S.T.A.R. Labs

Boston, Massachusetts. – 07 de Março, 11h: 30min

Katherine Wayne seguia pelos corredores da S.T.A.R. Labs, seus olhos apenas iam observando e analisando os experimentos. Ao menos, era isso que esperavam dela, afinal para todos os efeitos estava ali representando a empresa de seu pai para algum projeto que iria investir financeiramente em alguma ideia prática realizada por algum cientista. A realidade, porém era outra e tudo o que estava fazendo era atuar conforme a ocasião pedia.

Por fim, após minutos andando e recebendo demonstrações e explicações de cientistas em cada sala que entrava foi que acabou chegando a quem realmente importava. A pessoa que a tinha feito estar ali, jogando aquele jogo. Aproximou-se do rapaz de aspecto asiático e fez ser notada por ele que parou de conversar com um de seus colegas e veio recebê-la em seu estande.

— Deve ser Shawn Shin, estagiário do laborátorio de biologia marinha – disse a garota de modo displicente e educada – Chamo-me Katherine Wayne, sou representante da Wayne Enterprises. – Ela lhe estendeu a mão para um cumprimento - Conversamos por telefone ontem a tarde.

- Bem vinda ao S.T.A.R. Labs. – disse Shawn Shin – É um prazer recebê-la, Srta. Wayne. Em que poderiamos ajudá-la? – Ele começou a guia-la em direção a seus projetos - Seu telefonema não deixou claro de que maneira nós de Boston poderiamos lhes ser úteis.

— Sim, eu espero que possa achar o que estou procurando. Mas não creio que seja a S.T.A.R. Labs que vá me ajudar a ter o que eu quero. – disse Katherine sendo direta e em um tom de voz discreto – E eu procuro pela verdade, Shin. Tem alguma coisa que possa dizer que a convença a ajudar-me?

— Não entendo – respondeu Shawn Shin visivelmente confuso.

— Me liguei em sua encenação, sobre o seu salvamento naquele submarino experimental... – falou Katherine enquanto fingia analisar algumas representações do novo projeto do transporte subaquático presos ao quadro - Matéria interessante.

— Perdão? - questionou Shawn Shin parecendo retraído e defensivo.

— A sua entrevista, palavras que me fizeram compreender que você sabia mais do que queria contar. – sussurrou Katherine para assegurar de que só ele seria capaz de ouvir – Também rastreei seu IP e vi que utiliza de um user em vários foruns online sobre a garota-sereia de Boston. Você lhe deu um nome: Aqualady. Sei que há muito mais além do que revelou a respeito dela, doutor. Tenho minha teoria, mas queria saber o que esta escondendo.

— Eu tenho meu horário para o almoço daqui dez minutos – disse Shawn Shin ajeitando óculos e parecendo trêmulo apesar de manter o sorriso cordial no rosto – Posso encontrá-lo na cafeiria da esquina? Se não for problema alguma para a senhorita poder esperar por mim. Meu chefe é meio rigido quando se trata de horários.

...

Boston Jitters

Boston, Massachusetts - 07 de Março, 11h: 42min.

Eles tinham acabado de fazer seus pedidos quando foram deixados pela garçonete a sós. Estavam sentados em uma daquelas mesas na parte externa em cadeiras de metal com estofamento confortável e havia um grande guarda-sol aberto sobre a cabeça dos dois. O cientista parecia visivelmente tenso e isso era percebível para a garota, foi quando o viu remover os óculos e esfregar os olhos antes de pronunciar-se:

— Como soube? – perguntou Shawn Shin.

— Porque você foi a única testemunha que soube dizer com precisão os processos que ela tinha libertado vocês daquele submarino defeituoso. Fiz algumas perguntas a respeito de sua familia, Shin. – falou Katherine – Fiz meu dever de casa por assim dizer. Você nasceu e foi criado em Amnesty Bay, Maine. A cidadezinha que serviu como lar de infância para o Aquaman. Também descobri que você é filho de um antigo amigo de Arthur Curry. – Ela fez uma pausa – Não precisa ser esperto para saber, basta juntar as pistas e deduzir o óbvio.

A verdade é que James Grayson tinha descoberto grande parte daquelas informações, mas para todos os efeitos era bom que o nome do rapaz não fosse citado. E é fato que não tinha sido muito difícil mesmo vasculhar a vida de alguém comum.

Shawn Shin era apenas um estudante brilhante e com um futuro promissor na sua área, porém ainda era um individuo que vivia no anonimato o que o tornava facilmente decifrável em uma investigação rápida.

Se não estivesse tão evidente naquela entrevista que o estagiário escondia algo a mais que seus superiores desconheciam, talvez tivessem demorado em encontrar alguma pista chave para desvendar o paradeiro da misteriosa heroína aquática de Boston.

— Mas agora eu quero que me diga se estou certa em pensar. – falou Katherine Wayne chamando a atenção do jovem de ascendência asiática - Que se a garota for mesmo quem acho que é, ela certamente teria procurado por um nome conhecido em um lugar estranho como a superficie é. Essa garota é Mareena Curry, correto?

— Ela não esta fazendo mal a ninguém – disse Shawn Shin – Tem apenas agido como uma heroina assim como o pai fez quando ainda atuava com a Liga da Justiça. Ela só está querendo ajudar as pessoas já que está longe de casa.

— Posso imaginar – respondeu Katherine – Você não é a única pessoa que quer o bem estar da Mareena, acredite. – fez uma pausa - Apenas quero conhecê-la para saber como está e se precisa de algo que as Wayne Enterprises possa providenciar. Não faremos mal a ela, minhas intensões com ela são as melhores possiveis.

— Eu ia ligar para S.T.A.R. Labs na manhã seguinte em que ela bateu em minha porta, mas eu não tive coragem. Digo, ela era uma garota desconhecida me pedido ajuda e claramente exausta e ferida de uma viagem longa que tinha feito. Por mais que eu não conhecesse Mareena ainda... – disse Shawn Shin – Eu só não podia, entende? Meu pai devia a vida dele para o Aquaman. Cresci ouvido historias de como os atlantes são incriveis... De como a cultura atlante é inestimável e rica. E de como Arthur Curry é somente o maior homem que já existiu.

— Sim, eu também vi como seu pai é fascinado por Atlântida em minhas pesquisas – disse Katherine, o nome de Stephen Shin era bastante popular quando se tocava no assunto – o maior especialista na superficie sobre essa civilização milenar antes mitológica pelo que li.

— Eu não podia simplesmente trair a filha do Aquaman – disse Shawn Shin – Por mais que deve-se ter encontrado uma forma de avisar que ela estava bem. Eu cuidei dela em segredo até que se recuperasse.

— Mas assim que se recuperou – falou Katherine Wayne facilmente deduzindo os próximos passos da princesa de Atlântida – Passou a sair por ai e botar ordem na cidade por conta própria.

— Sim, foi isso mesmo e acredte que ela não sabe ser discreta – disse Shawn - Então, quando as noticias das ações dela começaram assim que ela passou a agir como combatente do crime... Eu e ela conversamos e assim ela tornou-se a minha colega temporária de apartamento e eu fiquei animado com a ideia de ajudar uma heroina no que pudesse.

— Foi quando começou a falar sobre ela na internet e trabalhar no marketing virtual de heroina dela – disse Katherine – Creio que foi só o inicio não é mesmo? Transforma-la em uma web-celebridade.

— Ela não queria minha ajuda com dispositivos ou coisas assim, sabe? Ela não confia muito em coisas feitas na superficie. Então eu comecei a fazer o que podia sem que ela suspeitasse. Uma heroina precisa de fãs e um pouco de reconhecimento pelo que faz... – disse Shin - Eu comecei a blogar sobre ela. Criar tópicos em fóruns online, tudo anonimamente. Chamei ela de Aqualady porque pensei que parecia legal. Aquagirl era manjado demais... E ela gostou do nome.

— É um bom nome – concordou Katherine.

— Ela achou que combinava com uma heroína. Ela não gosta de ser chamada de Aquagirl... Aquagirl já tinha sido usada por uma ajudante do pai dela. A garota chamava-se Tula, eu acho. E a garota acabou morta. – Respondeu Shin – Ela não achou que seria um nome que lhe traria bom presságio. Quem diria que atlantes teriam supertições não é mesmo?

— Seu apartamento, então? É isso que você me disse? – questionou Katherine – Teria o endereço para me passar? E peço que não avise que eu estarei indo procura-la. Pode ser que não queira me ver.

— Você não vai encontrá-la no meu apartamento. – revelou Shin - Não moramos mais juntos. Ela achou que fosse melhor para mim se ela se afastasse, compreende? Antes que eu confundisse nosso relacionamento além da amizade. Mas eu sei onde ela costuma ficar.

— Posso ajudar Mareena, Shin. – disse Katherine – Mas é importante que não diga para mais ninguém o que me disse. – O cientista encarou a garota a sua frente.

— Mas ai que está a questão, Srta. Wayne – disse Shin – Eu já disse. Era para um pessoal da Embaixada de Âtlantida. Eles disseram que tinham vindo averiguar o paradeiro da princesa e apenas queriam saber o estado dela se estava bem. Conversar, não iriam obriga-la a voltar com eles. Está tudo bem, não é? Eu... – Ele fez uma pausa ao notar o olhar da garota a sua frente - Não cometi nenhum erro grave ou cometi?

...

New England Aquarium

Boston, Massachusetts – 07 de Março, 12h: 52min.

Katherine Wayne escutava as informações que tinha conseguido a respeito do local aonde naquele momento se infiltrava. O lugar encontrava-se fechado para reformas, porém era um dos maiores pontos turísticos da cidade. E certamente, era um dos locais onde uma atlante seria capaz de sentir-se em casa. A voz robótica falava em seus ouvidos as informações conseguidas pelo Bat-Computador.

O New England Aquarium, situado em Boston, abriga 80 animais de três espécies de pinguins: o pinguim-africano, que emite um som que mais se parece com o zurro de um jumento. O pinguim-azul, que se destaca como o menor pinguim do mundo; e o penacho-amarelo (rockhoppers), que chama a atenção pelo topete punk-rock de penas amarelas. Logo na entrada, um espaço amplo e pedregoso com os encantadores pinguins chama a atenção dos visitantes.

Do meio das pedras que simula o habitat dos pinguins ergue-se um gigantesco tanque oceânico com a altura de quatro andares. As rampas circulares ao redor do tanque são um convite para a apreciação da vida marinha. No tanque é possível observar peixes, enguias, arraias e tartarugas marinhas convivendo pacificamente nos arrecifes sob os olhares atentos de crianças e adultos que chegam de toda a parte. De vez em quando, um mergulhador chama a atenção, enquanto alimenta os animais no tanque com mais de 700 mil litros de água salgada.

Sem dúvida, entre as atrações mais disputadas estão os tanques com arraias e tubarões, que permitem ao visitante tocar suavemente nos animais enquanto eles passeiam de um lado para o outro em águas cristalinas sob a supervisão atenta de um funcionário do aquário.

E tinha sido naquele espaço que Mareena Curry tinha conseguido seu primeiro trabalho sobre a recomendação de Shawn Shin. A princesa de Atlântida agora sustentava a si mesma trabalhando como tratadora dos animais do aquário. O estagiário da S.T.A.R. Labs tinha suspeitas de que a garota tinha encontrado alguma forma de abrigar-se em alguma parte do aquário para passar a noite. Era a melhor dedução que tinham até então para procurar.

E como o esperado, enquanto vasculhava pelos corredores vazios do lugar foi quando escutou passos e rapidamente projetou-se num salto e pendurou-se no teto. Abaixo dela observou um desconhecido mascarado ingressando no espaço. Aparentemente, o sujeito que havia procurado Shin mais cedo era um caçador de recompensas. O vestuário inspirado em mercenários de guerrilha e a máscara que lhe ocultava o rosto, mostrava que certamente tratavam-se de algum freelance, não havia qualquer símbolo reconhecível em sua roupa.

— Eu tenho o melhor trabalho do mundo, não? – disse o mascarado e Katherine prendeu sua respiração – É sério, eu tenho apenas que garantir o meu sustento e não é como se eu tivesse muito trabalho ou não gostasse do que faço. O pacote de beneficios é enorme e no topo de tudo isso, eu só tenho que rastrear e empacotar monstros modernos e receber por isso... Dinheiro justo por um trabalho justo, não? – Então ergueu os olhos para cima - Você salvou o meu dia, garota. – falou ao vê-la – Eu conheço você, Batgirl não é? Destruiu com os planos de Howard Dent e fez ele parecer o incopetente que é.

— Eu não gosto de me gabar – falou Batgirl ainda presa ao teto e sorriu para o outro que encontrava-se abaixo dela – Mas é bem isso mesmo e você não será diferente dele.

— Oh, você não devia ter me alertado se fosse mais sorrateira poderia sobreviver – disse o mascarado enquanto estalava os dedos –Mas agora, eu vou ter que te matar.

— Sem problemas, sabe o único motivo para eu dizer algo é porque eu peguei desprevinido um de vocês caçadores de recompensas e não achei muito justo. – falou Batgirl - Considere isso seu aviso. Fique longe da garota.

— Agora você está sendo convencida demais, garota. – disse o mascarado rindo – E para a sua sorte meu tipo de garota são as gostosas convencidas. Talvez, depois de te ensinar uma lição não possa me divertir um pouco com você? É claro, se você não tiver medo de se queimar um pouco. – Ele acende sua mão em chamas azuis e atira contra a super-heroina, porém esta protege-se usando sua capa que entre suas funções esta ser aprova de fogo.

— Hum, aprova de fogo hein? Interessante – disse o mascarado então atirando mais uma vez outra rajada que zumbiu próximo as orelhas da máscara de Batgirl – Vamos ver quanto mais você vai ser capaz de resistir ao meu calor natural. – E o bandido riu então fazendo suas mãos ficarem incandecentes e soltando uma onda de fogo na direção dela. Batgirl, saltou por cima das chamas em um salto com rotação tripla. Então pousando em modo de ataque.

— Francamente, qual é o lance que os vilões tem em flertar comigo? Só pode ser a roupa de couro. – disse Batgirl e ela atirou algumas bombas de fumaça contra o chão e logo todo o corredor estava cheio deles – Mas eu aprendi a lição em não sair com badboys, então recuso o convite.

E correu pelo corredor, tomando impulso na parede e avançando para deferir um soco que passou de raspão no rosto do mascarado. Ela pousou no chão, desviando de uma rajada de chamas que o oponente lhe lançou. Tornando então a saltar, dessa vez por sobre a cabeça do mascarado. E a heroína atacou mais uma vez, porém, o caçador de recompensas não conseguiu escapar do chute que lhe acertou nas costelas.

— Claramente, estamos aqui pelo mesmo motivo – disse Batgirl – Vou fazer um trato com você: Deixe a princesa em paz e cai fora daqui, ótario. Se fizer isso, você fica com todos os seus dentes na boca.

— Acho que andei te subestimando, não é mesmo pirralha? – falou o mascarado arrancando o que sobrara da máscara trincada e a atirando no chão – Eu acho que precisarei então revelar para você mais do meu poder. – Logo os olhos dele ficaram claros e repletos de um brilho incadecente azulado - Uma pena, porque eu estou fazendo isso sem ninguém me pagar. Talvez, levar seu corpo carbonizado possa ser uma maneira de fechar algum contrato com uma das familias mafiosas de Gotham. Temos que pensar grande, não é mesmo?

As chamas azuis subiram por seus braços e aumentaram de tamanho consideravelmente, logo fazendo com que somente a sombra das mãos pudessem ser vistos dentro das esferas de fogo. Então ele alçou voo e seguiu em direção de Batgirl, ela desviou, porém foi atingida nas costas por uma rajada das chamas o oponente disparou contra ela.

Mesmo com a proteção do traje, o ataque foi sentido e a sensação de dormência e o calor foi sentida por ela. Poderia ter sido pior sem a resistência aprimorada da armadura tecnologica, provavelmente terminaria no chão com um grande buraco atravessando o seu dorso.

— Batgirl, está tudo bem? – disse Oracle – O traje indica niveis altos de energia radiotiva. A contenção da armadura foi eficiente em suportar um ataque, porém não sei quais são nossas chances em uma segunda tentativa.

— Maravilha, era o que faltava para tornar aquele cara mais detestavel – disse Katherine – As chances de receber um câncer ou uma queimadura de radiação. – Então desviando de um novo ataque e dependurando-se no teto.

— Poderia te dar a chance para fugir e salvar seu corpinho sexy – respondeu o vilão - mas sei como são os heróis e diferente de nós, vocês não sabem quando parar. Essa coisa de coragem e espirito de herói é tão clichê. Tão previsivel e tedioso, mas se não fossem idiotas feito você acho que minha vida seria uma chatice.

— Deveria sentir-me honrada? – falou Batgirl puxando um par de bat-rangs do cinto.

— Não se sinta especial, pirralha. – respondeu o vilão rindo - Porque alguns imprevistos como você é que tornam as minhas caçadas interessantes. Mas não significa que não sejam apenas uma distração do meu objetivo principal. Então, costumo dar uma morte rápida, porém não garanto que será indolor.

— Oh, e eu achando que você estava gostando do tempo que estavamos passando juntos – disse Katherine sarcasticamente enquanto atirava os bat-rangs na direção dele e saltava para trás. Os bat-rangs explodiram em pleno ar, próximo do rosto do loiro que por sua vez absolveu a energia emanada das explosões.

— Sério mesmo, combater fogo contra fogo? – disse Oracle pelo comunicador – Genial, aumente mesmo o poder destrutivo dele. Como se tudo isso já não estivesse dificil o bastante.

— Fácil dizer, por que não diz algo melhor para eu tentar? – disse Batgirl – Poderia tentar as capsulas de nitrogênio, mas elas seriam vaporizadas antes de atingi-lo. Alguma ideia de quem seja esse cara e como derrota-lo?

— Estou analisando a imagem captada pela câmera frontal da máscara – respondeu Oracle – E analisando com os programas de reconhecimento facial de criminosos. Estou vasculhando nas topografias dos arquivos distritais humanos e meta-humanos que possam bater com as caracteristicas e tipo de poder.

— E nada ainda? – disse Batgirl – Nenhuma pista?

— Não – respondeu Oracle desanimado – Esse cara parece não existir para o governo. É impossivel que um sujeito desses não tenha sido fichado, por mais que nunca tenha sido preso. Ainda assim, não há como acreditar que ele seja limpo de qualquer insidência criminal anterior.

— Hei, Batgirl – disse a voz do vilão que parecia ter a encontrado – Por que não fala comigo? Suas últimas palavras antes de eu derreter você até os ossos.

— Quer que eu fale? Pois bem, serei honesta com você – disse Katherine – Estou aborrecida com toda essa situação se quer saber. Você não é muito mais velho que eu ou Mareena. E aqui esta você: Usando seus poderes meta-humanos contra mim e querendo capturá-la por dinheiro. Será que não enxerga que poderia fazer mais do que simplesmente destruir e matar para quem pagar mais?

— Apelando para minha piedade, Batgirl? – disse o vilão rindo enquanto as chamas concentravam-se na palma de suas mãos – Eu não estou fazendo isso por dinheiro.

Ele então juntou as mãos e disparou uma rajada dupla de fogo na direção dela. A heroina desviou, porém as chamas colidiram com uma das paredes de vidro do aquário, que causou uma explosão concentrada e o vidro estorou espalhando água pelo chão.

– Estou fazendo por muito dinheiro – respondeu o vilão – E eu não sou um reles meta-humano, pirralha. Eu sou um Prypiatosiano, vindo do planeta Prypiatos da galáxia Andrômeda.

— Um alien? – disse Oracle – Então eu estava procurando no lugar errado. Vou vasculhar os arquivos do Departamento de Operações Extranormais, e ver o que tem a nos dizer sobre essa espécie extraterrestre. O que me lembra de que tenho de fazer uma ligação... – E Batgirl ficou apreensiva com aquela última fala de seu parceiro, porém não pronunciou nada apenas retornando a encarar o oponente e certificar-se de manter uma distância segura e desviar de seus ataques.

— Desde que aquela ruiva escapou de Atlântida que um preço em sua cabeça foi colocado no mercado negro. – disse o loiro – Um preço muito tentador para que eu deixasse passar de lado. O nome que escolhi aqui na terra para mim é Phoenix Blumm. E quando eu entregar aquela atlante para o tio dela, serei um homem rico e ganharei ainda mais prestigio dentro da minha profissão.

— Sério mesmo que deu a si próprio o nome de uma ave de fogo mitológica? Vilões, cada dia que passam ficam mais previsivos nas escolhas dos próprios nomes – disse Batgirl pedurando-se na parede enquanto lançava na direção do chão esferas de nitrogênio comprimido que explodiram no contato com a água. – E sobre a parte de levar a Mareena para o Mestre dos Oceanos – Logo a água foi tornando-se gelo, sendo que Phoenix estava congelado na altura das panturrilhas e incapacitado de se mover dessa vez.

— Por que se importa tanto? – disse Phoenix para ela – Você não tem nada haver com isso, pirralha. Essa garota não é nada para você e mesmo assim luta para protegê-la. Você é só uma terraquea comum, não tem qualquer chance contra mim.

— Porque é isso que nós heróis fazemos – disse Batgirl saltando da parede e correndo na direção do extraterrestre já puxando seus bastões eletrificados do cinto. Estava pronta para um ataque que provavelmente iria incapacitar o oponente.

- Então acho que vou ter que por um fim nisso – disse Phoenix dirigindo suas chamas azuis em direção ao gelo e dessa forma, enchendo todo o salão circular de vapor.

Batgirl parou assim que foi atingida pela onda de calor quente que a derrubou. Ao ficar de pé sentiu a superficie congelada abaixo de si derretendo e tornando-se algo mais aquoso. O calor no salão tinha aumentado e sua visão tinha se tornado embaçada por conta da cortina de vapor que tinha inundado o ar. Deixando assim, Batgirl sem muita escolha além de ficar em modo defensivo enquanto escutava os passos de Phoenix Blumm sobre as poças de água que tinham restado.

Ele esta indo para onde? Os passos pararam. Foi o que pensou Batgirl antes de ouvir o barulho do ar sendo aquecido pelos poderes do extraterrestre como ocorria antes da explosão de chamas. Em seguida, antes de poder definir de onde vinha o som foi que sentiu a rajada de fogo azul lhe atingido o braço.

— Chega garota – disse Phoenix Blumm saindo do meio da parede de vapor e colocando-se de frente para Batgirl que esta no chão amparando o braço atingido. A armadura esta chamuscada e soltando fumaça na area atingida – Você está tomando muito do meu tempo. E agora, é o momento em que você morre.

— Valar Morghulis – disse Batgirl – Mas hoje não. – Ela juntou os bastões caídos próximo dela em um só e ergueu-se do chão apoiado nele – E não para um babaca como você – E então ligou os bastões, descarregando uma corrente elétrica contra o chão molhado.

Porém, por mais que o traje que a garota usasse tivesse isolamento ainda assim a descarga da eletricidade pode ser sentida em menor quantidade, devido aos danos anteriormente causados pela batalha.

Ela foi arremessada para trás e sentiu o impacto quando suas costas bateram na parede de vidro do aquário que havia atrás dela. Encarou o vidro e viu que tinha o trincado, porém não o quebrado.

- Você é desprezível, acha que dinheiro é o suficiente para você caçar pessoas como se fossem animais? Para machucar quem não esta fazendo nada de errado? – disse Batgirl - Ela não é uma criminosa e a vida dela não vale o preço que ofereceram. A vida não pode ser comprada. Acha que poder pertence a quem pagar mais? Que a um lado se escolhe por conta das vantagens que se obtém? - Eu realmente odeio esses discursos que costumava fazer antigamente. Pensou, Katherine Wayne raivosa com as próprias palavras que escapavam de sua boca.

Blumm?— soou a voz pelo comunicador do caçador de recompensas – Você está ai?

Claro, que ele não estaria sozinho. Batgirl colocou-se de pé novamente apoiando-se em uma das pilastras do corredor e permanecia a encará-lo. Via o caçador de recompensas erguendo-se do chão e recuperando-se da descarga elétrica que o tinha arremessado para longe.

— Pode falar – respondeu Blumm – Estou ouvindo você.

Preciso de apoio— falou a voz destorcida pela estática no comunicador – Eu achei ela.

— Sorte sua, bat-fedelha – disse Blumm então clicou em algumas teclas virtuais de seu bracelete tecnológico e um holograma revelou-se apesar de claras interferências na imagem devido aos danos que o equipamento sofreu na batalha. O holograma era uma representação da planta das instalações em que se encontravam e havia um ponto apitando vermelho. – Tenho um peixe maior para pegar - Aquilo claramente parecia ser um sistema de localização muito semelhante ao que a heroína usava.

Ele então tocou o chão e desenhou um circulo com sua mão luminosa. A área em que o circulo tinha sido desenhada simplesmente esfarelou-se em cinzas após uma grande porção ter virado fumaça. E com o buraco aberto foi que Phoenix Blumm saltou para seu interior e assim caiu para o andar debaixo.

— Ah, não vai mesmo – falou Katherine, erguendo-se e correndo em direção do buraco feito no piso e saltando para dentro também. Quando pousou, pode notar que o andar debaixo encontrava-se apenas iluminado pelas luzes vindas dos aquários nas paredes. O que dava a todo o corredor uma coloração azulada.

Ela correu em direção de onde escutou o que pareciam ser sons de batalha. Então correu na direção que identificou de onde vinha o barulho, apenas para encontrar uma onda gigantesca e arrebatadora vindo em sua direção. Batgirl só teve tempo de ativar a máscara e projetar o respiradouro que lhe cobriu as vias respiratórias e impediria de se afogar. O impacto da água foi imenso contra seu corpo e sentiu-se sendo arrastada pelo corredor até que por fim sentiu-se caindo quando as águas da torrente caíram fortemente de uma sacada dando um efeito semelhante ao de uma cachoeira.

Batgirl teve uma rápida visão do teto, puxou seu arpéu e disparou contra o ar e antes que caísse no que pareceu ser um fosso foi que se viu balançando e por fim, com o auxilio da capa foi que realizou um pouso.

Não saiu bem como eles tinham planejado – falou Batgirl observando Phoenix Blumm e seu parceiro de caça, ambos caídos no piso do Grande Hall. Os dois mostravam-se desacordados e provavelmente afogados pela torrente de água que os atingira.

— Não, por favor, não... – disse a voz do que pareceu ser um terceiro. Ao olhar para cima foi que Batgirl observou pela primeira vez Mareena Curry. E a princesa de Atlântida não parecia nada amistosa, isso podia ser claramente visto no modo como ela carregava o criminoso remanescente: Carregando-o pendurado em seu tridente de gelo pelo colete tático aprova de balas. – Desculpe por atirarmos em você, de verdade... – Ela o carregava sem qualquer esforço e parou com o sujeito o dependurando para fora da sacada - Só deixe-nos ir embora.

— Você e seus amigos fizeram uma escolha errada em vir atrás de mim – disse Mareena agressivamente – Agora sofram com as consequências por seus atos – E o arremessou da sacada na direção do chão, como alguém que balançava uma vara de pescar e o homem gritou enquanto caia na direção de seus companheiros desacordados.

Batgirl saltou em direção do sujeito e o amparou antes que atingisse o chão. Quando colocou o homem em segurança no piso encharcado, foi que notou que ele encontrava-se desmaiado, provavelmente de medo, mas mostrava-se ileso ao menos.

Só naquele momento que pareceu que a ruiva havia notado a super-heroína lá embaixo. Aqualady então usou da água que ainda escorria em menor quantidade pela sacada para descer em uma onda em espiral em direção ao Grande Hall.

— Você o largou sem mata-lo – disse Batgirl a atlante – Ou mesmo cega-lo ou estoca-lo no peito com o seu garfo. – a ruiva encarava a mascarada em posição defensiva com o seu tridente de gelo - Isso é um bom sinal, pelo menos para nós duas. Nós agimos do mesmo lado, soube de seus feitos heroicos nas últimas semanas.

— Não pense que sou uma assassina – disse Mareena – Esses homens não são humanos comuns. Eu sabia que poderia me exceder em meus poderes para derrota-los... – Ela girou o tridente em mãos antes de aponta-lo na direção da outra garota - Eu possuo controle das minhas ações.

— Eu sei disso – falou Batgirl – Tudo que quero é fazer algumas perguntas para você.

— Não estou interessada – disse Mareena – Não posso confiar em pessoas que não confiam em mim. Por que ainda está de máscara? Eu sei a sua identidade secreta, Katherine. Meu pai me falou de como o Batman tem o péssimo costume de colocar os filhos para combaterem o crime ao lado dele. Onde está o traje vermelho?

— Eu não sou mais Robin tem uns dois anos – disse Katherine enquanto removia a máscara – Mas acho que as notícias demoram em chegar ao seu reino perdido submarino, não é mesmo?

— Você é exatamente como ele tinha me mostrado – falou Mareena – Maldito bruxo, ele é realmente poderoso não é mesmo? Conhecedor do futuro... Mas na hora de responder as minhas perguntas não fala diretamente e se esquiva. – E Katherine estalou seus olhos ao ver aquela frase, aparentemente a atlante sabia mais do que os outros com quem Zane já tinha tido contato anteriormente.

— Você o conhece pessoalmente? – disse Katherine – Você sabe onde posso encontra-lo?

— Não sei nada a respeito dele. – respondeu Mareena, mas por mais que aquilo pudesse soar como verdade a super-heroína de Gotham não queria acreditar - Perdeu seu tempo vindo aqui, Wayne. – E virou as costas para a heroína - Não me procure mais, irei saber me esconder melhor da próxima vez.

— Não posso deixar que saia e desapareça assim sem me dizer o que sabe sobre esse garoto – falou Katherine enquanto dava alguns passos na direção da atlante – Preciso saber o que ele quer de mim. – Ela foi puxando do cinto de utilidades uma pistola de pressão e colocando dentro dela um cartucho com dardos tranquilizantes - O que quer de todos nós.

— Você não quer fazer isso – falou Mareena ao encarar a pistola tranquilizante nas mãos da outra garota – Vou te dar a chance de abaixar essa coisa e sair daqui sem precisarmos brigar – Então mostrou três dedos para a ruiva – Você tem até eu abaixar o último dedo – E ela começou dobrando o primeiro e depois o segundo após um par de minutos que pareceu horas. E por fim, antes do terceiro ser abaixado foi que o dedo de Katherine vacilou e pressionou o gatilho.

Dois dardos tranquilizantes atingiram o abdômen da princesa. Mareena encarou os dardos claramente enfezada antes de puxa-los fora e arremessar contra o chão. Então encarando a garota a sua frente com o olhar sério e profundo.

— Eu sou resistente a toxinas – falou Mareena então esticando a mão e fazendo com que a água agitasse, por fim um jato de água formou-se e rodopiando foi atirado na direção da garota vestida de morcego.

Katherine protegeu seu rosto com o braço e viu a água atingindo-o e envolvendo-se ao redor como uma espécie de corrente que foi progredindo ao redor dela. A água foi penetrando na armadura internamente, logo ela sentiu a mobilidade tornando-se limitada e percebeu que estava congelando. Mareena tinha feito da água em gelo, fazendo assim com que sua mobilidade torna-se difícil e um contra-ataque fosse feito de maneira restrita e dolorosa.

Mais um sinal de mão da atlante fez com que dessa vez Katherine fosse erguida do chão. Mesmo a água em seu estado sólido podia ser manipulada pela garota de cabelos ruivos. Então com outro movimento trouxe a super-heroína em sua direção e a golpeou com o tridente para longe, como um rebatedor de beisebol. Katherine sentiu-se novamente no ar e por fim caindo no chão e deslizando pela superfície plana.

— Mareena, não me obrigue a machuca-la – avisou Katherine no chão enquanto via a ruiva aproximando-se e moldando novamente um novo tridente para si feito de água e em seguida congelando-o.

— Isso é uma ameaça? – falou Mareena raivosa – Você não vê a situação em que se encontra, garota? – Ela aproximou o tridente do rosto de Katherine o parando alguns centímetros do rosto desmascarado da outra - Eu venci.

— Cai fora, princesa – disse uma voz e de repente um vulto apareceu atingindo a atlante em cheio. Quando a visão de Katherine tornou a focar-se, pode distinguir que o vulto tratava-se de Jon Kent, em seu uniforme de Superboy.

O rapaz tinha chegado à alta velocidade e diferido um soco certeiro que arremessara Mareena para o outro lado do Grande Hall. A potência do golpe a tinha feito atingir a parede oposta e afundado nos escombros.

— Superboy? – disse Katherine erguendo-se – Você me seguiu?

— Não – falou Superboy enquanto ajudava a amiga a ter algum apoio – Eu fui avisado por Oracle que você deveria estar com problemas porque não respondia ao comunicador. – A garota levou então sua mão para a orelha, apenas para remover o pequeno aparelho e analisou-o por si mesma.

— Ele deve ter estragado durante a minha luta com aquele alienígena – disse Katherine retornando o objeto pequeno para sua orelha enquanto via o amigo guiando-a adiante no grande salão – Valeu pela ajuda.

— Não vá se acostumando com isso – falou Superboy rindo então apenas parou e sua expressão tomou um ar mais sério – Eu estava apenas tentando remediar a nossa falha em conseguir capturar o tal mago misterioso aquele dia em Metropolis. Então, acho que já estou dentro dessa com você em tentar descobrir o que esse cara quer com a gente. – Ele seguiu até os escombros da parede e começou a removê-los de cima da garota desacordada.

— Foi um soco e tanto – disse Katherine – Sorte que os atlantes são tão durões quanto kryptonianos e ela não deve ter sofrido tanto com o baque. – Ele viu Jon a pegando em seus braços e erguendo-a do chão – Devemos leva-la para um lugar seguro. – Ela olhou para o trio de caçadores de recompensas que permanecia desacordado no chão - Mas antes, temos de cuidar desses três e entrega-los a alguém ao Departamento de Operações Extranormais.

— Eu já avisei a Alex Danvers e um grupo esta sendo enviado para cá – respondeu Superboy – E acredito que a Wayne Enterprises vai ter que fazer uma boa doação ao New England Aquarium. Deve ter sido um show e tanto que você teve.

— Oh, sim... – disse Katherine sorrindo – Sinta-se convidado para o próximo.