Os dias haviam se passado. Alice, Pedro, Roberta, Diego e seus filhos já estavam na casa de praia á dois dias, curtindo as férias. A casa ficava bem perto da praia, era apenas atravessar a rua e já havia chegado.

E como o dia estava bem quente, um típico dia de verão, todos estavam na praia.

Roberta e Diego estavam sentados em umas cadeiras de praia que haviam trazido, assim como Alice e Pedro.

As crianças, Matheus, Rodrigo e Clarisse, brincavam entretidos na areia.

Pedro não ficou muito tempo ali sentado, ele logo pegou sua prancha, a qual havia trazido, e correu ao mar, já que estava ventando e tinha bastantes ondas.

Diego também não ficou lá, pois logo as crianças foram pedir a ele para ajudar a construir, segundo eles, o ‘maior castelinho de areia que já existiu’. Com três crianças de olhinhos pidões, e pedindo repetidas vezes para ajudá-los, não tinha como dizer não. E lá estava Diego, sentado na areia quente, ajudando três crianças á fazer um castelinho de areia.

Alice e Roberta continuaram sentadas aproveitando o sol. As duas tinham os olhos fechados, e óculos de sol.

― Alice? ― Roberta pergunta, as duas ainda tinham os olhos fechados.

― Hun?

― Você acha que eu vou conseguir? ― Roberta pergunta, a voz carregada de insegurança.

― Como assim? ― Alice não entende do que a amiga estava falando.

― Será que eu vou dar conta de dois filhos? É que, sei lá, cuidar de um filho já dá um trabalhão, imagina dois. ― Roberta falava. Alice gargalhou. ― Tô sendo boba, não to?

― Tá sim! ― Alice riu, mas logo respirou fundo, parando. Encarava a amiga. ― Olha, pode parecer assustador agora, mas você vai ver que depois que ela nascer... Bem, não tem como explicar isso. É algo natural. ― Alice disse, por fim. Roberta não disse nada, e então, Alice completou: ― Sem falar que você também vai ter muita ajuda do Diego e do Rodrigo também!

― Isso é verdade! O Rodrigo está tão carinhoso comigo e com a irmãzinha. ― Roberta disse, toda boba. ― Outro dia mesmo, eu estava jantando e aí ele veio com um garfo e começou a amassar minha comida. Eu perguntei o que ele estava fazendo e ele disse que estava amassando porque bebê só podia comer papinha. ― Alice e Roberta riram. ― E bem, do Diego eu nem preciso falar, né?

― Viu? Não precisa ter medo de nada. Você é uma ótima mãe, cuidando de um, dois, ou cinco filhos. ― Alice tentava tranquilizar Roberta.

― Cinco?! Eu ia enlouquecer! ― Roberta exclamava. ― Já me basta dois e AAAAI! ― Ela gritou de dor.

― Roberta?! Ai meu deus! ― Alice se desesperou. ― Por favor, me diz o que você tá sentindo!

― Dor... Aqui! ― Roberta falava entre dentes, a mandíbula fechada com força. Ela apontava para a parte baixa da barriga.

Fica aqui. ― Alice ordenou. Se levantou rapidamente e foi correndo até Diego, que continuava com as crianças. ― Diego, rápido! A Roberta!

― O que tem a Roberta?! ― Ele se levantou rapidamente. E então, ele olhou para onde a esposa estava, viu a expressão de dor em Roberta e logo entendeu o que estava acontecendo. ― Ai, merda! ― Diego então correu até onde Roberta estava.

― O que aconteceu com a minha mamãe? ― Rodrigo se levantou, com um olhar preocupado.

― Não é nada meu lindo, ela vai ficar bem, tá? ― Alice tranquilizava o menino.

Pedro, vendo todo aquele alvoroço, rapidamente saiu da água, jogou sua prancha em qualquer lugar da areia e correu até a esposa. Alice ainda estava com as crianças, que a enchiam de perguntas.

― O que aconteceu? ― Ele perguntou. Alice olhou para as crianças, e então puxou Pedro para um canto onde elas não poderiam ouvir.

― A Roberta. ― Alice disse, parecia aflita.

― O que tem ela?

― Eu não sei! Acho que ela tá passando mal, ou então vai dar á luz. ― Alice leva as mãos á cabeça, em desespero. Respira fundo, tentando se acalmar. ― Olha, fica aqui com as crianças que eu vou ficar com a Roberta e o Diego.

Pedro apenas assentiu.

Alice logo foi até Roberta e Diego. Roberta disse que a dor já estava passando, mas Diego e Alice acharam melhor levá-la pra casa. Pedro ficou apenas mais alguns minutos com as crianças, mas logo falou para irem guardando as coisas. Também estava preocupado com a amiga.

Depois de guardarem todas as coisas que haviam trazido, Pedro levou as crianças até a grande casa onde estavam passando as férias. Entrou com elas. Ele pediu para as crianças ficarem brincando na parte de trás da casa, onde havia alguns brinquedos e a grande piscina, e então foi até o segundo andar da casa, onde estava Roberta.

Matheus e Rodrigo brincavam com seus bonecos e carrinhos. Clarisse estava mais afastada, e brincava de ‘comidinha’ com um pouco de areia que ela havia trazido da praia. E então, ela se levantou e foi até onde os meninos estavam, levando um pouco de areia dentro de um pratinho de brinquedo.

― Dliiiigo, come o ‘cocoito’? ― Ela esticou o braço para oferecer o prato cheio de areia, fazendo a voz mais fofa que conseguia.

Rodrigo e Matheus pararam a brincadeira para olharem para a menina.

― Não Clarisse, eu não quero comer o seu biscoito. ― Rodrigo fez uma careta ao ver a areia, e então se virou para voltar a brincar com Matheus.

― Vai Dligo, come, tá ‘gotoso’ ― Clarisse insistia. Rodrigo novamente se virou. Matheus apenas ria.

― Você já comeu? ― Rodrigo tentava enrolar Clarisse.

― Não.

― Então como você sabe que tá gostoso? ― Rodrigo a questionava erguendo as sobrancelhas.

― É que todo ‘cocoito’ é bom! ― Ela argumentava.

― Então come você. ― Rodrigo disse. Matheus já não se aguentava mais de rir. Gargalhava.

― Eu não! Eu quero que você coma o ‘cocoito’ que eu fiz! ― Clarisse dizia, autoritária.

― Eu não vou comer lindinha, pede pro seu irmão comer. ― Rodrigo agora falava calmamente, tentando convencer a menina. Matheus logo parou de rir.

― Ei, eu não! ― Matheus disse.

― Se você não comer, eu vou ficar ‘titi’ e vou ‘cholar’. ― Clarie disse, fazendo o maior biquinho que conseguia. Vendo que Rodrigo não se importou muito, mudou de tática. ― Eu vou ‘cholar’ e vou falar pro meu papai que vocês brigaram ‘pumigo’!

― Não! Não chora, por favor! ― Rodrigo dizia, já desesperado.

― Então come o ‘cocoito’... ― Ela fazia uma carinha fofa.

― Matheus me ajuda! Ela é sua irmã, faz alguma coisa! ― Rodrigo pedia.

― Eu não, ela quer que você coma o biscoito. ― Matheus continua rindo.

― Mas você tá vendo que não é biscoito! É areia! A-R-E-I-A! ― Rodrigo já estava ficando irritada.

― É ‘cocoito’ sim! ― Clarisse dizia, fazendo biquinho.

― Clarisse, se eu comer o seu “biscoito”, você me deixa em paz e vai perturbar seu irmão? ― Rodrigo agora tinha um sorrisinho no rosto.

― Sim! ― Clarisse logo sorri animada.

― Eu não! ― Matheus disse prontamente.

― Você sim. Vai Clarisse, me dá logo esse “biscoito”. ― Rodrigo disse fazendo uma careta.

E então, Clarisse entregou o pratinho cheio de areia da praia para Rodrigo, enquanto Matheus ria.

***


Depois de algumas horas, Roberta já estava bem melhor e não estava sentindo absolutamente nada. Saiu do quarto e foi até o quintal da casa, tomar um pouco de ar fresco.

― Rodrigo, por que você tá todo sujo de areia? ― Roberta dizia, já preparada para repreender o menino por ter se sujado.

― É que, a Clarisse, ela... Ela disse que ia chorar que eu não comesse o “biscoito” que ela fez! ― Rodrigo explicava.

― Que biscoito meu filho? ― Roberta agora estava preocupada.

― É que ela trouxe areia da praia no baldinho dela e depois tava brincando de comidinha, e aí me ‘cantageou’ pra comer o que ela tinha feito.

― Chantageou. ― Roberta o corrigiu, rindo.

― Isso mesmo. ― Rodrigo percebeu que sua mãe ria. ― Não ri mamãe!

― Desculpa bebê, mas é que é engraçado. ― Roberta continuou rindo, respirou fundo, e parou.

― É engraçado porque não foi com você. ― Rodrigo falava, emburrado.

―Tudo bem, não vou mais rir. ― Roberta disse, se segurando. ― Onde a Clarisse tá agora?

― Eu acho que ela tá no quarto, arrumando o Matheus.

― O quê? Como? ― Roberta perguntou.

― Eu não sei... deve ter acontecido alguma coisa coma Clarisse. Acho que ela deve tá com saudades de brincar com a Angellina, só pode, ou então ela gosta de perturbar a gente. ― Rodrigo falava enquanto Roberta ria.

― Tenta entender filho, só tem ela de menina aqui, e ela quer brincar com alguém... ― Roberta explicava ao filho.

― Isso quer dizer que ela vai estar assim todo o tempo que a gente ficar aqui? ― Rodrigo perguntou, em meio á uma careta.

― Isso mesmo.

― Não gostei disso mamãe. ― Rodrigo agora tinha um biquinho nos lábios.

― Mas quando sua irmãzinha tiver da idade da Clarisse, vai querer fazer a mesma coisa com você, tem que ir se acostumando... ― Roberta disse, acariciando sua grande barriga. ― Mas você tem que lembrara, que elas só fazem isso porque amam você, meu pequeno.

― Pensando bem, acho que posso aguentar todo esse amor. ― Rodrigo diz e Roberta ri do jeitinho que o filho falou.

― Eu sei que pode. ― Sorriu. ― Bem, agora vamos ajudar o Matheus, né? Ele deve estar precisando.

― Não mamãe, deixa a Clarisse ficar mais um pouquinho com ele. ― Rodrigo sorria.

― Tudo bem. ― Roberta hesitou, mas concordou ao ver o sorrisinho no rosto do filho. ― Mas só mais dez minutos, porque se a gente não for logo “salvar” ele, ele vai ficar igual ao Ken. ― Roberta ri, acompanhada do filho.

― Ei mamãe, quando a gente for lá salvar ele, podemos tirar uma foto? ― Rodrigo disse animado, já imaginando a cara de Matheus. Não seria nada boa. ― E eu guardo a foto pra usar contra ele, se eu precisar um dia!

― Nossa, como você tá malvado hoje. ― Roberta diz, rindo. ― Depois eu penso se a gente tira ou não uma foto.

― Pensa bem mamãe, mas pensa com carinho.

― Tudo bem, eu vou pensar com muito carinho meu bebezinho. ― Roberta diz, e em seguida beija as bochechas do filho, as apertando.

― Ai, para mamãe, vai me babar todo! ― Rodrigo reclamava enquanto limpava as bochechas com as mãos.

― Tudo bem, já que eu não posso mais beijar meu próprio filho, eu vou embora. Oh, vida cruel! ― Roberta agora seria a rainha do drama. E então, ela finge que está chorando. Põe as mãos no rosto e balança os ombros.

― Mamãe, para com isso. Você tá me ‘cantageando’, tá parecendo a Clarisse. ― Rodrigo pede e Roberta para de encenar.

― É chantage... Ah, pensando bem, deixa pra lá. Vamos logo salvar o Matheus das mãos da Clarisse. ― Roberta diz, rindo.

― KEN, JÁ ESTAMOS INDOOOOOOO! ― Rodrigo gritava pela casa, até chegarem no quarto, onde encontraram Matheus mais enfeitado que uma árvore de natal e Clarisse com um enorme sorriso no rosto.