Capítulo V – Zodick: Verdade e Decisão!

— - Bruna - -

Nove. Esse foi o número de vezes que Luke repetiu a refeição até que finalmente se sentisse satisfeito, e não digo nove pratos normais, eram os maiores que tínhamos e ainda estavam quase transbordando de comida, em algum momento me lembro de perguntar a mim mesmo se ele por acaso não teria algum problema onde o estômago não enviaria o sinal de saciação ao cérebro, mas não deixei que minhas dúvidas transparecessem e continuei trazendo mais e mais até que ele finalmente se sentiu cheio.

Neste pouquíssimo tempo em que estivemos juntos, Lenny e Luke pareceram desenvolver uma sólida e rápida amizade, provavelmente por apresentarem o mesmo tipo de comportamento infantil e acéfalo, talvez também pudesse ser outra coisa, mas é quase certeza que se trata disso.

Finalmente termino de arrumar a louça, que gentilmente foi lavada por um dos garotos do orfanato, provavelmente ele achou que eu precisaria de ajuda ao ver Luke comendo como um animal em jejum por 40 dias e agradeço muito por isso. Dirijo-me até o quarto onde Luke repousava com a companhia de Lenny e, ao abrir a porta, sinto um cheiro insuportável alcançar e adentrar minhas narinas, um odor tão fétido que posso ter a impressão de que os pêlos de meu nariz estavam entrando em combustão, imediatamente tampo o nariz, impedindo o ar enquanto ouço ambos, Luke e Lenny, rindo descontroladamente, também de narizes tapados.

— O que estão fazendo?

— Disputa de peido. – Luke responde antes de soltar um peido que ressoa alto pelo quarto.

— Vocês são uns imbecis! – saio de dentro do quarto, fechando a porta antes que o cheiro se espalhasse por todo o orfanato.

Francamente, chego lá toda preocupada e tudo que encontro são duas pessoas agindo como crianças imaturas e sem juízo, às vezes me pergunto como consigo gostar do Lenny mesmo ele sendo tão infantil...

Sinto o sangue subir à cabeça e posso constatar em um dos espelhos da cozinha que meu rosto estava completamente corado, assim como nas outras vezes, afinal já faz um tempo que vejo Lenny de um jeito... Diferente. E todas as vezes que penso nisso, subitamente meu rosto fica vermelho e tenho vontade de enfiar meu rosto em um buraco como um avestruz e nunca mais sair.

Balanço a cabeça de um lado para o outro, tentando a todo custo afastar aqueles pensamentos de minha mente, afinal, não é hora pra ficar pensando nessas coisas. Caminho até o lado de fora do orfanato para tentar distrair-me, vejo algumas crianças jogando futebol em uma das metades do campinho de terra, enquanto que na outra metade algumas crianças brincavam de pular corda, pega-pega e pisa-pé. Deveria ser por volta de umas três horas da tarde quando as nuvens carregadas começaram a se amontoar e a chuva desabou forte sobre nós. As crianças correram para dentro em busca de um abrigo quentinho, mas neste momento a única coisa que me vinha à mente era: Onde está o Zodick?

Sento-me no chão abaixo de uma pequena varanda que ficava após a porta, as gotas de chuva chocavam-se contra o chão e explodiam em todas as direções, respingando em minhas pernas descobertas, me obrigando quase que inconscientemente a me encolher de frio, abraço as pernas, buscando me manter aquecida enquanto observo atentamente e pacientemente o caminho que traria Zodick de volta ao orfanato.

Passaram-se cerca de vinte minutos até que finalmente ele aparecesse, embora a cena que começa a se desenrolar diante de meus olhos não fosse nada perto daquilo que eu esperava. A ruiva que chegara aqui junto de Luke agora trazia Zodick apoiada a si, com o braço do moreno passando por sobre seu ombro, o corpo e o rosto dele estavam repletos de inchaços, marcas roxas e sangue.

Imediatamente corro para ajudar, não me importando em o quanto eu ficaria ensopada com isso, desesperada, apoio Zodick no lado oposto ao da ruiva, tomando muito cuidado para não machucá-lo ainda mais.

— Meu Deus, Zodick! O que aconteceu com você? – tudo que recebo como resposta é um silêncio incômodo, talvez fosse a dor, talvez outra coisa, mas decidi por não questioná-lo novamente até entrarmos.

Adentramos desajeitadamente o orfanato, esbarrando um par de vezes na porta estreita, conseguindo sentar Zodick com dificuldades em uma das cadeiras próximas à mesa de jantar; as crianças pareciam agitadas ao verem Zodick naquele estado, mas por sua vez o moreno solta um sorrisinho gentil e acolhedor, falando calmamente à elas.

— Ei, fiquem calmos, eu vou ficar bem. – o tom dele era firme e gentil, o que dava a impressão de que realmente não estava acontecendo nada, mesmo que não fosse a verdade, Zodick ajusta-se sobre a cadeira antes de prosseguir. – Por favor, chamem Lenny para mim e subam, certo? Preciso ter uma conversa de adulto aqui. – as crianças parecem entender e fazem obedientemente o que lhes foi pedido, após alguns instantes Lenny chega, sendo acompanhado de perto por Luke, o garoto precipita-se ao ver a situação de Zodick.

— Zodick, o que aconteceu com você? Quem foi que te fez isso?

— Sentem-se, tem algo que preciso contar para vocês. – o tom dele era calmo, mas demonstrava uma seriedade que eu nunca antes havia sentido, afinal de contas, o que está acontecendo aqui? Quem fez isso com o Zodick? Como? Por quê? E o que é tão importante assim que ele nos conte?

Todos nos assentamos à mesa, com exceção da ruiva que prefere manter-se em pé, escorada na parede, Zodick abaixa a cabeça e aperta uma das mãos dentro da outra até que os dedos perdessem sua cor, logo após o vejo respirar fundo antes de começar.

— Nos conhecemos há muito tempo, mas desde que os conheço, existe algo que venho escondendo de vocês... – Escondendo? O que será que ele está escondendo de nós há tantos anos? – Meu nome é Zodick Marui, filho mais velho da família Marui e herdeiro majoritário dos negócios da mesma. – não tenho certeza do que ele está falando, mas Luke tira o questionamento de minha boca antes mesmo que eu possa fazê-lo.

— O que é Marui? – vejo a ruiva se descorar, aproximando-se da mesa, ficando ao lado de seu companheiro de viagem.

— Marui é uma família composta por assassinos, eles são conhecidos e temidos por todo o East Blue e até além dele; são muito perigosos. – Espera um pouco aí... Ela disse assassinos? Tipo... Que matam pessoas? O Zodick é um assassino?

— Sim... – o moreno ergue o olhar, encarando a mim e logo após Lenny. – Desde pequeno, fui treinado para matar e destruir para que, algum dia, eu pudesse liderar os negócios da Marui. – ele faz uma pequena pausa e sinto que alguma coisa começa a ficar errada comigo, saber tudo isso de uma vez aparentemente seria bem difícil de processar. – Mas eu nunca quis ser um assassino. – ele prossegue. – Fugi de minha família e depois encontrei vocês, e foi naquele momento que jurei a mim mesmo que nunca mais lutaria como um Marui, mas... – ele faz uma pequena pausa e a ruiva corta sua fala.

— A Marui quer convencê-lo a voltar. – ela fita Zodick com o canto dos olhos e depois volta á fitar Luke. – Eles deram uma surra nele e ameaçaram atacar esse lugar esta noite para convencê-lo.

Minha cabeça parecia girar centenas de vezes por segundo com tanta informação, não apenas Zodick nos escondeu que já foi um assassino, sua família agora o quer de volta e procura persuadi-lo nos eliminando. Minha mente se torna um mix de sentimentos e sensações enquanto ouço Zodick continuar.

— Essa luta é minha. – seu tom era firme e decidido. – Quero que fujam junto das crianças para um lugar seguro.

— Não brinca comigo! – Lenny levanta-se abruptamente, batendo as mãos fortemente contra a mesa. – Não vamos a lugar nenhum! Não quero saber se você é de uma família de assassinos ou o que seja e menos ainda se eles pretendem vir aqui. – ele abre os olhos, mostrando todo o lugar á seu redor. – Nós construímos esse lugar inteiro juntos. – sua mão pousa sobre o ombro de Zodick. – Eles querem vir aqui? Então que venham! Juntos, vamos defender o orfanato.

— É isso aí! – Luke se empolga, subitamente ficando em pé. – Vamos quebrar a cara desses Marui! Né, Sofie? – ele vira-se para a ruiva ao seu lado.

— Durante muito tempo tive problemas com os Marui, e além do mais, não quero deixar nenhuma outra criança ter que passar pelo mesmo que eu e também, estamos em débito com o pessoal do orfanato. – pelo seu tom, Sofie também parecia pronta para lutar e proteger o orfanato.

— Lenny... Luke... Sofie... – eles estão certos, não importa o que ele tenha escondido ou o que ele já foi, no final das contas, o Zodick é o Zodick, e nada do que eu fizer será o suficiente para retribuir tudo o que ele fez para cuidar de nós, todas as vezes que ficou sem dormir por estarmos doentes ou que se machucou por tentar calçar algum animal raro para que pudéssemos vender e nos alimentar, como posso julgá-lo por esconder algo quando ele fez o possível e o impossível para nos dar o melhor que ele podia? Depois de tudo isso, só tinha uma coisa que eu podia falar.

— Venha, Zodick, vamos para a enfermaria, tenho que cuidar desses ferimentos, vocês vão ter uma luta difícil hoje à noite e você precisa estar 100% para encará-la.

— - Sofie - -

— Ai! – reclama Zodick enquanto Bruna pressiona um saco com gelo contra o inchaço arroxeado em sua bochecha. – Vai com calma. – pede o moreno, movendo-se desconfortavelmente sobre a cama da enfermaria.

— Deixa de reclamar. – murmura Bruna, ela parecia um pouco impaciente. – Francamente, você apanhou demais! Pelo menos me diga que eles estão tão machucados quanto você. – Zodick desvia o olhar, fitando algum ponto no exterior através da janela, seu silêncio dava á Bruna todas as respostas que ela pedira. – Acho que isso é um não. – conclui ela, soltando um longo suspiro antes de me fitar. – Onde estão Luke e Lenny?

— Lenny disse que iria vigiar o perímetro para ter certeza que Eagle e seus homens não atacarão antes da hora prevista, já o Luke disse que ia comer mais um pouco para se preparar para a luta. – Bruna volta a virar seu rosto para os ferimentos de Zodick, afastando um pouco o saco de gelo para verificar os efeitos do tratamento, logo em seguida voltando á pressioná-lo, arrancando um chiado do moreno.

— Entendo. – ela faz uma pausa e por alguns segundos a sala fica em silêncio. – Poderia, por favor, ir até aquela cômoda ali no canto e pegar alguns band-aids? – ela sinaliza com a cabeça para uma das cômodas da enfermaria, assinto com a cabeça, indo até a mesma, mas antes de abrir a gaveta, noto algo que captura imediatamente minha atenção. Ali, sobre o móvel de madeira havia um pequeno jarro contendo uma versão diminuta de uma Sequóia-Gigante, era algo absolutamente impossível de se imaginar, pois, nesse exato momento, a maior árvore do planeta estava dentro de um jarro sobre a cômoda da enfermaria de um pequeno orfanato. A beleza e a misticidade daquela árvore em miniatura captura meus olhos e me vejo observando-a por longos e quase intermináveis segundos, nem ao menos sabendo dizer quantos se passaram até que finalmente sou tirada de meus devaneios. – Linda, né? – assinto, abrindo a gaveta e pegando algumas unidades de Band-aid, logo após entregando à ela, Bruna sinaliza para que eu segure o saco de gelo e o faço enquanto ela começa a aplicar o primeiro band-aid na parte inferior do queixo de Zodick. – Ele a achou no ano passado, ficamos tão impressionados que resolvemos guardá-la e cuidar dela. – o band-aid seguinte é aplicado pouco acima da sobrancelha do jovem Marui. – É só uma das muitas coisas incríveis desse lugar, e todas elas são graças á você. – a garota dá um leve tapinha nas costas de Zodick, parecia aflita. – Está pronto, já enfaixei seus braços e sua perna direita, o analgésico já deve estar começando a fazer efeito, então a dor logo deve aliviar, agora vá descansar.

— Muito obrigado. – ele fala solenemente antes de finalmente deitar-se para relaxar, ela vira-se para mim, sinalizando para sairmos, o faço, mas vejo-a dando uma última olhada para Zodick e sussurrando um “não morra” antes de finalmente sair e fechar a porta.

— Vocês realmente gostam bastante dele, né? – ela sorri sem graça, abrindo um sorrisinho antes de abaixar a cabeça.

— Ele trocou tudo na vida dele para cuidar de nós, como poderíamos não gostar de alguém que fez tudo isso para nos criar...? – ela ergue o olhar, em seus olhos brilhavam chamas intensas de... Indignação? – E nós não conseguimos fazer nada por ele.

— Como assim não fizeram nada? Você e Lenny pareceram ajudá-lo bastante, pelo menos desde que chegamos aqui. – ela meneou negativamente a cabeça.

— Tem algo que eu e Lenny já sentimos há muito tempo... Esse não é o lugar do Zodick. – seu tom era firme e não vacilava. – Nós o conhecemos, sabemos que ele tem um destino muito maior e mais importante o esperando em algum lugar, muito maior que eu, o Lenny ou o orfanato. – ela cerra os punhos, as mãos pequenas perdiam a cor. – Não sei o que é, mas eu cansei de ficar no caminho e ser um peso para ele e creio que o Lenny vê da mesma forma, é por isso que Lenny têm treinado para ficar mais forte e que eu tenho feito tudo que posso para cuidar melhor das crianças menores, pois assim, quando chegar à hora, iremos cuidar das coisas aqui e deixá-lo partir sem peso na consciência.

— E como pode ter tanta certeza disso? – escoro-me à parede. – Como pode saber tanto assim a respeito do destino dele?

— Algumas coisas não se podem ver ou saber, você apenas... Sente. – ela solta um suspiro.

— Como, por exemplo, a sua quedinha pelo Lenny? – vejo o rosto dela sair de branco para um vermelho tão intenso quanto meus cabelos e vejo-a gaguejar descontroladamente.

— Co-Co-Co-Co-Co-Como você sabe disso? – mordo o lábio, me controlando para não rir da situação.

— Algumas coisas não se podem saber, apenas sentir. – sorrio diante da face sem resposta da garota. – Não se preocupe, não vou dizer para ninguém, juro. – pisco para ela e vejo-a abaixar a cabeça, envergonhada. – Agora quem precisa descansar é você, já estás se preocupando com os outros desde a hora que chegamos aqui pela manhã, você também precisa descansar. – ela suspirou, assentindo e subindo apressadamente as escadas que levavam ao segundo andar.

O melhor é ela descansar bastante, algo me diz que será uma longa noite e que precisaremos dela.

— - Zodick - -

Sinto a dor se espalhando por cada milímetro de meu corpo, intensa, repetitiva, entorpecente, roubava meus pensamentos, atrapalhava meus pensamentos, desgastava meus músculos e meus órgãos internos pareciam estar à beira de um colapso, mas mesmo assim, meu corpo ainda se mexia, sozinho, contra a minha vontade, nada do que eu tentava me fazia voltar a controlar minhas próprias ações e o pior de tudo, eu não fazia idéia do que estava se passando, mas em algum lugar da minha mente, meu corpo sabia e respondia à altura.

A minha frente erguia-se um vulto negro, agressivos, hostis, impiedosos, assim eram os golpes que ele desferia contra mim, eles vinham tão rápidos e precisos que meus olhos nem ao menos eram capazes de captar o movimento, mas meu corpo mexia-se tão perfeitamente quanto em um script ensaiado, como se estivesse desviando-se de golpes como aquele a vida inteira.

Minhas mãos então assumem uma posição peculiar, assemelhando-se às patas de um leão, meus joelhos flexionam-se e assumo uma postura diferente da que usara até então, minha mente se estremece inteira e sinto um arrepio percorrer minha espinha, de repente, sinto-me invencível, o simples ato de assumir a postura de batalha do Leão da Marui tinha esse efeito, e então, em um único e perfeito golpe, meu oponente cai de joelhos à minha frente, totalmente rendido, não havia mais nada que ele pudesse fazer.

— Parece que você finalmente conseguiu. – a voz que ressoa em meus ouvidos é como uma faca penetrando meu cérebro, a reconheceria em qualquer lugar, aquela era a voz do Pai, o título dado ao chefe da família Marui, e também, ao meu pai. – Depois de décadas de espera, a Marui finalmente terá um novo mestre em um dos seus Três Estilos Suseranos. – imediatamente me vejo cercado por vultos negros que imediatamente me seguram com força, tornando impossível para mim me libertar. – Parabéns Zodick, meu filho, você é o novo mestre do Estilo do Leão. – é então que finalmente percebo o que ele trazia em mãos e imediatamente um arrepio percorre a minha espinha, tento, inutilmente, me soltar das mãos daqueles que me prendiam enquanto o Pai aproximava-se com uma haste de metal fervente, em sua ponta havia um incandescente pedaço de ferro com a forma de um leão que foi aquecido ao fogo até brilhar e agora se preparava para realizar a horrenda tarefa á qual foi designado. – A partir de agora, a marca do Leão da Marui ficará para sempre marcada em seu corpo, você e ela serão como um só. – fecho os olhos, esperando a dor excruciante que viria á seguir.

Mas ela não vem.

Abro os olhos novamente, apenas vendo o teto de madeira do orfanato se erguendo acima de mim. Aquilo foi um sonho? Não, era real demais para o ser. Ah, agora me lembro, são as lembranças do dia em que fugi da Marui.

— Zodick. – escuto uma voz masculina á me chamar, forço o meu corpo á sentar-se e vejo Luke á porta. – Você já estava acordado? – coço o olho, me levantando, sinto uma pontada em minhas costelas, mas a dor era bem mais suave do que já fora, sinal de que os analgésicos ainda faziam efeito, então não tinha nada a se preocupar.

— Sim, acordei há pouco. – vejo-o se aproximar, demonstrando um sorriso de orelha a orelha.

— Ei, valeu mesmo por ter nos ajudado com aquela formigona mais cedo, cara, se você não estivesse lá, nós com certeza estaríamos com problemas. – encaro-o com seriedade.

— Não há de quê, mas... Tem algo que devo lhe perguntar. – viro meu rosto, fitando o pôr do sol que se mostrava como uma pintura através da janela. – A mulher que anda com você eu conheço, seu nome é Sofie Ciero, uma assassina bem conhecida neste mar, mas... – novamente viro-me para ele, encarando-o nos olhos. – Quem é você? E porque está viajando ao lado dela? – o sorriso em seu rosto alarga-se ainda mais, se é que isso era possível.

— Eu sou Luke Hardy! O homem que vai se tornar o Rei dos Piratas! – Uau, por essa eu realmente não esperava.

— Um pirata? – falo surpreso. – E o que leva um pirata a nos defender? – o sorriso em seu rosto desaparece e ele subitamente se cobre de uma seriedade que até o presente momento eu não conhecia.

— É preciso de um motivo para se ajudar um amigo? – por mais que eu tentasse, não havia nada que eu conseguisse pensar que respondesse aquela pergunta, então eu simplesmente me calei e logo o sorriso voltou á seus lábios. – E, além disso, é sempre bom quebrar a cara de alguém para aquecer os ossos.

— A propósito, sugiro que tome cuidado. – ele me fitou, confuso. – Os guerreiros que são treinados pela Marui são todos de ponta, mesmo aqueles que ainda não possuem uma maestria tão grande, peço que não baixe sua guarda no combate.

— Relaxa cara. – ele sorri, despreocupadamente. – Eu não vou perder pra ninguém. – abro um leve sorriso ao abrir isso.

— É muito bom ouvir isso. – a seguir, ouço sons rápidos se aproximando e Bruna entra subitamente dentro da enfermaria, ofegante e assustada.

— Zodick, Luke. – ela faz uma pequena pausa, buscando reaver o fôlego que perdera. – Eles estão aqui. – abro um leve sorriso enquanto me dirijo à saída.

— Ótimo, vamos nessa, esse lugar não vai se defender sozinho. – revigorado, decidido e pronto para luta, parto em direção ao lado de fora com Luke á seguir-me de perto.

— - Continua - -