Capítulo Quatro

Fernando andava de um lado a outro do seu quarto, estava angustiado. Queria pegar o carro e ir até a casa dela e dizer que a amava, que o que sentia não era mentira e que estava arrependido de tê-la enganado. Mas sabia que não era isso que ela queria ouvir, era preciso que ela pensasse sobre tudo o que viveram e perceber que tudo foi verdade. Mas mesmo que ele fosse otimista, o sentimento de perda não o abandonava. Ele desistiu de tentar se acalmar apenas com pensamentos bons e calmos como Eduardo falou, indo para a cozinha ele pegou uma garrafa de vinho. Porém, antes de voltar para o quarto ele parou por um momento e olhou o cômodo, eles tiveram bons momentos ali. Aquela noite tinha sido complicada, eles foram quase flagrados no supermercado, o fondue tinha queimado, e a louca daquela modelo tinha os seguido. Mas de todos os acontecimentos o que ele lamentou foi não terem feito amor.

Suspirando, Fernando balançou a cabeça e suprimiu o nó que se formou em sua garganta, estava a um passo de chorar, de novo, e ele sabia que precisava ser forte para enfrentar a tempestade que ainda viria. Ele estava se dirigindo a seu quarto quando a campainha tocou, seu coração se acelerou ao pensar na possibilidade de ser Lety, correndo ele ainda esbarrou na mesinha que ficava na sala e quase caiu. Mas se recuperou e alcançou a porta, não antes de escorregar no tapete e voar de cara na mesma. Sem se dar ao trabalho de ver quem era ele abriu a porta esbaforido e com um enorme sorriso no rosto, porém sua alegria se esvaiu quando viu a pessoa a frente:

– Nossa, Fernando, eu sei que não era eu quem esperava, mas podia pelo menos fingir que está feliz em me vê. – Disse Eduardo sorridente e adentrou a casa com diversas sacolas e bolsas em mãos. – Eu trouxe comida, sei que você é uma negação na cozinha.

Finalmente Fernando caiu em si e fechou a porta, pegou algumas sacolas de Eduardo e sorriu, porém sem chegar em seus olhos.

– Desculpe, Du, é que eu pensei que fosse... você sabe, a Lety.

– Eu sei. – Disse Eduardo e suspirou. – Mas você sabe que será um pouco difícil, só deixe ela pensar em tudo isso.

Afirmando Fernando sorriu um pouco e olhou as sacolas:

– O que você trouxe?

– Alguns tacos. – Eduardo falou sorrindo e jogou a mochila no chão. – Trouxe também alguns filmes.

– Você quer me distrai, não é? – Desconfiou Fernando.

– Sim, quem sabe você para de sofrer um pouco e entende que Lety vai pensar sobre tudo que aconteceu com vocês. Ela voltará para você, irmão.

– Você acha?

– Claro, me diga uma coisa. – Eduardo falou pensativo. – Se as situações fossem ao contrário? Se você tivesse sido enganado... a perdoaria?

Fernando pensou um pouco, se ele fosse enganado de forma tão baixa não sabia se a perdoaria, mas ele parou e pensou em todo o amor que vivenciaram, ele não tinha dúvida, ficaria magoado, mas ele a amava e isso já era o suficiente.

– Du, eu estou apaixonado por Letícia, eu a perdoaria, não importa o que acontecesse. – Disse ele. – Mas Letícia nunca seria capaz de uma coisa tão baixa, talvez eu não mereça uma segunda chance.

– Você não pode se ater a isso, Fernando. Você demorou, mas finalmente aprendeu o que é amar e eu sei que não conseguirá amar outro alguém.

– Não mesmo, Lety é meu porto seguro, com ela posso ser eu mesmo e não serei recriminado. Ela me ensinou a ser uma pessoa melhor.

– Eu vejo isso. Agora continue com o trabalho que ela começou, mostre que vai continuar evoluindo como ser humano. Ela acreditará ainda mais que mudou, por ela.

Finalmente Fernando deu um sorriso sincero, sabia que Eduardo estava certo, por enquanto ele ia deixar as coisas se encacharem. Indo para a cozinha ele pegou os utensílios para o jantar e voltou para sala. Ligando a TV começaram a assistir ao primeiro filme.

~.~

Era pouco mais das 10hs da manhã quando Carolina chegou na casa de Lety. As malas já estavam na sala e Tomás já estava por lá para se despedir dela e claro comer metade do café da manhã.

– Lety, está preparada? – Perguntou Carolina sorridente.

– Sim. – Falou Lety sorrindo verdadeiramente, em dias. – Estou ansiosa pelo trabalho.

– Que bom. Podemos ir?

– Claro. – Lety suspirou e virou para seus pais. Despediram-se com abraços e diversas recomendações. Se voltando para Tomás, Lety o abraçou e pediu que cuidasse dos seus pais em sua ausência.

– Claro que cuidarei deles, Lety. – Falou Tomás e deu sua risadinha característica. – Eu estarei aqui todos os dias.

– Não duvido nada, você vem sem eu pedir mesmo. – Falou ela e gargalhou também.

Com todos os abraços e recomendações feitas, Lety e Carolina foram para o carro. Assim que entraram Carolina se virou para Lety:

– Você está bem? – Ela não precisou especificar sobre o que falava, Lety entendeu bem e apenas afirmou com a cabeça. Ela ficaria melhor depois dessas duas semanas.

Sorrindo Carolina balançou a cabeça em concordância, ela estava feliz em ajudar Lety e esperava que a maresia do mar de Acapulco ajudasse a amiga a pensar em tudo e organizar a sua vida.

~.~

Fernando chegou na Conceptos com olheiras, mesmo a noite tendo sido divertida com Eduardo, ele não conseguiu dormir bem, estava preocupado com Lety, sobre o que ela ia fazer. Porém, por mais que não se importasse tanto com a empresa, ele precisava saber como conseguiria administra-la sem a ajuda da sua amada assistente. Passando, praticamente, correndo do quartel Fernando adentrou a sala da presidência e deu de cara com seu pai.

Papá? O que faz aqui? – Perguntou surpreso. – Pensei que voltaria para a Inglaterra.

– Depois de tudo o que aconteceu? Claro que não.- Disse Humberto aborrecido. – Eu revisei o balancete e vi os papeis que a Letícia deixou, aquele abrindo mão da Filmes & Imagens.

– Tem algum problema com eles?

– Sim, Lety não pode abrir mão da empresa. – Falou ele e se levantou indo até o filho. Indicando as cadeiras na frente da mesa, eles sentaram-se um de frente para o outro.

– Como assim? Ela assinou os papeis abrindo mão de tudo.

– Sim, mas a Lety não é advogada. Os papeis não tem nenhum valor legal, ela precisa voltar para Conceptos e assinar tudo novamente. E sem contar que a Filmes & Imagens não pode tomar a empresa.

– E por que não?

– Porque se não pagarmos toda a dívida da Conceptos, teremos que vender nossos bens.

– Entendo. - Disse Fernando e passou a mão nervosamente no rosto - Se Lety abrir mão da Filmes & Imagens, ela passar a ser um bem dos Mendiolas. E acredito que isso não vai ser suficiente para pagar as dívidas.

– Exato. Os bancos podem tomar as duas empresas, e não teremos mais o que fazer.

– Eu estraguei tudo. – Falou ele desolado. – O senhor devia ter dado a empresa para o Ariel, ele saberia o que fazer.

– Eu não tenho tanta certeza, filho. – Falou Humberto e encarou Fernando. – Eu sei que você se enrolou na sua proposta, mas você fez um bom trabalho até agora.

– Eu e a Lety. Nós formamos uma boa equipe, sem ela para me manter são eu não sei o que fazer. – Falou ele triste.

– Filho, a Lety não é só sua assistente, não é? O que você falou ontem, na sala de reunião. Era verdade?

– Que eu a amo? Sim. Foi a única verdade que me permiti dizer em meses.

– Você vai me dizer o que realmente aconteceu entre vocês dois?

Afirmando Fernando respirou fundo e se levantou, fechou a porta da sala e pegando o telefone pediu para Alice não deixar ninguém incomodá-los.

– Bem, a confusão começou quando a Lety me disse que a proposta que eu fiz para ganhar a presidência não daria certo, os números não iriam bater. Então ela sugeriu que eu refizesse o plano. Mas eu não queria dar o braço a torcer e optei por levar do jeito que estava... – Começou Fernando.

E por quase uma hora ele relatou tudo para o pai. Ao final ele tinha o rosto banhado por lágrimas e Humberto uma expressão incrédula. Durante um tempo apenas o silêncio reinou no ambiente.

~.~

Lety e Carolina chegaram em Acapulco e foram recepcionadas por um grupo de animadores, ambas começaram a rir ao ver a energia tão boa e leve da praia. Com tudo pronto se dirigiram para o hotel, precisavam descansar porque no dia seguinte começaria o trabalho duro.

Assim que chegou ao quarto, Lety ligou para casa e avisou que tinha chegado bem e que estava de frente para o mar contemplando a tarde ensolarada. Desligando o telefone ela suspirou e reprimiu a vontade de chorar, não queria lembrar de Fernando naquele momento.

Saindo do hotel ela foi até a praia, precisava sentir a areia nos pés e saber que ali era um novo começo, uma nova chance para refletir sobre os seus sentimentos. Sentando na areia ela se permitiu chorar, e esperou que o mar levasse toda sua dor embora, mesmo que isso demorasse.

Ela estava tão entretida com seus pensamentos que nem percebeu a aproximação do homem.

– Chorando por amor? - Perguntou a voz.

Lety só não caiu porque já estava sentada, mas assustada olhou para o lado e deu de cara com um par de olhos verdes. O homem a encarava com curiosidade e esperava sua resposta.

– Me desculpe senhor, mas o que disse?

– Eu que peço desculpas por lhe assustar. – Disse ele com um belo sorriso no rosto. – Sem querer ser indelicado, mas eu perguntei se você chorava por amor.

– E como sabe?

– Eu já chorei também.

Lety não sabia o que falar, ele parecia um homem confiável, sentia que podia dizer a ele tudo o que estava sentindo, mas mudou de ideia, nem o conhecia.

– Oi, eu sou Letícia Padilha Solís. – Disse ela e estendeu a mão até ele.

– Aldo Domenzaín. – Retribuiu o aperto de mão e sorriu para ela. – Então Letícia, você anda sofrendo de amor?

– Sim, mas eu quero esquecer isso por enquanto.

– Te entendo, foi difícil para mim também, mas a dor vai embora com o tempo.

– O que aconteceu com você? – Perguntou antes que percebesse. – Desculpe, se não quiser dizer...

– Sem problemas. Eu me apaixonei e a perdi.

– Ela foi embora?

– Não. – Suspirou ele. – Ela morreu.

– Sinto muito, não queria que ficasse triste.

– Não se preocupe, isso foi há muito tempo. – Sorrindo ele a encarou. - E o que aconteceu com você?

– É uma longa história. – Disse ela sem graça. Para falar a verdade ela não estava muito à vontade em falar com ele sobre Fernando.

– Ok, eu posso esperar.

Durante um tempo ficaram ali, apenas encarando o mar. Lety já não chorava e a presença de Aldo a deixava calma.

– Há alguns meses atrás eu consegui um emprego. – Começou ela baixinho, não sabia o por quê tinha começado a falar, mas precisava contar para alguém de fora de toda a confusão, como se sentia. – Uma grande empresa, Conceptos. Uma empresa de publicidade e que vive rodeada de modelos, e como pode perceber sou feia.

– Feia? E quem lhe disse isso? – Perguntou ele um tanto quanto chocado. – Você não é feia Letícia. Eles que são cegos.

Dando uma de suas tão características risadinha, ela o encarou. Ela não tinha reparado nele, mas Lety não podia negar que ele era bonito. Não como Fernando, claro.

– Você pode não me achar feia, o que é pouco provável, mas naquela empresa eu não me encaixava, porém o presidente dela me contratou por causa do meu currículo...

Lety contou toda a história para Aldo, não os detalhes, mas o suficiente para se sentir mais livre. Tirou um pouco do fardo que carregava. Aldo por outro lado a encarava incrédulo e com raiva.

– Como ele pode fazer isso com você, Letícia? Ele é o maior canalha que existe. – Disse ele elevando a voz, o que fez Lety se assustar.

Aldo respirou fundo e olhou para a mulher ao seu lado, ela estava ainda com o rosto manchado das lágrimas e ele não estava ajudando em nada gritando dessa maneira.

– Desculpe, Letícia. É que isso me deixou chateado. Você está bem? Eu fiz você reviver tudo isso, eu sei como deve estar machucada.

– Eu estou bem, só preciso de um tempo para pensar em tudo isso.

– Você o ama, não é?

Lety apenas afirmou, ainda não estava preparada para dizer que ainda o amava, mesmo sendo verdade.

– Tudo vai se resolver, você vai ver.

– Você acha que ele está falando a verdade?

– Eu acho que confessar para noiva que amava você, é uma boa prova de amor.

– E se ele estiver fazendo isso só para ficar com empresa?

– Mas você mesma me disse que a empresa agora é toda dele. Qual o motivo para ele continuar a mentira?

Ela não soube o que responder, o que ele tinha falado fazia sentido, se a empresa era novamente dele, qual era o motivo de continuar mentindo? Lety se levantou e olhou para belo por do sol que tinha começado, ela tinha que voltar para o hotel antes que fosse muito tarde.

– Eu tenho que ir. Obrigada por ter me escutado. – Disse ela e estendeu a mão num cumprimento.

– O prazer foi todo meu. E pense bem no que eu te disse. – Disse Aldo e apertou a mão dela.- Ele não merece as suas lágrimas, mas talvez o amor dele seja verdadeiro.

Sorrindo Lety voltou para o hotel, ela estava esgotada física e emocionalmente. Antes de entrar no seu quarto passou pelo de Carolina e a desejou boa noite. Assim que entrou no seu ligou novamente para os seus pais e se preparou para dormir.

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Fernando já tinha passado todo o dia atrás de uma notícia de Lety, mas não tinha conseguido nada até dez minutos atrás quando Eduardo cansado do falatório disse que ela tinha viajado e não sabia quando ia voltar. Ele ficou desesperado, para dizer o mínimo, estava com medo de que ela tivesse ido embora para nunca mais voltar. Porém se tranquilizou quando percebeu que Lety não deixaria sua família assim, teria que dar uma explicação, e se ele ainda estava vivo era porque seu Erasmo ainda não sabia o que tinha acontecido com ele e Lety. Pensando melhor, Fernando resolveu tomar uma atitude, na manhã seguinte iria falar com seu Erasmo e Dona Julieta, contaria tudo o que tinha acontecido entre ele e Lety. Assumiria o erro como um homem e não se deixaria abater pelo que poderia acontecer, amava a Lety e isso era tudo o que importava no momento, e se para isso precisasse levar um soco de seu Erasmo, era isso que faria.

Decidido ele ligou, novamente, para Eduardo e falou o planejado, o amigo o incentivou e disse que era a atitude correta e que provaria que ele era um homem maduro, que realmente a amava. Sorrindo e com a esperança renovada Fernando resolveu ir para casa, precisava descansar. Ao pegar o carro ele seguiu, automaticamente, para a casa de Lety e sorriu com isso, estava tão acostumado a deixa-la em casa que seguir esse caminho já era rotina. Mesmo sabendo que estava longe, ele olhou a janela do quarto dela e suspirou, um dia separados e ele estava morrendo de saudades.

Antes que pudesse ser descoberto ali e levar uma bronca do pai de sua amada, Fernando saiu de lá e finalmente foi para casa, porém na metade do caminho houve um imprevisto. Ele estava tão distraído que não viu o carro que vinha na mão contrária, a última coisa que viu foi uma luz forte em sua direção.

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Lety estava de frente para o mar. As ondas iam e viam em sua direção, a brisa suave e fresca a deixava calma e bem relaxada, ao lado estava uma família, eles riam de alguma coisa que o homem fazia, os pequenos tentava construir um castelo de areia e a mãe estava com uma linda garotinha nos braços. Sorrindo Lety deu um pequeno aceno e recebeu em troca um sorriso desdentado da bebê. Com um sorriso ela voltou a observar o mar, mas ela viu que tinha alguma coisa estranha.

As ondas estavam agitadas e ameaçavam a praia, como se a qualquer momento fosse devorar a todos, as crianças começaram a chorar e os pais se levantaram correndo olhando desesperados para o lado dela. Lety olhou na mesma direção e foi atingida por uma forte luz branca.

Sentando na cama, ela tinha o corpo suado e o coração corria desesperado no peito. Um arrepio se formou em sua espinha e ela se sentiu gelar, principalmente ao sentir o nome dele preso em um grito na garganta, ela sabia que ele devia está bem, mas a sensação de que alguma coisa tinha acontecido com Fernando a deixava trêmula. Levantando e tomando um pouco de água, Lety voltou para cama e esperou que sua respiração voltasse ao normal, assim ela poderia dormir novamente.

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A primeira coisa que viu quando abriu os olhos foi uma luz branca, seu primeiro pensamento foi que tinha morrido, mas achou que depois de tudo que fez com Lety ele com certeza não estaria no céu, então piscou os olhos e sua visão ficou mais nítida. Ele viu então que estava num quarto, ao lado da sua cama Márcia dormia.

Eduardo e Omar estavam no sofá dormindo também, estavam praticamente abraçados o que fez Fernando sorrir, sorrir. .Olhando no criado mudo ele tentou encontrar o celular, assim podia tirar uma foto daqueles dois, com isso em mãos teria muita diversão, mas para sua tristeza não conseguiu encontrar o aparelho. E falando em Omar ele estava bravo com ele, mas o amava como a um irmão e estava feliz em vê-lo ali.

Suspirando Fernando olhou ao redor a procura de Lety, sabia que tinha sofrido um acidente e que Eduardo podia contatá-la, então esperou que a qualquer momento ela entrasse no quarto, mas ao se mexer na cama ele sentiu Márcia acordar:

– Fernando? Dios Mío. Você acordou, graças a Deus. – Seu alivio foi tão grande que fez Eduardo e Omar acordarem e quase caírem do sofá quando perceberam que se abraçavam.

– Irmãozinho, que bom que acordou, estávamos preocupados. – Disse Omar chegando perto da cama.

– Você nos deu um susto. – Falou Eduardo e se aproximou também. – Você está bem?

– Cadê a Lety? – Ele enfim perguntou, estava ansioso em vê-la.

– Eu... – Começou Eduardo hesitante. – Eu não liguei para ela, irmão.

Triste Fernando o olhou e afirmou com um gesto, sabia o motivo. Não poderia ligar para Lety, ela voltaria correndo e confundiria ainda mais as coisas.

– Eu não acredito que a primeira coisa que pensa é nela. – Disse Márcia enciumada. – Estamos preocupados com você, e é com Letícia que você se preocupa. Ela te abandonou, sou eu quem está aqui agora.

Sem responder nada ele apenas vira o rosto na direção da parede e esperou que as palavras de Márcia deixassem de doer, pois pareceram como um tapa. E falando em dor, ele começou a sentir uma ardência no braço e olhou bem para o local, havia alguns pontos no seu braço e sua mão estava enfaixada. Ou seja, nada de direção por um tempo. Sua cabeça latejava também e ele se sentia cansado, pensou em apenas fechar os olhos e dormir, mas curioso precisava saber o que realmente tinha acontecido.

– O que aconteceu? – Perguntou olhando entre Omar e Eduardo.

– Você foi atingido por um bêbado. O cara avançou o sinal vermelho e te bateu em cheio. – Falou Eduardo.

– Você perdeu os sentidos, mas havia muita gente ao redor e ligaram para emergência. Meu número estava como o parente mais próximo, caso acontecesse alguma coisa com você. – Disse Omar e olhou constrangido para Márcia.

– Foi para não te preocupar. – Falou Fernando e olhou para Márcia, pois viu o quanto magoada ela tinha ficado ao ser excluída em mais uma coisa na sua vida. – Eu sabia que Omar lhe avisaria sempre, mas num primeiro momento eu não queria que se preocupasse tanto.

Sabendo que era verdade Marcia apenas confirmou com um gesto de cabeça e se levantou:

– Vou avisar a Teresinha e Humberto que você está acordado e bem. – Falou deixando o quarto.

– Não se preocupe, Fernando.- Disse Eduardo. – Ela entenderá.

– Eu sei. – Suspirou e deu um sorriso fraco. – Agora me digam, quando vou sair daqui?

– Amanhã pela manhã. – Disse Omar. – Agora, meu irmãozinho, já que acordou vou para casa. Estou cansado e você me deu um baita susto.

– Eu sei, desculpe.

Dando de ombros Omar sorriu para ele e o abraço desajeitadamente. Ambos sorriram com a dificuldade e ele viu o amigo ir embora. Eduardo sorria também e se levantou.

– Amanhã eu venho buscar você. Descanse e lembre que tem uma missão a cumprir. – Falou divertido. – Vou levar a Márcia para casa.

– Pode deixar, estarei descansado para a missão, espero não voltar para o hospital com a surra que seu Erasmo pretende me dar.

– Veja pelo lado bom, quem sabe ao ver seu estado deplorável, ele não fique com pena e só lhe dê um soco. – Falou Eduardo e gargalhou.

– Muito engraçado. – Gritou Fernando e jogou um travesseiro nele. Viu o amigo correr até a porta se desviando do objeto e saindo. – Cuide da Márcia.

Um grito de “eu vou” foi ouvido abafado e ele sorriu mais tranquilo, estava feliz em ver seus amigos, mas para completar ele só precisava da presença dela, mas sabia que em breve a veria de novo.

Continua...