La Transformación

Epílogo - part. 2


Epílogo - part. 2

Sete meses depois...

O dia amanheceu ensolarado na Cidade do México, Lety e Fernando estavam debatendo se ela iria ou não para a Conceptos, mas sabendo que não convenceria a mulher ele apenas deu de ombros e foi se arrumar. A vida deles tinha mudado muito naqueles últimos meses: a dívida tinha sido paga, eles tinham casado e Lety era presidente vitalício. Ariel tinha debatido sobre isso alegando que ela não era da família, mas suas tentativas foram em vão, considerando que agora ela era uma Mendiola. Ainda distraídos com a nova rotina eles se arrumaram e saíram para mais um dia de trabalho.

Lety saiu do elevador lado a lado com Fernando como sempre fez, mas a única diferença era que agora ela tinha uma enorme barriga de 9 meses e andava como uma patinha. Fernando adorava vê-la gingando de um lado para outro, porém não falava nada, pois ele tinha aprendido nessas últimas semanas que sua doce Lety podia ser um furacão de irritabilidade e ele não queria ser mais uma vez o alvo dela.

Assim que passaram na recepção Lola e Irminha apareceram:

– Bom dia, minha menina. Como estamos hoje? - Perguntou Irminha com carinho e passou a mão suavemente em sua barriga.

– Estamos bem. Um pouco cansada, mas bem.

– Você deveria estar em casa, Lety. - Falou Lola preocupada. - Já está perto de ter a pequena Inês.

– Eu sei, Lola. Mas ficar em casa sozinha estava me deixando deprimida. – Falou Lety e suspirou. Na verdade, ela estava passando por uma mudança de humor a cada 5 segundos e ficar em casa não estava ajudando.

– Ok, mas se precisar de alguma coisa é só pedir. – Comentou Irminha.

– Pode deixar. – Disse ela e foi para a presidência.

Fernando, que acompanhou a conversa calado, a viu entrar na sala e sorriu ainda mais. Ele estava mais feliz nesses últimos meses do que foi em toda sua vida.

– Ela não é linda? – Perguntou ele para ninguém em especial. – Parece até uma patinha andando desse jeito.

Com uma pequena gargalhada ele sentiu uma pequena tapa em sua cabeça.

– Diga isso perto dela e ela arranca sua cabeça. – Falou Márcia que chegava junto com Eduardo.

– Bom dia, mana. – Falou ele feliz e a abraçou. – Você não pode nem falar nada, daqui a alguns meses estará do mesmo modo.. quack quack.

Dando outra tapa nele ela saiu emburrada resmungando que se alguém chamasse de pata haveria mortes na Conceptos. Eduardo chegou ao lado de Fernando no momento que Márcia entrou em sua sala.

– Você não tem medo de mulher grávida? Elas são como uma bomba relógio. – Falou Eduardo.

– Eu sei, mas aquele furacão ali é todo seu. – Comentou Fernando e riu mais uma vez. – Você que casou com ela.

Eduardo não disse nada apenas sorriu e seus olhos se encheram com um brilho encantador. Depois que Lety e Fernando se casaram ele e Márcia começaram a sair juntos e a amizade que tinham quando crianças ressurgiu naturalmente. Apenas quatro meses atrás eles tinham se casado e só descobriram da gravidez dela há alguns dias.

– Eu vou falar com ela. – Disse Eduardo. – Depois preciso falar com você sobre aquele evento, precisamos de alguns ajustes e mais publicidade.

– Certo, depois conversamos. – Sorriu Fernando e foi até o escritório de Omar.

Enquanto isso Lety estava na cadeira da presidência pensativa, ela precisava nomear um substituto para quando entrasse em licença maternidade, mas não sabia quem poderia ficar. Fernando não aceitou, pois disse que ficaria em casa com ela e a bebê, a única pessoa que ela confiaria para administrar era Márcia, mas ela também estava grávida. Porém Lety não ficaria tanto tempo longe. Chegando a uma conclusão ela achou que era válido deixar Márcia no seu lugar.

~.~

Era por volta das 14hs quando Lety sentiu um desconforto na parte baixa da barriga e como um toque gentil ela massageou a região, desde manhã ela sentia isso e estava começando a ficar preocupada. Mas sabia que não estava na hora, faltava ainda três dias para a data prevista.

Com um suspiro ela olhou para salinha onde costumava ficar seu escritório, levantando ela foi até ele. Agora não tinha mais nenhum arquivo, apenas uma cadeira de balanço e um berço. Ela e Fernando tinham decidido que quando voltasse a trabalhar ficariam próximos da filha e parecia certo ela ficar na salinha onde seus pais viveram tantos momentos bons.

Enquanto pegava uma bonequinha Lety sorriu, estava ansiosa para ter sua pequena Inês nos braços. Antes que voltasse para sua cadeira ela sentiu mais uma pontada e essa foi mais forte que a anterior e um líquido desceu por suas pernas.

– Oh, não! – Ela sussurrou. – Agora não, Inês. Ainda tem tempo filha.

Mas a pequena pareceu não ouvir, mas uma pontada foi sentida e dessa vez a dor passou por seu corpo como um raio a fazendo se contorcer e respirar com dificuldade. Ela sabia que precisava chamar alguém, mas estava congelada de medo.

~.~

Carolina chegou a Conceptos e foi à procura de Omar, fazia alguns meses que estavam juntos. Ainda estavam se conhecendo e Omar começou a demostrar que estava mudando e isso a deixava orgulhosa e ainda mais apaixonada.

Mas antes que fosse até seu amado ela foi até a presidência, precisava falar com a amiga e dar uma bronca por ainda está trabalhando. Sorrindo com a teimosia de Lety ela colocou a cabeça na porta só para espiar e não encontrar ninguém na sala, já ia sair quando ouviu um gemido. Sem mais demora ela entrou e foi até a salinha onde ficaria um pequeno berçário para a bebê.

Assim que se aproximou ouviu outro gemido e abriu a porta, Lety estava segurando firmemente no berço e fazia uma careta de dor, antes que desse um passo em sua direção ela viu a poça no chão e soube imediatamente o que estava acontecendo.

– Lety, Dios Mio! Você vai ter a bebê! – Diminuindo a distância ela pegou no braço de Lety e a levou até a sala maior. – Precisamos chamar Fernando.

– Eu.. Oh.. isso dói tanto. – Falou Lety com a respiração entrecortada.

– Eu sei, minha amiga. Mas eu preciso chamar alguém. – Falou Carolina e tentou não entrar em pânico. Indo até a porta ela abriu e avistou as meninas do quartel já ia pedir ajuda quando viu Fernando, Omar e Eduardo saindo do elevador. Os três gargalhavam e antes que pudesse se impedir Carolina gritou. – FERNANDO, CORRE! A LETY ESTÁ TENDO BEBÊ!

Naquele momento todos congelaram e pareceu que ninguém respirava. Então, como se tivessem jogado uma bomba no meio do salão, um alvoroço se instalou na recepção. As meninas começaram a falar ao mesmo tempo tentado ajudar de algum modo. Fernando ainda estava congelado no lugar, mas assim que a informação se firmou na cabeça dele, ele correu - não antes de derrubar Omar e Eduardo no caminho. A cena seria hilária se não fosse trágica.

Entrando no escritório ele viu Lety no sofá se contorcendo de dor, ela já estava um pouco suada e seus olhos estavam lacrimosos e assim que fez contato com Fernando as lágrimas caíram.

– Dói... – Ela sussurrou.

Mi Lety, aguente firme. Chegaremos logo no hospital. – Falou ele com a voz embargada. Ele não estava nada feliz em ver o sofrimento de sua esposa e saber que não poderia fazer nada o deixava desesperado.

Com passos largos ele foi até ela, a pegou nos braços e percebeu que mesmo com o peso extra ela ainda era leve. Com um aperto mais firme ao redor dela ele saiu da sala:

– Omar. Pegue meu carro e deixe ligado, você vai nos levar para o hospital. – Ordenou ele. – Meninas.. liguem para meus pais e os da Lety, avisem o que está acontecendo. Carol, chame Du e Márcia vamos estar esperando.

Antes que desse mais uma ordem Lety se contorceu e gemeu mais uma vez.

– Fernando, pelo amor de Deus. Vamos logo. – Disse ela entredentes.

– Estamos indo, mi amor. Estamos indo. – Ele sorriu para ela e sem mais demoras ele saiu dali.

~.~

Duas horas tinham se passado e o parto ainda estava em todo seu vigor, Lety estava exausta, mas sabia que teriam ainda algumas horas pela frente. Fernando continuava sendo um verdadeiro companheiro, sempre falando palavras de carinho e dizendo que ficaria tudo bem.

Mi Lety, eu sei que está exausta, mas preciso que você aguente firme. – Falava ele aos sussurros. – Você consegue.

– Mas dói tanto... eu.. sei que preciso ser forte, mas...

Antes que pudesse terminar a frase outra contração apareceu e ela apertou a mão de Fernando com toda sua força e não conseguiu segurar o grito de dor. Fernando por sua vez retorceu a face em igual dor, mas essa vinha de sua mão latejante e ele se sentiu um verdadeiro herói em não gritar como uma mulherzinha ali mesmo.

A médica entrou minutos depois com um grande sorriso, ela verificou como Lety estava e anunciou que era o momento certo para trazer a pequena ao mundo:

– Vamos lá, Letícia. Quando a contração vier empurre.

Com uma afirmação de cabeça Lety respirou fundo e segurou mais firme a mão de Fernando. Seu rosto estava banhado de suor e lágrimas, mas agora ela estava ansiosa para ter a filha nos braços.

– Vamos, mi amor. Você consegue. – Falou Fernando e deu um beijo na testa dela.

Assim que a contração surgiu Lety soltou um uivo de dor e empurrou. Entre respirações trêmulas e contrações cada vez piores, Inês veio ao mundo trinta minutos depois com um estridente grito de choro. Um sorriso trêmulo marcava a face de Lety que deitou nos travesseiros e suspirou aliviada. Com o corpo totalmente cansado ela olhou para o lado e encarou Fernando, ele estava com os olhos transbordando lágrimas e um sorriso totalmente encantador.

– Papai.. quer cortar o cordão umbilical? – Perguntou a médica.

– Cla.. claro. – Gaguejou ele. Sorrindo para Lety ele deu um beijo na mão dela que ainda estava entrelaçada com a dele e foi até onde a médica tinha indicado.

Assim que Inês estava livre uma enfermeira a pegou e levou para fazer todos os testes necessários. Fernando olhou de sua esposa para sua filha totalmente indeciso para que lado seguir.

– Vá com ela. – Falou Lety e sorriu fracamente. Com uma afirmação ele foi olhar a filha. Assim que a enfermeira terminou com Inês, ela entregou a pequena para Fernando. Totalmente apavorado, ele não sabia o que fazer.

– Relaxe, papai. Você vai pegar o jeito.

– Certo. – Sussurrou ele e com passos extremamente lentos ele chegou até a cama. – Olhe, Lety. Nossa filha, nossa pequena Inês.

– Ela é linda, mi amor.

– Eu sei.. ela parece com você. – Sorriu ele e encarou. – Obrigado, Lety. Obrigado por me fazer o homem mais feliz do mundo.

Com os olhos brilhando de ternura e amor ele deu um beijo em sua testa. Emocionada Lety se limitou a sorrir e esticar os braços para pegar sua filha.

Entregando seu bem mais precioso para a esposa Fernando olhava encantado de uma para a outra, naquele momento ele se sentia o homem mais feliz e sortudo da face da terra.

Mi amor, vem mais para cá. – Ela indicou a cama e mesmo sabendo que ia levar uma bronca ele se sentou na cama e passou um braço pelos ombros dela.

Se acomodando, Lety se encostou totalmente no peito dele e deitou a cabeça em seu ombro. Apertando a filha um pouco mais nos braços ela sorriu totalmente realizada. A enfermeira que ainda terminava de arrumar as coisas suspirou apaixonada com a cena e sem demora pegou a máquina fotografia que o, agora papai, tinha esquecido, ligando o aparelho ela bateu algumas fotos. O casal continuava alheio ao que acontecia ao redor.

– Lety, nós somos uma família. – Sussurrou Fernando com a voz embargada. – Eu tenho uma família agora.

– Eu sei. – Sorriu ela. – Isso não é incrível? Hihihihi.

E como para confirmar o que sua mãe falava Inês abriu os olhos, eles não poderiam afirmar claramente, mas naquele momento parecia que a pequena sorria para eles.

Fim

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.