Joia de Família
Capítulo 2
Apreciando, de longe, a jovialidade da linda garotinha que saltitava com suas tranças balançando de um lado para o outro, o rapaz sorriu, deu um suspiro profundo e ia começar a andar para seguir o Inspetor quando algo brilhando no chão limpo chamou sua atenção.
Agachou-se e viu que se tratava de uma joia em ouro amarelo. Era uma correntinha estilo Piastrine, de onde pendia uma medalhinha com a figura do Divino Espírito Santo em alto relevo. Com uma curiosidade normal, ele apanhou e analisou a pequena peça valiosa. Ao examiná-la, percebeu que, como um livro, o pingente se abria em duas partes. Em cada um dos lados internos da joia existia uma pequena fotografia. De um lado havia a foto de um homem e no outro lado, estava a foto de uma bela mulher. Na parte inferior de cada uma das duas fotografias continham as inscrições “PAPAI’ e “MAMÃE”, respectivamente. Era um jovem casal.
O moço ficou sem saber o que fazer com a joia, pois, não havia nome e sobrenome nas fotos, portanto, impossível saber a quem pertencia.
— Acredito que alguma aluna perdeu esta rica e delicada peça de ouro ao brincar no horário do recreio. Com certeza é uma joia de família. – ele murmurou para si mesmo.
Decidido a entregar a joia ao Inspetor, deu um passo para segui-lo quando, ao olhar novamente a fotografia do jovem casal, constatou que a mulher era uma versão adulta de Kate, então, deduziu que aquela mulher era a mãe da menina de tranças, o que levava a crer que a corrente e o berloque deveriam ser daquela linda garotinha.
Rapidamente, o moço olhou na direção onde a menina tinha ido. Precisava devolver para ela — Kate! Kate! – ele a chamou, mas ela já tinha desaparecido e ele não fazia a mínima ideia de onde encontrá-la, já que não sabia qual a turma que ela frequentava, muito menos sua sala de aula.
Ao ouvir o ex-aluno do colégio chamar por Katherine, o Inspetor parou de andar e, com voz ríspida o chamou — Venha rapaz. Aqui não é local para você ficar gritando.
Desanimado por não poder devolver, pessoalmente, a corrente com a medalhinha para a linda garotinha, colocou-as no bolso interno do seu paletó a fim de entregar ao Diretor do Colégio. Feito isso, resolveu acelerar seu passo para acompanhar o Inspetor McGregor e o delinquente com o objetivo de chegarem juntos à sala do Sr. Pablo Dummont, o Diretor.
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Assim que viu a porta de seu gabinete ser aberta, o Sr. Dummont, Diretor do Colégio, levantou as vistas dos documentos que analisava a fim de encarar os recém-chegados.
Ao se deparar com o ex-aluno, o Diretor se levantou para cumprimenta-lo. — Richard Castle! Que bom que você compareceu no horário marcado para a nossa reunião, meu jovem.
O Sr. Pablo Dummont, um senhor aparentando sessenta e cinco anos, era só sorrisos para o Castle, todavia, torceu a boca, agastado, ao olhar para o jovem Frederico que era trazido pelo Inspetor — Mas o que houve, Inspetor McGregor, para o senhor estar aqui na minha sala... E ainda mais com o Frederico Smith, que, ao meu ver, está com a fisionomia tensa, parecendo que está com a mente muito ocupada, arquitetando ideias mirabolante para me contar..., além de estar com o uniforme rasgado e os cabelos despenteados... Resumindo, em péssimo estado!
Ficou nítido que o Diretor ficara chateado ao se deparar com o Frederico Smith e não entendia o motivo da presença do Inspetor e do aluno que tinha fama de ser bagunceiro.
O Inspetor McGregor e o Frederico Smith se entreolharam, constrangidos diante da irritação do Diretor.
Frederico Smith não decifrou também a deferência concedida ao desconhecido que, naquele momento, soube se chamar Richard Castle.
Frederico continuava com cara de malandro, no entanto, o Inspetor McGregor logo se recompôs e tentou justificar sua presença ali.
— Eu explico, Sr. Dummont.
Recostado na sua confortável poltrona em couro, o Diretor encarou o Inspetor McGregor e tamborilava os dedos na antiga mesa de madeira escura, deixando claro que estava impaciente.
— Acho bom mesmo. Estou esperando.
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Continua...
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