Kane - Os Artefatos Perdidos Do Egito

Um Chacal me Visita Antes de Partirmos


Sadie

Eu não acreditava que meu pai ia me obrigar a sair em uma expedição de família, mas especificamente de "Casais", tendo como companhia integral o deus do papel higiênico. E o que essa expedição ia implicar em meu relacionamento com Anúbis? Eu não podia deixar ele se aproveitar de mim durante a viagem só para depois me abandonar, como havia feito no fim da guerra contra Apófis. Não mesmo. Afinal, quem ele pensava que era, para me ignorar por seis meses, e depois chegar como se nada tivesse acontecido, beijando mãos alheias e me chamando de Lady?

Quando eu e o casalzinho idiota chegamos na Casa do Brooklin, eu dispensei minhas aulas e me recusei trocar mais do que algumas palavras com Bastet, Carter e Zia. Saí, então, da sala (onde saimos do portal) batendo os pés, para meu quarto.

Bati a porta e me joguei na minha cama. Peguei meu Ipod e coloquei na lista de rock pesado, e fiquei pensando na minha atual situação. Canadá! O que Apófis eu ia fazer no Canadá? (N/A Tipo: o que diabos...) Pelo amor dos deuses, eu pensava que nosso destino era alguma coisa como o Caribe! Um lugar para diversão. Mas, é claro, é dos Kane que eu estou falando, pensei amargurada. Exceto eu, os Kane gostam de coisas velhas e empoeirada, livros e essas coisas. Eles nunca iriam pensar em diversão. E, ironicamente, a cereja do meu bolo, para coroar a busca por coisas empoeiradas: Anúbis. Eu resmunguei o nome dele em voz alta.

– Me chamou, Sadie? - Uma voz suave e aveludada interrompeu minha linha de pensamento raivosa. Eu não acreditei quando percebi quem era. Eu me levantei de uma salto e me virei para a janela, e lá estava ele. Encostado na parede, as mãos nas costas, um rosto lindo, seus músculos definidos pela camisa apertada que usava, preta, é claro, jeans pretos, uma capa preta e coturnos pretos, cabelos pretos e meio bagunçados, e finalmente, aqueles olhos... E aquela boca definida e... Aí que eu percebi que o estava encarando com uma cobiça realmente enorme. Sacudi a cabeça e gritei:

– O que você quer aqui, seu cachorro idiota?

– Oi, Sadie, eu estou bem sim, obrigado por perguntar... - ele falou com sarcasmo, o que me irritou ainda mais.

Mandei, então, minha melhor cara de "Vou usar violência" para ele.

Ele suspirou, parecendo cansado e disse:

– Sadie, nós vamos ter que conviver por um bom tempo juntos... - eu o interrompi:

– Muito contra a minha vontade!

– Olha, eu não sei o que você pensa que eu fiz, para que ficasse com tanta raiva... - eu o interrompi de novo. É, eu sou mal educada.

– Se você não sabe, é mais um motivo para que eu fique com ainda mais raiva de você!

Me deitei de novo e puxei os cobertores até a cabeça e gritei:

– Eu te odeio, Anúbis, vai embora!

Silêncio. Por uns 5 minutos, tudo ficou em silêncio. Pensei que ele havia ido embora, então, abaixei as cobertas até os ombros, e tomei um grande susto. Ele estava debruçado sobre mim, mais um centímetro e me beijaria. Seu rosto, porém, refletia algo que eu nunca havia visto nele. Dor. Seus lindos olhos chocolate estavam preenchidos com tanta dor, que me fez querer consolá-lo. Então, ele fez uma máscara de sarcasmo que encobriu aquela dor, e disse:

– Não odeia, não.

E, no momento seguinte, quando pisquei, abri os olhos e vi que estava só.