A pele que envolvia os ossos que davam início aos meus dedos sangravam friamente. O sangue quente escorria por meus dedos brancos e magrelos. Eu tinha passado muito tempo socando furiosamente a casca de uma árvore e não sabia como não tinha esfarelado os ossos. Era tudo raiva.

Eu consegui caçar um cervo e eu comia sua carne crua fazendo o líquido vermelho pintar meus lábios rosa claro e meus dentes. Meus lábios pingavam sangue. De longe, se alguém me visse, deveria achar que eu era algum tipo de aberração criada apra matar os tributos, como um bestante.

Faltava Adam, os dois do 4, Annie, Leia e Giulliano. Ainda tinha eu, algo que eu mal conseguia acreditar. Agora começava a caçada, agora era cada um por si. Eu imaginava como Adam estaria, se teria matado as carreiristas ou ainda esperava. Ele era um garoto inteligente.

Minhas perguntas foram respondidas.

A primeira coisa que fiz foi subir em uma árvore, porque na terra não seria o meu lugar mais seguro. Meu sangue da mão se espalhou por todos os galhos da árvore que eu tocava e meus olhos castanhos desviaram das folhas, se focando nos três á minha frente.

Um cheiro de carne queimada invadia o ar. Leia tamborilava frutinhas vermelhas não mão, alegremente. Eu já tinha visto aquilo, tinha visto aquilo do lado de um corpo se debatendo, o corpo de Kahinan que eu tinha salvo com um simples remédio. Comecei a pensar no que ela planejava com as pequenas frutas.

Eu esperei. Não queria descer da árvore porque eu não queria ver a morte. Eles comeram a carne suculenta e assim que terminaram Adam deitou na neve. Leia olhou para Annie e ela confirmou com a cabeça.

– Quer uma fruta? - Leia levou a mão para Adam e ele as olhou com os olhos ainda famintos. Eu entendi o que elas iriam fazer.

Adam estendeu os dedos que pareciam garras e pegou uma pequena fruta. Seus dentes a trituraram e sua face relaxou. Ele descansou a cabeça e deitou novamente. Eu esperava ele começar a tremer ou morrer bem ali, mas nada aconteceu.

Seu corpo permaneceu parado e a cabeça caiu.

–Boa sorte, Adam. - falou Annie e sorriu maliciosamente. - Sabe, essa frutinha paralisa os músculos e infelizmente demora um bom tempo, acredite, eu queria que você tivesse uma morte mais gloriosa, mas infelizmente isso não será possível. Vamos Leia.

As duas se viraram, recolheram as armas e deixaram ao lado de Adam apenas uma faquinha inútil.

–E que a sorte esteja sempre a nosso favor. - falou Leia.

Elas caminharam até sumirem. Adam tentava mexer os braços de um jeito que o deixava imbecil. Foi aí que eu resolvi descer.