Ah, a primeira semana da primavera! Dizem que é a estação dos amores e da felicidade...

Mas todos nós sabemos que é pura balela!

Eu não aguento mais! Por onde eu ando nos corredores há alguém me olhando torto, cochichando sobre mim, me julgando! E tudo isso por uma pequena (ou talvez um pouco grande) travessura da minha mãe.

Quero dizer, não que eu não esteja orgulhosa do que ela fez, mas...

Bem, na verdade não estou.

Desde pequena meu sonho sempre foi me tornar a mestra das travessuras como minha mãe, a Gata Cheshire. Ela sempre me ensinou o que eu tinha que fazer e com o que eu tinha que tomar cuidado.

Ela nunca me ensinou uma coisa: limites. E agora entendo bem o porquê.

Felizmente, se tem algo que aprendi em Ever After High, junto de meus amigos, é que há uma coisa a se respeitar, e são justamente esses limites.

É claro que até um tempo atrás eu não tinha plena consciência disso, mas... agora posso ver.

Posso ver como isso machuca as pessoas de certa forma, e de como tudo isso só faz com que elas se afastem de mim.

E então... eu já não sei se quero mais sorrir com a desgraça dos outros.

*

- Kitty? - ouvi Lizzie me chamar. Olhei para o chão e lá estava ela apoiando uma das mãos em uma árvore. Olhava atentamente de um galho ao outro, esperando que eu aparecesse.

- Meow. – disse enquanto aparecia ao seu lado. – Chamou?

- O que está acontecendo? - perguntou – Já faz uns dias desde que você mal aparece nas aulas e, quando aparece, não fica muito tempo. Maddie disse que você também não tem passado muito tempo no quarto.

- Só estava precisando pensando em umas coisas. – respondi – Não há com o que se preocupar.

- É sobre sua mãe, não é? - Lizzie me encarou. Seus olhos azuis ficavam ainda mais bonitos durante o pôr do sol.

- Talvez. – respondi novamente – Não é como se eu quisesse falar sobre isso.

E foi quando eu “puf”, desapareci.

*

Os dias iam passando e aos poucos as pessoas iam voltando a me tratar bem. Não que eu me importasse.

Era aula de canto encantado e Raven estava sentada ao meu lado. Ela me fitou por alguns segundos, mas logo voltou a olhar para a professora. Não demorou muito para que eu sentisse algo tocando o meu braço. Era ela me mandando um bilhete.

“Está sendo duro, não é?” – era o que estava escrito.

Raven era uma ótima pessoa para se conversar, mas eu realmente não estava afim. Olhei para ela e dei um sorriso enquanto ela me lançava um olhar de pena. Eu realmente odiava aquilo.

Eu não fugi durante a aula e não aprontei nada durante o intervalo. Apenas sentei-me em um dos bancos do pátio e fiquei olhando as flores desabrocharem.

- Se importa? - Desviei o olhar das flores e vi que Lizzie em pé ao lado do banco.

- Não. – disse dando um pouco mais de espaço para que ela se sentasse.

- Tente não desaparecer agora, okay? Eu sei que as coisas estão difíceis, mas... – ela deslizou sua mão pelo banco até tocar a minha – Tudo vai melhorar. – e sorriu. – Apenas... continue sorrindo – Lizzie encostou sua cabeça no meu ombro. – por mim.

E ficamos ali, observando o pôr do sol. Mesmo se não fosse para sorrir da desgraça dos outros ou mesmo que não fosse para seguir os passos de minha mãe e me tornar a maior pregadora de peças, eu continuaria sorrindo...

Por ela.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.