Jiraya R.

Um (Re) Começo.


Toha Yamashi sentia o gosto de sangue enquanto caia pesadamente no chão, logo após ser lançado contra uma parede por seus três oponentes.

— Crá! É isso aí! Crá!

— Ninguém pode com a... Crá!... Tríade dos Devil Crows!

— Vejam... Crá!... O que eu vou fazer com ele agora... Crá!

O monstro agarrou Toha, amarrou uma corda pelos ombros do rapaz e então começou a erguê-lo no ar e, em seguida bater o corpo do inimigo contra o chão do Dojo.

Nesse momento, sentindo mais um pedaço da armadura olímpica se desprender, ele olhou para o lado e viu o corpo do Barão Owl, seu velho amigo, caído ali perto. Os inimigos se aproximavam, desembainhando suas espadas, com um brilho estranho nos olhos, deixando bem claro que eles haviam se cansado de brincar.

Sentindo sua consciência se esvair, o herói se assustou com o som de três tiros que ecoaram altos como trovões. Em seguida surgiram buracos nas frontes dos três Devil Crows e estes cairam no chão, revelando um homem atrás deles com uma arma em punho:

— Ma...Manabu... - E então Toha desmaiou.

XXX

Tudo havia começado bem naquela manhã.

Toha tinha acabado de tomar o seu café e enquanto lia o jornal ele pensava em sua vida, coisa que tinha se tornado rotineiro após os 30 anos.

Depois da batalha final contra Dokussai, a família Yamashi seguiu uma vida relativamente normal. Key casou e mudou-se para o interior encerrando a “carreira” de Eminin Emiha, Manabu, agora com vinte e um anos, era o melhor detetive da polícia de Tóquio, agindo até em conjunto com Jiban, o policial de aço, que o inspirou a seguir essa carreira.

Tetsuzan Yamashi morreu de causas naturais a dois anos atrás, pouco depois do casamento de Key, hoje com vinte e cinco anos.

Toha ficou com o Dojo da família e começou a dar aulas, ensinando o estilo da arte ninja de Togakure. Com o passar do tempo, os alunos foram rareando e atualmente ele tinha que trabalhar com mais afinco como Web Designer numa empresa de Entretenimento.

“Foi uma ótima ideia aqueles cursos noturnos de informática que eu fiz” eram os pensamentos que iam pela sua cabeça quando ele estava indo treinar. Ao chegar na porta que dava para o Dojo ele parou por um momento “Hum... Acho que vou adiantar o serviço e treinar depois...”

Foi então que, enquanto dava a volta para sair que ele ele parou diante de uma foto de seu pai adotivo:

— Não me olha assim, Velho. Eu preciso manter as contas em dia e... Hã?

O som de vidro se quebrando dentro do local de treino, fez com que Toha entrasse preparado para uma luta. Estava preparado para tudo menos para o que ele viu.

Pareciam os Corvos que serviam Dokussai, mas estavam monstruosos, de um modo que o rapaz nunca tinha visto. As máscaras pareciam com rostos de verdade e a surpresa aumentou quando eles falaram:

— Crá!...Ora, Ora...Vejam quem taí! Crá!

Os bicos... Se mexiam!

Ficaram encarando-o por um tempo até um deles, trazendo uma corda no ombro cuja ponta estava para fora da janela, fez um movimento súbito. Um corpo entrou no Dojo caindo num baque surdo aos pés do atônito ninja.

— Barão Owl?!!! Não!!!!!

Antes de alcançar seu amigo os Devil Crows se atiraram sobre ele e, com golpes rápidos, o lançaram em um lugar onde Toha atravessou uma porta oculta na parede. Ressurgiu poucos instantes depois trajando a armadura Olímpica. Tendo a certeza de que os inimigos não seriam páreo para Jiraya, ele uniu as mãos sobre a cabeça falando:

— Sucessor de Toga... Argh! – Numa velocidade absurda, um dos inimigos cortou o peito da armadura jogando o herói longe, que caiu com o ferimento sangrando em profusão.

— Crá!...Pensa que a gente vai ficar parado... Crá!...Vendo você falar o seu Blá-blá-blá?

E o massacre começou. Jiraya teria morrido se não fosse a chegada de seu irmão, que tinha ido visitá-lo, pretendendo pedir um dinheiro emprestado.

XXX

Depois de explicar o ocorrido a Manabu, Toha ouviu que o Barão Owl ainda estava vivo quando ele desmaiou. Infelizmente o velho cavaleiro sobreviveu pelo tempo necessário apenas para entregar seu testamento ao jovem policial.

Antes de morrer balbuciou:

“Avise... Cof, cof...Avise Jiraya... que um... Argh...Um novo mal está para nascer...”

— E ele só disse isso?

— Sim, depois suspirou e morreu. Mano, o que ele quis dizer?

Toha, que pensava, respondeu:

— Você leu o testamento?

— Sim. Ele pediu para ser cremado em Stonehenge, na Inglaterra e pediu para entregarmos seu capacete, espada e esse livrinho lacrado para um tal de Jonh Moore... Toha! Você tá me escutando?

— Hã? Ah, sim. Você poderia preparar tudo isso prá mim, Manabu? - E saindo cambaleante ele continuou - Eu preciso fazer uma coisa.

— Heim? O quê?

Sem responder, Toha Yamashi saiu de sua casa, depois de pegar um pequeno pacote no quarto e se dirigiu ao Monte Fuji. Depois de uma longa e introspectiva viagem ele chegou diante de uma caverna na base da Montanha. Ele parou, se lembrando das últimas palavras de Tetsuzan, ainda em seu leito de morte:

— Toha, meu filho, quando chegar o momento, você deve se dirigir ao local indicado nesse mapa que eu estou te dando. Quando estiver lá, deve levar esse pacote e encontrar o presente que eu te deixo. Abra o pacote apenas quando for o momento certo...

Uma lágrima insistente caia do olho do rapaz e ele abriu o pacote. Dentro deste, uma pedra de ônix com os seguintes dizeres “A luz o guiará até seu destino”. Nesse momento um facho de luz saiu da pedra seguindo caverna adentro. Apesar da surpresa, Toha entrou também e começou a seguir o raio.

Um caminho tortuoso se desdobrava diante dele, que andou durante horas até chegar numa grande câmara. A luz da pedra se apagou e o recinto acabou caindo numa total escuridão.

— Toha!

— Heim? – A voz de seu pai assustou o rapaz. – Quem está aí?

— E quem mais seria? Sou seu pai garoto...

— O Velho está morto e...ai! – Um “croque” em sua cabeça, assustadoramente familiar, convenceu o rapaz, que arregalava os olhos diante do que começou a ver.

— Preste atenção! – Agora a imagem de Tetsuzan surgia diante do atônito ninja. – Um mal está para nascer e o poder de Jiraya será necessário novamente, mas você não está preparado.

— E o que eu devo fazer? Os tais Devil Crows arrasaram a Armadura Olímpica.

— Você não está preparado nem física, nem espiritualmente, mas eu posso ajudar.

Um novo facho de luz surgiu do teto da caverna, iluminando uma armadura parecida com a de Jiraya, mas que irradiava uma imensa energia, que parecia preencher toda a câmara.

— Essa é a Armadura Ancestral! Quando você vesti-la, toda a força e experiência dos trinta e quatro sucessores da arte ninja de Togakure serão seus.

O espírito de Tetsuzan tirou uma espada da bainha nas costas da nova Armadura e mostrou a Toha.

— E essa é a Espada Ancestral. Com os nossos espíritos unidos, ela brilhará tanto quanto a Espada Olímpica e será ainda mais poderosa. Pegue-a e vista a armadura. Se você for digno ela iluminará seu caminho de volta.

E tudo caiu em escuridão outra vez. “E se eu não for digno?” foi o pensamento do rapaz enquanto tateou até encontrar a armadura. Ele guardou sua nova espada e começava a se vestir.

Quando terminou, Toha sentiu uma nova energia vibrar pelo seu corpo e depois de seu espírito entrar em comunhão com o de seus antecessores, ele ergueu suas mãos, unidas sobre a cabeça, executando uma série de movimentos dizendo:

— Sucessor de Togakure! Jiraya!!!

Um estrondo se fez ouvir e foi como se um campo de energia fluísse ao redor do ninja. Ele desembainhou sua nova arma e, juntando as duas mãos no cabo desta, começou a dizer:

— Brilho da Lâmina Ancestral!!

Alguns segundos se passaram e então uma luz intensa ofuscou os olhos de Jiraya, iluminando toda a caverna. Ele começou a seguir o caminho indicado pelo raio que saia da espada, mas antes deu mais uma olhada para trás, tendo a certeza de ver Tetsuzan dando um último aceno. Com um sorriso no rosto ele seguiu até a saída.

Uma chuva torrencial caia e, como se lavando toda a dor da vergonha de ser derrotado pelos Devil Crows, Jiraya ergueu a cabeça em direção ao céu tempestuoso e gritou a plenos pulmões:

— Eu serei digno Velho!!! Eu Juro!!!

Apenas o início!!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.