Viajo sozinha com o meu coração

Não ando perdida, mas desencontrada

Levo o meu rumo na minha mão

Cecília Meireles

A decisão do divórcio estava tomada. Embora ainda amasse muito Edgar, não conseguia aceitar a relação entre ele e Catarina, mãe de sua filha. A dúvida de que eles poderiam ter algo era uma constante nos pensamentos da professora, assim, se a situação permanecesse, todo amor que sentia pelo advogado se esvairia, dando lugar a um sentimento aterrador: o ódio.

Afastar-se do amor de sua vida não foi fácil, mas, aos olhos de Laura, foi um mal necessário. O sofrimento foi grande para ambas as partes e mesmo sabendo que Edgar também a amava, a confiança que sentia estava destruída, e assim, o casamento desmoronaria.

Ao deixar a capital, Laura mudou-se para o interior do Rio de Janeiro. As burocracias do divórcio fizeram a moça permanecer na fazenda de sua família durante 3 meses – tempo que ela achou necessário para adaptar-se à sua nova condição de vida.

Ao final do primeiro mês, o dia da audiência para assinatura dos papéis da separação chegou, e com ele, a apreensão do reencontro com Edgar. Voltar ao Rio de Janeiro foi extremamente doloroso, mas nada se comparava ao olhar entristecido de seu amado. Encará-lo pela primeira vez após 4 semanas reabriu as feridas que ainda não haviam cicatrizado em seu coração, mas ela tinha que ser firme, por mais que seus sentimentos não tivessem mudado.

Após a concessão do divórcio por Edgar, as lágrimas rolaram pelo rosto da professora. Novas ondas de sofrimentos, memórias tristes e mágoas se apoderaram dela enquanto retornava para a fazenda.

A vida no campo era tediosa para a professora; sem poder trabalhar e sentindo falta das conversas ou da simples companhia de Edgar, a moça encontrou-se em uma devastadora solidão. Os empregados da casa, apesar de muito atenciosos, não preenchiam os vazio que Laura sentia em seu peito.

Em pouco tempo, a moça resolve partir. Entre os poucos contatos que tinha no interior, uma amiga de infância com parentes em Macaé informou-a sobre uma vaga para professores que abrira na única escola da região. Sem pensar duas vezes, Laura escolheu o destino de sua viagem.

Laura soltou uma gargalhada esperançosa e disse: Macaé, aqui vou eu!