(Imagem: Meilin - Fanart: Chocomenta)

….

“Sakura” - Shaoran voltou a fitá-la - “Eu… Eu vou ser direto com você” - Ele a encarou, sério - “Sem joguinhos, sem brigas ou qualquer mal-entendido” - O silêncio instalou-se, e Sakura continuava o olhando. Uma mistura de timidez com surpresa. Não sabia que o ex hóspede atrevido tinha um lado tão sério - “O que vou te dizer é sincero, é o que...”.

“Não sei onde o senhor está querendo chegar...”

“Já pedi pra não me chamar de senhor...” - Suspirou inconformado - “Vamos fingir que acabamos de nos conhecer?”.

“Como!?”.

“Eu te mostro como” - Ele afastou-se dela, dando as costas. Envolta de Sakura surgiam interrogações, olhava a cena curiosa. Não estava entendendo nada. Ele tomou mais distância, e de repente voltou a andar em sua direção. Ele estava louco? Shaoran, aproximou-se com um sorriso - “Olá, boa noite. O jantar está bem animado, não é?”.

Sakura nada disse, apenas o olhava sem compreender. Ele fez um sinal para que ela o respondesse. De forma atrapalhada, Sakura o atendeu: “B-boa noite. Realmente está” - Ficaram em silêncio, Shaoran tentará dizer algo, mas não tinha ideia do que dizer. Estava ficando constrangido, nunca tinha acontecido esse tipo de coisa com ele. Não sabia como agir, e foi ele quem inventou essa cena - “Você canta bem”. A afirmação dela, o surpreendeu e o fez sorrir.

“Obrigado, seu nome é…?”.

“Kinomoto Sakura”.

“Me chamo Li Shaoran”.

“Eu sei” - Ao ouvi-la, Shaoran teve certeza de que ela estava achando toda encenação ridícula - “Você era o garoto encrenqueiro e mal educado, amigo de infância de Eriol, que morava a duas quadras daqui” - Shaoran a olhou curioso - “Você não deve lembrar mesmo, eu sou a menina feia, aquela que não sabia nem segurar uma vassoura, e você o grande mago de Tomoeda”.

Shaoran arregalou os olhos: “Você é a menina adoentada? Que vivia acamada?!”. Ele perguntou ainda surpreso.

Ele lembrou, que sensação gostosa ao saber que ele lembrou dela.

“Não é verdade… É que eu fiquei meio com trauma de você. Tomoyo e Eriol inventaram isso. Só vinha brincar quando você não estava. Tomoyo me contou toda essa história”.

Os dois se entreolharam. E logo ambos, estavam rindo. Rindo ao lembrar de algo tão ingênuo e constrangedor da infância.

“Eu peço desculpa. Agora, por ser um garoto tão encrenqueiro e mal educado. Velhos hábitos, quem sabe?”. Pôs a mãos detrás da cabeça, sem jeito.

“Tudo bem. Peço desculpa por ter evitado você. Velhos hábitos, quem sabe?”. Mais uma vez, eles riram.

Shaoran, parou de rir, e observou os sorrisos de Sakura, sua face estava vermelha de tanto rir. Como era linda. Em um instante, aproximou-se dela e pôs as mãos em seus braços, ficando cara a cara.

“Sakura, quero conhecer você” - Sakura arregalou os olhos, permanecendo imóvel - “Quero saber tudo sobre você. Pode parecer repentino ou rápido demais o que vou dizer, mas a verdade é que não paro de pensar em você desde quando entrou naquele quarto de hotel, sem querer”.

Estava surpresa, ouviu bem? Ele queria conhecê-la a fundo? Seria uma brincadeira de mal gosto, boba e infantil?

“Eu… Eu”- Sakura deu um passo para trás e ele a soltou - “Eu não estou entendendo exatamente...”

“Eu disse que pareceria repentino. Eu estou interessado em você, e gostaria que me desse uma oportunidade, tanto para conhecê-la melhor como para você conhecer a mim. Eu, sinceramente, não sei se esse é o modo correto de agir quando se está encantado por alguém, mas estou sendo sincero. Eu não quero forçar você a nada, e entenderei perfeitamente se você se negar. Até porque, não fui um cara muito legal de se conhecer, mas tenho outro lado e gostaria de mostrá-lo a você”.

“Shaoran, não sei se daria certo. E-eu, não pertenço ao seu mundo”.

Sorriu. Ela finalmente o chamava pelo nome: “Mas não quero que você pertença a ele, a ideia é de que criemos o nosso. Mas para isso acontecer temos que ter a oportunidade de nos conhecermos melhor, você não acha?” - Sakura confusa em sua frente, o encantava ainda mais, sorriu - “Domingo, no Templo Tsukimine soube que haverá um festival. As 17 horas, espero por você lá, se não aparecer, vou entender que você tinha coisas mais importantes para fazer. Prometo que não a incomodarei mais”.

Ele deu as costas, Sakura permanência intacta, ainda impactada com tudo o que ouviu, apenas fez um gesto para que ele não fosse, mas ele não viu: “Fala pra ele que você não vai! Vai, fala!”. Seus pensamentos não estavam convencendo seu coração.

“Xiaolang! O que você está fazendo aqui?!”. Meilin deu de cara com o primo saindo da sacada. Emburrada, encarou Sakura com raiva. Tomoyo, que veio junto de Meilin, sorria para Sakura.

“Ai, ai, ai… Nós já estávamos indo”. Shaoran foi puxado por Meilin, que continuava a encará-la de maneira ameaçadora. Deu línguas para ela, que se assustou.

“Tudo bem Sakura-chan?” - Tomoyo indagou a amiga, que assentiu com a cabeça - “Ele te disse o que sente?”

“Sim”.

"Siga seu coração, Sakura-chan”.

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Casa dos Kinomoto – Dia seguinte: Sábado – 8 h:15 min

Sakura, quero conhecer você. Quero saber tudo sobre você...”. As palavras dele martelavam em sua cabeça. Lavava a louça do café, com Kerberus miando em seus pés. Acordou cedo, tinha que estudar, recuperar o tempo de estudo perdido ontem. Tentar, na verdade. Não tinha pregado os olhos. Passou a noite inteira pensando no que estava acontecendo com ela.

“Desse jeito não vai terminar de lavar a louça nunca, monstrenga!” - O irmão percebeu os olhares perdidos da irmã. Desde do jantar ela estava estranha - “Monstrenga, estou falando com você”- Sakura novamente não o ouviu. Um pano de lustrar moveis foi jogada encima da sua cabeça, a despertando - “Até que enfim monstrenga! Dá comida para o comilão do seu gato e termine hoje de lavar essa louça, não é amanhã”.

“Ai, ai, ai… Como você é chato onii-chan!”. Praguejou, fechando o punho.

“Bom dia!” - Fujitaka apareceu, bocejando - “Desculpem, perdi a hora”.

“Tudo bem papai”. Sakura sorriu. Era raro ver seu pai, sempre pontual, perder a hora. Certamente, acompanhar Sonomi e o pai de Eriol bebendo saquê, foi a grande causa de seu atraso.

“Vai dar aulas hoje, filho?”.

“Sim, meio dia e meia estou de volta. Quer que eu compre algo na volta?”

“Não, não precisa. E você, filha, acordada a essa hora?”

“É que resolvi estudar hoje, já que ontem não estudei nem um pouco”.

“Como você vai estudar desse jeito?”. Touya, balançava a cabeça negativamente.

“Que jeito?”

“Com a cabeça na lua” - Touya apontou para as mãos da irmã. Sakura enxugava os pratos com o pano de lustrar moveis. O mesmo que o irmão havia jogado nela.

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Casa dos Li – Sábado - 8 h:28 min

Aiiiiiii, que droga de rosa!”.

Shaoran abriu os olhos lentamente, a voz estridente o despertou. A claridade do quarto, fez com que apertasse os olhos.

“Mas que droga! Que horas são?” - Esfregou os olhos e olhou para o relógio do criado-mudo - “Oito e meia da madrugada?!”. Inconformado, se cobriu. Voltaria a dormir, odiava acordar cedo, ainda mais depois de chegar tarde do jantar de ontem. Sorte que não bebeu muito.

Wei, olha o que essa estúpida rosa fez com o meu dedo!!”.

Shaoran novamente abriu os olhos, e fechou a cara: “Mas que droga Meilin!”. Balbuciou.

Levantou da cama, e pôs os chinelos. A claridade da manhã já não o incomodava mais, mas os costumeiros gritos estridentes da prima, sim.

Abriu a janela com força, e apoio as duas mãos no batente, olhando para baixo.

“Meilin, mas que droga! Quer parar de gritar a essa hora?!”

“Xiaolang, a culpa não foi minha, foi dessa maldita rosa”. Tinha lágrimas nos olhos, fazendo bico.

“Bom dia Jovem Shaoran”. O senhor de cabelos brancos, sentado na grama em frente ao seu jardim, usando um largo chapéu, com luvas de jardinagem, acenou para ele. Ás vezes que voltava a Tomoeda, sempre se hospedava na casa, que um dia foi o seu amado e idolatrado lar. Sentia saudades do tempo em que viveu ali, principalmente do tempo que passou com Wei, seu amado tio.

“Bom dia Wei” - Sorriu serenamente - “Não sei como você não fica surdo com os gritos dela. Nem o som de uma cigarra é tão irritante como o que ela faz”.

“O QUÊ?!”. Meilin encarou ferozmente o primo.

Shaoran não deu mais ouvidos as reclamações da prima. Observou o bairro e depois contemplou o céu azul e limpo daquela manhã. O dia estava lindo. Espreguiçou-se, com vontade, sem tirar os olhos das casas que via ao longe. Em qual delas era morava? Sorriu de lado. Era amor ou obsessão?

Amor?”. Repetiu baixinho. Será que a veria manhã? Ele nem tinha deixado ela responder. Passou a evitá-la no resto do jantar, com medo de receber uma negativa.

“Xiaolang, Xiaolang!” - Ela conseguiu obter a atenção do primo pensativo - “Vamos sair mais tarde? Preciso comprar algumas coisas!”.

“Mais tarde, agora fique quieta, vou voltar a dormir”. Fechou a janela, deixando a prima a ver navios.

Deitou na cama, mas o sono ficou na janela, ainda observando a vista. Que final de semana atípico. Acordar sem alguma mulher ao seu lado… E tudo por causa dela. Depois pensaria nela, voltaria a dormir.

O sono não chegava… Debateu-se na cama e grunhiu de irritação: “Que droga mulher! Deixa eu dormir”. Disse, como se fosse Sakura que estivesse gritando agora.

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Mansão Daidouji – Sábado - 9 h:39 min

“Mãe...”. Tomoyo fitou a mãe que tomava um chá, enquanto lia o jornal pelo tablet. Atrás dela, alguns empregados terminavam de arrumar a mansão e retirar algumas decorações da noite anterior.

“Sim, querida?”.

“Você e o pai da Sakura, vão namorar?”. Sonomi se engasgou com o chá, apressou-se em limpar a boca, ficando vermelha. Tomoyo sorria com a vergonha da mãe.

“D-de, de onde você tirou isto, querida?”. Gaguejou.

Tomoyo nada disse, apenas a olhava.

“Bom dia!” - Eriol apareceu, e sentou a farta mesa do café de manhã, cumprimentando a sogra e a noiva- “Tudo bem senhora Daidouji?”. Notou que ela estava bem pálida.

“T-tudo Eriol. T-tudo sim” - Sonomi ainda vermelha, levantou-se bruscamente da mesa, evitando o contato visual com a filha- “E-eu lembrei que tenho que ir a fábrica de brinquedos...”. Começou a andar, como se fosse um robô. Com um olhar desconfiado, saiu deixando os dois a sós.

“O que deu nela?”.

“Nada. Mamãe só é muito tímida em certos assuntos” - Sorriu e fitou o noivo- “Achei que não iria vim”.

“Eu tive que resolver algumas coisas, assuntos de trabalho com meu pai. Ele foi para Inglaterra hoje, volta segunda-feira” - Sorriu ao fitar os olhos cheios de brilhos da namorada- “Sim, pedi a ele que traga aqueles tecidos que você queria”.

“Você me conhece tão bem”. Apertou a mão do namorado, sentado ao seu lado.

“Só estamos nós, e os empregados?”.

“Sim, porque?”.

“Ontem, não tivemos um tempo só nosso...”. Encarou a noiva, pegou sua mão e a beijou.

Depois de alguns minutos, discretamente, subiam as escadas, com as mãos entrelaçadas. Não chamaram a atenção dos 12 empregados que se desdobravam com tanto de serviço que tinham.

Tomoyo abriu a porta de seu quarto, e Eriol entrou em seguida. Ele fechou a porta e a trancou. Abraçou a noiva por trás, e sentiu o doce aroma de sua pele. Tirou os longos cabelos negros das costas, e os pôs para frente. Beijando-lhe seu pescoço. Tomoyo sentiu arrepios, logo, virou-se e beijou o noivo. Beijaram-se com paixão e desejo. Ele a abraçou fortemente.

Amaram-se naquela manhã de verão. Uniram-se e aproveitaram cada minuto, juntos, como sempre faziam.

Deitados na cama, aproveitavam a presença um do outro, até então em silêncio.

"Eriol...”. Tomoyo deitada, com o lençol cobrindo seu corpo, sobre o peito do noivo, o fez abrir os olhos.

"Sim?”. Acariciava os cabelos da noiva.

“Você acha que Shaoran-kun está mesmo apaixonado pela Sakura-chan?”.

“Se não estiver, ele é um idiota” - Sorriu e continuou- “Ele está, só não sabe disso ainda. Por que a pergunta?”.

“Não quero que ela tenha uma desilusão. Decidi me meter nessa história e ajudá-los, mas tenho medo. Medo que Sakura-chan saia machucada”.

“Não se preocupe. Tudo o que está acontecendo tem um motivo. Não existem coincidências, apenas o inevitável” - Beijou os cabelos dela- “E tenho que admitir que você está bem metida mesmo, a maior prova disso foi ontem, quando armou para que os dois ficassem sozinhos..”

Ela riu baixinho: “Você lembra da cara dele, quando descobriu?”.

“Lembro. Ele disse que não imaginava o quanto você podia ser vingativa”.

“Ele fez a Sakura-chan chorar. Merecia uma pequena lição”.

“É. Shaoran sempre foi um cara mulherengo, sem se preocupar muito com romantismo ou ter pressa em achar a garota certa. Mas acabou achando”.

“Espero que tudo dê certo. Vai chegar o momento que nada mais vai depender de nós. Só deles dois”. Tomoyo endireitou-se na cama, encostando os seios na costela do noivo.

“Pronta?”

“Para o quê?”

“Para voltarmos a nos amar, sua boba”. Eriol a beijou docemente.

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Casa dos Kinomoto - 10h: 12 min

“E-ela e-la e-la viu!”. Sonomi gaguejava, andando inquieta de um lado para outro na calçada, seu motorista a aguardava pacientemente dentro da limusine.

“O que foi Sonomi, quem viu o quê?” - Fujitaka a olhava aflito, sem nada entender- “Não quer entrar mesmo?”.

“Já disse que não!” - Continuava a andar para os lados - “Eu não sei o que fazer”. Aquela cena já estava quase provocando risos em Fujitaka. Ele foi até ela, e pôs as mãos em seus ombros, fazendo a ficar quieta, a olhava serenamente, com a calma de sempre.

“O que aconteceu?”.

Sonomi deu um longo suspiro, e abaixou a cabeça: “Tomoyo viu você me beijando!”.

“Tomoyo viu você me beijando?”. Fujitaka sorria repetindo a afirmação dela.

“Ahn…”- Fez cara feia e deu rabissaca- “Tanto faz, os lábios dos dois se encostaram, dá no mesmo!”

Fujitaka ficou pensativo, recordando a noite anterior.

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Lembrança Fujitaka...

Nadeshiko-chan, o amava tanto. Ainda não sei o que ela viu em você!!” - Sonomi vermelha, tomava mais um gole de saquê. Apontava o dedo para o rosto de Fujitaka, que só sorria. Ele estava levemente corado, mas não estava bêbado como Sonomi. Clow já havia ido embora, restava apenas os empregados recolhendo as louças - “Veio e a levou… Você é um idiota, sabia?”

Não acha que está bebendo demais?”. Pegou a garrafa de saquê das mãos dela.

Não, não acho”. Ela tomou a garrafa dele, estava com trejeitos descompassados.

Sonomi...” - Ele a olhou preocupado- “Acho melhor chamar Tomoyo-chan”.

Eu estou tão velha Fujitaka, meu bem mais precioso logo vai embora de casa… Nadeshiko não está mais conosco...” - Ela falava enquanto lágrimas caiam, bebendo mais um gole de saquê - “Que mundo injusto!”.

Não fale isso, você sempre terá Tomoyo por perto, há meus filhos, seus amigos, Eriol, e a mim também”.

Você?! Hohohohoho”- Limpou as lágrimas, depois riu, uma risada escandalosa - “Eu não quero você!”- Ele sorria sem graça. Sonomi bateu o copo de saque na mesa, limpou a boca e o encarou por alguns minutos, aproximando do rosto dele, como se estivesse o vendo melhor- “Você, você é bonito Fujitaka, foi por isso que Nadeshiko-chan se apaixonou por você?”. Ela tirou os óculos de grau dele e ele os pegou de volta, e colocou. Tentava se distanciar do rosto dela, mas sem sucesso. Sem perceber, ao se afastar, ele estava caindo para trás- “Me beija Fujitaka...”. Caída em cima dele, fechou os olhos, fazendo biquinho.

Sonomi, eu...”. Desconcertado, tentava evitar o beijo.

ME BEIJA!”. Não era um pedido, era uma ordem. Fujitaka continuou inerte. Sonomi abriu os olhos e bruscamente puxou a gravata dele, e logo os lábios encostaram-se. Fujitaka pôs sua mão no pescoço dela, conduzindo o beijo.

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“Então acho que ela nos pegou no flagra”. Disse serenamente.

“E você faz essa cara?!”. Estava inconformada com a calmaria dele.

“Não fizemos nada de errado Sonomi. Somos viúvos”.

“Só porque somos viúvos, não quer dizer que devemos nos beijar por causa de uma bebedeira, ouviu?”- Ela piscou repetidas vezes, um flash invadiu sua memória: Era ela quem tinha o beijado- “Tá, eu beijei. Mas isso nunca mais vai acontecer, ouviu bem?”

“Ouvi”.

“Nunca mais terá a oportunidade de se aproveitar de mim, ouviu?”.

“Ouvi”.

“Idiota!”. Cerrou os dentes e deu as costas.

“Sonomi!”. Ao ouvir seu nome, ainda com a cara fechada, virou-se.

“O que você quer!?”

“Quer jantar comigo, hoje à noite?”.

Ela arregalou os olhos e corou. Tentando disfarçar, deu rabissaca e saiu andando. Entrando em sua limusine. Fujitaka parado, sorria.

“Para onde senhora?” - Perguntou o motorista, não obtendo resposta- “Senhora, para onde?”. Repetiu.

“Para a fábrica”.

Ele ainda na calçada, acenava para a limusine que passava por ele. Sonomi olhou pelo espelho da maquiagem.

“Atrevido!”. Murmurou.

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Casa dos Kinomoto - Horas depois…

Debruçou-se sobre a escrivaninha, havia estudado horas e horas seguidas. Deu um longo suspiro. O fato de ter conseguido estudar em meio à confusão que estava vivendo, a deixava contente. Tinha que se sair bem no exame.

Kero adentrou no quarto, pelo lento andar, concluiu que ele havia acabado de comer. Ela o seguiu com o olhar, e riu ao vê-lo se jogar no chão antes de chegar em sua caminha. Foi até ele, e o colocou nela.

“Você está tão pesado Kero”- Sentou-se ao lado de sua caminha e o acariciava. Batidas na porta chamou sua atenção - “Pode entrar”.

“Filha, não vai jantar?”. Já era segunda vez que seu pai ia chamá-la.

“Sim, papai. Vou agora” - Notou o pai arrumado - “O senhor vai sair?”

“Sim. Vou jantar com a Sonomi”.

“Que bom. Diga a ela que mandei um beijo” - Ela nem desconfiou ou sequer pensou algo sobre aquele jantar. Sempre foi péssima nessas coisas - “Touya já jantou?”

“Já sim. Só falta você. Já preparei seu prato, desça antes que esfrie”.

“Obrigado papai”.

“Eu já vou indo. Sonomi preza a pontualidade. Até mais filha”.

“Papai!”- Fujitaka voltou-se para o quarto - “Está muito bonito”.

“Obrigada querida”.

Assim que ele saiu, levantou do chão, seu celular tocou no mesmo instante, o atendendo.

—“Alô? Tomoyo-chan, como está?”

“Olá Sakura, estou bem” - Estava na sala de vídeo, editando alguns vídeos da noite passada - “E você? Já terminou de estudar?”.

—“Bem! Já acabei. Estou exausta!”

“Imagino Sakura!”- Ela falava com ela ao mesmo em que via a suas gravações da festa ontem. Assistia Shaoran falando com Sakura na sacada de sua mansão. Tinha gravado tudo de longe - “Liguei, por dois motivos: O primeiro é que fiz um novo vestido para você e o segundo é que decidimos a data do casamento”.

Sakura arregalou os olhos com a última parte que ouviu. Quando Tomoyo começou a namorar Eriol, sempre foi complicado manter o relacionamento, devido a agenda lotada dele. Ela sempre se entristecia. Quando a ideia de se casarem tomou forças ficou bem difícil achar brechas em sua agenda, que bom que finalmente casariam: “Fico feliz Tomoyo-chan! Que dia será?”

“Três de setembro”

—“Que lindo, no dia do seu aniversário. Será em que ano?”

“Esse ano Sakura”. Sorriu para o noivo adentrando na sala.

—“QUÊÊÊÊ?!”. Espantou-se, estava acabando o mês de Junho e iniciando o mês Julho. Faltava menos de três meses para o casamento da amiga.

“Sabia que você ficaria surpresa”- Riu e recebeu um beijo na testa de Eriol que tinha vindo atrás dela, depois ele beijou a sua mão. Tomoyo acelerava o vídeo, parecia está procurando por algo - “Todos vão ficar surpresos também. Você foi a primeira a saber”.

—“Fico feliz em ser a primeira”.

“Não vai ser algo grandioso, mamãe até queria, mas não haverá tempo. Vai ser nas férias da banda”- Tomoyo pausou e deu play, havia achado o que queria, chamou Eriol com as mãos para que ele visse - “A propósito, mamãe foi jantar com seu pai, não foi?”. Eriol surpreendeu-se, sua sogra beijava o pai de Sakura, e depois do beijo, desmaiou encima dele.

—“Sim, meu pai saiu ainda pouco daqui”.

“Será que seremos irmãs?”

—“Hã?”— Não entendeu a pergunta da amiga- “Para mim, sempre fomos”.

“Aiaiaiai Sakura, continue assim. Você é tão inocente e encantadora”- Tomoyo lembrou-se do que Sakura havia contado sobre Shaoran no dia do jantar- “Já decidiu se vai?”. Houve um breve siléncio.

—“Eu não vou Tomoyo-chan. Eu tentei falar na festa, mas ele parecia fugir de mim”— Sakura relembrou dos vários momentos em que ele desviava o olhar ou tomava outro rumo quando ela se aproximava- “Você poderia pedir ao Eriol-kun, que dissesse a ele que não vou? E-eu não quero telefonar ou mandar mensagem para ele. Não quero prolongar isso”.

“Mas Sakura...”- O semblante de Tomoyo era de chateação, sabia do medo que a amiga tinha de descobrir o que sentia por ele - “Tudo bem Sakura-chan. Pedirei a Eriol”.

—“Eu acho que vai ser melhor assim”- Tomoyou escutou a voz de fundo de Touya, a chamando para comer- “Tomoyo, tenho que ir, falamos depois, tudo bem?”

“Tudo bem Sakura-chan. Boa noite”.

“O que foi?” - Eriol fitou a noiva pensativa - “O que você vai pedir a mim?”.

“Que me garanta que Shaoran realmente está gostando da Sakura”.

“M-as...”- O semblante sério da noiva, o deixou intrigado, atentou-se em respondê-la- “Eu garanto”.

“Ufaaaa… Então fiz bem em ter dado o telefone dela para o Shaoran. Hihihihihi”. Ria, deixando o namorado confuso.

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Casa dos Li – 19 h: 40 min

Já era a sexta vez que Shaoran relia a mensagem enigmática que Tomoyo havia mandado horas atrás: “Shaoran, este é o número da Sakura-chan 7754xxxxxxx. Não ligue ou mande mensagens hoje. Amanhã quando chegar no local de encontro, diga que a espera e depois desligue o celular. Depois você me agradece”.

Meilin entrou em seu quarto, enxugando os cabelos em uma toalha laranja. Usava uma blusa do primo.

“Já falei para parar de usar as minhas blusas”.

“Eu gosto delas, são macias! Que cara é essa?” - Notou a feição de confuso do primo - “Jogando algum jogo de quebra-cabeça no celular?”

“Não, nem preciso”.

“Xiaolang...”- Meilin sentou ao pé da cama- “Quando você vai voltar?”.

“Por que essa pergunta agora?”. Revirou os olhos.

“Responda”.

“Não sei Meilin. Não penso em voltar, minha mãe tem governado o clã muito bem todos esses anos, sem mim”. Levantou-se da cama, afastando-se da prima.

“Idiota!” - Jogou a toalha branca encima do primo- “Você não faz ideia do que a tia tem enfrentado todos esses anos!”

“Um bando de velhos gagás e demagogos, não são páreos para minha mãe”. Calçava as pantufas de dormir.

“Não é isso!”. Levantou-se bruscamente da cama.

“Então o que é?!”. Antes de costas, virou-se e encarou a prima.

“...”- Meilin ficou em silêncio. Não tinha certeza se contaria tudo o que estava acontecendo ao primo: A rebelião entre membros do clã que tentavam derrubar Ielan, a saúde dela que se tornava cada vez mais frágil, as brigas feias e intermináveis que ela tinha com os anciãos que exigiam a presença do filho homem, o legítimo herdeiro do clã Li - “Xiaolang, a sua mãe...”

“Boa noite, jovens!” - Wei entrou dando batidinhas na porta aberta, interrompendo Meilin- “Sua mãe está no telefone Jovem Shaoran. Quer falar com você”.

“Tudo bem”- Antes de sair do quarto, encarou Meilin - “Eu sei que ela sente a minha falta, também sinto a dela Meilin”. Saiu do quarto, sorrindo para Wei. Deixando ele e Meilin a sós.

Os olhos dela tremeram, não era isso que ia dizer.

“Meilin, deixe que a Senhora Li peça a ajuda de Shaoran”.

“Ela não vai pedir!”- Meilin falou tristemente- “Ela é orgulhosa demais para isso”.

“A senhora Li, sabe até onde ir. Não a meça com a sua régua. Tenha paciência”.

Wei saiu do quarto a deixando pensativa. Voltou-se a sentar na cama do primo, e ao notar o celular dele, lembrou-se da confusão que ele aparentava minutos atrás.

Pegou o celular do primo e leu a mensagem de Tomoyo. Então ele realmente estava gostando dela. Ele não fazia ideia de que as vezes era difícil gostar de alguém. Como era difícil.

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Dia seguinte: Templo Tsukimine – Domingo – 16:45

Olhou para o relógio do pulso, faltava 15 minutos para o encontro. Decidiu chegar mais cedo, não gostaria de deixá-la esperando.

“Farei o que Tomoyo disse...”. Disse para si, tirou o celular do bolso, e digitou: Estou a caminho Sakura, te espero lá =). Preferiu omitir que já estava lá. Enviou, com uma confiança recém-chegada, desligou o celular e o pôs no bolso. Ao olhar para dentro do templo, viu muitas pessoas nas barraquinhas no templo e passeando por ele. Sorriu ao ver duas crianças pedindo o colo, de uma vez só, do pai, que se desdobrava para carregá-los.

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Nem o banho havia esfriando sua cabeça. Enrolada na toalha, estava já a 10 minutos sentada na cadeira, fitando o nada. Esfregava os dedos do pé direito, onde horas antes havia caído óleo quente do peixe-frito, a meia vermelha não a protegeu, estava mais distraída do que o normal.

Estava agindo corretamente? Ele foi tão sincero com ela… Olhou para seu despertador e viu que faltava poucos minutos para o encontro, caso fosse.

O vibrar do celular a fez parar de pensar na escolha que havia tomado. Ele estava encima do vestido branco, mídi, era rodado nas bordas, de alças finas, estendido em sua cama. O motorista de Tomoyo a entregou horas atrás. “Um vestido especial, para uma ocasião especial”, lembrou-se das palavras de Tomoyo. Ela disse que não iria ao encontro, mas Tomoyo insistiu em entregá-lo mesmo assim. Da cadeira, conseguiu alcançar o celular.

Ao desbloquear a tela do celular, deparou-se com uma mensagem de um número estranho, ao abri-la, sua face avermelhou, e no susto, tentava equilibrar o celular em suas mãos.

Como assim, ele estava a caminho? Eriol, não falou com ele? Ela jogou o celular encima da cama, e levou a mão até o peito. O coração estava acelerado.

“Mas…”. Levou as mãos até a cabeça, e fitou novamente o celular. Ela tinha que falar a ele que não iria, ele já estava a caminho.

Foi até a cama e pegou o celular. Ligaria avisando que não ia. Puxou o ar do pulmão e discou seu número da mensagem. Deu na caixa postal.

O que está acontecendo com ele pai?”. A voz de Touya passou pela porta entre aberta, chamando sua atenção.

Não sei filho! Sakura!”

Sakura largou o celular e atendeu ao chamado do pai. Ao descer as escadas, arregalou os olhos, Kerberos tremia e não conseguia se manter em pé.

“Kero!”. Sakura o tocou, já afoita tentando entender o que acontecia. Touya tomou a frente e se apressou, vestiu um casaco e o pegou nos braços.

“Há uma clínica veterinária há duas quadras daqui, eles ficam de plantão! Vou levá-lo!”. Disse enquanto saia correndo com eles em seus braços.

“Espera! Eu vou com você!”. Sakura fez menção de ir junto com o irmão, mas o pai a impediu.

“Querida, acalma-se. Suba e troque de roupa. Fique calma!”. Pediu Fujitaka.

Sakura tinha esquecido que estava apenas de toalha. Escutou o pai e subiu as escadas, apressada. Jogou a toalha no chão e foi na gaveta de suas peças íntimas, procurava por qualquer coisa. Sem pensar duas vezes, vestiu o vestido que estava esticado na cama. Olhou-se no espelho, e tirou a toalha da cabeça, penteou rapidamente os cabelos. Pegou o celular da cama, e o pôs na pequena bolsa. Saiu correndo do quarto.

“Vamos pai!”. Seu pai já a aguardava com a chave do carro em mãos.

Estava desesperada, não saber o que acontecia com Kerberos a deixava a beira de um colapso.

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Templo Tsukimine -16h:53 min

Olhou mais uma vez o relógio. Será que ela era pontual? Encostou-se na entrada do Templo, olhando para um lado e para o outro. Tentava não chamar atenção. Ajeitou o boné preto. O usava apenas por precaução. Não gostaria de ser reconhecido. Não em um momento como aquele.

Saiu do lugar que estava e chutou uma pedra. Tentava conter a ansiedade, mas estava difícil. Estava tão nervoso e tão ansioso com aquilo tudo, que lembrou-se da primeira vez que subiu no palco. Se sentiu dessa mesma forma, a diferença é que Eiol, Yue, Yukito e Nakuru estavam com ele.

“Shaoran, o que está fazendo aqui?”. Mizuki estava vestida com um quimono florido, lilas.

Ele retribuiu o sorriso.

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Clínica veterinária HoneyPet

Ao chegar na clínica, viu o irmão em pé de braços cruzados. Sakura correu nervosa, ao lado do pai, até ele.

“Como ele está Touya?!”

“Acalme-se, ele está sendo examinado. Tenha paciência”. Touya apertou os ombros da irmã.

Minutos depois...

Estavam sentados no banco de espera, aguardando por uma resposta sobre o estado de Kerberos. Ela olhou para luz acesa vermelha, encima da porta grande da clínica. Aquela luz, indicava que ainda estavam examinando seu gato.

Estavam demorando muito. Pedia baixinho que ele estivesse bem.

Depois de mais alguns minutos, a luz ficou verde. Estava ainda mais ansiosa. O médico veterinário, aparentando ter uns 35 anos, abriu a porta.

“Kinomoto Touya?” - Perguntou. Touya colocou-se a sua frente- “Chamo-me Watanuki Kimihiro, um dos médicos veterinários responsáveis por essa clínica. Todos estão aqui por causa do gato angorá amarelo?”. Sakura e Fujitaka confirmaram.

“Como ele está?”. Sakura tinha os olhos, tremendo, as lágrimas de preocupação estavam prestes a cair.

O médico nada disse, fez um cara de suspense. Sakura tentava não pensar no pior.

“Seu gato passou mal por algo que ele comeu, o exame constatou que era fritura. E foi peixe, certo?” - Sakura caiu para trás, ele, com certeza, comeu o peixe que havia sobrado do almoço, que por um descuido ela deixou encima da mesa- “Ele teve uma reação alérgica”.

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“Você está esperando alguém?”. Mizuki sorriu ao vê-lo olhar o relógio pela enésima vez. Mizuki o servia um chá em uma pequena sala do templo.

“É, e por alguém muito atrasada”. O relógio marcava 17h:16min.

“Ela deve ter seus motivos”.

“É bom que eles sejam bons e convincentes...”- Fechou a mão com força. Detestava esperar. Desfez a mão fechada ao fitar Mizuki, e toda a sua sutileza em servi-lo - “Não sente falta de morar no templo?”

“Sim Shaoran. Mas minha missão aqui já terminou”- Ela o encarou- “Agora sigo outra missão, que é a banda. E você, sente saudades de morar em Tomoeda?”

“Sim. Guardo boas lembranças deste lugar”.

“E da China?”

“Sinto saudades de lá também, da minha mãe e das minhas irmãs. Às vezes penso se estou no caminho certo”.

“Não há caminho certo ou errado Shaoran. O que existe, são apenas consequências. Você é que irá classificá-las em certas ou erradas” - Mizuki tomou um gole do chá e continuou- “Ao enviar você para cá, sua mãe demonstrou o grande amor que sente e a coragem que possui”.

“É, eu sei”- Shaoran pensou na mãe com carinho- “Viver aqui, com meu tio, foi ótimo”.

“Shaoran, independente do que acontecer. Lembre-se: Você não está só. Você tem amigos. E pelo que vejo… Uma possível namorada”. Shaoran corou.

“N-ão, não...” - Negou veemente com as duas mãos. Lembrou-se do relógio, o olhando - “Mizuki, eu irei lá fora. Ela pode achar que fui embora”.

“Tudo bem Shaoran, qualquer coisa, venha me procurar”.

“Obrigado”. Ele sorriu e saiu da sala, calçando os sapatos.

Mizuki o olhou com o olhar tristonho, certamente sabia o que acontecia na China e no que ele iria ter que enfrentar quando colocasse os pés lá.

Ele corria. Ela podia está todo esse tempo esperando. Não devia ter seguido a ideia de Tomoyo, ela podia ter ligado a horas. No caminho tirou o celular do bolso e o ligou, na esperança de que houvesse alguma mensagem dela. Recebeu mensagens, avisando da ligação perdida dela. Parou de correr, retornou. Ela não iria vim?

Desapontado, pensou se não era melhor ir embora, ao mesmo tempo em que escutava o som do chamar, parecia que ela não iria atendê-lo.

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Sakura sorria enquanto acariciava Kerberos que dormia profundamente, dentro da pequena jaula. Tomava soro. Parecia um anjo de quatro patas. O veterinário explicou que a rapidez de Touya salvou sua vida. Ele sofreu uma reação alérgica, mas com a medicação e os cuidados, ele ficaria bem. Só precisaria descansar. Um gato alérgico a peixe… Que susto!

“Filha, tudo bem?”

“Sim, papai. Só me sinto culpada...”.

“Não fique assim. Kerberos é muito travesso. O médico disse que ele ficará em observação hoje, mas que amanhã ele terá alta” - Ela franziu as sobrancelhas, não queria deixá-lo- “Filha, é só por precaução”. Disse notando a tristeza da filha.

“Eu sei papai”.

“Anime-se mostrenga, o pior já passou”- Disse Touya ao entrar na sala, ficando ao lado do pai - “Você não ia dá um pulo no Supermercado pai?”

“Sim, filho. Você ainda vai querer uma carona?”- Touya assentiu- “Filha, vamos?”.

“Eu vou ficar mais um pouco papai. Volto a pé pra casa, fica perto daqui”.

“Toma cuidado mostrenga!”. Deu a chave de casa em suas mãos.

Depois de eles irem, voltou a observar Kerberos, lágrimas de alívio desciam em seu rosto. Lembrou-se de quando ele apareceu em sua casa, miúdo e desnutrido. Miava alto. Nunca imaginou que ele se tornaria um gato tão guloso. Sentia-se tão culpada, deveria ter guardado o peixe. Esse foi o preço que pagou pela sua distração.

Pôde escutar vozes que se aproximavam, era as ajudantes da clínica, conversavam animadamente no corredor. Limpou as lágrimas.

Você que ir ao cinema?”

Hoje ainda? Que horas são?”

Agora, são 17h:45min, vamos, dá tempo!”.

Ao escutá-las, pensou em como as horas passaram rápido. Rápido até demais. De repente, a sensação de que estava esquecendo de algo, tomou conta. Seu coração estava aliviado, mas a essa sensação a incomodava. Ao forçar a memória, arregalou os olhos.

SHAORAN!”. Gritou em pensamento.

Subitamente, procurou na bolsa, que teve tempo de trazer, seu celular. Quando desbloqueou, viu que havia cinco ligações perdidas. Não sabia o que fazer. Tentou respirar fundo, pensou que quando chegasse em casa mandaria mensagem explicando. Mas pensando bem, ele poderia estar lá, uma mensagem seria algo fria demais e, também, ele a ligou. Tudo bem que não iria, mas agora devia explicações, não queria deixá-lo esperando mais. Decidiu retornar a ligação.

Mas para sua surpresa, seu celular desligou sozinho, a bateria havia acabado. E agora? Como falaria com ele? Será que ele ainda a esperava? Droga!

“Yuuko, chego no templo Tsukimine em 15 minutos, para de espernear”.

O médico veterinário entrou na sala falando ao telefone, ao ouvi-lo ela teve a certeza de que devia ir a esse encontro.

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Continua…

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Mimasu:Relógio.

Watanuki Kimihiro: Personagem do anime xxxHolic, da Clamp.