Lady Elsa

O que eu queria ouvir


3 Anos depois

Mais um dia normal da vida de Lady Elsa, a não ser pelo fato dela ter-se tornado uma conselheira não muito prudente.

POV Elsa

— Onde está Hans? - Pergunto para nosso mordomo enquanto me dirigia a sala de jantar.
— Infelizmente ele disse que não estaria presente para o jantar e que a senhora não o espere acordado. -

Apesar de ter dito infelizmente ambos sabíamos que era exatamente o contrário.
Todos nessa casa ficam aliviados quando Hans não está presente. Para os criados porque poderiam fazer o trabalho deles sem serem pressionados a todo momento e para mim porque eu poderia jantar em paz.

Era uma humilhação para mim admitir que as melhores horas do meu casamento era quando meu marido não estava em casa.

O jantar passou normalmente e logo decidi ir dormir, eu não poderia fazer mais nada de qualquer forma.

Eu não tinha mais nenhum livro porque Hans tinha tomado todos e o último que eu tinha arranjado sozinha quando ele descobriu paguei o preço pela "rebeldia".
Eu me esforçava para não pensar muito nessas coisas porque se eu pensasse demais seria ainda mais difícil aceitar.

Me deitei e fechei os olhos tentando dormir mas o sono não veio no primeiro momento, ele nunca vinha.
Eu dormia sempre sobressaltada e atenta desde que tinha me casado, não se sentir segura na própria casa era um fardo pesado.

Depois de algumas horas o sono finalmente veio e me entreguei a ele de bom agrado, dormindo eu não pensava em mais nada.
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Acordei sobressaltada sentindo um barulho e me sentei rapidamente.
Quando olhei para os lados Hans estava deitado do meu lado me encarando.
— O que você está fazendo? - Pergunto sentindo meu coração bater desenfreado. Olhei para a janela e ainda era noite.

Nós dois graças a Deus dormimos em quartos separados, igual a maioria dos casais ingleses por isso era uma surpresa ele estar em meu quarto tão tarde da noite.
— Apenas admirando sua beleza. Fiquei com tantas saudades tuas meu amor, lamento por ter demorado. - Ele diz e me abraça.
Meu corpo fica tenso e rígido, dessa distância posso sentir o cheiro adoxssicado de perfume feminino e de álcool que emana dele e sei que ele estava me traindo.
Porque ele precisava me procurar se agora a pouco estava com uma de suas amantes?

Sinto vontade de vomitar quando ele me beija mas não o faço, apenas fico parada... como sempre.

— Me beije... - Ele pediu com a voz firme, por um momento não fiz nada mas quando suas mãos apertaram meu pescoço obedeci apesar do desconforto causado pela falta de ar. - Eu te amo.

Sua fala me enoja ainda mais e suas mãos em meu corpo fazem meus olhos se encherem de lágrimas por isso fecho os olhos para que ele não saiba.

Isso só o tornaria ainda mais violento.
Fecho os olhos e tento me imaginar em outro lugar, qualquer outro lugar longe daqui e desse monstro.
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O dia amanhece mas eu não tinha dormido nada. Eu simplesmente não conseguia dormir com as mãos dele rodeando minha cintura.

Aos poucos ele foi acordando e se levantou sem nem olhar para mim e só quando saiu do quarto pude respirar de verdade.
Me levantei apos alguns minitos imovel encarando o teto e chamei minhas criadas para preparar um banho.
— Já está tudo pronto. - Pauline me avisou depois de alguns minutos.

— E o Hans? - Perguntei.

— O Lorde saiu depois de tomar seu café. - Ela avisou e me olhou com pena, todos os criados me mandavam esse olhar constantemente.

Eu tinha aprendido a ignorar e fingir que não percebia, afinal sei que eles não o faziam por mal.

Mandei que ela saísse e despi minha camisola de dormir em frente ao meu espelho.
Fiquei alguns minutos me analisando no espelho e contando minhas cicatrizes.

Era meio que um ritual que eu fazia, não sei o porque.

Meu pescoço possuía marcas avermelhadas dos dedos dele, indicando o estrago dessa noite mas pelo menos elas desaparecerão com tempo.

Por outro lado a cicatriz que começava em minhas costas e só terminava um pouco acima do meu seio era uma marca permanente.
Ele tinha a feito quanfo estávamos no campo, porque Londres no verão se tornava extremamente quente e desconfortável, e ele tinha me encontrado passeando a noite pela biblioteca da casa.
Hans tinha acabado de voltar de um de seus passeios noturnos e ainda tinha seu chicote de montaria nas mãos e quando me viu admirando os livros não pensou duas vezes antes de me golpear, ainda de costas.
O chicote era longo e feito de um material extremamente duro, logo abriu uma ferida que era grande o suficiente para alcançar meu pescoço e quase chegar aos seios.
Aquela tinha sido uma das piores noites da minha vida mas eu logo descobri que viriam muitas outras e que me trariam outras cicatrizes.
Mas nenhuma no rosto ou nas mãos, ela não correria o risco de deixar que as pessoas soubessem e seu título de perfeito caísse.
Entrei na banheira interrompendo as memórias referentes a cada uma daquelas cicatrizes e tentei relaxar.

Quando sai chamei Pauline que me ajudou a vestir um vestido de manhã, da cor verde e fez um penteado no alto da minha cabeça.

Logo desci para o café e pude desfruta-lo sozinha até quase ao fim antes de Piers, o mordomo da família chegar a mim.

— A senhora tem visitas. - Logo me animei e me levantei apressada para ir ao seu encontro.

Quando cheguei na sala de visitas me deparei com uma cabeleira muito loura sentada me esperando.
Lady Rapunzel Riverchase era minha amiga desde sempre e continuava o sendo mesmo depois do meu casamento com Hans.

Ela era o meio de comunicação entre mim e Anna já que Hans concordara em ajudar financeiramente mas em troca proibiu que eu interagisse com minha própria família.

— Elsa, você precisa me ajudar. - Assim que me notou Rapunzel se virou e veio correndo até mim com os olhos brilhando de lágrimas não derramadas.

— O que aconteceu? - Perguntei preocupada mas já desconfiando do que se tratava.

Rapunzel mantinha um relacionamento secreto com o advogado de sua família a algum tempo e vivia em constante sobressalto para que não descobrissem, ela sabia que nunca aceitariam aquilo e que acabariam por prejudicar Flynn.

Como é que um Conde aceitaria que sua única filha se casasse com um simples advogado?
— Meu pai prometeu minha mão ao Lorde Campbell. - Senti um calafrio percorrendo minha pele ao ouvir aquele nome.

O homem era terrível, era um dos amigos de meu marido e constantemente mandava-me olhares que me enojavam.
Sei que se ela se casar com esse homem asqueroso compartilhará do mesmo destino que o meu.
— Eu sei que é meu dever me casar com ele mas quando vi o olhar de decepção de Flynn eu não consegui aguentar Elsa. Queria ter coragem para renunciar a tudo em nome do meu amor mas não sei se consigo.- Ela chorava em meu ombro e sei que esperava qualquer conselho.

De repente o Conselho que minha mãe havia me dado passou pela minha cabeça.
" As vezes ser corajosa não quer dizer lutar contra o destino que lhe prepararam mas aceita-lo e suporta-lo de cabeça erguida "
Aquele era o conselho que eu deveria dar mas em vez disso saiu outro completamente diferente:

— Sei que você ama o Flynn tanto quando ele te ama, por isso sei que encontrarão uma forma de resolver esse problema juntos. Mesmo se a solução for fugir e começar de zero em outro lugar, você é mais corajosa e forte do que pensa Punzie. - Apertei Rapunzel em meus braços e temi por ela.

Iria ser difícil para ela apartir daquele momento mas eu não poderia permitir que ela seguisse o mesmo rumo que eu, eu não poderia dar a ela outro conselho pois aquele era o que eu mesmo ansiava ouvir de minha mãe aquela vez.

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