Marinette

No dia em que fez um mês desde a morte do meu pai e do início da rotina odiosa que Chloé e Audrey me haviam imposto, eu acordei muito cansada. Não deveria ser tão ruim, mas era. Tudo que elas me mandavam fazer eram coisas que eu necessitaria fazer com ou sem elas. Lavar a roupa, lavar a louça, passar roupa, lavar o chão. Coisas desse tipo. O grande problema era como elas falavam para realizar essas tarefas.

Acordei com os passarinhos cantando. Estranhei não ter tocado nenhum sino, geralmente elas colocavam uns três deles para tocar perto da minha orelha e era insuportável demais. Já de manhã cedo o trio badalava me acordando.

Como eu durmo em um pequeno quarto lá em cima, não era possível ouvir os alarmes feitos para chamar os empregados localizados lá em baixo, então instalaram três ao lado de minha cama. Acho que hoje acordei antes deles.

Me arrumei como um raio, com me arrumei entende-se vesti um vestido rasgado velho da Chloé. Só esses que eu possuía permissão para usar: os estragados. Eu ia até o banheiro escovar os dentes quando o sino de acordar tocou, me assustando.

Eu só ignorei e voltei a escovar. Quando estava cheia de pasta na boca, ouvi Chloé me chamando.

—Maridiota! Não está ouvindo o sino não? Corre aqui porque, se eu ficar rouca, você vai pagar caro por isso!

Eu fui toda suja de pasta de dente mesmo. Ela jogou uma pilha de roupas no meu colo e falou:

—Lava isso o quanto antes! O que não estiver bom, jogue fora, a não ser o que você quiser pegar. Quando terminar de dividir os montes venha cá que vou conferir tudo e cada coisa. E lave esse vestido que quero colocar ele agora.

Só quando ela disse essas palavras, eu percebi que a minha irmã postiça ainda usava um pijama. Não sei como vou conseguir lavar tudo tão rápido, quanto mais secar. Por sorte, o dia estava bem quente e o material parecia rápido para secar, talvez estivesse com sorte.

Eu ainda nem tinha terminado de escovar os dentes, e a lista de tarefas já era enorme. Fui correndo para começar a lavar. Deixei as roupas da Chloé perto do tanque para separar depois de lavar o vestido dela. Cuspi a pasta lá mesmo e fiquei sem terminar a escovação. Não ia pegar cárie já que não tinha comido nada ainda.

Eu não tinha o direito de comer nessa casa. Elas me deixavam com fome sem dó. A minha sorte era conhecer Chat Noir… Todo dia, à noite, nós jantamos juntos uma caça nossa, se não fosse por ele eu já teria morrido de fome. Ele sabe o quanto sou maltratada aqui e já me ofereceu ajuda várias vezes, mas em todas eu recusei. Resolveria sozinha esse problema.

Como eu queria que chegasse anoitecesse para vê-lo novamente…

Eu comecei a lavar o vestido de Chloé na velocidade da luz, portanto fiquei muito cansada quando eu acabei. Enquanto tudo secava, separei as roupas em pilhas de boas e velhas. Se ela aprovasse a minha seleção, eu poderia escolher qualquer uma das vestimentas da pilha das rasgadas para mim.

Depois que finalizei tudo, fui até o quarto de Chloé.

—Você demorou, Maridiota. Se continuar assim, vai acabar na rua. Já são 11 horas! - disse indignada – Vá no mercado e faça a minha comida e a da minha mãe. Você demorou tanto que deu tempo de fazer uma lista.

Eu só assenti em silêncio e me retirei.

Fui correndo para o mercado, de pijama mesmo. Não poderia demorar, tudo precisava ser exatamente igual a como elas me pediram pois não queria levar mais chibatada.

No mercado, obviamente todos olharam-me estranho. Mas eu não podia dar-me o luxo de importar-me. Fui para casa o mais rápido que pude para cozinhar, afinal depois teria que limpar tudo e ainda servi-las com o que mais quisessem. Já pediram muita coisa, acredite se confiar em minha narrativa.

Eu apareci com a comida e Chloé começou a implicar comigo alegando que eu tinha comprado não sei o que errado. Mostrei-lhe a lista, ela viu que estava tudo certo e mesmo assim mandou-me voltar. Depois foi conferir a divisão que fiz entre roupas boas e roupas ruins.

E assim o dia se seguiu, apenas mais um entre vários similares. Como sempre, eu não comi pois não possuía permissão para isso. Então quando deu meia-noite, eu estava faminta. Procurei alguma coisa para vestir para ver Chat Noir. Ao longo do tempo aprimoramos nossas fantasias conforme o nosso animal, deixando o jogo ainda mais interessante.

Adrien

Já não restava esperança alguma nenhuma de que o dia fosse ser legal. Apenas aulas chatas e nenhuma companhia, assim como o esperado. Mentira, nos últimos dias até que houve uma companhia. Lila, a duquesa. Meu pai percebeu que eu não gostei dela.

—Filho, eu sei que você não gostou da Lila, mas… - começou ele

—Mas pai, eu não quero me casar com ela. Eu prefiro me casar por amor! - afirmei

—Mas é uma ótima oportunidade comercial.

—Mas não de felicidade!

—Quer saber? Já chega! Você se casará com a duquesa e deu! - foi firme

—Mas pai… - foi quase um sussurro

E a discussão durou dias e dias e dias. Aquele, não foi diferente. Eu estava ansioso para que a noite chegasse e pudesse ver aquela que realmente amo. Não sabia seu verdadeiro nome, todavia intitulava-se Ladybug. Todo dia, ela me encontrava na floresta e tínhamos momentos mágicos.

Mal contive minha alegria quando finalmente a noite chegou. A vantagem de ficar sempre sozinho é que ninguém parecia perceber a minha falta quando sumia, portanto nunca tive problemas para fugir e ver Ladybug no meio do mato.

Marinette

Eu cheguei primeiro na nossa caverna. Era lá o nosso ponto de encontro, o único local o qual eu chamava de lar atualmente. Havia água estocada e flechas para caçar.

—Sentiu minha falta, My Lady? - e ele beijou minha mão educadamente como mandava a etiqueta

Revirei meus olhos, corada, enquanto puxava a mão.

—Mas é claro que não. - brinquei

—Então, vamos comer? - ele perguntou insinuador

—Aleluia, capaz de eu morrer de fome e você nem perceber. - falei um pouco grossa demais

—Elas não se cansam não? - seu tom era preocupado

—Não, nunca me deixam comer.

—Tem certeza de que não quer fugir comigo? - ele fez um sorriso sedutor, mas seu tom era sério

—Chat Noir, já disse que se eu precisar aviso.

—É que eu me preocupo com você. - foi sincero

—Obrigada – e eu dei um abraço nele

Não sabia quem ele era, mas sabia que podia contar com ele. Por isso que gostava dele.

Nós comemos dois coelhos que conseguimos pegar. Correção, que Chat Noir pegou, eu só levei os créditos porque ele era legal.

—Você nunca me falou sobre a sua vida enquanto eu dou muitos detalhes da minha. - disse curiosa

—Não se preocupe, logo saberá muito sobre mim. Afinal, moraremos juntos depois do casamento. - disse sorrindo

Eu corei muito quando ele disse isso.

—I-i-sso, n-n-unc-ca e-eu concor-cordar. - me embolei nas palavras de tanto nervoso

—Não ainda… My Bride. - afirmou antes de cair na risada

Eu corei mais ainda. Se ele fizesse o pedido, é claro que eu aceitaria, e ele sabe disso.