Judith

Capítulo 11 – Porto seguro


Oliver Queen

Felicity está sob um sono profundo desde que decidi acordar para velar o seu sono, depois de assistir a sua respiração tranquila por alguns longos minutos, sou obrigado a me afastar para preparar o café. Nossas manhãs têm sido assim desde que voltamos de Central City, depois daquela noite fria, os dias foram incríveis. Tão incríveis que agora não nos distanciamos mais, quase tudo estamos fazendo juntos, desde o trabalho de Felicity na Smoak Technologies até os pequenos afazeres de casa. Digamos que me tornei um homem do lar e eu nunca pensei que cuidar de uma casa desse todo esse trabalho, mas nada que eu não possa dar um jeitinho.

O cheiro do grão torrado de café me remete a lugares que quero conhecer com Felicity e Judith, algo como uma fazenda longe de todo o caos da cidade. Um lugar em que possamos acordar com o nascer do sol ainda pela madrugada, ouvindo o cacarejar do galo nos dizendo que já chegou a hora de levantarmos. Andar de cavalo com Judith, apresentar a ela a natureza, respirar o verde que ainda nos falta em Starling City. Durante à tarde tomar esse café enquanto Felicity nos balança na rede observando a estrada vazia. E assim que chegasse à noite, sob o barulho de grilos eu a faria mulher de novo, por mais uma vez ou por mais quantas vezes ela estivesse disposta.

Agora ela estica os braços em uma preguiça gostosa, os olhos ainda estão manhosos se escondendo dos raios claros que conseguem escapar do pequeno espaço das persianas ainda fechadas. Os olhos azuis estão mais escuros devido a pouca iluminação, mas os lábios sorriem assim que me encontram sentado na beirada da cama. Minha mão escorrega pela pele fina do seu rosto acariciando-o.

— Você está aí há muito tempo? — a voz de Felicity é arrastada e um pouco rouca.

— Só o necessário.

— O cheiro do seu café está uma delícia...

Felicity segura o lençol na direção do busto nu, os cabelos dourados estão selvagens e a boca em um avermelhado tentador. A mão vai até a bandeija com os morangos que colhi na pequena horta que montada atrás da casa – é, andei lendo alguns artigos que Felicity me indicou sobre agrotóxico e, bom, me assustei! Nada como colher nossos próprios frutos.

— Não vou deixar você abusar da cafeína, amor.

Felicity faz beicinho.

— Mas é só um pouquinho.

— Por que sinto que vai me enrolar? — espremo os olhos.

Não é pelo café, mas esses últimos dias Felicity andou reclamando de enjôos recorrentes, não sei se é pelo estresse que anda enfrentando na Smoak Technologies, mas isso acabou me preocupando. Ela disse que é uma gastrite nervosa, fui procurar na internet e descobri que café não é um bom negócio para pessoas com problemas gástricos. Então, até que ela resolve esse problema, estou sendo chato com a sua alimentação.

— Eu já disse que vou ao médico.

Amor, você está dizendo isso há duas semanas!

Ela ri.

— Sofro de gastrite nervosa desde os meus quinze anos, me auto-medicar é natural. Não preciso ir ao médico para ele me passar a mesma medicação! — os lábios está ainda mais vermelhos por causa do morango, o que me faz perder a noção do que estamos conversando por leves segundos.

— Nunca vai deixar de ser teimosa?

— E você? Nunca vai deixar de ser um chato?

A mão dela alcança a gola da camisa do meu pijama, trazendo-me para mais perto. Os nossos olhos se encontram primeiro, ficamos nos olhando até ela rir baixinho como sempre faz quando estamos poucos centímetros de nos beijarmos. O lábio inferior dela encontra o meu superior para iniciar um beijo singelo, mas é quando a sua língua passeia com mais intensidade que sinto que Felicity quer intensificar a investida, a respiração se torna mais pesada quando o lençol escapa, deixando o túrgido dos seus seios tocarem o tecido da minha camisa.

O relógio desperta nos atrapalhando.

Um grunhido baixinho sai da garganta de Felicity quando decido ceder ao barulho insuportável do despertador.

— Precisamos nos arrumar. — sussurro.

— Ainda não, está muito cedo...

Amor, você não pode se atrasar.

— É claro que posso, é como um casamento, a noiva tem direito de se atrasar!

A voz arrastada me quebra quando os lábios roçam o meu maxilar, ela sempre faz assim quando quer me acordar. É muito gostoso. Meneio a cabeça quando sinto as unhas passearem pelas bordas da minha camisa a levantando até que consiga passá-la pela minha cabeça, os olhos de Felicity desviam para avaliar os meus músculos, mas é rápido quando ela me puxa para montar sobre seu corpo nu de baixo do lençol branco.

— Não pense que vai se atrasar no dia em que formos nos casar. — volto a sussurrar.

— Isso foi um pedido de casamento, Queen?

Felicity está me avaliando.

— Você aceitaria? — roço a ponta dos nossos narizes enquanto o silêncio de Felicity me prega uma peça.

— Talvez, se você me levar a um jantar no Holt’s vestindo um smoking, carregando tulipas brancas e se ajoelhando de baixo das estrelas mágicas do céu de Starling City... Só talvez, eu aceite.

Eu rio imaginando a cena.

Rio ainda mais pelo deboche de Felicity.

Pigarreio — Vou pensar no seu caso.

— É, podemos deixar essa conversa para outra hora!

As pernas dela enroscam no meu torso e os lábios voltam a procurar pelos meus em um beijo macio. Estou mais do que acordado quando o quadril de Felicity roça maliciosamente no meu membro, ela continua com a brincadeira à medida que as mãos rasgam a pele das minhas costas me impulsionando para iniciar movimentos entre as pernas que não poupam esforços para nos deixar colados.

Ela arfa quando afastamos nossas bocas para buscar ar enquanto estou cobrindo o acesso do seu pescoço com beijos lentos e, assim que a mordisco, me devolve um gemido provocante. A minha mão já está apertando a sua bunda redonda com vontade, investindo pesado na forma como meus dedos em forma de garra afundam na pele bronzeada. Felicity volta a arfar baixinho no pé do meu ouvido, ela quer nos levar ao mesmo inferno de todas as manhãs quando passa por cima de todas as minhas resistências, parece que cada vez que decidimos nos amar é como se surgisse uma nova descoberta, uma pegada diferente, um cheiro novo, um som inédito. Felicity não esconde o quanto pode ser safada, ela faz joguinhos até eu não conseguir mais me manter lúcido e quando estou duro como uma pedra ela me mantém ainda sob suas ordens.

O ranger da porta do quarto detrás nos faz travar.

Eu rio rapidamente.

— Você escutou isso? — ela sussurra sem ar.

— Judith aprendeu a descer do berço e abrir a porta.

— Essa garotinha está indo rápido demais...

— É a convicência com o seu gênio acelerado.

Felicity gargalha.

— Isso é um sinal? — ela faz biquinho.

— Exatamente. Os deuses estão tentando dizer que iremos nos atrasar para apresentação do seu projeto!

Sim.

Felicity irá apresentar novamente o projeto que criou com Caitlin, aquele que fala sobre arborizar Starling City. Dessa vez vai ser diferente, porque ela implantou sementes em cada parte da cidade com drones, o desenvolvimento das sementes está sendo acompanhado por pequenos chip’s. É uma tecnologia inovadora, nos permite saber em quanto tempo teremos pequenas árvores crescendo e o resultado é impressionante. Em poucos dias começamos a ver retorno e em poucos anos teremos a flora e a fauna da cidade recomposta como Caitlin e Felicity sempre imaginaram.

Quando Felicity vai abrir a boca, o som da voz de Judith a interrompe.

Papa. — a menininha veste o seu pijama rosado enquanto segura o pelúcia da Pequena Sereia.

— O que ela disse? — Felicity pergunta boquiaberta — Ela disse papai?

— Não. É claro que não. Não foi papai. É, não foi isso.

Papai!

Meu Deus do céu.

O chão vai fugir de debaixo dos meus pés.

— Ela falou papai! — Felicity se recompõem sobre a cama — Minha querida, você falou papai? — Judith está dengosa escondendo o rosto no boneco de pelúcia, ela se aproxima da beirada da cama para Felicity a pegar no colo, a menininha está ruborizada e me olha de lado se aconchegando no busto de Felicity.

— Querida, eu não... — engulo a seco.

Felicity apenas meneia a cabeça.

Papai, o mamá. — Judith ainda esconde o rosto no busto de Felicity, ela está me evitando. Mas é claro que estaria, eu sempre esquento o seu leite e o levo antes que ela acorde. Às vezes, quando quebro o protocolo, ela fica de mau-humor, está se tornando uma cópia fiel de Caitlin e Felicity.

Mas me chamar de papai?

Ela nunca nos chamou de papai ou mamãe, a primeira palavra foi ainda no início dessa semana quando ela olhou para um picles e disse bem alto PICLES. Felicity ficou um pouco desnorteada, porque ela esperava uma palavra mais significante do que o pobre do picles. Logo veio a segunda que é mamá e, novamente, Felicity ficou frustrada. Agora Judith está nos pegando de surpresa, pois não estamos acostumados a ensiná-la a nos chamar de pai ou mãe, por medo, medo de estar apagando da memória dela a imagem dos nossos melhores amigos. Então sempre nos refirimos a eles como os pais de Judith mesmo eles não estando mais presentes, mas o convívio frequente com os meus pais, quero dizer, o meu pai e a Donna, possivelmente deve ter a ensinado a palavra papai e logo também virá a palavra mamãe para nos chocar.

— Seu papai falhou com você hoje, querida? — Felicity está sorrindo de uma ponta a outra da orelha. Ela me olha por alguns instantes, mas é a sua mão que me conforta quando segura a minha, apertando firmemente. Eu volto a engolir seco e cubro os fios sedosos do cabelo ruivo de Judith com os meus lábios, o cheiro do hidratante infantil é muito bom, a pequena abre os braços na minha direção e eu a pego no colo, abraçando o seu corpo quente.

— Por que fez isso comigo? — sussurro a observando descançar sobre meu peito. Judith pode não entender, mas essa é a maior emoção que já senti. É claro que amar Felicity também é uma grande surpresa, mas ser chamado de pai? Eu nunca me imaginei na mesma posição que o meu pai, nunca pensei que poderia ser o homem que o meu pai é para alguém. Para um ser tão pequenininho. Ser pai? Ser pai é algo grandioso demais, como se fosse uma responsabilidade dura para ser carregada em ombros cansados. No entanto, Judith me mostra a cada dia que eu sou capaz de vestir a capa se Super homem que Barry me passou assim que me escolheu para cuidar de Judith.

— Porque ela te escolheu. — Felicity nos abraça, descançando o queixo no meu ombro. Ela sabe exatamente o que estou sentindo.

— Eu não sei se consigo ser o pai dela, entende? — continuo sussurrando. Parece um segredo.

— Nossos amigos não teriam feito escolha melhor...

— Eu amo vocês.

— Mais do que o jogo nas quinta-feiras? — Felicity ri.

— Mais.

~~~

Felicity Smoak

Observando a paisagem passando rapidamente pelo vidro da janela do carro os meus pensamentos se perdem como cartas que são jogadas para o alto. Parece que foi ontem que encontrei Oliver parado em frente à porta molhado de baixo de uma chuva gelada que contrastava com as lágrimas quentes que desciam pelo rosto. O meu coração estava pequenininho, apertado e frágil. Mas mesmo assim eu decidi pegar uma toalha macia e abrir a porta para olhá-lo com os meus próprios olhos nebulosos, porém não era uma miragem quando o encontrei. Eu havia pedido para não vir atrás de mim, para não dirigir mais a palavra na minha direção, porque eu não iria querer ouvir, não iria mais suportar todas as histórias que escondeu de nós.

Só que Oliver honrou uma das promessas que fez.

Ele não foi embora.

Mesmo eu ordenando.

“Eu te amo”

Ninguém nunca havia me dito essas palavras com tanta emoção, não que eu tenha tido tantos parceiros durante esses poucos anos de vida, mas foi impactante receber tanta verdade de uma vez. O meu coração que estava encolhido depois do que eu tinha presenciado foi voltando a crescer assim que o corpo trêmulo de Oliver me puxou para o aconchego dos seus braços firmes, a parede vibrante do seu peito encostava na minha que também vibrava. Foi naquele instante que decidi jogar limpo com os meus sentimentos, entreguei de uma vez só o meu coração e o disse que não aceitava devoluções.

Os dias foram passando de pressa, nós viramos praticamente uma pessoa só e junto vieram as implicâncias de Thea e Roy, eles caíram pesado na nossa pele. Àquela história de cão versus gato do início não poderia ficar de fora, é claro que eles jogariam isso na nossa cara. Mas é engraçado, porque quando me lembro as formas arquitetadas pela minha mente psiquica de como eu mataria Oliver Queen e contrasto com a sensação que meu corpo o chama todas as noites gritando que o ama, sim, é bem engraçado. Fora que Oliver vem me ajudado muito, ele não entende nada de algorítimos, mas o tenho me levando quase todos os dias para a Smoak Technologies junto de Judith, ele não esquece do café da manhã e de todas as outras alimentações do dia mesmo quando estou um poço de enjôo.

Enjôo.

Ele voltou.

O estresse de estar correndo atrás de um projeto que quase joguei no lixo tempos atrás anda me tirando o sono e a gastrite nervosa tem voltado a me atentar. Oliver é um chato, proibiu a cafeína durante minhas noites exaustivas tentando organizar as plantas da cidade onde implantei os chip’s. Existem horas que eu só quero bater a minha cabeça na parede. Faz duas semanas que o disse que iria no Hospital de Starling, mas a vida anda tão corrida que ando me auto-medicando, aliás, vem dando certo. Mas o que estou querendo enfatizar é o cuidado que Oliver tem comigo e com Judith, depois que terminou o seu trabalho em Central City anda sobrando tempo para ficar mais com a gente. Eu o perguntei sobre novos trabalhos, porém ele anda evitando tocar no assunto, o que me intriga, pois Susan não é mais um problema, ou seja, não quero ferrar com os novos trabalhos que surgirem por uma mera insegurança que não existe mais. Enfim, isso tem nos dado mais tempo para estarmos juntos e se hoje vou conseguir apresentar o meu projeto e de Caitlin é porque ele tem parte nisso.

Tipo uma inspiração?

É, tipo isso.

E também tem o fato de que Judith começou com as palavrinhas. Ela já andava bem curiosa com tudo, as palavras saíam emboladas, mas conseguíamos entender o que ela queria. No entanto, hoje de manhã ela pegou a gente de jeito quando falou papai. A emoção que enxerguei nos olhos de Oliver foi diferente, ele queria chorar feito um bebê, mas continuou segurando as lágrimas por detrás da sua armadura de aço. Ele não acreditou quando a nossa princesinha o chamou mais uma vez de papai, era real, tão real quanto a forma que Oliver a aceitou. O grandão não precisou falar mais nada, porque dentro dos seus braços ele já tinha tudo o que precisava, assim como eu.

— Pensativa? — Oliver pergunta sem tirar os olhos da direção.

Oi?

Ele ri — Faz tempo que você observa a estrada.

— Estava pensando nos caminhos que nos trouxeram até aqui. — suspiro.

— Nos caminhos tortos?

— Não foram tão tortos assim...

— Você tem razão, eles não foram tortos. Aliás, essa brincadeira de destino costuma dar certo! Pensar na morte dos nossos amigos se torna um fardo menos pesado quando lembro que ganhei vocês duas.

Sorrio abertamente.

Oliver consegue ser maravilhoso de todas as formas possíveis.

De trás para frente.

Do avesso.

Ele é lindo.

— Só estou um pouco nervosa. — respiro fundo. Não sinto esse gosto amargo na boca desde que comecei na Smoak Technologies, parece que estou regredindo. A verdade é que a responsabilidade de fechar com a empresa de Walter se tornou um obstáculo desde a última vez que quase estraguei tudo. Ele é um ativista sério, não tolera perder tempo com bobagens e Caitlin sempre soube disso quando resolvemos construir a ideia. Só não contávamos que nossas vidas fossem seguir caminhos diferentes, contávamos ainda menos com a possibilidade, de hoje, eu subir sozinha aquele palanque e apresentar o nosso projeto.

— Sua mão está fria.

— É culpa sua.

— Minha culpa?

— Foi você que me proibiu de chegar perto da cafeína, agora estou querendo roer todas as minhas unhas impecáveis!

Oliver ri.

Amor... Você sabe que é para o seu bem.

— Mas hoje é um dia especial, o que custa?

— O seu estômago. — ele dá de ombros.

Apenas reviro os olhos.

Oliver encosta o carro na vaga de estacionamento, Judith está no banco detrás na cadeirinha, ela costuma pegar no sono quando o carro começa a balançar na estrada e está dormindo feito um anjinho. Pena que a tranquilidade vai acabar assim que ouvir a voz histérica da mamãe, ela faz questão de acordar a pequena. Para a nossa sorte está um dia lindo aqui fora e Oliver foi quem organizou tudo, os carrinhos com o melhor hotdog da cidade, há até os veganos. Existem balões coloridos para todos os lados, crianças correndo sorridentes pelo gramado baixo, pessoas distribuindo algodões doce, pipoca e maçã do amor.

— Como conseguiu organizar tudo isso? — sussurro.

— Dean me ajudou. — Oliver volta a dar de ombros. É, eu tenho que concordar que o otário do Dean andou se transformando em um cara menos insuportável ao lango do tempo. Ele está frequetando a nossa casa pelo menos três dias na semana, mas para a minha surpresa não quebrou nada até hoje e também respeita as regras. É como dizem, por trás de todo homem existe uma grande mulher e a presença de Camila tem fortificado isso.

Bebeeeeeeeeeeeeê! — Donna grita. Eu avisei. Histérica.

— Mamãe... — arregalo meus olhos já me preparando para o abraço de urso.

— Que orgulho da minha garotinha! — mamãe continua gritando enquanto me afoga nos seus braços. Normal.

— Obrigada mamãe, obrigada.

— Cadê o papai? — Oliver pergunta.

— Robert está conseguindo uma maçã do amor para mim. — Donna dá de ombros.

— Papai enfrentando filas para conseguir uma maçã do amor? Donna anda fazendo milagres. — Thea ironiza quando se aproxima de mãos dadas com Roy.

— Deve ser um dom das senhoritas Smoak. — Robert lança uma piscadela para Oliver assim que surge com a prometida maçã do amor.

— Com certeza é um dom. — Oliver sorri para mim.

Confesso que ainda fico ruborizada.

Hey! — Curtis também aparece de mãos dadas a Paul — Pensei que iria ter que buscá-la em casa! Você não respondeu às mensagens.

— Estou um pouco apavorada. É só isso. — encolho os ombros.

— Apavorada? — Curtis gargalha — Você é uma Smoak. Isso não existe.

— Estão vendo? Todos sabem que a família Smoak é fantástica. — Robert constata.

— Não podemos nos atrasar, Lys. — Curtis olha o relógio no pulso.

Amor, você quer conversar? — Oliver está com Judith no colo, os olhos azuis estão claros como a água cristalina do mar. Há preocupação no seu tom de voz.

— É claro que ela quer conversar, seu bobão? Mas essa conversa é de meninas! — Thea encosta os lábios nos de Roy singelamente. Ela o empurra para perto dos meninos — Maninho, deixe Roy segurar um pouco Judith, ele precisa aprender para os próximos meses!

— O quê? — Roy treme.

— Como é que é? — Oliver grita.

— Santo Deus. — Robert sussurra.

— Um neném? Eu entendi certo? ESTAMOS ESPERANDO UM NENÉM? — Donna dá pulinhos constrangedores.

— Preciso de um copo d’água! — Roy sussurra enquanto segura em Robert — Não estou sentindo minhas pernas. Repito. Não estou sentindo as minhas pernas!

— Thea! — grito quando sua mão me puxa para longe da família que continua boquiaberta.

— Volta aqui, Speed! — Oliver continua gritando.

~~~

— Como isso aconteceu?

Thea me leva para uns banquinhos debaixo de uma árvore. É fresco aqui.

— Quer que eu conte com ou sem detalhes sórdidos? — ela ri maliciosamente.

— Você entendeu o que eu perguntei!

Thea suspira.

— Fiz um teste há um mês e descobri. Foi sem querer. — Thea dá de ombros.

— E contar assim para Roy, na frente de todo mundo, também foi sem querer? — franzo o cenho.

— Não. Isso foi de propósito mesmo! — ela gargalha.

— Thea!

— Nos casaremos dentro de uma semana, dormimos juntos desde que nos conhecemos, trabalhamos no mesmo hospital. Para que enrolar mais? Só joguei uma bomba e saí correndo, você deveria fazer o mesmo.

— Fazer o mesmo? — pergunto confusa.

— Sim... Subir naquele palanque e mostrar quem é que manda em Starling City!

— Não é tão fácil assim, Thea.

— Por que não?

— Porque é importante para Caitlin, tenho medo de não conseguir mais uma vez. — suspiro.

— Ela vai estar lá com você. Acha mesmo que nossos amigos não estão sempre com a gente?

— Eu sei que sim, sinto a presença dela. É estranho, eu sei, mas parece palpável, entende? Só que aceitar que fisicamente ela não vai estar aqui é uma etapa difícil!

Thea fica em silêncio por segundos demorados.

Ela segura nas minhas mãos com cautela e sorri de lado, o sorriso é idêntico ao do irmão. Falar em irmão, Oliver deve estar segurando a batata quente até agora, ser chamado de papai e receber a notícia que vai ser titio no mesmo dia não deve estar sendo fácil.

Thea limpa a garganta — Mamãe deixou a gente muito cedo, lembro como se fosse hoje o último dia que a vi. Ela parecia que estava apenas dormindo, mas no fundo eu sabia que ali só havia um corpo frio e sem vida. Nesse mesmo dia me tranquei no quarto e fiquei lá, sozinha, por horas... — ela ri baixo. Sem jeito — Ollie sempre dava três toques na porta e dizia que eu precisava me alimentar, na verdade, ele não saiu de lá até que eu estivesse pronta.

— Thea, não precisamos...

— Precisamos sim. — ela respira fundo e se abana, afastando as possíveis lágrimas que teimarem quererem descer pelo rosto — Sair de dentro do quarto era como estar começando uma vida nova, o papai estava acabado e Ollie fingia suportar a dor de nós dois. Ele nunca me perguntou se eu gostaria de conversar, parecia que não iria aguentar suportar quando eu começasse a falar. Meu irmão nunca perguntou diretamente se eu gostaria de falar sobre o que havia acontecido, ele só se sentava ao meu lado e dizia: “O que está rolando, Speed?”, parecia mais fácil para ele.

— Oliver tem se mostrado um homem incrível...

— Ele é. Foi ele quem me tirou de dentro do inferno, porque por mais que eu sentisse medo, medo de falar sobre a mamãe, ele me deixava tranquila. — Thea aperta minhas mãos — O que estou tentando dizer é que ainda tenho medo de falar da mamãe, ainda sinto um vazio enorme aqui dentro quando penso nela, mas sei que a sua presença estará comigo para sempre. Assim como Caitlin também estará.

Minha voz embarga — Obrigada por dividir comigo os seus medos.

— Ah! — Thea larga minhas mãos rapidamente para vasculhar a bolsa — Hoje é um dia importante, você deixou isso comigo na noite em que Oliver deu uma fraquejada em ser cuzão — Thea ri ao revirar os olhos, nas mãos dela está o colar de Moira, o que Oliver deixou comigo.

— Essa jóia deve ficar com você, Thea.

— Nada disso, mamãe vai me dar uma bronca se você não aceitar usá-la.

— Você tem certeza que não vai se importar? — mordisco o lábio inferior.

— Me importar? É claro que não! Você é a minha cunhada preferida. Agora, a titia preferida. — Thea gargalha.

— Obrigada mais uma vez.

Nós duas nos abraçamos forte.

O cheiro de Thea é muito bom.

— Acho melhor a gente ir, você precisa mostrar que é a dona da porra toda e eu preciso urgentemente comer um hotdog e investigar se meu noivo não bateu as botas depois da notícia! — Thea levanta segurando nas minhas mãos.

— Está preparada para os sermões de Oliver?

— Desde que estava no ventre da mamãe.

Nós duas rimos.

É, vamos lá!

~~~

Vender o projeto de Caitlin na frente de toda a cidade não foi fácil no início, as palavras queriam desaparecer do meu cérebro só para não passarem pelos meus lábios. Mas lá embaixo eu tinha a imagem perfeita, a minha família e amigos de mãos dadas, abraçados, esperando o que eles já sabiam e eu não. Que daria certo. É claro que daria. Assim, depois de me concentrar pela centésima vez, as palavras começaram a surgir, fluir normalmente como eu havia ensaiado, no telão as estatísticas sobre a veracidade do projeto encantaram Walter e sua equipe, eles ficaram felizes com o resultado, vender o projeto passou a ser fácil. Quando olhei o céu azul para agradecer a Caitlin, um pássaro colorido encostou na ponta do meu nariz parecendo sorrir, mas logo voltou a bater as asas até eu perdê-lo de vista.

Era Caitlin me agradecendo.

Dizendo que estava tudo bem.

Mostrando que estava ali.

Ela sempre vai estar.

— Está mais calmo? — pergunto a Oliver enquanto procuro algo na geladeira, essa aventura me deixou faminta.

— Mais calmo? Deixar Judith com nossos pais é pedir para ela voltar com uns arranhões e hematomas nas pernas.

— Sabe que não estou falando sobre isso, não é? — assalto o bolo de avelã que Oliver cozinhou na noite anterior. O creme é tão suave. Viciante.

Speed não está preparada para se mãe, Felicity! — ele meneia a cabeça.

— Você também não estava preparado para ser pai e, bom, se tornou o melhor.

— É diferente. — Oliver encosta na bancada de inox. Ele está com os braços cruzados e a ruga entre as sobrancelhas.

— Não é diferente, pelo contrário, está correndo tudo bem — me aproximo grudando nossos corpos, os braços cruzados tensionados de Oliver se desfazem para abraçar a minha cintura como sempre fazem. Os seus lábios macios encostam nos meus, aposto que deve ter sentido o gosto do avelã, nós brincamos com a ponta dos nossos narizes em um beijinho de esquimó, deixando-o mais relaxado — Roy é um bom rapaz, ele é apaixonado por Thea e irão se casar na semana que vem... Um bebê é só o resultado do amor que eles sentem um pelo outro.

— Você tem razão. — Oliver sussurra.

— O que disse? — brinco.

— Disse que você tem razão.

Ele revira os olhos.

— É engraçado, não é? Judith vai gostar de ter um amiguinho.

— Falar em Judith...

Oliver me gira com rapidez, assim que minha bunda cola no gélido aço inox do balcão, me arranca uma risada divertida. As minhas coxas abrem para ele se posicionar com mais conforto, apoiando os cotovelos nos seus ombros consigo ficar na mesma altura que sua boca que entreabre.

— Não faça esse olhar, mocinho!

— Imagina uma princesinha com os seus olhos e sardinhas? — Oliver ainda está sussurrando, o ar quente que sopra das suas narinas batem contra meu rosto e os olhos não perdem nenhum detalhe dos meus. A proximidade juntamente à ideia de termos um bebê fecha a boca do meu estômago, as borboletas batem uma nas outras lá dentro.

— Sem bebês por enquanto, ainda temos que aprender muito com Judith.

— Acha que vamos conseguir a tutela dela?

Suspiro — Ela é a nossa filha, ninguém vai nos afastar.

Oliver assente.

— Então... Sem bebês?

Eu rio.

— Sem bebês!

Amor...

Oliver fica uma graça quando faz beicinho.

— Sabe o que é legal? — ele faz que não com a cabeça — Que podemos brincar de tentar ter bebês!

— Eu gosto disso...

— Ah é?

Uhum.

Assim que estamos nos preparando para um beijo infernal.

A campainha toca.

Droga.

— Ah não...

— A gente não precisa atender! — Oliver grunhi.

— Pode ser algo importante.

Pulo dos braços de Oliver correndo até a porta antes que ele me impeça, ao abrir a porta encontro o carteiro de sempre. Ele me devolve um envelope sem remetente, ele é pardo e parece conter poucos documentos. A única coisa que o rapaz me pede é uma assinatura e, então, nos depedimos. A falta do remetende me faz ficar ainda mais curiosa, Oliver continua parado em frente ao balcão onde volto a me sentar.

— Remetente? — ele pergunta.

— Não...

— Estranho.

— Quer abrir?

— Você está louca para abrir, não serei um mau menino com você.

— Você me conhece! — rasgo o envelope pardo com cuidado, há um pequeno envelope branco dentro do mesmo. E, novamente, não existe um remetente.

Abro o segundo envelope e o papel único está com o logo da Sony music, mas eu o leio antes de avisar para Oliver que o documento não é para mim. As letrinhas miúdas explicam sobre a possível quebra de contrato, a data presente é a mesma do dia da estreia da Pequena Sereia.

— Você está quieta.

— Quando iria me contar que não assinou com a Sony Music?

Oliver fica pálido de imediato.

— Felicity...

— Tem noção da oportunidade que você está deixando passar?

Nesse mesmo documento diz que todos os principais trabalhos com a empresa iriam ser dirigidos por Oliver. Além disso, ele iria ficar instalado em um apartamento alugado pela própria empresa com tudo incluso. Não estou pensando nos privilégios, mas sim sobre o sonho que Oliver simplesmente está deixando escapar pelos dedos.

— Naquela noite Susan queria que eu assinasse esses papéis, eu a disse que teria que conversar com você sobre a proposta. Ela falou o mesmo que você, a diferença é que junto ela também disse que Judith nunca seria minha filha e que você nunca deixaria o seu império em Starling City para me acompanhar.

— Vadia... — murmuro.

Oliver toma os papéis da minha mão.

Ele os observa por um tempo.

— Não me arrependo de não ter assinado. — sussurra.

— Você deveria ter assinado.

— Deixar você e Judith sozinhas aqui em Starling City nunca foi uma opção.

Meu coração extremece.

O que Oliver está fazendo?

A Pequena Sereia foi o melhor musical que já assisti, não estou dizendo isso por ser suspeita, mas é que o trabalho duro que Oliver se propôs a fazer ultrapassou todos os limites da perfeição. As melodias eram ricas em detalhes, elas conversavam com o cenário e brincavam com a diversão dos personagens, predendo a atenção do público até o final. Muitos fã’s da Pequena Sereia deixaram lágrimas escorrerem assim que as cortinas vermelhas voltaram a se fechar, pois se sentiram tocados de alguma forma. Oliver tem um talento que ficou escondido atrás de Robert por muito tempo, só que agora ele tem nas mãos a chance de ser ele mesmo, de colocar em cada trabalho a sua essência e eu não tenho o direito de impedir que ele dê o próximo passo.

— Não é uma opção!

— Você pode me explicar o que está acontecendo?

— Susan não estava errada quando disse que eu não largaria o meu império em Starling City por você.

Os olhos de Oliver se quebram momentaneamente.

A boca entreabre.

O interrompo, continuando — A Smoak Technologies já está consolidada em Starling City, ela deixou raízes aqui. Hoje eu vi que meus pensamentos podem crescer, darem raízes em outros lugares!

— Você está querendo dizer que...

— Eu vou sempre estar do seu lado, seja qual for o caminho que você escolher seguir.

Sorrio.

A droga da voz embargada de novo.

— Você odeia Central City. Odeia a S.T.A.R Labs.

— Mas eu amo você.

Oliver meneia a cabeça.

As minhas mãos chegam ao extremo para alcançar as bordas da camisa em xadrez que Oliver está usando. Os primeiros botões estão abertos estrategicamente para que eu possa segurá-la com mais facilidade, a mão direita escorrega para dentro do tecido procurando a parte esquerda do seu peito, onde deixo descansar por ali. A testa de Oliver encosta na minha, os olhos estão fechados e as mãos apoiadas sobre a pele das minhas coxas que abrigam o seu quadril. Nós dois no cheiramos por um longo período, estou esperando que fale alguma coisa ou a sua respiração pesada vai terminar de me desfazer como um castelo de areia.

— Tem certeza que largaria tudo aqui para ir comigo?

— Curtis vai dar conta das coisas por aqui enquanto eu monto uma filial da Smoak Technologies em Central City, as cidades não ficam muito distantes.

Amor, estamos falando de negócios, não parece tão fácil!

— Você me ajudou a correr atrás dos meus sonhos, agora é a minha vez.

— E a Judith? Nossos pais?

Toco a ponta do meu dedo indicado na junção dos seus lábios.

— Confia em mim?

Oliver apenas assente.

É o necessário para os nossos lábios voltarem a se encontrar, desta vez, não há suavidade, estamos intensos como o próprio inferno. Nossas línguas dançam em sincronia, o gosto doce dos lábios de Oliver me fazem querer sucumbir pela apneia só para não nos distanciarmos para buscar ar. As mãos envolvem as bordas da minha camiseta com certa inquietude passando pela minha cabeça com uma rapidez invejável. Os meus seios estão nus e arrepiam quando sentem os botões do xadrez roçarem pelos mamilos, já estou afundando dentro das calças e Oliver nem se quer ainda me tocou.

A boca dele escapa dos meus lábios gerando um gemido reclamão em seguida, mas volto a sentir cada pelo levantar quando ele abocanha a pele do meu pescoço. O meu tronco vai deitando com lentidão pelo inox do balcão à medida que os lábios de Oliver descem aproximando-se do botão do jeans apertado, ele o desfaz e lá se vai o zíper. Os dedos firmes agarram as duas bordas e as arrancam de uma vez só, deixando-me nua.

Estou cedenta por Oliver, todas as vezes costumam ser assim, mas agora a vontade é ainda maior. O passear de uma das minhas mãos alcançam a fivela do seu cinto que está fria, eu só preciso de um impulso para conseguir voltar a postura e ao mesmo tempo encostar a abertura das suas calças para mais perto da minha entrada. Oliver gargalha quando as minhas unhas desfazem a fivela e o zíper no mesmo instante — habilidades novas, baby. Os olhos azuis apenas seguem todos os meus movimentos enquanto ele mesmo dá conta se abrir botão por botão da sua xadrez.

— Eu já disse o quanto você é linda? — o seu sussurrar é quente.

— Várias vezes, mas eu não canso de ouvir.

Oliver volta a segurar as laterais do meu rosto, primeiro os seus olhos estão comendo a minha boca que arde. Eles vêm subindo pela a pele das minhas bochechas que queimam e, por fim, chegam nos meus olhos que gritam chamas. Lá está o sorriso brincalhão que volta a acertar os meus lábios em um beijo atormentador, eu poderia me entregar por inteiro apenas com o toque molhado da sua língua. Porém, o membro duro de Oliver toca a minha coxa quando ele o coloca para fora, estamos pegando fogo. As garras levantam meu corpo o trazendo totalmente para mais perto, a sua extremidade roça a minha abertura molhada e eu deixo a cabeça se arremeçar para trás.

Toda a cozinha está cheirando a sexo.

É um desejo que invade nossos corpos.

— Você está tão pronta, amor.

— Não demora, por favor.

A primeira investida me faz perder o ar inteiro.

Nossos olhos se prendem.

Os movimentos são lentos, mas conseguem ocupar toda e extensão. O barulho que nossos corpos fazem quando se encontram me faz perceber a evolução das estocadas, mas o transe é tão grande que só consigo apoiar minha cabeça em seu ombro enquanto as mãos fortes seguram na minha cintura para pegar cada vez mais impulso. A barba rala está deixando marcas avermelhas pelo meu busto, no entanto, o momento em que um dos meus seios túrgidos é abocanhado um gemido alto escapa – os vizinhos com certeza devem ter ouvido esse. Mas nós dois apenas caímos em uma risada gostosa.

A mordida maldosa me faz gritar de novo.

Ardeu.

Mas sou regozijada com a lambida que ele dá para aliviar a ardência, deixando a marca dos seus dentes na auréola. As minhas unhas não aliviam as suas costas molhadas, Oliver grunhi quando eu o aperto mais forte entre as minhas pernas, eu conheço esse grunhido. Para minha surpresa, ele sai de dentro de mim, me deixando sofrer com o vazio que é estar sem ele, mas a sua extremidade vibrante encosta no meu clitóris fazendo fricção, ele brinca com movimentos de subida e descida à medida em que eu suplico para que volte a me tomar. O balançar das minhas pernas me avisam que estou ficando próxima, a fricção quente se torna mais intesa e rápida, ao mesmo tempo em que minhas unhas afundam na pele dos seus ombros.

Explodo.

É rápido.

Antes que eu possa bufar, outra investida volta a me tirar o ar inteiro.

Oliver está me tomando com fome, as minhas paredes tentam agarrá-lo cada vez que o vai e vem se torna mais lento, mas falho. Ainda estamos na mesma posição, uma das minhas preferidas, porque permite que eu consiga observar cada curva perfeita do rosto de Oliver que me levam ao seu olhar inconfundível. Nós voltamos a nos beijar, um beijo desesperado como o apocalipse. As pernas dele tremem por um momento, mas a velocidade se mantém contínua, o suor salgado está por cada parte de nossos corpos, roçando, brincando com cada pequena partícula.

— Eu poderia morar aqui dentro. — o sussurro de misericódia de Oliver é rouco.

— Eu não iria me importar de me tornar o seu abrigo.

— Não?

— Jamais...

A última palavra o faz explodir também.

A pressão me derrete mais uma vez, estou sendo inundada.

O universo se torna mais próximo das nossas mãos, porque chegar ao ápice junto de Oliver é como alcançar o céu pelas nuvens macias, não há sensação mais íntima do que é tê-lo dentro de mim.

Literalmente.