O casal finalmente saiu do quarto da menina, combinavam felicidade e alívio pela aceitação pela criança que estava a caminho.

Ao fechar a porta do quarto, se abraçaram no corredor e tiveram seu primeiro momento de privacidade naquele dia.

Edgar balbuciou ao morder o lábio inferior da esposa: Morri de saudades de você hoje.

Laura sorriu retribuindo os beijos e carícias do marido enquanto davam pequenos passos rumo à porta do quarto de casal: Eu também morri de saudades.

Edgar: Sabe a parte que eu mais gostei do bilhete que você me deixou hoje de manhã? – disse afastando um pouco a cabeça para respirar.

Laura sorriu curiosa: Qual?

Edgar aproximou-se novamente dela e mordendo sua orelha respondeu: “Sua Laura”... “Minha Laura” – prosseguiu com beijos e mãos bobas.

Parados na soleira da porta, Laura afastou-se do advogado, buscando novamente um pouco de ar, olhou-o apaixonada e tentando controlar o desejo que a consumia, quebrou o ritmo dos quase inaudíveis gemidos que emitiam.

Laura ainda ofegante: Edgar, me dá um minutinho? Preciso fazer meu toalete...

Edgar puxou-a novamente para sim: Ah não, agora não...

Laura insistiu manhosa: Ai... Por favor, o dia foi longo hoje... – acariciou-lhe a barba – e eu to cansada, um banho vai me ajudar a descansar um pouco – sorriu calma e convincente.

Edgar pensou no bebê. Não queria que nada colocasse a gravidez da esposa em risco – “Mesmo que... Isso significasse não toca-la durante esse longo período...” – pensou ele reticente e penoso, mas sem demonstrar sua preocupação à amada.

Edgar juntou os lábios em um suplicante beicinho: Vai lá então, mas volta logo! Vou ficar te esperando.

Laura deu mais um beijo no rapaz e encaminhou-se logo para o banho. Ela não estava cansada, mas precisava preparar-se para a segunda parte de sua surpresa. Deixando suas roupas de lado, pegou uma sacola que havia pedido para Lurdes esconder no banheiro. De lá tirou uma belíssima camisola de seda branca, com rendas transparentes valorizando sua cintura ainda delgada; o decote era ousado para a época e ostentava seu colo alvo. Após colocar um penhoar que ocultava a sensualidade de sua roupa, prendeu seus longos cabelos em um belo penteado como há tempos não fazia. Percebeu-se então que estava demorando e apressou-se para o quarto.

Pegou na maçaneta e suspirou antes de abrir a porta. Edgar ouviu o barulho e posicionou-se frente à cama. Ao abrir a porta: as surpresas.

O quarto estava forrado de alecrins! Por todos os lados havia ramos e mais ramos. Cama, penteadeira, chão, criado-mudo. Para onde se olhasse, via-se a delicada loucura que Edgar fez questão de distribuir pelo cômodo. O aroma do aposento não poderia ser melhor. Quando os olhos marejados de Laura encontraram o marido, ele ainda segurava um buquê enorme da pequena flor.

Laura sorria e encarava-o um tanto quanto atordoada, mas Edgar não ficava atrás. Ele nunca havia visto sua esposa tão linda quanto aquela noite. Aquele penteado lhe caía bem e, sem saber como era possível, sentia-se ainda mais atraído por ela.

A professora fechou a porta e aproximou-se do marido. Ambos sorriam bobos. Pegando as florezinhas de sua mão, ela quebrou o silêncio.

Laura emocionada: Edgar! Não acredito, meu amor! Nosso quarto... Lindo! Lindo! – beijou-o seguidamente - Então era essa a surpresa?

Edgar: A que você ficou tão braba por eu não ter contado...? Aham! – sorriu ele fingindo-se de magoado. – Quando ficamos separados, eu disse que queria fazer uma lei pra acabar com todos os alecrins do Rio de Janeiro. Dessa vez eu trouxe todas elas pra você. Pra provar o quanto eu te amo.

Laura chorou timidamente: Meu amor! Se eu soubesse... – beijou-o ardentemente.

Edgar tirou as flores da mão da amada, colocando-as ao divã no pé da cama. Trazendo Laura para si novamente, arrastaram-se em direção à lateral da cama. O advogado conduziu os movimentos como uma dança e deitou a amada na cama, abrindo espaço entre as flores, pôs-se sobre ela.

Edgar: Surpresa! – brincou enquanto recomeçavam as carícias.

Laura riu, pois sabia que quem daria a palavra final seria ela. Tomando as redias da situação, rolou na cama, vencendo-o e ficando sobre Edgar.

Laura: Você não achou que a surpresa era só as bonecas da Melissa e o enxoval pro nosso bebê, não é?

Edgar olhava-a extasiado enquanto a moça abria calmamente seu penhoar e revelava sua camisola nova.

Edgar arregalou os olhos: Laura... – não sabia o que falar ou fazer por alguns instantes.

Laura aproximou-se, ficando face a face com o marido: Surpresa! – sussurrou.

Edgar perdeu o controle e beijou-a com mais ardor que nunca: Sua camisola é linda. Pena que você não vai precisar dela agora.

Os dois riram e começaram a despir-se. Amaram se vorazmente matando a saudade do dia que passaram afastados e aproveitando-se das surpresas que um havia preparado para o outro. Aos poucos a delicadeza do alecrim contagiava o casal, acalmando seus movimentos. Revezavam entre a avidez e a afabilidade madrugada adentro até adormecerem no envolvente bálsamo do alecrim.