Eu estava morrendo. Meu olhar ficava embaçado e eu sentia o sangue, agora correndo pelo machucado em meu peito. Meus dedos e minha pele estavam ficando brancos, e, entre todas essas coisas, eu consegui distinguir Adam ali, perto de mim. Eu sentia sua pele quente e seu olhar estranho, eu sentia sua presença mais viva que a minha.

–O que você fez? - a voz dele se esforçava para ficar suave, mas era perceptível o nervosismo. Apesar disso eu sabia que ele não me amava. Então era isso, toda a história dele era isso. Ele escondeu uma arma que foi a lembrança que levou de seu distrito. Ele conseguiu guardar aquele segredo dentro de suas vestes aquecidas e não o alimentou, deixou-o quieto ali. Sozinho. Ele sempre foi melhor que eu para guardar segredos.

Ele soube dez do início como jogar. Ele também jogava melhor que eu. Ele ganhou.

–Porque você fez isso? - ele perguntou quase querendo mencionar a faca que eu própria tinha enfiado em minha barriga.

–Porque assim eu ganhei.

Fechei os olhos e tudo escureceu. Uma sombra apareceu entre uma floresta aonde nevava. Ele me estendeu a mão e me ofereceu para levantar, eu a segurei e observei a minha volta.O meu túmulo era a Arena.