Kentin abriu seus olhos assustado. Tinha o corpo todo dolorido, e ao olhar ao redor percebeu-se em uma floresta. O menino percebeu também outros corpos ali. Rapidamente colocou-se de pé, e sentiu uma tontura enorme, preocupando-se em se apoiar na árvore ao seu lado. Kentin suspirou e balançando a cabeça foi em direção a menina que havia perto de si.

Sacudiu a garota, e levantou a cabeça olhando ao lado. Mais corpos. Todos os Filhos dos Líderes estavam ali. Todos eles, tacados no chão. Alguns estavam acordados, e Kentin se aliviou quando viu um menino levantar-se e apoiar-se em uma árvore, depois fazendo um sinal positivo com o dedão.

O moreno sacudiu mais uma vez a garota. Seus fios ruivos estavam espalhados pelo chão, com folhas ao redor dele, quando a garota tossiu fortemente e colocou-se sentada. Num movimento brusco, a menina virou-se de lado e vomitou tudo o que tinha no seu estômago.

Kentin rapidamente se virou sentindo um nojo repentino em si. Avistou outra menina se aproximando da garota do chão, mas evitou olhar para as duas. Evitou olhar para o vômito. Ouviu sussurros, mas não virou.

— É melhor sairmos daqui — Marge vendo a situação e também ficando com nojo falou. Ajudou a loirinha que estava com Anne a se levantar e então começou a andar.

— Para onde nós vamos? — Skayller ajudando Keira a se levantar, chamou a atenção de todos. Como filha de Elsa, a menina sentia-se na responsabilidade de liderar o grupo, ou então, de pelo menos ficar sabendo para onde eles iam.

— Vamos pro Palácio — Marge anunciou parando de andar e fitando a princesa. Foi o que lhes foi indicado. Ir para o palácio e ficar de olho em Dom Pedro II. — Lá nós decidimos o que fazer.

— Mas nós podemos? — Anne indagou meio preocupada. Sabia que entrar em palácios, castelos, propriedades de outras pessoas, sem serem chamados não era uma coisa boa. Eles poderiam fazer isso?

— Temos um propósito, não? — Ken opinou passando a mão nos fios castanhos, com todos os olhares sobre si.

— Ok, e o que vamos fazer quando chegarmos lá? — Skay indagou ainda apoiando Keira, que passava a mão no rosto repetidamente. — Hei, viajamos no tempo, viemos proteger Dom Pedro II de um cara muito mal que quer matá-lo — a loira falou gesticulando com a mão livre.

— Skay, por favor — Keira pediu colocando a mão no ombro da menina, e então se soltando, apoiando na árvore. Não entendia o motivo de ser a única que estava enojada ali.

— Vamos nos aproximar — Primrose falou. Seus fios louros não estavam mais soltos, e sua calça estava molhada na lateral. — E então resolvemos o que fazer.

— Ainda acho que isso não vai dar certo — Skay murmurou ajudando Keira a levantar-se.

Começaram a caminhar em direção a quantidade de luzes que vinham do leste. Marge e Kentin iam à frente, livrando-se dos galhos, dos insetos, e ajudando as meninas. Com o passar do caminho, Keira foi se sentindo melhor, e começou a observar a beleza que aquela mata tinha. Anotou mentalmente de dar uma volta por ali depois.

— Hei... Gente — Kentin chamou num sussurro. Marge parou de tentar cortar aquele galho que atrapalhava a passagem, e virou-se para o menino, que se aproximava do chão, cuidadosamente.

— O que foi? — Anne perguntou aproximando-se do menino. Kentin rapidamente esticou sua mão, impedindo a menina de dar mais passos. O garoto aproximou seu rosto do chão. Ken engoliu em seco antes de colocar a mão por cima daquelas cinzas. Não eram qualquer cinzas, eram cinzas iguais as suas.

— Kentin, é realmente muito agradável você dividir alguma coisa com a gente — Marge falou aproximando-se do menino. Kentin o fitou, e então, levantou-se.

— Eles já estão aqui — anunciou ainda fitando o chão atordoado. Não sabia que alguém do outro lado tinha os mesmos poderes que o seu, e isso o fez repensar se era uma vantagem poder controlar e criar o fogo, as chamas, aquilo que acabou com sua família.

— Eles quem? — Prim perguntou aproximando-se. Depois de receber um olhar de Anne, a menina entendeu. — Oh meu Deus, os vilões? — perguntou não achando um nome apropriado para definir aqueles que eram inimigos.

— Aliados da Escuridão — Kentin pronunciou. — Eles são os Aliados da Escuridão.

[...]

— Aqui está bom — Anne falou ajoelhando no chão. Estavam a alguns metros de uma parte do palácio. Kentin observou tudo atento. Tinha um pátio grande, com algumas roupas penduradas num canto. Havia uma grande porta aberta e pode ver onde os cavalos estavam. Do outro lado, viu outra porta, e pode ver uma espécie de cozinha, e estava totalmente lotada. Parecia estar correndo uma festa, ou algo de gênero.

— E se nós nos infiltrássemos? — Ken perguntou com um olhar divertido. Estava apoiado em uma árvore, enquanto os outros estavam sentados no chão, ajeitando-se e esperando.

— Como? — Skay perguntou gostando da ideia. Era melhor do que fazer nada, ou chegar lá falando a verdade.

— Olhem a cozinha — Kentin falou apontando para a porta grande aberta, de onde saiu uma menina correndo até um local com bastantes árvores. — Parece que está tendo algum tipo de festa, ou coisa assim... — o menino deduziu. — Nós vamos entrar e imitar os outros, enquanto uns dois ou três entram no Palácio mesmo e procuram por Dom Pedro — explicou seu plano.

Estavam todos tão atentos no plano de Kentin que nem prestaram atenção na proximidade de uma mulher de touca branca, vestido sujo e cara muito brava, como se estivesse realmente irritada.

— O que vocês estão fazendo aqui? — esbravejou, chamando a atenção do grupo, que olhou para ela totalmente assustado. — Eu já não disse que vocês não vão entrar na festa? — falou brava e então pegou no braço de cada um, levantando-o e com uma colher de pau, começou a empurrá-los na direção da cozinha. — Vamos, vamos, temos muito trabalho a fazer — falou empurrando.

— Não, moça, você não está entendendo — Keira tentou explicar, virando-se para a mulher, mas foi prontamente interrompida por Kentin, que pegou em seu braço e a virou de volta, piscando, indicando que seu plano estava dando certo. Keira rapidamente entendeu e assentiu, ainda preocupada.

Assim que entraram na cozinha, sentiram toda aquela tensão que estava ali, toda a pressa, e calor. A mulher — que ninguém sabia o nome — pegou na mão de Skayller e Primrose e as puxaram para longe. Os outros quatro ficaram ali, parados na porta, até um homem aparecer.

— Eu não me lembro de vocês... — falou. Tinha um bigode estranho, e era todo musculoso, com uma boa quantidade de barriga. Keira engoliu em seco, começando a ficar com medo.

— Somos novos — Marge respondeu sorrindo. O homem assentiu.

— Sabem fazer algo na cozinha? — perguntou, e todos deram uma boa olhada ao redor.

— Eu sei fazer algumas coisas — Annabeth falou olhando ao redor. Todos pareciam profissionais, e o que sabiam, o que haviam aprendido de seus pais pareciam nem ser o suficiente.

— Ótimo, estamos precisando de gente — o rapaz falou. — Sou Roberto, o mestre daqui — falou e então olhou ao redor. Pegou um avental meio pastel e entregou a menina, e outro á Keira, que pegou assustada. Mas não sabia cozinhar! — Vocês duas podem cuidar do jantar — indicou uma porção de mulheres cortando e cozinhando e então deu uma leve empurrada nas duas para seguirem até lá.

— Ei, tente fazer tudo o que eu faço, ok? —Anne falou percebendo o nervosismo de Keira. A ruiva assentiu, e então seguiu Annabeth até a mesa. A loira pegou alguns vegetais e começou a cortar. Keira a seguiu, e de uma forma inesperada, percebeu que era até boa nisto.

— Vocês dois — Roberto falou fitando os rapazes, e logo em seguida dando um avental para eles também. — Vão para onde estão preparando a sobremesa e ajudem as meninas que estão servindo — falou apontando para um local onde tinha poucas pessoas, e surpreendentemente Primrose e Skayller.

— Vistam isso — a mulher que ninguém sabia o nome deu uma troca de roupas para Prim e Skay, que se olharam. Primrose olhou ao redor, vendo uma porta que dava a um pequeno corredor. Pegou no pulso de Skay e ambas entraram ali, vendo mais duas portas onde poderiam ser o banheiro. Cada uma entrou num e se trocaram.

Vestiam vestidos que iam até o tornozelo. Primrose tinha um vestido azul claro, e Skay tinha um preto. Por cima estava um avental branco, e na cabeça, as meninas prenderam o cabelo e colocaram uma espécie de touca, só que mais bonita que a da mulher.

— Nada mal — Skay falou assim que viu Primrose. A filha de Rapunzel suspirou e foram para a cozinha, onde a mulher entregou as garotas uma bandeja de madeira fina. Ambas escutaram as instruções da mulher, e observando as outras que estavam vestidas iguais, foram em direção a uma porta onde dava para um grande salão.

Primrose abriu a boca, e Skayller riu, prosseguindo com a caminhada. Havia lustres enormes no centro do salão. Nos cantos, mesas com os mais tipos de comidas. No centro, um espaço vazio para a dança. A frente tinha um pequeno palco onde estavam alguns músicos tocando instrumentos numa música lenta e clássica. Havia mesas em volta do espaço reservado para a dança, onde havia os mais tipos de pessoas, com os mais variados vestidos. Primrose pode reparar que não havia muitas meninas jovens sentadas, a grande maioria estava servindo os outros.

Skay pegou no pulso da menina, e disfarçadamente apontou para frente do salão. Skayller nunca tinha visto uma foto do Imperador, mas tinha certeza de que era aquele. Era jovem, muito jovem — o que surpreendeu ambas as meninas. O rapaz estava sentado em um trono. Vestia uma roupa elegante, e tinha uma coroa na cabeça. Parecia estar entediado, pois bocejou e baixou a cabeça, o suficiente para a coroa não cair. Ao seu lado duas meninas. Uma mais bonita que a outra. Skayller entendeu que aquelas poderiam ser suas irmãs, ou algum parente próximo.

A menina fitou o rapaz o tanto que pode. As duas estavam fitando o menino.

— Eu não achei que ele fosse tão novo — Prim sussurrou para a menina, ainda o fitando. Seus fios louros embaixo da coroa estavam bem organizados, seu rosto bem cuidado, sua roupa sem amassar, mas seus olhos estavam cansados e rodavam o salão a procura de algo interessante.

— Eu não achei que ele fosse tão bonito — Skay comentou, e Prim pode apenas sorrir.

— Eu não quero as duas bobonas paradas, vão, vão — a mesma mulher de antes apareceu, e ambas começaram a rodar o salão, perguntando se os convidados queriam algo, mas sempre dando uma olhada ao Imperador, afinal, estavam ali para protegê-lo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.