La Usurpadora... a história continua

Um outro olhar sobre Paola Montagner


Em poucos minutos, a ambulância havia chego e levado Carlos Daniel ao hospital, assim que chegou o levaram para a sala de cirurgias, Paulina e Vovó Piedade ficaram na sala de esperas aguardando notícias.

– Hay vovó eu não aguento mais isso! – Desabafou Paulina aos prantos abraçando a vovó Piedade.

– Calma minha filha, tudo vai ficar bem, meu neto é forte ele vai sair dessa. – Vovó tentava acalmar Paulina.

– Sim vovó vamos confiar em Deus, mas não me refiro só ao Carlos Daniel e também a Paola, ela está disposta a tudo para voltar a Mansão, ela ameaçou os meus filhos, e eu não posso permitir que ela faça nada contra eles. – Disse Paulina séria limpando suas lágrimas.

– Paola sempre foi uma louca, uma hora ela tem que cansar e viver a vida dela, mas filha você parece decidida, o que pretende fazer em relação a isso? – Perguntou Vovó Piedade aflita.

– Vovó, a senhora não sabe como me dói ter que dizer isso, mas eu vou embora da Mansão Bracho, é a única solução.

– O que? Não Paulina você não pode fazer isso, e os seus filhos, e o meu neto? Você vai abandoná-los só para ceder a um capricho da Paola? Você acha mesmo filha que eu vou permitir que aquela malvada volte pra nossa casa?!

– Hay vovó eu não sei o que fazer, sinto que vou explodir, se eu for embora levarei Gabriela e Fernando comigo pois eles são os mais pequenos e precisam mais do meu cuidado, mas vai me partir o coração ter que deixar meus anjinhos, mas eu não vejo outra saída, não posso correr o risco de a Paola tentar algo contra meus filhos. E também tem a questão do casamento, por lei a esposa do Carlos Daniel é ela e não eu.

Vovó Piedade preferiu não discutir com Paulina, pois ambas estavam aflitas demais com tudo o que estava acontecendo.

Carlos Daniel estava sendo operado pelo Doutor Varella. 1 hora depois, ele foi até a recepção onde estavam Paulina, Vovó Piedade, Patrícia e Estephanie que assim que souberam foram correndo para lá, já que Rodrigo e Miguel estavam cuidando da fábrica.

Assim que Paulina viu o doutor levantou-se rapidamente e foi em sua direção.

– Doutor, por favor, como está meu marido? – Perguntou aflita e com lágrimas escorrendo por sua face.

– Senhora Bracho, por sorte o tiro foi apenas de raspão, fizemos uma cirurgia para retirar a bala e correu tudo bem, a bala atingiu o abdome, mas felizmente não deixou nenhuma sequela.

– Graças a Deus, se algo pior tivesse acontecido eu... – Paulina nem conseguiu terminar a frase, estava chorando muito, um choro de alivio e ao mesmo tempo de medo e raiva.

– Eu sei que é difícil, mas a senhora tem que se manter calma, daqui a meia hora quando passar o período de observação e o efeito da anestesia já podem ir vê-lo e a senhora vai poder se tranquilizar ao ver que ele está bem. – Disse o Doutor Varella acalmando Paulina.

– O senhor está certo doutor, muito obrigada de coração. – Falou Paulina sinceramente, em seguida foi informar ao restante da família que também estavam preocupados, sobre o estado de Carlos Daniel.

Enquanto isso, Paola ao sair da mansão Bracho após dar o tiro em Carlos Daniel, dirigiu o mais rapidamente que pôde até chegar ao hotel, trancou-se no quarto, e deitou em sua cama, estava arrependida e chorando muito.

– Hay o que eu fiz? Eu atirei no único homem que eu realmente amei em toda minha vida, sim eu amava o Carlos Daniel, me casei apaixonada o problema foi o estilo de vida dele, principalmente a família que me deixaram sufocada naquela mansão, eu que sempre fui livre, que amava viajar não conseguiria viver daquela maneira, eu ia enlouquecer ou entrar em depressão, os amantes foram consequência disso, eu sempre chamei muita atenção onde passava, sempre tive todos os homens aos meus pés, por que não aproveitar, não é?! Eu não sou uma pessoa má, a vida me fez assim fria, egoísta. Meus pais adotivos sempre me deram tudo, menos o que eu mais precisava, amor, carinho e atenção, cresci sendo uma menina mimada e fui ficando cada vez mais caprichosa e me tornando uma pessoa sem escrúpulos, que passava por cima de quem fosse para conseguir o que queria. Até que conheci Carlos Daniel, ah com ele sim eu descobri o que era o amor verdadeiro, eu aprendi a amar de verdade e senti como era maravilhoso ser amada. – Falava para si mesma, relembrando de seus momentos com Carlos Daniel e sentindo uma imensa culpa por ter feito tudo que fez.

– Me lembro do nosso 1º encontro que teve também o 1º beijo...

FLASHBACK - PAOLA NARRANDO...

Foi em umas das minhas viagens para Acapulco, estava hospedada no melhor hotel da região, tinha 20 anos na época, estava com uma amiga. À noite teria uma festa realizada pelo hotel, passamos a tarde fazendo compras, tínhamos que estar impecáveis como sempre, naquele evento, não sabia o porquê, mas algo dentro de mim me fazia querer que eu me arrumasse divinamente que algo de muito bom talvez acontecesse naquela noite. E assim o fiz, coloquei um dos vestidos que havia comprado, ele era fabuloso, sua cor era vermelha, minha preferida, ele era curto na frente, um pouco acima do joelho, o decote era frente única com uma leve abertura em forma de gota na região dos seios, atrás ele era aberto, e perto da cintura tinha um caimento, a parte de trás era comprida para dar um charme, para acompanhar optei por uma sandália preta com salto agulha não muito alta, afinal eu já tinha uma altura suficiente, meu cabelo foi arrumado por um cabeleireiro do hotel, ele era um pouco mais comprido do que hoje em dia, mais ou menos na altura do colo, ele prendeu parte do cabelo, fez cachos e um penteado de lado, para dar evidência ao decote das costas do vestido, e para completar colocou uma tiara com vários detalhes em pedras (estilo as tiaras da Emperatriz), e para finalizar o look, a maquiagem claro, nos olhos fui mais discreta passei somente um leve delineador e preferi dar destaque ao batom vermelho, que desde sempre me encantou.

Minha amiga Laura estava usando um vestido preto, longo e de renda, era tomara que caia, ela tinha cabelo preto na altura da cintura, preferiu ir com ele solto, na maquiagem destacou bem os olhos que eram azuis e na boca usou um batom nude, optou por uma sandália prata para combinar com sua bolsa. E assim nós fomos para o salão principal onde seria a festa, todos os convidados estavam bem vestidos, parecia um baile de gala, ao descermos a escada que dava acesso ao salão todos os olhares se voltaram para nós, eram os mais variados tipos de olhares desde os invejosos das outras mulheres até os olhares cheios de desejo e cobiça dos homens. Mas em meio a tantos olhares um em especial me chamou a atenção e me fez parar no meio da escada, ele era lindo, parecia um príncipe, seus olhos e cabelo castanhos, era alto, forte másculo, e tinha um cavanhaque que me deixou louca, fiquei paralisada apenas observando a forma com que ele olhava para mim, ele estava próximo ao bar com um copo de champanhe na mão, Laura percebeu a situação e discretamente falou em meu ouvido.

– Paola vamos descer, todo mundo está olhando para a gente.

– Han?! Sim tem razão. – Disse sem desviar o olhar daquele ‘Deus Grego’ e ainda um pouco desnorteada.

Ao descer, fomos direto para a mesa que estava reservada para nós. Bebemos, dançamos e por mais que procurasse não conseguia encontrar aquele homem que apenas com um olhar mexeu tanto comigo. Muitos homens vinham dançar comigo, porém ignorava todos, já estava ficando irritada porque o homem que realmente eu queria tinha sumido, até que tocou uma das minhas músicas preferidas e comecei a dançar como se não houvesse amanhã, de repente senti umas mãos fortes segurarem com precisão na minha cintura, ele se aproximou do meu ouvido e falou quase como um sussurro:

– A senhorita me deve uma dança! –Disse ele me virando de frente e em seguida olhando no fundo dos meus olhos.

Sim era ele fiquei sem ar, não sabia direito o que falar, então apenas entrelacei meus braços em volta do seu pescoço e sem desviar o olhar do seu falei:

– Por que eu estaria te devendo uma dança queridinho?

– Porque você é a mulher mais bonita da festa, aliás, a mais bonita que eu já vi em toda a minha vida. – Disse ele calmo em um tom apaixonante, enquanto nos movíamos pelo salão.

Ao ouvir aquilo perdi o chão, já tinha ouvido isso muitas vezes, mas aquela era diferente, especial e eu não entendia bem o porquê, mas tinha que manter a aparência, não podia aparentar que ele estava mexendo comigo daquela maneira, então somente dei um sorriso. Assim que ele apareceu começou a tocar uma música romântica e com uma pegada enlouquecedora ele me puxou para mais próximo dele e nossos corpos ficaram colados. Não dissemos nenhuma palavra, nossos corpos iam sendo guiados pelo ritmo da música, assim que parou de tocar, ele me guiou até uma mesa mais reservada, e lá todo cavalheiro puxou a cadeira para eu me sentar e pediu ao garçom que trouxesse um champanhe especial para nós. Ao ver sua atitude perguntei:

– Posso saber ao que vamos brindar?

– Claro, vamos brindar a essa noite mágica, a essa festa que está perfeita e ao nosso encontro que eu sinto que não foi pura casualidade e sim destino. – Disse ele com um olhar intenso.

Você acredita em destino? – Perguntei provocando-o.

Normalmente não, mas assim que te vi descendo aquela escada meu coração disparou e senti uma coisa especial que não sei explicar, pode parecer besteira, mas eu sinto que nós vamos nos encontrar novamente. – Falou ele pegando na minha mão e me fazendo perder o chão.

Eu não costumo acreditar em destino, mas ficaria feliz se ele me fizesse encontrar você de novo. – Disse dando um sorriso tímido, isso não fazia meu estilo, mas aquele homem estava despertando sensações em mim que eu nem sabia que era capaz de sentir.

Ao ouvir minhas palavras ele fez uma cara de surpresa e logo abriu um sorriso encantador, e de uma forma descontraída falou:

– Sabe, nós dançamos, conversamos, estamos torcendo para nos encontrarmos novamente, mas eu nem sei como se chama.

– Paola, me chamo Paola Montagner. E você queridinho? – Respondi a ele, e aproveitei a deixa para saber o nome dele também.

Paola, lindo nome, eu me chamo Carlos Daniel Bracho. – Disse ele sem tirar aquele sorriso perfeito da face.

Obrigada, sabe, eu acho que eu já ouvi esse sobrenome Bracho antes. – Falei com um tom de curiosidade.

Se você for da capital, provavelmente deve ter ouvido falar da Fábrica de Cerâmicas Bracho, que é da minha família. – Respondeu ele todo orgulhoso ao falar de sua fábrica.

Ah claro, ouvi falar sim, apesar de sempre estar viajando eu também moro na capital. – Falei com um sorriso ao saber que morávamos na mesma cidade.

(Então ele é dono de uma fábrica, provavelmente é rico, mas essa certamente é a menor de suas qualidades. - Pensei enquanto o garçom nos servia o champanhe que Carlos Daniel havia pedido).

Bebemos, conversamos até que eu disse que precisava pegar um pouco de ar e ele me acompanhou até o jardim do hotel, que por sinal era lindo e estava todo iluminado, de lá dava pra ouvir as músicas da festa, então ele me guiou até um canto mais discreto e começamos a dançar lentamente sempre com o olhar fixo no outro. Eu estava perdida em sua íris castanha até que senti sua mão forte acariciando minha face, ele contornou a região da minha boca e disse:

– Você é tão linda, pode parecer precipitado, mas, eu desde que te vi, eu estou morrendo de vontade de fazer uma coisa.

– O que? – Perguntei me fazendo de desentendida, mas já imaginando do que se tratava.

– Isso!

Após falar ele me puxou ainda para mais perto dele (e meu Deus que pegada), olhou novamente no fundo dos meus olhos esperando um sinal de aprovação e aproximou sua boca da minha, ele segurou firme minha cintura e eu me mais uma vez entrelacei meus braços em seu pescoço, e assim nos beijamos, foi um beijo intenso, que começou calmo e foi cada vez tomando proporções maiores, havia muito fogo, paixão apenas em um beijo, ( imagina no resto pensei maliciosamente). E somente quando o ar faltou por completo em nossos pulmões que cessamos o beijo.

FIM DO FLASHBACK

Depois disso foi tudo tão perfeito, começamos a namorar, nos casamos até eu sentir falta da vida que levava e começar a me perder. Meu Deus como me arrependo de tudo o que eu fiz, agora consigo enxergar com clareza todo o mal que eu fiz para as pessoas que me amavam principalmente ao Carlos Daniel e a minha irmã Paulina a qual eu nunca quis aceitar e só destruí sua vida, mas eu já sei o que fazer para tentar reparar pelo menos uma parte dos danos que causei a eles. – Disse Paola levantando-se da cama e limpando suas lágrimas.