente, Astrid.

– Mas...

– Sem mais. Agora vamos para a lanchonete.

Chegando lá, ela se agacha. – Vá para os fundos, onde ficam as lixeiras. Ela sussurra. – E não deixe ninguém te ver.

– Por que estamos aqui?

– Deixe o motor ligado. Bata na porta dos fundos três vezes, espere dois segundos e bata mais três vezes. Quando atenderem diga: A galinha vermelha voou do galinheiro.

– Não entendi nada.

– Só faça.

Faço o que ela disse e Julio, um garoto que trabalha na lanchonete me atende.

– O pássaro vermelho voou do galinheiro.

– Você não quis dizer galinha?

Começo a rir – Sim, sim. A galinha vermelha voou do galinheiro.

Ele fecha a porta e quando abre de novo Hina me entrega duas caixas. – O que é isso?

– Não me pergunte, Asty. É uma surpresa para você e para a senhora Reymond.

– Já temos a mercadoria, e agora?

– Dirija para casa.

Quando chego descubro do que se trata. Soluço terminou o gazebo, e colocou lâmpadas brancas em volta e por dentro está cheio de velas fazendo o lugar brilhar. Soluço está em pé na frente do lugar, muito bem arrumado e me dá um sorriso que destrói todas minhas barreiras.