Capítulo XVII - Planos.

— - Lyon - -

Limpo o espelho com a mão, desembaçando a imagem que nele era refletido, vejo então minha imagem nele, cabelos alaranjados e olhos azuis, pele exageradamente pálida, olheiras fundas, mas é nas vestimentas que minha atenção se foca, um lenço azul a envolver meu pescoço, camisa branca com uma pequena gaivota minimalista azulada sobre o peito esquerdo, abaixo dela em pequenas letras o dizer “Marine”, calças azuis presas por um cinto preto, dois coldres presos a minha cintura, ambos vazios, e botas pretas que apertavam levemente meus dedos. O uniforme havia ficado um pouco grande demais, com um pouco das mangas a chegar em meus cotovelos.

Está acontecendo…

Logo após esse pensamento passar por minha mente, uma tosse repentina e incontrolável toma conta de mim, me fazendo cair de joelhos com uma dor intensa no peito. Um gosto metálico toma conta de minha língua, como se coberta por sangue, mas constato que não havia nenhum tipo de sangramento.

Minha doença está piorando rápido…

Após alguns segundos, ouço duas batidas na porta de madeira e após alguns segundos a porta se abre levemente, a voz de Zilei ressoando do outro lado.

— Está tudo bem? - Embora seu tom fosse grave, podia-se perceber uma pontinha de curiosidade.

— Está sim, pode entrar. - Viro-me para a porta quando ele entra, seu olhar afiado me olha de cima a baixo, me avaliando.

— Era o menor número que tínhamos e ainda ficou um pouco grande... - Constata ele, logo em seguida dando de ombros. - Que seja, o Vice-Almirante Koby está à sua espera. - Assenti com a cabeça, seguindo-o para fora do quarto. O balançar do navio em meio às ondas me deixa um pouco desequilibrado, mas depois de algumas horas de viagem, sinto que já começo a me acostumar com isso. Após termos saído da sala de recrutamento, Koby me mandou para seu navio e designou Zilei para me acompanhar, o capitão me arranjou comida e me deu meu primeiro uniforme de recruta, foi bem difícil me arrumar enquanto zarpávamos, mas encontrei um jeito de fazê-lo. - Nervoso? - O questionamento de Zilei me arrancou de meus pensamentos.

— Um pouco… - Me pego involuntariamente encarando o chão enquanto sigo seus passos, o tilintar da lâmina na cintura do capitão contrastava com o das solas das botas batendo na madeira. - Para onde estamos navegando? - Sou tomado por uma súbita curiosidade.

— Estou te levando para a cabine do capitão, ele falará mais lá. - Respondeu secamente, Zilei parecia um homem duro e rígido, seus olhos tão afiados quanto sua espada.

— Essa é uma das Espadas Com Nome né? (Nota do autor: Apartir de agora, cunharei esse termo para me referir ao grupo contendo as melhores espadas do mundo de One Piece, as subcategorias que as espadas se dividem permanecerão inalteradas= Saijo O Wazamono , O Wazamono , Ryo Wazamono e Wazamono {Tradução Minha}) - Ele parece se impressionar em eu ter reparado, me erguendo rapidamente um olhar suspeito, encolho os ombros. - Perdão, eu vi quando você a sacou para soltar as correntes de Mark, tenho um bom olho para essas coisas, mas não consegui identificar qual espada é… - Ele permanece em silêncio enquanto caminhamos, parecia relutante, mas enfim desiste de resistir e fala:

— Essa é a Haruhana (Flor de Primavera no japonês), uma Ryo Wazamono . - Solto um suspiro admirado.

— Incrível, é uma das 50 espadas do terceiro grau mais alto, dizem que só espadachins muito habilidosos são capazes de brandir uma dessas, o senhor é incrível Capitão Zilei! - Ele desvia o olhar, seu rosto parecia um pouco corado de timidez, mas ele não deixa isso quebrar sua postura.

— Estou satisfeito apenas em poder empunhá-la em nome da Justiça, nada mais do que isso importa.

— Ainda assim é incrível. - Ao terminar de falar, Zilei para em frente à uma porta, batendo respeitosamente nela por duas vezes e esperando um pronunciamento, que vem logo a seguir.

— Entrem. - Diz a voz de Koby do outro lado, ele pareceu perceber que se tratavam de duas pessoas, provavelmente deve ter ouvido o som de nossas botas ressoando pelo corredor.

Ao adentrarmos a cabine, noto a presença de mais uma pessoa, um jovem em volta dos 16 anos, um pouco mais velho do que eu, era também um pouco mais alto e forte, visto que seus músculos em desenvolvimento já começavam a aparecer, tinha cabelos castanhos descuidados e olhos da mesma cor, feições duras, me encarava com indiferença, ele sentava-se em uma cadeira no canto do quarto, Koby sentava-se junto a uma mesa circular, junto á ela haviam mais duas cadeiras, que ele acena para tomarmos. O fizemos, nos sentando cada um em um lado da mesa, percebi que Koby, Zilei e o garoto estavam virados para mim, o que inconscientemente me levou a encolher os ombros.

— Então, garoto, nos fale um pouco sobre sua doença. - Começa Koby, seus olhos que pareciam já terem visto de tudo sondavam-me de cima a baixo.

— Bem… Eu não sei muitos detalhes, mas o que me foi dito é que existe algo dentro de mim corroendo meus pulmões e coração, comprometendo minha respiração e a corrente circulatória…

— Quanto tempo? - Zilei interrompe.

— Algo em torno de uns 3 anos, foi logo após eu fazer 11. - Koby cruza os braços, fechando os olhos, pensando vagarosamente em cada palavra que disse, Zilei continua o interrogatório.

— Vocês buscaram tratamento?

— Sim… Meu pai é um homem de certas posses, e gastou bastante para tentar encontrar algum tratamento, mas nada funcionou… Dizem que na Grand Line pode haver alguma possibilidade, mas os custos de uma viagem de lá para cá são imensos, não teríamos como pagar.

— Quanto tempo ainda lhe resta? - A pergunta de Zilei me atinge como um soco, dizer isso finalmente me colocará frente a frente com a realidade.

— Uns 3… 2 meses. - Digo com pesar, posso escutar um “tsc” frustrado vindo do garoto, o que leva tanto eu como Zilei a olhar para ele. Mas é o Vice-Almirante quem se pronuncia.

— Não se contenha, Kaleb. - Seu tom era assertivo, o que parece deixar o garoto desconfortável. - Diga o que pensa. - As feições do garoto mudam, ele parecia muito contrariado, mas ao mesmo tempo hesitante, o que o levou a ficar em silêncio alguns instantes, até finalmente dizer.

— Eu só… Acho que se ele vai morrer em tão pouco tempo, o recrutamento dele foi uma perda de tempo. - Zilei, que até aqui mostrou grande compostura e seriedade, parece ficar bem revoltado com a fala do garoto, porém antes que ele pudesse se manifestar, eu mesmo me pronuncio.

— Isso pode ser verdade, mas se mesmo condenado à morte por uma doença eu puder salvar uma vida que seja, minha vida não teria servido para tornar o mundo um lugar melhor? - Zilei me olha surpreso e o garoto, que deduzo se chamar Kaleb, parece completamente desarmado, sem argumentos diante da minha resposta, Koby dá um sorrisinho divertido.

— Boa resposta, eu não teria dito melhor. - Responde o Vice-Almirante, uma risadinha saindo de seus lábios. Ele se ergue, pegando um Den-Den Mushi, um curioso aparelho que se tratava de um telefone implantado nas costas de um caracol, utilizando sua concha como gancho, ele retira o comunicador da concha e pronuncia as seguintes palavras: - Ligue para Marineford, diga que o Vice-Almirante Koby está solicitando cooperação de um dos agentes da Cipher Pol 3, aguardo resposta. - Ao finalizar a ligação, ele novamente posiciona o comunicador sobre a concha, noto que o comunicador parecia totalmente adaptado a concha, servindo como uma espécie de “tampa” para ela, mas já ouvi falar que os Den-Den Mushis eram caracóis comuns nos quais os apetrechos de comunicação foram adicionados, me pergunto como se dá esse processo. - Primeiro, vamos nos preocupar em salvar a sua vida, nosso cronograma será o seguinte, após visitarmos nossa próxima ilha, rumamos diretamente para Drum, se tem um lugar que o conhecimento médico pode fazer algo por você, é lá. Ao mesmo tempo, ordenarei a busca de algumas Akumas no Mi que sei que podem fazer algo a respeito.

— Poderia existir alguma Akuma no Mi que pudesse me curar? - Questiono, tentando sufocar uma fagulha de esperança que brotava em minha voz e em meu peito, esperança em casos como o meu é o pior dos venenos, não posso me permitir sentir algo assim. Porém, ao ouvir meu questionamento, Koby abre um largo sorriso.

— Você se surpreenderia com tudo o que as Akumas no Mi podem fazer, algumas delas são capazes de destruir o mundo, doenças como a sua não são nada se comparadas, mas vamos recorrer à medicina primeiro.

— Com licença, senhor. - Zilei pede a vez de falar e Koby a concede. - Estamos rumando para a ilha Cozia, correto? - O nome instantaneamente chama minha atenção e, antes que eu soubesse o que estava falando, digo:

— Não é essa a ilha que a Germa 66 tentou invadir meio século atrás?

— Oho, vejo que alguém fez o dever de casa. - Responde o Vice-Almirante. - De fato, eles tentaram invadir o East Blue vindos do North Blue por Cozia, mas após falharem em manter a ilha sob seu domínio, a Marinha retomou suas atividades lá e a fortificou, atualmente, nosso segundo mais forte capitão desse mar está em Cozia, junto com Loguetown e Ulzah, Cozia é uma das três ilhas essenciais para o funcionamento do policiamento da Marinha no East Blue.

— Senhor… - Falo encabulado, me sentindo culpado em fazer a pergunta que está prestes a sair de meus lábios. - O que um Vice-Almirante como o senhor está fazendo aqui? Normalmente soldados de alta patente como o senhor se focam nos piratas do Novo Mundo…

— Fez bem em perguntar. - Zilei responde prontamente. - Há alguns meses temos notado movimentações incomuns no East Blue, figurões relacionados aos Shichibukais e aos Yonkous tem perambulando por aqui, ao mesmo tempo, o número de piratas chegando á Loguetown com forças potenciais de adentrarem a Grand Line tem aumentado cada vez mais, o que prova que nosso esquema está com falhas aqui. - Sinto uma profunda náusea tomar conta de mim.

Seria um dos Yonkous o homem que tem tentado tomar conta da ilha do meu pai?

Zilei parece notar meu mal estar.

— Aconteceu algo? Sabe de alguma coisa?

— A ilha de onde venho tem sido alvo de um pirata poderoso, acho que ele quer torná-la seu território, mas não faço ideia de quem possa ser.

— Então de que adianta essa informação? - Kaleb responde mal humorado, acho que ele não gosta muito da minha presença aqui, Koby lança a ele um olhar repreensor.

— Kaleb, creio que seja hora de realizar seu treinamento, não? - O garoto se levanta de mau gosto, mas bate continência e se retira. - Perdão pelo comportamento dele, o repreenderei mais tarde, vocês dois como futuro da Justiça devem se dar bem, esse tipo de atitude é inadmissível.

— Está tudo bem. - Lanço um sorriso sem graça. - Mas voltando ao assunto, é atrás desse pirata que vocês estão atrás?

— Não necessariamente. - Continua Zilei. - Detectamos também alguns números que não fazem sentido, número crescente de piratas embora o policiamento permaneça o mesmo, ou seja, não há decréscimo, os marinheiros não tem entrado em combate com os piratas, como deveriam estar fazendo.

— Isso é ruim? - Olho-os confuso, Koby assente.

— Significa que alguém não está dando ordens, o dever da Marinha está sendo ignorado e viemos aqui entender o que está acontecendo. - Ele se abaixou, pegando uma pilha de papéis embaixo da mesa e jogando-os sobre ela. - E essa papelada só prova o quão erradas as coisas estão, foi isso que viemos buscar em Ulzah, tem algo de estranho acontecendo em Cozia, há diversas irregularidades relatadas por lá e, ao mesmo tempo, não é possível entrar em contato com a população de lá, mas a base de lá e seu capitão reportam que está tudo ocorrendo normalmente.

— Então…

— Suspeitamos de corrupção por parte deles e estamos indo averiguar. - Completa Zilei, sem nem ao menos me dar o tempo de pensar.

— Corrupção? - Falo surpreso, não é nada próximo do que eu imaginava ser o propósito de sua viagem.

— A Marinha não é um conto de fadas, infelizmente. - Lamenta Koby. - Existem pessoas realmente comprometidas em fazer o certo, mas existem também frutas podres, como em qualquer outra organização. O maior problema é quando essas frutas podres são eleitas para postos de governança, é isso que não podemos permitir. - A convicção em sua voz era forte, a situação toda parecia deixá-lo desconfortável e incomodado.

— Então o QG da Marinha já está ciente de o quão erradas as coisas estão por aqui, hein? - Comento isso em voz alta mais para que eu mesmo tivesse ciência do que eles, porém noto ambos se olhando. - O que?

— Eles não sabem de nada. - Afirma Zilei. - Viemos para cá escondidos, dizendo estar seguindo a pista de um pirata poderoso.

— Tememos que nossas ações levassem a alguma movimentação por parte deles, caso alguém de maior escalão esteja envolvido. - Assinto com a cabeça.

— Uma boa ideia, se quisermos parar eles, devemos ser discretos e certeiros. - Ambos abrem um grande sorriso olhando para mim, os encaro confuso e envergonhado. - O que foi? Eu disse algo errado?

— Muito pelo contrário, você já está falando como um marinheiro de verdade. - Uma pontinha de orgulho é possível de ser detectada na voz de Koby. - Vamos, hora de te mostrar o resto do navio e a tripulação.

— - Torui - -

— Luke! - Grita Sofie quando passamos correndo por ela no corredor, antes de virarmos em disparada para a esquerda.

Droga, já fazia dez minutos que eu estava fugindo do capitão na nossa brincadeira de pega-pega, mas simplesmente não conseguia despistá-lo, que atleticismo e resistência monstruosas são esses?

Logo a seguir tentei virar a direita de novo, desviando de duas senhoras que se dirigiam para o bingo noturno no convés de festa do navio. O navio em que embarcamos é bem maior e a viagem é bem mais longa do que eu esperava, após dias e dias de tédio, decidimos brincar de pega-pega e começamos a correr pela embarcação antes que a ruiva e o moreno pudessem nos impedir, mas não demorou muito para eu virar uma esquina, ainda com Luke em meus calcanhares, e me deparar com Zodick com uma cara descontente.

— Agora chega, vocês tem que parar. - Ele fala autoritariamente, barrando nossa passagem. Luke esbarra em minhas costas quando paro subitamente e quase caímos, mas Zodick nos segura como se fôssemos duas maçãs. - Não temos nossas caras estampadas em cartazes ainda, mas é sempre bom evitar chamar a atenção. - Repreende ele.

— Ah, coé Zodick, faz dias que zarpamos e não tem nada para fazer aqui! - Reclamo e ele ergue uma das sobrancelhas.

— Dias? Estamos no mar a quatro horas!

— Parecem dias pra mim! Afinal de contas, o quão longe é essa ilha? Eu não sou daqui.

— São nove horas de viagem, mais ou menos.

— Torui! Você também não é daqui? - Luke questiona curioso, Zodick leva seu olhar de mim, para Luke e depois para mim de novo.

— Vocês não são do East Blue? - pergunta o moreno por fim.

— Não, sou do Novo Mundo. - respondo encabulado e impaciente, não é algo que me sinto confortável em falar a respeito.

— E eu sou da-

— Ei! VOCÊS TRÊS! - Sofie grita, interrompendo Luke, a ruiva parecia bem irritada. - Voltem para a cabine agora, temos que conversar.

Tomamos o caminho de volta aos nossos aposentos, porém antes Sofie me levou para o salão do buffet, tínhamos que pegar comida para jantarmos antes que o horário passasse, prometemos também levar comida para Zodick e Luke, que retornaram antes para esperar no quarto por nosso retorno. Enquanto enchemos os quatro pratos com todos os tipos de comida disponíveis, a ruiva decidiu puxar papo.

— Você realmente me pegou de surpresa, aparecendo daquele jeito do nada. - Os orbes azuis da navegadora fitando a comida que depositava sobre os pratos. - Eu quase te enchi de facas. - Solto um sorrisinho sem graça.

— Desculpe por isso, foi algo realmente de última hora, até o fim eu não sabia se deveria ir com vocês ou não.

— Espero que as dúvidas tenham acabado lá. - Ela responde duramente, sua voz e olhar tão afiados quanto as facas que trouxe consigo na mala. - O que estamos fazendo não é brincadeira. - Ela olha para os lados, se certificando não ter ninguém próximo, abaixando um pouco o volume de sua voz, mas sem suavizar seu tom. - Somos criminosos agora, podemos a todo momento estarmos sendo caçados ou vigiados, a qualquer momento podendo ser vítimas de um ataque ou emboscada. As coisas serão bem diferentes do que eram na sua vila.

— Não se preocupe, eu sei me defender. - Respondo cauteloso e recebo mais um olhar afiado.

— Só tenha certeza de não matar nenhum de nós, cada um tem suas próprias ideias de como vai ser o futuro, não deixe sua irresponsabilidade acabar com essas ideias. - Finaliza ela, levando os pratos de volta ao quarto.

Existem algumas maneiras de lidar com o que ela disse, uma delas é ficar puto e iniciar um conflito que pode fazer nossas viagens já iniciar mal. A outra maneira é ouvir o que ela disse e apenas perceber como uma abordagem sem tato visando o bem estar de todos. Vou ficar com essa segunda e tentar cooperar um pouco.

Ao voltarmos à nossa cabine, encontramos Luke e Zodick, cada um sentado em uma das camas do quarto, entregamos suas refeições e começamos a comer, todos em silêncio por um tempo, até que Sofie resolve começar a falar.

— Sei que é um pouco cedo, já que não chegamos em Ulzah ainda, mas precisamos saber como vamos lidar com as coisas por lá. - Nós três nos viramos para ela, atentos ao que ela falava. - Diferente de Syrup e Shannon, Ulzah é uma cidade grande com um extenso policiamento, haverá marinheiros por toda parte, e mesmo que não tenhamos fama como piratas, é perigoso andarmos sozinhos. - Zodick assente, logo em seguida complementando a ruiva.

— Também será perigoso se nos mantivermos no mesmo lugar por muito tempo, podemos ser rastreados, devemos sempre tentar passar o mínimo de tempo possível em ambientes fechados ou em novas ilhas.

— E temos que conseguir um barco. - Adiciona Luke.

— E mantimentos. - Completo. - Será uma longa viagem, precisaremos de todo o tipo de coisas para equiparmos o navio.

— Que tipo de coisas se compra para equipar um navio? - Luke me olha confuso, Sofie e Zodick parecem incrédulos.

— Acho que primeiro seria necessário decidirmos como vamos comprar um navio. - Zodick dá ênfase no “como” usando sua voz, ele fecha os olhos, mantendo seus braços cruzados, pensativo. - Não creio que tenhamos dinheiro para comprar um, por mais amigáveis que sejam os preços por lá.

— E eu quero um navio grande e com canhões! - Fala Luke animadamente.

— Calma aí, capitão. - Sofie retruca. - Provavelmente teremos que ir atrás da versão mais econômica que encontrarmos, isso se não tivermos que roubar um.

— Podemos nos dividir em duplas. - Zodick sugere. - Assim resolveria nossos problemas de segurança, pois não andaríamos sozinhos, e poderíamos ao mesmo tempo ir atrás de um barco e de mantimentos, em locais separados, dessa forma poupando tempo.

— Uma ótima ideia. - Concorda Sofie. - Mas como faremos a divisão?

— É… - Ergo a mão, chamando a atenção dos três. - Eu trouxe um dinheiro comigo, acho que teríamos como comprar um barco com ele.

— Teria que ser bastante. - Responde a navegadora. - Quanto você tem? Talvez precisemos juntar com o que temos.

— Trouxe uns 800 milhões de berries, será que dá? - Luke leva os olhos de mim para eles, que parecem ligeiramente estupefatos.

— Eu me esqueci que ele acabou de herdar uma fortuna… - Zodick comenta baixinho, Sofie apenas assente com a cabeça.

— Se é assim… - Começa a ruiva. - Torui tem que ir na dupla que vai comprar o navio, seria perigoso mexermos nesse dinheiro em qualquer lugar, então é melhor que fique com ele, para não darmos a olhos curiosos chance alguma de ver esse dinheiro.

— Sendo assim… - Começa Zodick. - Eu acho que devo ir na dupla que escolherá os mantimentos da viagem. - Olhamos para ele confusos. - Será muita coisa, eu sou o mais forte, vou ter que carregar. - Assinto com a cabeça.

— Isso faz sentido. - Eu, Zodick e Sofie nos entreolhamos, lembrando da frase que Luke tinha acabado de dizer “Que tipo de coisas se usa para equipar um navio?” e então o desfecho se tornou óbvio.

— Então eu e Zodick vamos comprar mantimentos com nosso dinheiro e o do Luke, enquanto isso, o capitão e o Torui vão comprar o navio. - Conclui Sofie.

— Parece ótimo para mim. - Luke abre um grande sorriso. - Vou poder pegar um navio beeeeeeeeeeeem grande.

— De acordo. - Respondo, uma leve emoção brotando em meu peito, que tento suprimir levemente com a presença de Sofie aqui.

— Parece um plano para mim.

— Decidido então! - Luke estende a mão para o espaço entre nós 4, o cordão com a chave ao redor de seu pescoço balançando levemente, às vezes quase me esqueço dela, mas ele sempre está com ela ai. - Vamos comprar um navio bem grandão e muita comida para que eu possa me tornar o Rei dos Piratas!

— Você realmente devia falar isso mais baixo... - Sofie suspira, rendida, colocando a mão sobre a de Luke, ela não parecia satisfeita com aquilo, mas por sua expressão, não era a primeira vez que Luke a forçava a fazer aquele tipo de cumprimento, então ela provavelmente já desistiu de resistir.

— Vamos nessa. - Ponho a mão sobre a deles e Zodick logo após, uma rápida olhada nos olhos de todos e tínhamos certeza de tudo o que iríamos fazer em Ulzah.

Só não esperávamos que as coisas fossem ser TÃO diferentes do que combinamos.

— - Continua - -