Hoje eu estou com uma ressaca daquelas , falei com minha mãe que não ia chegar tarde , mas acabei chegando de madrugada , levarei um sermão , e ainda ficarei de castigo por isso , sei por que me levanto , ainda com roupa de dormi , desço pra tomar um remédio minha cabeça está estourando , escuto Rubi ao telefone , me escondo e fico escutando .

— Mas ela faz isso por que a senhora deixa é meu pai ….. do que adianta colocar de castigo se ela faz sempre as mesmas coisas…. Ela não quer saber de fazer nada , nem faculdade , devia ao menos trabalhar na empresa com o papai ….. tá bom …. Te espero hoje a noite.

— Mas que coisa feia escutar atrás da porta _ levei um baita susto

— Quer me matar de susto Alma … eu só vim tomar um remédio _ olho pras mãos dela e vejo o remédio é um copo com água _ obrigada , sempre prestativa _ sorri pra ela

— Tem que parar de ficar enchendo a cara nas festas , já está na hora de tomar jeito na vida _ fomos pra cozinha _ sei que sou só uma empregada , mas eu só quero o melhor pra você .

Apesar de Alma ser uma empregada , ela é uma amiga , ela tem minha idade , ela veio do interior depois que a mãe faleceu , achando que a vida aqui seria melhor , mas infelizmente ela viu que por aqui as coisas não são fáceis , minha irmã Rubi a odeia , não me surpreende já que ela não goste nem dela mesmo , minha mãe a viu embaixo da chuva e parou pra ajudá-la , desde então Alma trabalha aqui , ao contrário de mim , ela faz faculdade de administração , é meu pai fala que quando ela se forma vai contratar-la .

— Você sabe que você é minha amiga né _ ela sorri _ então pode me falar qualquer coisa que seja para o meu bem _ dou um beijo na bochecha dela e saio , vou pro meu quarto , hoje ficarei trancada o dia todo lá .

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Enquanto uns dormem até mais tarde no domingo , outros levantam cedo para trabalhar , pra muitos e só mais um dia comum , já que não tem outra opção.

— Bom dia Jorge … qual rosa vai querer hoje _ sorri

— Você sabe que a patroa la de casa gosta das vermelhas , hoje fazemos trinta anos de casados , e nunca deixei de levar uma rosa pra ela durante esses anos todos _ sorriu

— Aqui está meu amigo , meus parabéns , acho muito bonito essa união de vocês _ entrego as flores

— Eu que agradeço Ivan , sempre um bom rapaz , manda um abraço pra Nanda , já que hoje é o aniversário dela _ ele paga e vai embora

POV* Ivan

— Fecho minha barraca de flores mais cedo do que de costume , já que hoje eu prometi pra minha irmã que a levaria pra comer fora , desde que minha mãe morreu eu cuido dela , Fernanda tem apenas seis anos , ela fica com uma vizinha minha aos sábados e domingos , e durante a semana a levo pra escola cedo , e busco, na parte da tarde ela fica na barraca comigo , já que não tenho como pagar uma babá , o que eu ganho é pra pagar as contas , e guarda um pouco na poupança dela , penso no futuro melhor pra ela , quero que ela se forme e faça uma boa faculdade , já que eu não pude ter , o pai dela é um traste de um cachaceiro que nem ao menos registrou a menina , me aproximo de casa e logo vejo Nanda vindo correndo, escondo o presente dela atrás de mim .

— você veio...você veio mesmo , Ivan olha como eu tô linda _me curvo um pouco e ela me dá um beijo na bochecha e logo me solta pra mim olhar pra ela _ viu só , foi a carmem que me arrumou _ abriu um largo sorriso

Sou louco pela Nanda , cuido dela como se fosse minha filha , Carmem é um amor de pessoa , já é de idade , e se ofereceu pra cuidar de Nanda , mas só aceitei aos fins de semana , ou quando eu faço uns bico pra ajudar nas despesas que não são poucas , tenho uma dívida enorme no banco , e a banca de flores não tem dado muitos lucros nos últimos meses , minha paixão são as flores plantas , mas se continuar assim vou ter que arrumar uma outra coisa que dê pra ganhar mais dinheiro .

— Ela estava eufórica te esperando , achou que você não iria levá-la _ dou um sorriso e beijo as bochechas dela _ se divirtam , e meus parabéns bonequinha linda _ ela dá um abraço em Nanda , e entrega um embrulho pra ela .

— oba...oba...oba , o que tem aqui carmem _ ela sacode o embrulho .

— Não faz assim, Nanda!.. abre que vai ver o que ganhou .

vejo ela sentar na calçada e abrir , era uma sandália linda , o que Nanda tinha me pedido semana passada mas não pude dar por ser um pouco cara pras minhas condições , e também já tinha comprado o presente dela .

— sei que iria amar , é esse mesmo que queria bonequinha _ vejo Carmem perguntar sorrindo e ajudando ela calçar as sandálias

— Carmem! _ Vejo ela me olhar , e entendo que não adiantaria eu questionar .

— Presente a gente não se discute Ivan _ me olha séria e se levanta com Nanda .

— olha Ivan … são lindas Carmem eu amei _ ela a abraça _ vamos , depois do almoço onde vai me levar .

— vai ser surpresa minha princesa , mas agora eu que vou te entregar o meu presente _ tiro o embrulho de trás das costas , ela pega toda sorridente e começa a abrir .

— A boneca que eu tanto queria _ ela pula no meu colo _ obrigado , você é o melhor irmão do mundo _ me enche de beijos , eu a apertei mais ainda _ posso levá-la pra passear com nós

— Pode sim , agora vamos que já está ficando tarde _ nos despedimos de Carmem e saímos pra não perder o ônibus .

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O dia foi tranquilo pras uns , divertido pra outros , o domingo passou rápido , o sol se pôs dando lugar a uma linda lua cheia , os pais de Esmeralda , decidiram voltar , elas acharam que seria pra levar uma bronca e ficar de castigo , mas era uma bem pior que isso .

POV * Esmeralda

— vejo da janela do meu quarto meus pais chegarem , me senti uma estúpida e imatura , fico agindo como se eu tivesse quinze anos , agora eu vejo que não faço nada da minha vida e que se eu continuar assim nunca serei nada , me sento na poltrona do meu quarto e fico pensando em várias coisas , me assusto ao ver safira entrando correndo em meu quarto e me tirando dos meus pensamentos .

— Esmeralda! Está me ouvindo _ a olho _ papai quer falar com todas nós … não sei mas parece ser sério , será que ele vai nos castigar por muito tempo?_ vejo ela andando de um lado para outro .

— Aí ...para ..não adianta nada agora , vou só trocar de roupa e já desço _ ela ainda andava de um lado para o outro roendo as unhas _ já te disse pra parar , tá igual a uma barata tonta , e pode se preparar que vamos ficar pelo menos dois meses sem sair _ falo andando pro meu closet e vejo ela vindo atrás de mim .

— Mas foi por sua culpa que ficamos até mais tarde _ começo a tirar minha roupa sem olhar pra ela _ e te disse que devíamos ter vindo embora cedo .

— Mas na hora que estava agarrando o Carlos estava bom né _ a olho e vejo ela ficar séria _ deixa de ser boba , logo eles vão esquecer e vai ficar tudo bem _ sorri pra ver se ela ficava menos tensa , ela sempre era toda certinha

Acabo de me vestir e descemos juntas , vejo meus pais sentados um do lado do outro e Rubi a frente deles , sentamos do lado dela , dando a visão prós nossos pais de nós três , safira segura na minha mão , percebo que ela está muito nervosa , olho pra ela e dou um meio sorriso , volto a olhar pro meu pai o mesmo está sério , bem mais do que pra um simples sermão , logo ele começa a falar .

— Não sei como vou contar isso … eu nem espero ele falar mais nada e começo a falar

— Desculpa pai , não queria desobedecer e acabei chegando tarde , sei que também tenho que fazer uma faculdade ou trabalhar , mas quero que saiba que vou mudar e A Partir de amanhã vou pra empresa com o senhor _ vejo ele me olhar surpreso , mas não era isso que ele queria .

— Vejo você sempre falando isso Esmeralda , chega de promessas , a única coisa que sabes fazer e gastar dinheiro e encher a cara nas festas e nada mais … você não passa de uma fútil_ ao ouvir Rubi falar aquilo , foi como um soco na boca do estômago , ela estava certa , sempre prometia e nunca que cumpria .

— Chega! Já estou farta dessas brigas sem sentidos das duas _ minha mãe da um grito que nós assusta , ela que sempre foi tão calma , nunca tinha falado assim _ o pai de vocês está tentando falar , mas já que ele não fala eu vou falar , A Partir de amanhã você Esmeralda não irá para a empresa .

— Mas...mas..porque mãe , eu disse que vou trabalhar , não quero fazer faculdade , mas com a imprensa do pai nem precisa , já tenho emprego garantido _ digo sorrindo

— Não! Não vai minha filha , nós fomos viajar não a passeio , mas sim pra resolver negócios , e não queria preocupar vocês _ nós olhando espantadas , não sabíamos o que ele estava dizendo _ a um ano atrás eu investir todas as minhas ações , e acabei sabendo que era tudo uma fraude , a empresa não estava muito boa , achei que estava fazendo um ótimo negócio , mas tivemos essa notícia , por isso fomos viajar , perdemos tudo ...tudo .

As palavras do meu pai ficam se repetindo na minha cabeça , como perdemos tudo , era como se o chão se abri-se diante dos meus pés .