Século 19, Londres

POV Elsa

Era uma verdade universalmente conhecida que eu, Elsa Snow filha do Visconde de Arandelle, era a solteirona da temporada.

Aquela que fica sentada em todos os bailes assistindo aos outros dançar e que sempre sai para passear sozinha pelo parque.

Mas não se enganem, receber esse título foi escolha minha. Casar nunca foi minha vontade, porque que nós mulheres éramos obrigadas a casar e não poderíamos assumir os títulos que eram de nossos pais?

No início as pessoas achavam que era uma estratégia, fingir-me de difícil para atrair ainda mais propostas de casamento mas depois de eu ter recusado 5 propostas de casamento e recusado a todos os galanteios dos cavalheiros mais cobiçados da temporada aperceberam-se da verdade.

Graças a Deus meus pais não me obrigaram a casar como várias conhecidas minhas, eu não suportaria a ideia.

— Já se passaram quase vinte minutos em que estas com este livro na mão e não leste se quer uma página, o que tanto pensas? - Minha irmã me acorda dos meus devaneios.

— Nada Anna, só estou distraída. - Faço pouco caso da situação.

Anna sorri para mim e volta a bordar, na verdade volta a tentar bordar. Já que suas tentativas não dão tão certo assim.

Aquilo estava horrível, mas não seria eu a dizer-lhe.

— Como foi o baile de ontem? - Ela perguntou enquanto fazia uma careta para o tecido.

— A mesma chatice de sempre. - Murmuro na esperança de que mamãe não ouça, caso contrário terei de ouvir uma hora de discurso sobre palavras que lady's não podem dizer e talvez seja obrigada a ler o livro sermão para jovens ladies, o único tipo de livro que uma mulher poderia escrever.

Anna me olha decepciona e fico triste em não poder dar nenhuma outra discrição a ela.

Ela irá debutar esse ano e sente-se muito ansiosa apesar de já saber com quem quer se casar.

A nossa casa do campo, onde passamos grande parte do ano, ficava ao lado da propriedade dos Bjorgman.

Eles tinham dois filhos e o mais novo tinha se tornado grande amigo de Anna.

Kristoff e Anna brincavam durante o dia inteiro e voltam todos sujos e com grandes sorrisos no rosto, já naquela época prometiam casar-se.

O que era apenas uma brincadeira tornou-se algo sério com o passar dos anos, eles amavam-se.

— Mas não te preocupes, tenho a certeza que para ti vai ser uma maravilha. Todos vão amar-te. - Digo confiante, ninguém consegue resistir ao sorriso caloroso e simpatia de Anna.

— Espero que sim, mal posso esperar para debutar e assim puder finalmente me casar com Kristoff. Ah Elsa... eu o amo tanto.

Meu coração aquece ao ouvir as palavras de Anna, eu queria muito que ela fosse muito feliz.

— E sei que ele também te ama muito. - Eu não permitiria esse casamento caso fosse diferente.

Minha irmã a pessoa mais alegre e calorosa que eu já vi e não permitirei que nada tire essa luz.

Nem mesmo a preocupação de saber que Kristoff estava nesse momento num campo de batalha conseguia tirar o seu brilho, eles se comunicação por cartas toda semana e ele estava nas orações de todos os familiares dessa casa.

Anna deu um grande sorriso apaixonado e voltou a sua tarefa de bordar enquanto eu lia pela centésima vez o livro orgulho e preconceito.

Ler sempre foi meu refúgio, por mim passaria horas e horas lendo mas infelizmente minha mãe só permite que eu o faça nestas horas quando devo estar "ajudando" Anna com os bordados.

Segundo ela uma mulher que lê demais se torna uma mulher que pensa demais e isso não é bem visto pela sociedade. É uma completa injustiça mas não deixa de ser verdade.

Assim como obrigar Anna a bordar quando ela parece ter nascido com patas no lugar das mãos.

— Que tal se fossemos dar um passeio e deixássemos esse bordado para depois? - Sugeri após ouvir Anna dar mais um grito por ter-se furado com a agulha.

— Acho uma ótima ideia. - Ela concordou prontamente.

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O sol brilhava forte na manhã de hoje, o que era algo bastante incomum para o céu cinzento de Londres.

Anna parava em cada vitrine para admirar por isso andávamos muito lentamente.

— Vou entrar na livraria, nos encontramos no Hyde Park tudo bem? - Perguntei ao avistar a livraria aberta.

Anna apenas assentiu enquanto admirava um chapéu que era a última moda.

Quando entrei na livraria respirei alegre, o ar cheirava a felicidade.

Andei pelas prateleiras apenas tocando nas bordas dos livros e lendo os títulos.

Quando mais pequena sempre desejei abrir uma biblioteca, onde ninguém precisaria pagar para ler, todos poderiam passar horas num lugar tranquilo lendo.

Com o tempo essa loucura de criança foi acabando e hoje me contento apenas em ler e visitar livrarias.

No final acabei por comprar quatro livros e sai antes que caísse na tentação de levar mais alguns.

Quando cheguei na Praça logo vi Anna conversando com alguém que me fez revirar os olhos.

Hans Westergaard era um perfeito cavalheiro lindo, elegante, educado e chato muito chato.

Segundo as fofocas que eu acabei por ouvir ele é escocês e viveu lá metade da vida mas veio para a Inglaterra a alguns anos depois que o pai ganhou título de Marques devido a serviços prestados a coroa durante a guerra.

Ele é o segundo filho mas seu irmão morreu em um acidente por isso tornou-se o marques de southern islands.

Todos o consideram o melhor partido da época mas sempre que eu o via algo em mim parecia ficar em alerta. Como se alguma coisa estivesse errada.

— Lady Elsa. - Ele disse animado ao me ver, seu sorriso encantador poderia fazer qualquer mulher derreter-se mas não eu.

Dei um sorriso claramente falso e fiz uma pequena vênia.

— Lorde Westergaard. Já está na hora de irmos. - disse depois me virando para Anna.

— Acompanho-vos até em casa. - Ele ofereceu cordialmente.

— Não há necessidade, antes de ir para casa concerteza passaremos antes em algumas lojas o que seria claramente aborrecido para o senhor. - Como eu previa Hans fez uma pequena careta e logo concordou.

Logo nos despedimos e fomos embora.

— Quanta maldade. Não entendo como é que conseguiste recusar o seu pedido de casamento Elsa, o homem é um príncipe. - Anna comentou risonha.

— E eu não consigo entender como é que ele ainda não percebeu que não pretendo me casar com ele. Essa sua insistência em parecer simpático e cavalheiro é cansativa. - Reclamo rabugenta.

Ele havia me feito um pedido de casamento logo no primeiro ano de debute e meu pai quase me obrigou a aceitar mas consegui impedir ao dar a desculpa de que queria aproveitar um pouco mais os bailes antes de casar.

— No final acabamos por terminar o nosso passeio muito mais cedo do que o esperado. - Anna comentou quando chegamos em casa.

— Vamos avisar ao papai e a mamãe que chegamos. - Mando enquanto subimos as escadas.

— Não sei mais o que fazer. - Logo ouvimos a voz grossa de papai soar.

Pelo tom sério percebo que se trata de algum assunto delicado.

— Preciso que vás para a sala de estar melhorar os teus bordados Anna.

— Mas porque? Quero ouvir o que o papai está a falar. - Ela reclama.

— Sem birras Anna, eles estão apenas a conversar. Eu estou cansada por isso vou tirar um cochilo mas tu precisas treinar um pouco. - Meu olhar sério faz com que ela mesmo a contra gosto me obedeça.

Quando tenho certeza que ela já desceu as escadas e já está longe espreito pela fresta da porta.

Meu pai e minha mãe estão falando e ambos parecem preocupados.

Eles estão perto das janelas e por isso longe da porta e das prateleiras.

Abro a porta um pouco mais e silenciosamente entro na biblioteca e me escondo nas prateleiras para tentar ouvir melhor.

Quanto mais ouço mais meus olhos se arregalam e sinto meu coração bater cada vez mais forte.

Estamos com problemas...