Laura e Edgar terminam de se arrumar e descem para tomar café. Matilde os aguardava na sala preocupada já que passava bastante da hora normal do café.

Laura e Edgar: Bom dia Matilde.

Matilde: Bom dia D. Laura, Dr. Edgar. Pensei que não iam tomar café hoje. Já estava pensando em tirar a mesa.

Edgar: Realmente nós nos atrasamos um pouco mas está tudo bem Matilde, pode servir, nós temos um pouco de pressa.

Os dois se sentam. Pálida, Laura encara a mesa e o cheiro forte do café que sai do bule tentando controlar o súbito mal estar que a assola. Apercebendo-se de que a esposa não está bem, Edgar se levanta e a ampara.

Edgar: Laura, o que foi? Você está se sentindo bem meu amor? Está pálida, suas mãos estão geladas.

Laura: Preciso sair daqui. Me ajuda a levantar Edgar, estou um pouco zonza.

Edgar acomoda Laura no sofá e chama Matilde que corre ao ouvir o chamado agitado do patrão.

Edgar: Matilde pegue um copo de água p´ra Laura, por favor. Rápido! O que é meu amor? Diz alguma coisa. Você não está passando bem? É melhor chamar um médico, seu pai, alguém p´ra te examinar.

Laura: Não, não precisa chamar ninguém. Já estou me recuperando, não foi nada meu amor. Deve ser o cansaço de uma noite mal dormida. Coma alguma coisa e vamos logo. Temos muitos assuntos a resolver hoje.

Laura recupera lentamente as cores rosadas. Depois do susto superado ambos saem para comprar as passagens de navio e avisar aos mais próximos que ficarão ausentes por algumas semanas.

Alguns dias depois está tudo pronto para a partida. Edgar havia enviado outra carta para Catarina avisando que estava indo a Portugal mas, com a concordância de Laura, achou melhor não falar que iria acompanhado. Celinha, Guerra e Isabel se despedem dos dois no porto.

A viagem prossegue calmamente apesar dos muitos enjoos e sucessivos desmaios de Laura. O médico a bordo fez um diagnóstico baseado na viagem reiterando que as más disposições da jovem se deviam ao balanço do navio e ao fato de não estar habituada a tais viagens. Contudo, a preocupação de Edgar crescia de dia para dia e os dois combinaram de procurar um médico assim que o navio aportasse em Lisboa.

Duas semanas depois de zarparem do Rio, Laura e Edgar chegam a Lisboa. Decorria o mês de Janeiro, pico do Inverno, e o frio se fazia sentir com firmeza. Chegados ao hotel se acomodaram num belo quarto com vista privilegiada para o Tejo e desfizeram as malas.

Edgar: Estou exausto. Você precisa descansar Laura. Depois dessa viagem agitada é melhor dormir um pouco. Vou descer na receção e pedir um médico para te examinar amanhã. Aproveito e mando entregar um bilhete a Cata…. à mãe da Melissa avisando que já cheguei.

Laura: ´Tá mas não precisa ter pressa em chamar o médico, já estou bem. O médico do navio deve ter razão, era mal estar da viagem. Vou tomar um banho e te espero. E não se esqueça, não mencione meu nome no bilhete. Vamos ver quem é de verdade essa mulher.

Edgar desce e faz o combinado. Pede um médico com urgência para examinar Laura e manda entregar o bilhete onde se pode ler:

Catarina, acabo de aportar em Lisboa como prometido na última carta que lhe enviei. Espero você amanhã pelas 15 horas no hotel Aviz com Melissa.

Cumprimentos,

Edgar Vieira


Cansado da viagem e nervoso com o encontro do dia seguinte, o advogado sobe para o quarto onde Laura o espera ansiosamente para, nos braços um do outro, passarem aquela que seria a última noite como uma pequena família de apenas dois membros.