Sho estava em pé perto da porta de entrada do seu apartamento olhando pra uma Kyoko, sentava no sofá de sua sala, sem expressão. Ele não sabia o que dizer pra ela, muito menos como consolá-la, só sabia que se de alguma forma ele fosse capaz de se livrar da dor que ela dizia está sentindo, ele o faria.

Quando ele a encontrou correndo pelas ruas a primeira coisa que veio em sua mente foi implicar um ‘pouco’ com ela, mas logo que chegou perto a viu chorar como louca, ele sentiu que aquela dor era igual, ou talvez pior, do que a dor que ela sentiu quando a mãe a abandonou. Ele não sabia por que ela estava chorando, já havia perguntado várias vezes, mas ainda não tinha obtido uma resposta. Decidiu tentar mais uma vez. Sentou-se perto dela e perguntou.

­

— Kyoko, você pode me dizer o que aconteceu, somos amigos de infância, lembra-se? Eu sei que aconteceram várias coisas, e também sei que fiz várias coisas das quais não me orgulho, mas, Kyoko, faz tanto tempo que nos conhecemos, não há ninguém que nos conheça melhor que nós mesmos, e tanto você, quando eu sei disso. Então, por favor, me diga o que aconteceu pra você ficar assim.

Não é que ela acha-se que era errado contar a ele, nem que o que ele disse fora mentira, mas ela não sabia como dizer, nem ela mesma acreditava no que havia visto, e ouvido. Ela sabia que tinha que contar a alguém, e também sabia que não poderia seguir com isso sozinha. Precisaria de ajuda, e Shoutaro estava ali disposto a ajuda-la sem nem mesmo saber o que havia acontecido. Talvez ela devesse isso a ele, de alguma forma ela achava que ele tinha o direito de saber o que houve. Então por um impulso ela decidiu falar.

— Eu... O... Ele... – tomou um tempo, respirou fundo, suspirou várias vezes, e então disse – Ele me enganou, ele deve ter rido de mim todo esse tempo. Eu acreditei que ele fosse um príncipe, filho do rei das fadas, mas ele nunca fora. Sempre, ele sempre soube, desde o começo ele sabia quem eu era, sabia o quanto eu acreditava nele, o quanto eu sonhava com ele, mas ele me enganou. Eu com certeza o teria perdoado se ele tivesse me dito antes, no começo, talvez. Mas ele achou melhor esconder, me enganar, rir nas minhas costas. Depois de tudo, eu até me entreguei a ele por um impulso...

Ela contou toda a história ao Sho, desde a hora que saiu do escritório do presidente, até a hora que viu o Tsuruga-san abraçado com uma mulher a quem ele chamava de mãe ao mesmo tempo que ela o chamava de KUON, seu ‘Corn’ o príncipe das fadas, filho do rei das fadas, o seu milho. Contou como ele a olhou sem expressão, e depois virou e foi embora com sua ‘mãe’.

— Então, por favor, ajude-me, Shoutaro.

Ele a olhou, ela com certeza ainda escondia alguma coisa e ele precisava saber o que era. Já tinha decidido ajuda-la de qualquer forma, não importando o que ela dissesse, ou que ela teria feito, ele com certeza a ajudaria. Não faria isso pra conseguir perdão, ou o coração dela, ele só queria protegê-la, queria pega-la nos braços e levar pra longe dali, queria escondê-la do mundo. Se ela dissesse que sim ele a levaria para bem longe, onde ninguém pudesse encontra-la, onde ninguém pudesse machuca-la, ou atrapalhar seus pensamentos e sua felicidade, nem ele iria se ela dissesse que assim o queria.

Tinha que saber o que ainda estava faltando, o que ela ainda estava escondendo. E como se ela pudesse ler seus pensamentos disse:

— E eu estou grávida.