Capítulo 1

“- Eu te amo”

Nao levantou uma sobrancelha, se perdendo por alguns segundos naqueles olhos que lhe encaravam com firmeza, assim como a mão que segurava seu braço lhe impedindo de se mexer.

“- Heh?”

“- Eu te amo”

Sentiu o rosto queimar, sabia que tinha corado, mas quem não coraria quando de repente se recebe uma declaração dessas de um completo desconhecido. Tentou mexer o braço, mas foi impedido pela mão que lhe segura.

“- pode me soltar?”

“- não...”

“- pode dizer quem é você?”

“- Uke Yutaka, pode me chamar de Kai, sou do 2º ano F, tenho 17 anos, 1,72cm e peso 55kg, gosto de cozinhar e gosto de você, gostaria de saber se você aceita casar comigo?”

O garoto mais baixo não conseguiu evitar o riso, mas foi um riso de verdade, aponto de lagrimar. Sentiu a aperto em seu braço afrouxar um pouco, mas ainda o segurava, e, apesar de não fazer ideia de onde diabos aquele doido havia saído, aquela apresentação e aquela pergunta realmente foram engraçadas.

“- Desculpa, etto, Kai-kun, mas isso foi hilário...”

“- eu sei... a minha outra opção era sequestrar você, mas ficaria com problemas com a polícia...”

Nao teve outra crise de riso, mas se controlou um pouco ao notar que algumas pessoas começavam a olhar para eles. Olhou o maior e viu que ele tinha um sorriso lindo nos lábios e apareciam covinhas muito fofas em suas bochechas, então ficaram assim, se olhando por algum tempo, Nao tentava processar que isso estava mesmo acontecendo com ele, e aqueles olhos lhe olhavam com expectativa.

“- isso é sério, garoto?”

“- tão sério que estou usando 2 pares de meias da sorte!”

Outro riso, era incrível a facilidade que ele tinha em fazê-lo sorrir. Era uma sensação boa, para os dois, Yutaka soltou de vez o braço do menor e colocou as mãos nos bolsos pegando uma caixinha e abrindo bem na frente dos olhos do menor, mostrando duas alianças prateadas, de novo Nao gargalhou, céus, aquilo era engraçado demais.

“-Você tem um parafuso a menos, Kai-kun?”

“-Não sei...”

Ele levou uma das mãos ao cabelo e ficou mexendo por um tempo depois tirou um parafuso do meio dos fios castanhos e fez um “ohh”, o mais baixo caiu na gargalhada, sua barriga já doía de tanto rir e de fome também, recuperou o fôlego depois de mais algumas crises, então pegou uma das alianças da caixinha e colocou no próprio dedo admirando por alguns segundos, notando o olhar ainda maior de expectativa do outro.

“-É…não ficou tão feio...acho que vou aceitar, maaaas vamos fazer um trato...”

“- eu aceito…”

“- eu ainda não disse o que era o trato, Kai-kun…”

“- oh, desculpe...”

“- então é o seguinte…”

“- eu aceito…”

Nao sorriu, aquele garoto era louco, muito louco pelo visto, riu mais, mas logo se controlou.

“- uma semana, você tem uma semana pra fazer eu me apaixonar por você...”

Era loucura, sabia disso, mas era tão bom, aquela sensação, o jeito que ele fala era tão engraçado, apesar dele parecer tão sério, céus, acabaram de se conhecer, alias, Kai acabou de se declarar e ele acabara de conhecê-lo. Confuso, muito confuso, mas...como era aquela frase mesmo? “O Amornão precisa fazer sentido, você só precisa sentir...”

Ah, que gay.

“- não vou precisar de tudo isso, Nao-san...”

“-oh, Kai-kun é um convencido...”

Kai pôs a outra aliança no dedo, então, devagar, segurou a mão do bochechudo entrelaçando os dedos nos dele, ambos sorriram.

É, talvez Kai não fosse mesmo precisar de uma semana.