Lacrimosa

As meninas e os guardas


De um jeito ou de outro, entretanto, os desforços do Padre Kiyoteru não se mostraram de todo supérfluos. Seja por sincera e natural curiosidade pela figura do padre, seja por simples vontade egocêntrica de ganhar mais medalhões de santos, o fato é que Rin retornou àquela mesma igreja no dia seguinte – e no dia depois deste e no outro logo depois e sempre que podia.

Na religião e seus dogmas, Rin não oferecia demorada atenção, tampouco dava-lhe notável crédito. Mas o Padre Kiyoteru se alegrou por descobrir que ela sabia fazer o santo sinal corretamente, além de conhecer de cor o Pai Nosso e a Ave Maria. No mais, já que Rin ignorava se era ou não era batizada, ele decidiu por realizar a sagra de qualquer jeito. Não havia problema se fosse repetido; que a criança ficasse com dois batismos na conta. Era melhor que deixa-la correr por aí pagã, sem um pedaço de Céu.

E conversava com Rin, ficava a par de sua história, rápido criava carinho por ela. Quando parava pra pensar nesse começo de amizade, via que não havia de ser, não podia de ser diferente. Rin era um desafio: dormia nos sermões, desobedecia às freiras, birrava fácil. Porém tinha riso frouxo, aprendia sem nem tentar, era habilidosa com linha e agulha. Além do mais, o Padre Kiyoteru jamais esperou facilidades ao aceitar seu ofício sagrado. Até o fim, nunca ergueu a voz nem se impacientou.

Ele bem conhecia, conhecia melhor do que muitos dos dirigentes da cidade, a vida, o cotidiano do tipo de Rin, os meninos de rua. Acompanhava bem de perto suas privações e tinha ciência dos seus pecados recorrentes, dos seus furtos e sua degeneração precoce. Rin ele poderia corrigir, tinha de corrigir.

Esperava que o tempo agisse em seu favor, botasse juízo naquela cabecinha antes que fosse por demais tarde. Não importava que, no momento, ela risse desavergonhada quando ele questionava onde ela arranjara aquela comida ou esse vestidinho novo. O padre Kiyoteru sabia que ela surrupiava; é claro que surrupiava! Tinha ela outra opção além de surrupiar, meu Deus?

E a pobre alma até que tentava melhorar, triste por decepcionar o padim. Confessava pouco depois o afano, dizendo que não fazia por mal. Padre Kiyoteru mandava que se arrependesse e rezasse frente ao altar. Era sempre assim, e ficavam amigos de novo, os dois.

Com o passar dos meses, o Padre Kiyoteru conseguiu das casas mais abastadas da cidade que alguns moradores mandassem para igreja peças de roupas rasgadas para que Rin cosesse. Aquelas meias e camisas que não exigissem o olhar mais perspicaz de um alfaiate ou costureiras experientes, que custam tão mais caro e fariam parecido serviço. Por esses meios, Rin foi juntando umas poucas moedas, que escondia dentro da igreja. E gostava do cheiro, do peso e da textura do metal. Gostava mais ainda do barulho que ele fazia, do tim tim tim que o dinheiro faz quando encosta em outro dinheiro.

As freiras aconselhavam que usasse uma parte para comprar víveres e que economizasse outra para “ocasiões futuras”, ocultando todas que em verdade se referiam a uma tentativa pálida de dote de casamento. Contudo, infeliz ofício, nem sempre Rin conseguia uma quantidade relevante de capital para conseguir sequer fugir da vida de ladra, quanto mais guardar fração dele.

De fato, não mais que o padre as freiras se preocupavam com um possível matrimônio para Rin. O Padre Kiyoteru temia pelo destino dela, tanto que o mero pensamento nesse futuro incerto fazia-o sentir vazio na barriga por um instante, nervoso tal qual um pai zeloso.

Isso porque, menina ainda, mas de cabelos cor do ouro e faiscantes olhos azuis, nariz fino e figura esbelta, devia decerto ser um dos produtos da chegada daqueles estrangeiros na baía, bem perto das moradas dos menos favorecidos da cidade. Neta ou bisneta d’algum alemão ou holandês, sem dúvidas, sem dúvidas. E o resultado disso o padre já sentia nos olhares com os quais os marinheiros esmagavam a figura juvenil de Rin, seus membros magros e seu rosto corado de sol forte, enquanto ela, alheia, ria e puxava da boca do Leão um pedaço de galho que este desenterrou.

E o Padre Kiyoteru, ruborizado e horrorizado, olhava feio para aqueles homens de barba feita e cabelos já cinza, agarrando a mãozinha de Rin e pedindo para que ela se apressasse e que “ajeitasse a alça do vestido, pelo amor de Deus”. Dizia sempre que nunca mais iriam passear pela praia, e que ela escolhesse um lugar melhor. Mas Rin cresceu perto da praia e gostava do mar e da areia e dos vira-latas e dos barcos e o padre não conseguia dizer não.

De qualquer modo, Rin tinha doze anos quando o Padre Kiyoteru pediu que não andasse sozinha pela baía dos pescadores, que não aceitasse nada de homens mais velhos – nem comida, nem dinheiro, nem proteção –, que aceitar coisas deles era pecado mortal. Que o pecado da carne era mortal. Então Rin, que ainda não conseguia bem juntar as peças do quebra cabeça e compreender totalmente a razão do padre associar o pecado da carne com os pescadores, dizia assim mesmo que havia entendido e que não faria nada daquilo.

Dessa forma, um marido era imprescindível. Não era possível que não houvesse em toda cidade um rapazola filho de pescador ou estivador que não fosse carinhoso e disposto a a começar família séria, sobre a benção de Deus, que trouxesse todo dia peixe e pão para a esposa e os filhos comerem, que protegesse Rin da fome e, mais importante, dos pecados.

No mais, assim, assim se ia, devagarinho, os dias gotejando, a imitação de infância de Rin, vendo de perto a fome e a morte ao mesmo tempo em que ainda brincava de cantigas de roda com as outras meninas esquecidas por Deus.

Num dia desses, com o sol característico da cidade encostando sua superfície morna nas ruas e nas pessoas, com um vento quente feito bafo de animal grande, Leão fiel correndo o quanto suas patas permitiam no encalço dos calcanhares de Rin, ela guinou num salto em direção à igreja da Praça Pequena e gritou em meio a risadas:

— Padim! Padim! Dê aqui meu dinheiro que o homem da camisa prometeu!

Mas foi uma das freiras quem surgiu no pórtico, muito carrancuda e irritada com a barulheira criada sem motivo. Segurava um terço, passando as pequenas contas por entre os dedos como se soubesse rezar até mesmo enquanto ralhava com crianças malcriadas, e as rugas em redor de sua boca ficavam mais fundas a cada segundo.

Silence, pour l’amour de Dieu! Vous n’êtes pas un animal!— a freira massageou as têmporas – O Padre Kiyoteru foi ter com o Bispo que veio em visita. Que queres? Fale com calma!

— O Padim me disse que o homem da camisa ia entregar meu dinheiro hoje. De manhã – Rin conseguiu desembuchar em meio à respiração acelerada, mãos apoiadas nos joelhos ralados.

A irmã mastigou alguma reclamação e mandou que Rin esperasse nos batentes da entrada mode ela não atrapalhasse a oração de umas moças bem vestidas que, na ausência do padre pra guiar missa, contentavam-se em ajoelhar e pedir coisas a Deus sozinhas. “E nada de mendicância pras fiéis que iam saindo, que ela estava de olho vivo!”. Rin fez que sim e sentou-se de pronto na escada calorenta com a cabeça de Leão em seu colo.

Era regra que ela só podia aparecer quando a igreja não estivesse muito cheia. O Padre Kiyoteru e as freiras inventavam que era com o objetivo de suas aulas de catecismo serem mais cômodas, menos cheia de distrações. Todavia, Rin já sabia que em verdade os homens ricos que davam dízimos gordos não gostavam de olhar para ela. Ela os fazia se sentirem mal, desconfortáveis como com uma pedra nos sapatos de couro. E se Rin se concentrasse bastante nos detalhes, poderia enxergar em grande parte deles uma camisa ou uma meia que ela consertara havia pouco tempo.

— Aqui está – a freira retornou com uma bolsinha com moedas dançando dentro – Metade eu já guardei no seu potinho lá dentro. E o Padre Kiyoteru mandou avisar que irão entregar mais duas camisas amanhã. Atente e venha costurar, que é um senhor muito bem de vida e que quer para semana que vem, já, já.

Rin agarrou ávida a bolsinha e meteu a dar risada com a notícia da nova encomenda:

— Êh, posso apostar que são do dono da sapataria ali da esquina. É sim, não é? Estão dizendo por aí que a mulher é braba que só ela! Que meteu-lhe a surra quando soube que ele andou se engraçando com as moças da vida do porto. Chegou a rasgar as roupas dele no meio da pancadaria, pelo que espalham agora. Vai ter sangue nas camisas, irmã? Falaram que ela saiu gritando que ele devia pegar as moedas que gasta com sem-vergonhices e enfiar no – mas a irmã apertou seu braço com força antes que terminasse e a carregou para longe da entrada da igreja. Ficou vermelha de ódio e virou-se rápido para ver se alguma das damas ouvira o linguajar grosseiro.

Mon Dieu! Mon Dieu! Une petite fille en train de parler comme un homme grossier! — a freira se benzeu – O Padre vai saber disso! Fora! Ande! Ande! Queres que eu te tome o dinheiro?

Rin se desculpou, mas sem sentir muita culpa de verdade. Afastou-se ainda mostrando os dentes em sorriso porque tinha fome mas também tinha moedas para pagar pela saciedade. Enveredou para o Mercado Central muito cheia de si, ombros jogados para trás e olhos enxergando lá na frente. Parecia que tinha nas mãos todas as riquezas do mundo miraculosamente escondidas numa bolsinha miúda. Leão ia ao seu lado no mesmo passo vacilante de sempre, alheio como de hábito ao ordenado precioso e seguindo apenas sua natureza que o mandava acompanhar a dona.

No mercado ela parou e olhou em redor, escolhendo com bastante cuidado. Fazia questão de andar no meio da multidão, entre os senhores de chapéu, os empregados descalços fazendo compras para os patrões e os vendedores com um cacete no ombro, com galinhas ou peixes pendurados de cabeça para baixo. Queria que a vissem, bem ali, no meio do furacão humano, com dinheiro para gastar, igualzinha a qualquer um deles.

Ali, naquela hora, Rin não era ladra e não andava de ladino, não se ocultava, curvada sobre si mesma, atrás de caixas ou de cabras que berravam alto.

E foi marchando direto para uma vendinha reconhecida de olho. Esperou na fila como todo mundo. Apontou para o que queria como todo mundo. Botou umas moedas no balcão como todo mundo. Agradeceu o pacote que o homem entregou como todo mundo. E quase não conseguiu deixar encoberto o humor que fazia cócegas em sua barriga quando percebeu que o vendedor grande e ocupado a olhava desconfiado, sua memória apenas arranhando a lembrança da ocasião em que Rin lhe furtara, uma semana antes.

Rin lembrava; escolhera-o por força exata disso. Era uma massagem em seu ego da qual ela não saberia se privar.

Então foi-se satisfeita encontrar com o Leão, balançando o pacote de carne salgada, ossos, farinha e doce duro para lá e para cá, tal qual um pêndulo. Abrigaram-se os dois num beco ali perto; Leão mastigando ossos e Rin colocando o resto na boca depressa, engasgando-se aqui e ali. No fim ela meteu como pôde o restante de doce num dos bolsos do vestidinho e a bolsa de dinheiro no outro.

Não obstante, talvez houvesse sido para o melhor se Rin tivesse escolhido esconderijo diferente. De lá, daquele beco, conseguiu ver uma fresta da Praça Central, aquela verde e fresca Praça Central, cheia de estátuas, escadas de pedra e fontes de mulheres nuas esculpidas com esmero jorrando água que o vento levava para esfriar as folhas das árvores pesadas de frutos maduros.

Mas a perdição não estava nas sombras boas das árvores ou nas impressionantes peças de mármore que imitavam animais diversos. O que atraiu de fato Rin para dentro da Praça Principal, cada vez mais fundo no meio daquela riqueza, foi a presença até então desconhecida de meninas de mais ou menos a sua idade, jogando jogos e conversando conversas que ela não compreendia.

Rin arregalou os olhos e sentiu a respiração abandonar os pulmões por um tempo. Tinha visto já meninas ricas segurando a mão dos pais de vez em quando, na igreja e perto do mercado. Mas nunca, jamais, imaginou que as meninas ricas se reuniam assim, amigadas, carregando guarda chuvinhas e bonecas mimosas por aí, brincando livremente sua ciranda.

Apenas agora reparou seus vestidinhos bonitos de bordado, seus chapéus elegantes com fitas ou flores protegendo o rosto do sol forte, seus sapatinhos envernizados e novos fazendo barulho no chão. E os brinquedos! Os bloquinhos de madeira, as cordas de pular, as bonecas de pano e cabelos de lã, as bolinhas de vidro que colidiam umas com as outras no meio de um círculo desenhado na areia, os cavalinhos de pau com suas rodinhas!

Então tudo naquelas meninas lhe apareceu como envolto numa auréola divina de luz: desde seus passinhos leves de bailarinas até suas vozes aveludadas e educadamente baixas, se comunicando quase em sussurros delicados. E Rin sentiu frio na barriga, e vontade de ir para lá pular sua amarelinha, correr seu pega-pega, falar baixinho em seus diálogos de mocinhas finas. Vontade enorme de ter para si um pouco dessa luz também.

Engoliu o que havia na garganta vazia; recapitulando o momento posteriormente, chegou à conclusão que nem se lembrava de ter mandado Leão esperar, nem se lembrava de ter cruzado ligeira o caminho que a separava daquelas criaturas tão diferentes e maravilhosas, nem se lembrava das primeiras coisas que falou como saudação.

Lembrava-se, entretanto, da forma como as meninas recuaram, sem tirar os olhos medrosos dela; da forma como foram colocando um pé atrás do outro devagar, aumentando a distância polidamente, como se Rin não fosse sentir o cheiro do pavor; da forma como as mais velhas foram puxando as mais novas pelas mãos; da forma como elas viraram o rosto buscando com o olhar os adultos não muito longe dali, num pedido mudo de socorro.

Logo Rin baixou a cabeça, e pegou do chão uma boneca de faces rosadas que alguém havia deixado cair no susto. Penteou os cabelos vermelhos de pelúcia com os dedos sujos ainda da última refeição e esticou o braço em sinal de paz, oferecendo o tesouro esquecido de volta à legítima dona, quem quer que fosse no meio da multidão acuada. E começou a sentir o sangue correr mais forte pelo rosto e pelo pescoço quando viu que ainda assim as outras meninas não lhe davam resposta.

Mas qual era o problema afinal? Rin não tinha a idade delas? Não queria brincar com elas? Não pagou por seu almoço como todo mundo? Hoje não estava de ladra! Hoje ela era como todo mundo! Recolheu o braço, sentindo o chão faltar e o mundo girar confuso. Sentia vergonha e não entendia mais nada.

Foi aí que escutou adultos gritando, e o som de botinas pesadas batendo no chão. Em algum lugar de sua mente sabia que os pais das meninas, afastados para um pouco além das árvores, chamaram a poliça, mas não conseguia tirar os pés do canto em que estavam, respirando descontrolada e sentindo o coração desenfreado chutar o peito. Soltou um gemido antes de lhe arrebatarem a boneca das mãos e a atirarem no chão.

— Epa! É ladrona! É ladrona!

Veio o gosto de terra e a surra choveu como um banho duro. E ela pôs os braços em redor da cabeça mas eram dois e tinham porretes e tinham vozes e palavras ásperas. E Leão latiu e ganiu e gemeu, mas não mordia ninguém porque era um medroso; sem serventia para defender.

Assim, Leão correu desesperado praça afora, gritando parecido com gente humana, latidos prolongados e finos. As pessoas nas ruas se impressionavam e o deixavam passar, não conseguindo achar razão para tamanho escândalo. E ele atravessou ruas sem direção certa, pedindo ajuda da única forma que sabia e mesmo assim não despertando a solidariedade de ninguém.

Mas nessa carreira acabou que Leão passou por um cheiro conhecido. O Padre Kiyoteru, findada a reunião com o bispo, buscava por aquelas regiões um pintor que aceitasse reformar a imagem de Jesus numa das paredes de sua igreja. Ele avistou o cão amarelo, gemendo e fazendo estardalhaços, e deu por falta de sua inseparável companhia pequena e loura. As mãos do padre gelaram de forma automática, prevendo o pior do choro do animal. Abandonou a conversa que travava com qualquer um pela metade e correu para Leão, deixando a batina se arrastar descuidadamente na sujeira da rua.

Acelerou o passo, seguindo Leão impacientemente, um misto de náusea no ventre e leveza na cabeça que o pânico causava. Por que o cão não se apressava? Onde, por Deus, teria Rin se metido? Cruzou como um fantasma as ruas e os becos que levavam à Praça Principal.

Aproximando-se o suficiente da pequena multidão que se formou no parque, no entanto, não careceu mais da guia de Leão. Qualquer um conseguiria deduzir o que havia pelo som de golpes e berros dos guardas. Furou com dificuldade a parede feita de gente e roupas, pulando esbaforido e apartando os dois policiais da criança caída.

— Ora, parem já com essa brutalidade sem precisão! – o Padre Kiyoteru botou pra fora por entre respirações – Ai! Minha filha, olhem o que fizeram com ela! Tão menina, meu Deus!

E os guardas se olharam sem entender. Onde já se viu padre nenhum tomar nos braços, tão sentido, mendiga ladrona? E o Padre Kiyoteru tirou com carinho um lenço da batina e tratou de limpar o sangue do rostinho inchado de Rin.

— Pois perdão, seu Padre – um dos guardas começou, sem jeito – Se a gente soubesse que o senhor seu Padre gostava da bichinha a gente não nem teria batido assim sem mais nem menos...

— Qual! Já bateram, mesmo! – o Padre Kiyoteru se pôs por demais irritado – Vão-se embora! Já! Já! A coitadinha nem consegue respirar direito, olhem só!

Rin de fato tossia tosse cheia, incapaz de abrir os olhos direito. As mãos se abriam e fechavam a muito custo. Sentiu o focinho gelado de Leão lhe encostando o braço, mas não pôde alcançar seu pelo endurecido com o braço roxo de hematomas. Apenas quando se acalmou no colo protetor do padre foi que os olhos voltaram a abrir.

Mexeu a cabeça pesada vasculhando em redor. Não havia mais poliça, nem multidão, nem adultos ricos, nem meninas ricas, nem brinquedos. Havia, em lugar disso, dor bastante real em toda parte, no corpo todo.

É ladrona! É ladrona! Recordou, magoada.

E virou um pouco a cabeça para baixo, espiando as próprias roupas. Tomou um susto com o vestidinho empapado de vermelho, grudando na pele. Queria desviar as vistas, mas não conseguia, tornando-se cada vez mais ciente do cheiro e do sabor de metal. Aquele era todo sangue seu, meu Deus?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.